Todo O Mal Que Há escrita por Camila J Pereira


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Tentando algo totalmente inovador.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/352516/chapter/1

Sabia que estava sonhando. Aqueles olhos eram familiares, já os tinha visto muitas outras vezes em seus sonhos. Incomodou-se como todas as outras vezes em ver apenas os olhos, pois uma sombra cobria-lhe o rosto. Sabia que se tratava de um homem, um homem que carregava um ódio imenso no coração, ela conseguia sentir isso através daquele olhar intenso. E ficava sem fôlego todas as vezes que percebia que o olhar irritado e carregado tornava-se um olhar de contemplação e afeto e ela sabia que aqueles sentimentos se tratavam dela. Aqueles grandes olhos azuis brilhantes confundiam-na.

Então ele deu um passo para frente, mas ainda assim não revelou o seu rosto e ela viu quando ele estendia-lhe uma das mãos. Sentiu-se tentada em retribuir o gesto, sentir a pele daquele estranho na sua. Teve curiosidade em se deixar conduzir por ele, ver o que ele queria lhe mostrar, mas ela recuou negando-se a ir. Viu novamente o ódio em seu olhar e ouviu um chiado que vinha dele, foi então que despertou e agradeceu por acordar naquele momento.

Por alguns instantes ficou de olhos abertos olhando ao redor do seu quarto, mas ainda presa no sonho anterior. Seus sonhos tinham esse poder de intriga-la e muitas vezes assustá-la. Deveria ter se acostumado com aquilo, desde sempre tinha estes sonhos. Não deveria mais pensar nisso, não era nada para se preocupar, aquele sonho já tinha se repetido muitas vezes, com algumas poucas variações, mas nunca, nada parecido com aquilo tinha acontecido de verdade.

Seu despertador tocou ao lado lembrando-lhe de suas obrigações. Ela praguejou, desligou o pequeno aparelho irritante e levantou-se para se banhar e se preparar para mais um dia. Atualmente morava em um pequeno apartamento, mas que supria com as suas necessidades imediatas. Dividia-o com Elena, uma amiga da universidade que se formara em Artes e no momento trabalhava com gravuras de livros infantis. Apesar de ter dois quartos, o lugar era pequeno, mas ela não se incomodava, pois tinha aprendido desde cedo a ocupar pouco espaço, apesar de ser filha única.

Acabara de se formar com honras em uma universidade pública de sua cidade. Sentia-se orgulhosa disso, de suas pequenas conquistas. Sabia o quanto fora difícil em suas condições e sentia-se vitoriosa, mas ansiava por mais. Depois de se formar em História, mudou-se para outra cidade, queria recomeçar longe dos problemas antigos. Foi então que com ajuda de Elena, conseguiu o emprego nesta escola particular que lhe pagava razoavelmente e decidiram morar juntas. Também estava empenhada em seu projeto, um livro que contaria toda a história de vida da primeira presidente mulher do Brasil e o seu mandato. Tinha feito muita pesquisa e tivera que dedicar um tempo para viajar e assim buscar informações a mais sobre o que escrevia.

Depois de se arrumar e preparar o café dela e de Elena para quando acordasse, pegou sua bolsa e classificador onde carregava as informações de suas turmas e encaminhou-se a escola. O dia foi agitado, tinha dado aula durante toda a manhã e metade da tarde, estava exausta. Quando suas aulas acabaram antes de voltar para casa permitiu-se relaxar um pouco na sala dos professores, foi então que voltou a pensar nos olhos azuis e arrepiou-se.

Dia agitado, não foi? - Bonnie aproximou-se sentando ao seu lado em um sofá que ficava na sala.

Muito. - Bella encarou a amiga ruiva, de cabelos cheios e encaracolados. Achava aquele visual fantástico, muito exótico, assim como o seu nome. Bella logo descobriu que os pais de Bonnie gostavam de coisas diferentes e por isso lhe deram este nome. Ela notou que os olhos castanhos da amiga estavam cansados, mas ainda demonstravam o bom humor de sempre.

Bella fora apresentada a Bonnie por Elena a amiga que fizera na universidade. Elena tinha falado com Bonnie que Bella precisava de um emprego e estava disposta a mudar-se imediatamente e gentilmente Bonnie indicou Bella para um cargo vago na escola.

O que fará hoje?

Tenho alguns trabalhos para ver e pretendo trabalhar no livro.

Estou cansada, queria muito que fosse final de semana e estou com saudades de sair com você e a Elena. - Confessou fazendo a cara de cachorro sem dono de sempre. Bella riu da amiga.

Aguente um pouco mais. - Tocou a mão de Bonnie pressionando um pouco para lhe reconfortar. - Tenho que ir agora, gostaria de ter a noite livre para mim mesma. - Piscou para amiga.

Para que a noite livre se não tem um namorado?

Que coisa horrível para se dizer Bonnie. - Bella a repreendeu.

Só estou dizendo o que sinto, para mim é um saco ficar em casa a noite sem nada o que fazer e sem ter um namorado.

Mas e o Pedro? - Lembrou-lhe do rapaz que estava interessado nela.

Ele é muito complicado para mim, sabe que gosto de coisas simples. Mas não quero falar dele agora. Bella assentiu e levantou-se.

Só não faça coisas precipitadas para depois se arrepender.

Não farei.

Até mais. - Bella beijou-lhe o topo da cabeça e se afastou.

Cuidado na estrada com aquele ferro velho. - Ela parou e virou para olhar novamente para a amiga.

Não fale mal do meu carro. - Avisou-lhe e voltou a caminhar ouvindo o risinho de Bonnie em suas costas.

Bella alcançou o estacionamento da escola e logo pôde ver o seu celta azul desbotado de 1999. A cidade era pequena e o transito tranquilo. Bella sabia que a melhor coisa que tinha feito foi aceitar aquele emprego e mudar-se para Villa Maria*, uma cidadezinha situada no estado de Santa Catarina.

Estacionou o seu carro que com certeza precisava de alguns ajustes, mas não chegava a ser um ferro velho como Bonnie costumava dizer e caminhou até a entrada de seu prédio. Depois de cumprimentar o porteiro seguiu até o seu apartamento.

Olá! - Bella cumprimentou a amiga que estava sentada em um dos bancos da cozinha americana. Bella sentou-se em sua frente.

Olá. - Elena não estava com o costumeiro ar alegre e Bella notou.

– Aconteceu alguma coisa? - Elena desviou ligeiramente os olhos de Bella para o copo que estava segurando e bebeu um pouco do líquido.

Sim. - Bem... Aquilo já estava assustando. Elena voltou a olhá-la com um ar de hesitação. - Sua mãe esteve aqui te procurando.

O que?! - Achou que tinha ouvido errado. Sua mãe esteve ali procurando por ela? Deve... Deve ter sido um engano. - Ela balbuciou. Sua mãe tinha desaparecido há muitos anos. Deixara a família depois de tantas confusões que se metera. Ela não sabia onde estava, nunca poderia descobrir o seu paradeiro ali naquela cidade.

O porteiro a interfonou falando que tinha uma mulher que dizia se chamar Reneé Swan querendo falar com você. Também desconfiei, mas permiti que ela subisse e vi que realmente era sua mãe. Lembrei daquela sua foto com ela e você tem muito dela.

Mas... Como ela me achou e o que veio fazer aqui? O que ela disse? - Bella não conseguia raciocinar muito bem naquele momento.

Disse que precisa conversar com você e que voltaria mais tarde. - Bella colocou sua bolsa no balcão e seu classificador e pôs as mãos no rosto, estava trêmula. Neste momento o interfone tocou e Bella olhou para Elena em desespero. Devagar Elena foi atender, depois de falar poucas palavras dirigiu-se a Bella.

Reneé pode subir? - Bella olhou para a amiga sem saber o que responder e então sem muita certeza disse que sim. Pouco tempo depois ouviu-se um leve bater na porta. Bella levantou-se com o coração acelerado. Posso sair para dar-lhes mais privacidade se quiser.

Não. Fique. - Pediu em um fio de voz.

Certo, mas ficarei no quarto. Qualquer coisa estarei lá. Bella assentiu e depois que a sua amiga a deixou sozinha, abriu a porta.

Foi olhando para o rosto de Reneé que ela lembrou-se que sonhara algo assim, mas fazia muitos meses. Ela veria a sua mãe, brigariam. Não lembra muito bem os motivos, desconfiava, no entanto. Sua mãe a magoara muito no passado, não tinha o direito de estar ali agora. Bella respirou fundo e Reneé continuou ali em pé olhando para ela e sorrindo. Bella só pode sentir pavor daquilo.

Depois de contemplá-la, Reneé sem titubear dirigiu-se para ela e a cada momento que estava mais próxima seu sorriso aumentava. Bella achava que deveria ser a loucura. Então foi pega em um abraço apertado e sua mãe beijou-lhe o rosto inúmeras vezes.

Por favor... - Bella afastou-se de Reneé com dificuldade. - O que esta fazendo aqui? Como me achou? - Quis saber antes de tudo. O sorriso de Reneé foi contido neste momento e seu olhar ficou sério.

Precisamos conversar. Podemos entrar? - Bella hesitou, não sabia se queria recebe-la em sua casa. Mas o que poderia fazer? Ela já estava ali. Então, resignadamente fez sinal para Reneé entrasse. Depois de fechar a porta Bella sentou-se com a mãe na sala.

Aceita alguma coisa? - Bella ofereceu querendo ser educada.

Não obrigada filha. - Reneé suspirou. - Você está tão linda! Ela uniu suas mãos na altura do seio e Bella viu que seus olhos estavam lagrimosos. - Você é uma mulher.

Pois é Reneé, já faz muito tempo. - Falou amarga e Reneé fez uma careta de desgosto.

Bella, desculpe-me por isso. - Tentou sorrir novamente. Sua amiga Elena é muito gentil.

É, ela é. - E então um silêncio surgiu. Bella não aguentaria aquilo. - Reneé eu preciso saber por que esta aqui e como me encontrou. - Quis ser direta. Queria acabar logo com aquilo.

Vim te contar toda a verdade sobre nós.

A verdade?

Sim, precisa saber por que sumi todos esses anos. - Reneé olhava em seus olhos, ela estava decidida, mas hesitava também.

Concordamos pelo menos nisso. Mas antes quero saber como me encontrou. - Bella viu que ela temia falar. Vai começar a mentir?

Não, só não sei como receberá essa informação.

Fale e depois lidamos com isso. - Exigiu.

Bella, quando percebi que tinha chegado o momento de lhe contar a verdade e de você também tomar o conhecimento para si... Bella achou aquela conversa muito estranha, mas forçou-se a entender. -... Fiz um feitiço de localização para encontra-la. - Bella achou que não tinha entendido direito.

Como é? Um feitiço de localização? - Perguntou incrédula.

Sim.

Isso ainda faz parte de suas insanidades?

Bella, preste atenção. Nunca estive louca, somos descendentes de druidas. Fui buscar o conhecimento e agora devo passa-lo para você. - Bella de repente se viu em um djavú. Viu-se pequena ainda em uma das crises da mãe, seu pai tentando detê-la. Não estava pronta para aquilo, para rever a sua mãe depois de tantos anos e ver que continuava tudo igual.

Não quero saber de seus delírios. Olha Reneé, para mim isso já chega. Não pode vir aqui depois de tudo e todo esse tempo para falar essas coisas sem sentido.

Podem parecer sem sentido para você agora, mas fará todo o sentido depois filha. Só permita-se escutar o que lhe direi. - Reneé tocou a mão da filha esperando que ela concordasse.

Não vou ouvir nada que se refira a bruxaria, a seres das trevas ou qualquer outra coisa do gênero. Acha que já não escutei muito disso quando era criança?

Bella, você precisa saber que eu estudei, que pesquisei e pratiquei.

– Como é? Praticou? O que você praticou?

Eu te disse filha. - Reneé respirou fundo. - Fiz um feitiço de localização pra te achar. Venho praticando feitiços durante esses anos. Bella tremia, a mãe estava mais louca do que nunca.

Sabe de uma coisa? Vou ligar para o hospital e eles te levarão para um lugar em que possa se tratar. - Bella levantou para pegar o seu celular que estava em sua bolsa. Reneé levantou e a segurou pelo pulso.

Posso te provar que digo a verdade.

Fará um feitiço por acaso? - Foi sarcástica. - Me transformará em um sapo ou qualquer outro animal repugnante.

Bella, esse tipo de feitiço não existe, são estórias para amedrontar criancinhas. E mesmo se fosse possível não faria isso com você. - Bella riu sem humor. Estava tudo bem naqueles últimos anos, bem na medida do possível. Já tinha se acostumado a uma vida sem mãe e agora a sua mãe tinha se materializado em sua frente, mas tinha trazido a sua loucura junto.

Eu quero que pare com essa conversa. Não tem como me provar o que diz. Mas eu tenho como ajuda-la, Reneé. Ligarei para virem busca-la.

Não! - Reneé disse com voz autoritária. - Estou cansada de ser julgada louca e anormal. Aguento isso muito bem das pessoas de fora, mas isso nunca foi fácil para mim se tratando das pessoas que eu mais amo. - Bella percebeu a seriedade daquele momento e se calou. Reneé soltou-lhe o pulso devagar.

Reneé ficou ereta em sua frente, respirou fundo novamente. Concentrada ergueu a mão direita na altura do seu rosto e olhou para a palma virada para cima.

Luminaria. Disse com convicção e foi com pavor que Bella viu surgindo da palma da mão de sua mãe uma chama como a das velas.

***

Quando viu a sua mãe a instantes atrás não imaginaria aquilo. Talvez soubesse que falaria muitas baboseiras, mas não aquilo. Reneé permanecia com ar concentrado a sua frente. Bella notara como ela estava bonita, ainda mais naquele momento. Seus cabelos agora estavam em uma altura um pouco abaixo das orelhas, mas ainda podia-se ver os grossos cachos cor de mel. Seus olhos castanhos estavam sérios como poucas vezes lembrava-se ter visto. Todos sempre disseram o quanto se parecia com a mãe e ela sabia que eles também especulavam se ela herdaria além das características físicas a loucura de Reneé.

René estava com um vestido florido e um casaco leve por cima. Bella tinha imaginado quando a viu, que ela estava bem a julgar pela sua aparência. Por muitas vezes tinha se preocupado com mãe, gostaria de saber se estava em algum lugar seguro e não perdida pelo mundo. Tinha que admitir que sentiu certo alívio ao vê-la tão bem, mas naquele momento, ela realmente estava assustada.

Isso é um truque. - Acusou a mãe. - Quer me convencer com um truque barato, mas não conseguirá Reneé. - Reneé fechou a mão e apagou a pequena chama.

Não é um truque é magia. - Bella negou veementemente com a cabeça.

Fugiu com algum circo, foi isso? Aprendeu esses truques com algum mágico? - Bella perguntou indignada.

Não seja absurda Bella. Eu não fugi com um circo. Somos descendentes de druidas. Já sabia disso desde a minha infância quando vi o livro com a sua avó.

Livro?

Um grimório, o grimório da nossa família.

Ai meu Deus! - Bella pôs as mãos nos cabelos em uma atitude de total perda de controle. - Você está mesmo delirando com isso tudo.

Bella sente-se e contarei tudo do inicio, mas dessa maneira não terá como entender e nem acreditar. - Reneé pediu.

Eu não posso... Não posso ouvir essas histórias que inventa.

Sente-se! - Bella sentiu seu corpo forçá-la a sentar-se contra a sua vontade e assustada olhou para os lados e para Reneé que carregava um semblante agora autoritário.

– O que foi isso?

Fui eu. Você está despreparada por isso a minha magia surtiu efeito em você, mas quando despertar o que tem dentro de você filha, terá como se defender de qualquer coisa.

Você ordenou que eu sentasse e o meu corpo... Bella murmurou sem acreditar.

Acho que agora começo a ter a sua atenção. - Reneé sentou-se ao seu lado. - Quando era criança encontrei o livro de magia nas coisas de sua avó. Frequentemente comecei a olhá-lo, no início não entendia muita coisa, mas depois compreendi do que se tratava. Quando cresci um pouco mais perguntei a sua avó porque ela tinha aquele livro, na época já tínhamos mudado da Inglaterra para os EUA. Sua avó não queria me contar, mas insisti tanto e ela não conseguia dizer não para mim. Soube então de nossa história.

Bella olhava para a sua mãe com olhos atentos e assustados. Sentia que ela falava a sério, mas ela não conseguia acreditar naquilo. A loucura da mãe piorara? Mas... E aquela força que a fez sentar-se a pouco? Teria sido outro truque?

Filha, somos descendentes dos antigos druidas, um povo que migrou de Atlântida, o continente submerso, e achou acolhimento nas terras da velha Grã Bretanha. Carregamos em nosso sangue um fator que nos permite usar magia.

Reneé... - Bella já ia protestar, mas sua mãe a interrompeu.

Há muitos anos... Um terrível mal foi posto sobre a terra. Veio como um meio de castigar os humanos. Temos responsabilidades sobre isso, temos que combatê-lo.

Além de bruxa agora esta tentando me dizer que é uma heroína?

Não Bella. Leve isso a sério pelo menos por um instante. - Bella passou os dedos pela testa nervosamente.

Ok, levando a sério por um momento. Diga-me porque temos responsabilidade sobre isso?

Porque foram os druidas que trouxeram esse mal para a terra.

Por quê?

Queriam se vingar dos humanos normais. Naquela época Bella, os druidas estavam sendo perseguidos, traídos, torturados, humilhados até que... Até que um grupo restrito que queriam revidar de alguma maneira uniu forças, magia e conhecimento e transformaram alguns daqueles perseguidores em seres das trevas. Lhe deram o mal que tanto procuravam. Eles foram amaldiçoados... Obrigados a se esconderem nas sombras da noite, andariam para sempre apenas sob a luz da lua nem totalmente mortos e nem vivos e o pior de tudo isso é que sempre sentiriam sede...

Sede?

Eles não conseguiriam resistir a isso e seria a única coisa que os manteria bem. Tornaram-se bebedores de sangue. - Bella arregalou os olhos com aquela revelação. Não saberia agora o porquê de ter dado a chance de sua mãe lhe encher a cabeça com aquelas baboseiras.

Bebedores de sangue? Eles viraram vampiros? - Bella perguntou com desdém.

Sim, eles são conhecidos com este nome.

René você percebe o que está me pedindo? Quer que eu acredite mesmo nesta história de Atlântida, druidas e vampiros?

Você tem que acreditar Bella, tem que vir comigo. - René a segurou pelos braços na altura dos cotovelos e implorava.

Ir com você?

Deve vir comigo para ser preparada.

***

Depois de surtar se negando a ouvir qualquer outra coisa a respeito da história louca, Bella achou melhor fazer um chá para beber com a sua mãe e chamou Elena para acompanha-las. Mesmo morando desde sempre no Brasil, adquiriu esse costume da sua mãe que viera da Inglaterra. Bella achou uma ótima ideia que Elena estivesse presente Reneé parecia mais contida.

Elas comeram o lanche sem falar mais sobre nada, mas Reneé estava determinada. Tinha que levar a sua filha com ela, pressentia o perigo. O mal se aproximava e pior, rondava a sua filha. Olhou novamente para Bella e constatou a sua beleza. Bella tinha grandes olhos azuis, nariz pequeno e arrebitado, lábios finos, mas bem definidos e longos cabelos escuros. Tinha se tornado uma linda mulher, elegante e de corpo esbelto. Viu alguns traços do pai dela e sentiu um aperto no coração.

Já é noite. - Olhou para o relógio de parede que a filha tinha na cozinha.

Sim. - Bella concordou, mas notou a ruga de preocupação no rosto da mãe. - Algum problema?

Tenho que fazer algo para proteger esse lugar. - Olhou para os lados.

Reneé... - Bella olhou para Elena e viu ar expressão de interrogação da amiga.

Bella, eu sinto que algo... Algo está próximo. Eles já devem saber sobre você.

Para com isso Reneé. Falou com a mãe. Ela acha que é druida. - Explicou rapidamente a Elena que entendeu o que estava acontecendo. Por se tornarem grandes amigas Elena sabia de tudo o que tinha acontecido na infância de Bella.

Eu já te disse Bella, você é a última descendente.

– E eu entendi isso, sou a escolhida dentre os druidas. O meu nome surgiu nesse tal ritual de comunicação com os antepassados. Por isso tenho que ir com você para ser preparada para desfazê-lo. – René concordava infantilmente com movimentos de cabeça. Enquanto Elena olhava séria e preocupada para as duas. – Mas porque logo comigo e porque agora?

Por que eles estão acordando Bella.

Eles quem René?

Os primeiros amaldiçoados. - Reneé foi para a cozinha. - Preciso de sal, pelo menos sal. - E começou a remexer tudo enquanto as duas amigas ficavam abismadas olhando a cena. Reneé pegou o sal e o despejou eu um pires, começou a falar baixo alguma coisa que elas não entenderam e em seguida colocou um pouco de sal em todo o redor do apartamento.

René você acabou com o nosso sal! - Bella falou indignada.

É o que te manterá a salvo Bella. - Já era noite àquela altura e Bella não via que aquilo acabaria em curto espaço de tempo. Ouviu-se um bater na porta e todas as três se assustaram.

Ótimo Reneé, já está me apavorando com suas histórias.

Quem será? - Elena perguntou também com medo.

Deve ser algum vizinho. - Bella começou a ir em direção à porta, mas Reneé parou em sua frente.

Deixe que eu abro. - Bella ergueu as mãos para dizer que jogava a toalha e então Reneé abriu a porta e ficou calada olhando para a outra pessoa. Bella só podia ver de onde estava que se tratava de um homem jovem, de cabelos escuros.

Olá senhora, vim a procura da senhorita Isabella Swan.

Sobre o que se trata? - Reneé interpelou analisando-o.

É um assunto pessoal. - Ele sorriu misterioso. Bella olhou para Elena desconfiada daquela pessoa que parecia nunca ter visto nem mesmo ali naquele prédio. Como ele tinha entrado sem ser anunciado pelo interfone?

Saia daqui. - Ouviu Reneé ordenar e foi juntar-se a ela na porta assim como Elena. - Fique longe Bella. - Sua mãe pediu e o homem olhou por cima de Reneé e viu Bella.

Isabella Swan temos que conversar. - Falou com ar jovial. Bella ficou intrigada com aquele rapaz que parecia petulante.

Nunca. - Reneé negou.

Bella ficou apavorada quando o homem investiu para entrar. Reneé afastou-se da porta, mas ele foi impedido por alguma força invisível. Ele se deu conta daquilo e ganhou um ar desgostoso.

É melhor você ir embora ou eu chamarei a polícia. - Bella ameaçou e ele sorriu.

Não tem como escapar. - Ele olhou para Bella já sem o sorriso nos lábios, mas tendo os olhos em fenda e desapareceu diante do olhar das três.

Villa Maria* - Cidade fictícia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Todo O Mal Que Há" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.