A Morte E A Sonhadora escrita por AAJ


Capítulo 21
Capítulo 21 - Despedidas


Notas iniciais do capítulo

Y-Y Vou sentir muita saudade de vocês, tentei fazer o melhor possível e o maior possível. Qualquer erro de digitação podem falar comigo ; )
Boa leitura!!



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Os raios de Sol entravam pelas frestas da janela e vinham calmas e serenas graças à cortina branca. O clima matinal deixava tudo ainda mais perfeito para as seis mulheres ali presentes. A mulher de cabelos castanhos avermelhados estava sentada em uma cadeira e de roupão, com seus cabelos sendo penteados por uma de suas madrinhas de casamento. Alana, a noiva, ainda contava a história de como conheceu o seu noivo para as cinco. Vitory, uma das madrinhas de casamento, vestia um belo vestido roxo de apenas um ombro, sendo esse ombro o direito. Luciana, ou Lu como prefere ser chamada, vestia um vestido azul cobalto também de um ombro só, porém sendo o ombro esquerdo. Sarah com um vestido vermelho que caia muito bem nela. Kelli com um vestido também roxo, mas de uma tonalidade diferente, e com flores o enfeitando. Julia com um vestido azul escuro, muito parecido com jeans. Todas estavam de meia-calça e sapatilha brancas, com o vestido indo até os joelhos. A noiva ria vendo a reação delas enquanto contava sobre a reconciliação dela com Náthan, era engraçado para ela ver que não era somente ela que ficava feliz com essa cena.

_E então ele me beijou e eu comecei a relembrar todos os nossos momentos juntos!_ Alana contou animada enquanto Lu prendia o seu cabelo e colocava os enfeites.

_Awn! Afrodite teria orgulho de ti por um romance tão bom!_ Lu sorriu enquanto pegava outra presilha.

Curiosamente, as presilhas eram das cores exatas dos vestidos das damas de honra. Azul cobalto, azul escuro quase jeans, vermelho e duas roxas, porém de tonalidades diferentes.

_Ah, que fofo!_ Sarah suspirou_ Cadê um bruxo da morte na minha vida?_ As garotas riram.

_Não me leve a mal, mas fiquei a história toda com vontade de casar com o Náthan_ Vitory comentou sorrindo enquanto arrumava a maquiagem de Alana.

_Eu entendo vocês. Pode parecer que não, mas entendo. Náthan é um cara muito legal e ainda estou tendo flashes do que aconteceu antes. Sabe, a memória ainda não está totalmente estabilizada_ Alana deu um sorriso amargurado, queria muito relembrar tudo sem nenhuma barreira.

_Ah, ficou perfeito!_ Kelli disse observando a maquiagem e o cabelo já prontos.

_You gonna marry... The night!_ Julia brincou dançando com o véu na cabeça.

_Ai, ai, não gosto muito de casamentos, pois sempre tenho que usar salto e a cerimônia demora_ Sarah desabafou enquanto mexia nos perfumes vendo qual seria o melhor para a ocasião_ Tem uns nomes estranhos aqui, o que seria uma Anesi?

_Tudo aí está escrito ou em Latim, ou em Tagalo, ou em Finlandês, ou em grego_ Lu explicou enquanto observava se o cabelo realmente estava bom.

_E, só respondendo aquilo sobre o salto e a cerimônia... Você não é a única_ Alana se observava no espelho enquanto refletia_ Muito bom eu ter casado com um bruxo e a cerimônia não ser a mesma coisa, deve ter algo igual, mas pelo menos não precisamos usar salto alto...

_Você precisa_ Julia disse enquanto deixava o véu de lado.

_Isso tem cheiro de... É muito forte, mas é bom_ Kelli parecia tentar identificar de que era o cheiro.

Sarah riu e, pegando um frasco de perfume, borrifou no pescoço de Alana. Era até engraçado ver Alana sem as lentes, seus olhos verdes-claros brilhavam com o realce da maquiagem.

_She'd dream of para-para-paradise. Para-para-paradise. Para-para-paradise. Whoa-oh-oh oh-oooh oh-oh-oh! _Vitory cantarola-va enquanto dava uma olhada no porta-joias que tinha ali_ Hey, é esse medalhão que ele te deu Alana? Aquele com a pedra Iolita e tal?

_Esse mesmo.

_Então esse você vai colocar_ Vitory ia entregando as bijuterias para Kelli depois de escolher.

_Liers turn me ooon_ Sarah cantarolou baixinho enquanto saia para pegar o vestido e os sapatos junto com Lu e Julia.

Kelli colocou o medalhão que Náthan havia dado para ela anonimamente no pescoço de Alana. Depois os brincos que tinham uma pedra de Ametrino e finalmente a noiva pode se levantar para se vestir. Logo Lu, Julia e Sarah voltaram com o vestido e o sapato na mão sorrindo mais que o gato Cheshire (O gato de Alice no País das Maravilhas, para quem não conhece).

_Esse vestido é diferente..._ Kelli comentou vendo a diferença.

Ao contrário dos vestidos de casamento que observamos normalmente, esse não era totalmente branco. Havia uns toques sutis de cinza, sendo estes as flores do desenho no tronco, e uns detalhes em preto, que eram o caule das flores. Fora isso, ele era normal.

_Será que vocês pegaram o vestido errado?_ Sarah perguntou enquanto analisava os detalhes “coloridos”.

_É possível terem se confundido..._ Vitory analisava se tinha mais alguma coisa diferente.

_Estamos praticamente em outro país, temos que lembrar que a cultura deles é diferente da nossa... Talvez seja normal o vestido não ser totalmente branco_ Disse Julia tentando amenizar a confusão que estava na mente das seis garotas.

_Então tá_ Lu entregou o vestido a Alana e logo ela foi se aprontar.

_Será que a cerimônia vai demorar?_ Sarah perguntou enquanto olhava alguns perfumes que tinham ali.

_Eu fui a poucas cerimônias de casamento humanas, não posso dizer muita coisa_ Julia disse meio tristonha.

_Além de que essa é uma cerimônia diferente_ Vitory comentou se referindo ao vestido.

Nenhuma ali naquele cômodo saberia responder. Ninguém ali tinha certa noção do que estava atrás daquela enorme porta de madeira negra. Nem mesmo Alana imaginava. Assim que Alana saiu do banheiro as cinco suspiraram. Não de admiração, talvez até um pouco... Mas de susto! No decote do vestido, fingindo ser um caule, estava uma frase que Lu sabia ser em latim: “Diligunt Antequam Mors”.

_Eu não tinha notado essa frase_ Sarah ficou um tanto quanto indignada.

_Somos estrangeiras, lembram?_ Julia respirava fundo, isso era apenas o começo_ Droga, acabei de me lembrar: Em que ordem nós entramos?

As seis ficaram quietas. Era tudo desconhecido, tinham sido escolhidas como madrinhas e praticamente jogadas naquele quarto com a responsabilidade de cuidar da noiva. Havia apenas mais uma sala, onde estavam algumas roupas etiquetadas, e um corredor enorme que daria na porta negra de madeira. Ninguém sabia em que hora iriam entrar, em que local, como iriam e muito menos em que ordem. Decidiram, por fim, calçar os sapatos em Alana e discutir isso lá no corredor. O sapato, que era de salto alto, também era branco, como as sapatilhas das madrinhas, mas tinha uma flor cinza na ponta de cada um deles. Assim que terminaram ouviram alguém batendo na porta. Kelli abriu e colocou a cabeça para fora, arreganhou a porta depois da insistência do ser que estava do outro lado.

_Hey, você está linda!_ A mulher com uma pele verde clara e cabelos roxos correu abraçando Alana com carinho_ Oh, Náthan não é um bruxo da morte, é um bruxo de sorte!_ No meio do abraço, Alana notou que o cabelo era, na verdade, pequenas flores roxas.

A ninfa usava um vestido rosa de flores silvestres e seus pés, que eram na verdade raízes se enroscaram no pé de Alana causando um susto em todas as mulheres humanas presentes.

_Desculpe-me_ Sarah se intrometeu, sendo a primeira a sair da paralisia momentânea_ Quem é você?_ A ninfa olhou para todas as madrinhas com seus olhos perolados e animados enquanto se desenroscava do pé de Alana.

_Iúna, uma ninfa das flores. Sou esposa de Diamiro, se ele aprontar alguma coisa fale diretamente comigo_ Iúna saltitou no lugar e seus pés se agarraram nos pés de Kelli_ E vocês?

_Meu nome é Sarah.

_O meu é Luciana, mas prefiro ser chamada de Lu.

_Julia... Pode me chamar de Julia mesmo.

_Meu nome é Kelli.

_E o meu é Vitory.

As seis sorriram educadamente e ficaram fascinadas pelo sorriso marrom da ninfa. Não por ela não escovar os dentes, e sim por serem de madeira. Logo as sete foram caminhando pelo corredor jogando conversa fora, ou melhor: As seis humanas foram caladas o caminho todo escutando como a ninfa Iúna começou a namorar o elfo Diamiro.

_E então ele disse: Flores me dão ânsia. Além de o cheiro ser forte demais, são muito coloridas e alegres. E aí eu disse: Se não gosta, deveria respeitar quem gosta. Não pode ir incendiando tudo o que não lhe agrada. E então ele disse: E quem vai me impedir? Você e suas flores do mal? E então eu disse: A força da natureza é a mais forte. É melhor não provocar! E aí ele disse: Claro, até por que as árvores são muito assustadoras! E então eu fiz uma árvore cair em cima dele e acabei cortando ele todo! Mesmo assim ele não parou de incendiar a minha floresta...

Finalmente elas chegaram ao final do corredor, onde havia uma enorme porta negra de madeira que eu já descrevi mais de duas vezes em um só capítulo. A ninfa continuava tagarelando enquanto caminhava calmamente até o altar, enquanto as seis humanas quase voltavam o caminho todo de tão nervosas que estavam. Era algo completamente diferente, dava para ouvir barulhos de conversas e barulhos que tinham certeza serem de um monstro terrível.

_Como nós entramos?_ Vitory decidiu cortar a história de amor da ninfa, ninguém estava aguentando mais.

_E então ele disse... Desculpa querida, eu não ouvi sua pergunta?_ A ninfa piscou os olhinhos animados, não parecia estar incomodada com a interrupção.

_Em que ordem entramos?_ Vitory retornou a pergunta.

_Ah, sim! Esqueci que vocês são humanas_ Iúna deu uma risadinha e logo voltou a piscar seus olhinhos perolados_ Duas madrinhas na frente, a noiva no meio, duas madrinhas atrás e uma segurando o véu. E antes que perguntem, não tem dama de honra. Vocês vão andar normal, mas devagar. Desse jeito_ A ninfa mostrou como seria o andar normal, mas devagar e elas imitaram_ Isso mesmo! As madrinhas se sentam na primeira fileira junto aos pais da noiva, por acaso fica na direita.

_Mas o meu pai morreu_ Alana disse se sentindo desconfortável com a situação, sempre foi muito apegada ao pai e ainda sentia por sua morte_ E a mãe do Náthan também.

_Por esse motivo o pai do Náth vai trazer você até o altar_ Alana ficou meio ressentida com esse apelido, mas viu que era apenas a doçura e inocência dela e se acalmou.

_O pai do... Ah, meu Deus!_ Agora sim a noiva tremia mais do que uma vara e teve que se segurar em Kelli e Vitory.

_Não sei pra que todo esse nervosismo_ Uma voz grossa soou atrás das garotas_ Eu não mordo.

O pai do Náthan era um tanto diferente de Náthan. Seus cabelos, mesmo sendo lisos e escuros, não tinham o mesmo brilho que os de Náthan. Pareciam arrumados demais, além dos olhos. Os olhos dele eram castanhos escuros, quase negros, e tinham um brilho maldoso no olhar. Parecia ser um homem sério e dava calafrios nas meninas, até a ninfa se sentiu desconfortável. Estava vestido com um terno normal, com a diferença de ele usar botas ao invés de sapatos sociais. Botas de caça que deixaram a noiva com mais medo ainda.

_Nervosismo? Que isso, estou calma!_ Fez uma risadinha tentando soar convincente, mas deu a impressão contrária.

_Realmente, nervosismo seria a ultima palavra que eu colocaria para os seus sentimentos nesse momento. Vamos dizer medo, ou até mesmo temor se preferir_ Ele piscou um olho e deu o sorriso mais macabro que poderia ter lançado para a pobre medrosa noiva_ Meu nome é Linsen. Linsen Otia Lamouke.

_Vou entrar e anunciar a entrada da noiva_ Iúna, quase não parando no mesmo lugar, saltitou para dentro do salão e fechou a porta.

Mas Sarah segurou a porta com a ponta dos dedos não permitindo que se fechasse totalmente.

_Alana, você não vai acreditar!_ Sarah disse olhando pela frestinha_ Tem uns monstros aqui que eu nem sei o nome, o salão é imenso e...

_E acho que você vai desmaiar antes de chegar ao altar_ Julia disse observando pela frestinha junto com Sarah.

_Oh..._ “Droga, droga, droga, droga. Náthan não merece uma noiva desmaiada, ou com a língua presa, ou gaga, ou que vai desistir. Ele foi torturado por mim e eu não tenho coragem de entrar lá”.

_Coragem, garota_ O pai do bruxo da morte mais desejado que estava para se casar confortou Alana_ Quando me casei com a mãe de Náthan também fiquei nervoso no altar, apenas esperando por ela. Aposto que ela também estava, mas..._ Os olhos dele começaram a brilhar_ Quando os meus olhos encontraram os dela..._ Ele suspirou_ Eu me esqueci de tudo. Dos medos, dos temores, do constrangimento, das pessoas, da sogra chata que não calava a boca... Você vai entender quando entrar.

Logo as madrinhas, o pai do noivo e a noiva ficarão em posição quando ouviram uma música que lembrava a macha nupcial, só que tocada em um órgão ao invés de piano. Além de que havia algumas mudanças nas notas, mas era muito parecida. As portas se abriram e Alana apertou com toda a força no braço de Linsen, Sarah segurou com firmeza a cúpula de vidro em que estavam as alianças, Julia agarrou com força o cálice que segurava, Vitory suspirou e endireitou a pose, Kelli arrumou um pouco o cabelo que caiu nos seus olhos, Lu ergueu a cabeça pronta para o que der e vier. E então começaram a andar.

O salão realmente era enorme, tanto que couberam quase todos os monstros conhecidos e não conhecidos. Algumas ninfas, ou até mesmo todas choravam de emoção. Os elfos sorriam sadicamente, mas não iriam aprontar nada. Havia apenas um dragão, que cuidava de uma gaiola onde estava uma gata e uma serpente, quietinhos, com os olhos brilhando. A mãe de Alana, sua irmã, seu cunhado e boa parte de sua família estava lá, na direita. À esquerda estavam os monstros, familiares e amigos de Náthan. Todos sorriam e se sentiam bem em estar ali, e tudo isso por que... Bom, como posso dizer? Os monstros também amam.

Alana estava com as pernas bambas antes de entrar, mas quando o seu olhar se encontrou com o de Náthan, mesmo sob o véu, eles sorriram um para o outro e se acalmaram. É lógico que Náthan também estava nervoso, também quem não ficaria com uma prometida medrosa? O nervoso não vinha dele, e sim dela. A calma nos olhos dele, a tranquilidade, o amor e o carinho fizeram com que Alana pudesse caminhar normalmente. Os olhos castanhos-vermelhos brilhavam junto com os olhos verdes.

Depois de uma longa caminhada, as madrinhas receberam coordenadas telepáticas do bruxo matrimonial mostrando onde deveriam ficar. A noiva foi entregue ao noivo e eles ficaram de frente um para o outro. Sarah ficou em frente o casal, só que uns degraus abaixo. Julia ficou do lado esquerdo de Sarah e Vitory do direito. Lu do lado da noiva e Kelli do lado do noivo, ambas do lado esquerdo.

_Monstros, criaturas e humanos_ O bruxo com olhos azuis brilhantes e cabelos loiros começou. “Este é Vlad, já te falei sobre ele” Náthan comentou na mente de Alana_ Estamos reunidos aqui para testemunhar a união entre Alana Rapsakiá, uma prometida sonhadora, e Náthan Mayan Lamouke, o bruxo da morte_ Notaram que ele falou “uma prometida” e “o bruxo”? Pois bem, isso deixou Alana com raiva_ Le kiah bi nijhawi bo yw dizanazre_ Alana arregalou os olhos e foi uma intenção troca de olhares.

Alana olhou amedrontada para Kelli, que olhou para Lu, que olhou para Julia, que olhou para Sarah, que olhou para Vitory e finalmente Alana de novo. Elas ficaram ainda mais aterrorizadas quando os monstros continuaram seja-lá-o-que-estiverem-recitando.

_E haze ba yuri khailki zohi eyqabe_ Alana olhou para Náthan procurando ajuda, mas ele estava de olhos fechados, como todos os monstros, além de estar cabisbaixo_ Iwenokoble e kehiku wiaz ledyneze. Tehwible yw hafure kihbáike iljyzfaeze. Yui wonilkenai, be welfhe, zhoekyzilfo. I ihuiku be bozfale ó awxhokaelilfo. Wiz i hogoaku be altilfo ó lokoxkaelilfe. Itofyeze, iweheze, ilkaeze, iljyzfaeze. E keltnafe bolfhe bi inwi iwobholfi ifó e ezze.

_O zifaztisoh e bozoge wiaz awxofyeze..._ Acho que posso dizer que todas as meninas humanas sentiram um frio na espinha, Náthan tinha falado sozinho, o que significa que a noiva também deveria falar.

Todos olharam assustados para Alana, esperando que ela continuasse. Porém nenhuma das mulheres ali teve reação. Diamiro foi o único que entendeu que ela não sabia o que falar, na verdade todos achavam que ela não queria se casar com Náthan. “Qehis, diga isso” Diamiro falou em sua mente.

_...Qehis..._ Foi até cômico ouvir todos os monstros e criaturas soltarem a respiração, mas agora era a vez de Sarah.

_Jnehaeze..._ Sarah falou automaticamente.

_Relhibe_ Julia disse meio risonha, tinha lembrado a sonoridade de gengibre.

_Ixiapelibe?_ Vitory falou mais como uma pergunta.

_Oliwehibe_ Kelli se pronunciou e, sendo a penúltima, ficou mais relaxada.

_O Iwinbakeibe vyo xebowez ijyolfih_ Os noivos terminaram seja-lá-o-que-estiverem-citando e Julia se aproximou com o cálice na mão, deixando-o no meio dos dois.

“Agora vocês fazem um pequeno furo na ponta do dedo anelar do noivo que está ao seu lado” Diamiro disse na mente de Lu e Kelli. Vitory pegou o buquê com um misto de flores da mão de Alana e se sentou na primeira fileira a direita. Lógico que elas se assustaram no começo, mas pegaram uma espécie de agulha e furaram o dedo anelar deles. Nem Alana nem Náthan sentiram a picada, estavam felizes demais olhando um nos olhos do outro. Lógico que elas hesitaram, não é todo dia que você tem que fazer um furo na ponta do dedo anelar do noivo que está ao seu lado. “Agora apertem até uma gota cair no cálice”.

Kelli engoliu em seco e Lu arregalou os olhos, deveria doer sentir o sangue saindo do seu corpo e rasgando a sua pele. Fizeram o que foi pedido e logo as gotas se sangue ficaram separadas. Tinham se misturado rapidamente com o líquido que estava ali, mas tinham tonalidades diferentes. O sangue de Alana era sangue comum, normal, com aquela tonalidade meio escura meio clara, mas o de Náthan era mais escuro e parecia ser mais denso. Isso por que o sangue bruxo é mais forte que o sangue humano.

Assim que o sangue de Alana e o sangue de Náthan se misturaram, Kelli e Lu se sentaram na primeira fileira a direita. Julia entregou o cálice para Náthan e Alana, que o seguraram juntos. Julia se sentou na primeira fileira a direita. Sarah retirou a cúpula de vidro e cada noivo pegou uma aliança. Sarah sentou na primeira fileira a direita, ao lado de Lu, que estava ao lado de Kelli, que estava ao lado de Vitory, que estava ao lado de Julia. A família de Alana estava na segunda fileira a direita e da terceira para trás eram os amigos de Alana.

_Eu, Náthan Mayan Lamouke_ Ele disse enquanto mergulhava a aliança de prata no cálice_ Prometo lhe fazer feliz em todos os dias de sua vida, prometo lhe guiar quando cegar-te os olhos, prometo amar-te para todo o sempre e, acima de tudo, prometo ser seu sempre e para sempre.

Quando a aliança emergiu do cálice não estava mais prata, e sim uma aliança de ouro. Náthan pegou uma das mãos de Alana e colocou o anel no seu dedo anelar, automaticamente cicatrizando o pequeno furo que estava na ponta do seu dedo. Foi a vez de Alana pegar o anel prateado e mergulhar no cálice.

_Eu, Alana Rapsakiá, prometo lhe fazer feliz em todos os dias de sua vida, prometo curar os teus ferimentos quando se machucar, prometo amar-te para todo o sempre e, acima de tudo, prometo ser sua sempre e para sempre.

_E agora, com os poderes concebidos a mim_ “Grande coisa...” Náthan desdenhou_ Os declaro marido e mulher, bruxo e prometida. Pode beijar a noiva.

As cerimônias não eram iguais, mas tinham que ser. Caso contrário, algumas prometidas se negariam a casar desse jeito, então é praticamente  uma mistura da cerimônia humana com a cerimônia de criaturas e monstros. Náthan largou o cálice se segurou as mãos de Alana a puxando para finalmente se beijarem. O cálice se quebrou no chão e desapareceu como sempre acontecia. Todos bateram palmas, menos, é claro, Fred. Não havia festa como os casamentos humanos, mas ainda sim tinha lembrancinhas e cada uma diferente da outra. O casal andou até outra sala onde havia duas portas escancaradas e eles ficaram no meio.

_Alana, talvez isso seja até triste, mas... Seus amigos e seus familiares não podem saber que isso aqui existe. Então, assim que eles passarem por aquela porta... Será a ultima vez que você verá eles_ Ele olhou pra ela esperando sua compreensão, mas recebeu um olhar indignado.

_Você vai matar eles?

_O que? Não!_ Ele começou a rir e deu um beijo na ponta de sua cabeça_ Apagar você da memória deles.

_Mas..._ Ela olhou para as amigas, talvez as únicas melhores amigas, com os olhos marejados.

_Espero que um dia você possa me perdoar, mas são as regras_ Náthan disse amargo enquanto os convidados vinham se despedir deles.

_Ain, que susto!_ Iúna e Diamiro foram os primeiros a se despedir_ Quando você ficou calada eu fiquei tipo: Ah! Ela não vai aceitar! E o Dimi ficou no meu ouvido falando que você não sabia, mas... Que susto!_ Iúna disse enquanto pulava com suas raízes agarradas aos pés de Diamiro.

_Obrigada_ Alana disse para Diamiro com um sorriso enorme no rosto.

_Acredite, não foi por você_ Diamiro encarou a ninfa animada do seu lado e ambos saíram pela esquerda.

_Mas o que é isso?_ A mãe de Alana começou com o olhar mais irritado que alguém já tinha visto_ Você não responde meus e-mails, volta pra casa e se torna uma filha exemplar depois que se recuperou daquele tumor que você também não me contou, depois vai embora sem avisar... E agora está casada! Mas que irresponsabilidade.

_Mãe..._ Alana abraçou a mãe sabendo que aquela seria a ultima vez que estariam juntas_ Eu te amo.

_Ah... Eu também te amo querida.

A mãe sorriu e, pela primeira vez, Alana não se sentiu criticada pela mãe.

_Então você é o tal do Náthan?_ A mãe disse sorrindo.

_Sou_ Alana não havia entendido muito bem, por isso resolveu perguntar.

_Mãe, eu acho que nunca te contei dele...

_Acordada não. Mas dormindo... Por que você acha que eu dormia demais? Você nunca me deixou dormir direito..._ A mãe riu diante da vermelhidão da filha_ Tchau querida. Cuide bem dela, sim?_ E saiu pela direita sorridente.

_Alana, você sabia daquilo?_ As meninas vieram correndo em sua direção_ Que a gente tinha que falar também?_ Vitory explicou.

_Não fazia ideia_ E começaram a rir.

_ Relhibe_ Julia começou a rir e todas acompanharam_ Parece até gengibre.

_Mas significa honrado_ Náthan cortou as risadas delas.

_Aquilo tudo tem significado?_ Sarah perguntou confusa.

_Tudo tem significado_ Ele deu um sorriso enquanto falava.

_Adeus querida, se ele não se comportar pode morar comigo_ Julia disse enquanto abraçava forte Alana, que não queria que Julia se soltasse dela.

_Saída pela esquerda, e corre_ Alana sussurrou no ouvido de Julia.

_Nos encontramos agora e já vamos nos separar_ Sarah disse enquanto abraçava Alana que sussurrou a mesma mensagem no ouvido da ruiva.

_Vou sentir sua falta!_ Kelli abraçou Alana que fez a mesma coisa.

_Achei que teríamos mais momentos juntas_ Vitory comentou sorrindo e Alana sussurrou a mesma mensagem.

_Até mais filha de Atena_ Lu abraçou com força a amiga e ela sussurrou novamente.

_Até mais filha de Apolo... Agora CORRE!_ E as cinco correram para a saída esquerda deixando Náthan perplexo.

_Elas não podem se lembrar de você_ Náthan disse indignado.

_Ninguém precisa saber disso_ Alana sussurrou de volta e logo estacou observando quem seria os próximos.

_Ah, minha irmã caçula cresceu!_ Mary abraçou agarrou Alana com toda força_ E por que não me contou do seu marido?

_É por que o tumor me fez... Esquecer dele_ Alana disse sorridente.

_Ah, que trágico... Bom, vamos embora, sim?_ O marido estava ocupado demais mexendo no celular para se despedir deles_ Tchau querida, até mais!

E saíram pela direita. Alana suspirou e se sentiu mais leve sabendo que suas amigas continuariam se lembrando dela, mas se sentiu triste por sua mãe. Talvez péssima fosse uma palavra melhor.

_Náthan!_ Uma voz estridente ecoo por todo o salão_ Mas que susto você me deu, hein menina?_ Um homem com cabelos loiros desgrenhados veio cumprimentá-los, ele tinha olhos negros e presas enormes.

_Jimmy, como vai a sua busca?_ Estranhamente, Náthan colocou Alana atrás de si.

_Uma porcaria!_ Jimmy logo mudou totalmente, como se estivesse pronto para matar_ Boa sorte no casamento!_ Logo sorriu saindo pela esquerda.

_Bipolar?

_Vampiro_ Náthan corrigiu e não sorriu para a próxima pessoa vindo.

_Alana, não sabia que iria se casar_ Fred sorriu amarelo para a garota.

_Não deu tempo de contar_ Alana mentiu descaradamente.

_Vou sentir sua falta_ Fred abraçou Alana e recebeu o olhar mais mortal e sádico possível de Náthan.

_Também vou sentir a sua_ Alana falou lembrando-se das vezes em que o evitou.

Assim que Fred saiu pela esquerda Náthan se virou para Alana com aquele olhar sádico de antes.

_Posso matar ele?

_Não!

_Por quê?

_Por que eu não quero_ Alana revirou os olhos_ Já basta a Sophia.

E, sorrindo, os dois se beijaram enquanto esperavam os próximos monstros, ou criaturas ou humanos.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de agradecer a Julia Albarn por me acompanhar todos os dias da minha vida. A Sarah Mean por ter sido uma das minhas primeiras leitoras. A Daughter of Apolo por ter os comentários que mais me animam. A Vitory Mona por ter me impulsionado a fazer um capítulo maior. A KelliNayara por ter os menores e mais simples comentários, mas que podem me deixar muito feliz apenas pela simplicidade e pelo esforço de comentar. Também quero agradecer a Ichigojamu, Larissa Rocha 99, Maria Beatriz e Djessica Millage por terem favoritado (KelliNayara também). E também a você, leitor anônimo, que acompanhou a minha fic até aqui.
Demorei por que precisei estudar o casamento humano e depois fazer o casamento bruxo ; )
Aquilo que eles disseram no casamento que ninguém entendeu é um texto que eu fiz quando era pequena e ele foi codificado. A tradução do que eles disseram na hora do casamento:
Ao cair da lágrima de um basilísco
O riso de uma criança será ouvido
Amolecendo o coração mais nebuloso
Formando um ritmo cardíaco angustioso
Uma melancolia, do monstro, preocupante
A armação do destino é impressionante
Mas a rejeição da infante é decepcionante
Afetuoso, amoroso, ansioso, angustioso
O conflito dentro da alma amedronta até o osso
E satisfaz o desejo mais impetuoso
Voraz,
Glorioso,
Honrado,
Apaixonado,
Enamorado
E amaldiçoado que podemos aguentar.
Até uma próxima fic ; )



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