Greco-Romana escrita por P3RC4B3TH


Capítulo 20
Uma Droga de Tenis?




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          Enquanto eu corria para o ponto da onde estava ocorrendo a luta não deixei de ter pensamentos horríveis sobre Tresh. Sei que estava errada em pensar aquilo, mas é inevitável quando se deixa a pessoa lutando sozinha com um monstro. Uma das hipóteses que eu pensei, foi chegar no local e encontrar a cabeça de Tresh separada do corpo e encostada na sarjeta. E o restante do corpo na faixa de pedestre.

          Que bom que eu estava errada. Quando cheguei até a esquina não tinha visto Tresh. Meu coração deu uma breve acelerada. Mas antes que eu cerca-se meus olhos por toda a volta uma onda de fumaça me envolveu. Uma explosão fora ouvida. Comecei a tossir e senti cheiro de queimado. Reparei que meu ombro estava ardendo e queimando muito.

          -A, droga!-Gritei quando notei que a ponta do meu cabelo, que estava para a frente, estava pegando fogo. Meu ombro queimava, pois o fogo estava pegando no meu braço.

          Comecei a me debater e correr de um lado para o outro. Havia focos de incêndios por alguns lados. Em geral aquela explosão não cometera tanto danos, pois só havia alguns mortais caídos, lojas pegando fogo e um barulho de gente pedindo ajuda aqui e ali. Não julguei isso grande.

          O fogo só parou quando um moço que estava tentando ajudar a apagar o fogo tacou um balde de água em mim.

          -Obrigada! Tem gente ferida do outro lado! – Gritei.

          Foi quando me toquei o porque eu estava ali. Tresh.

          -Tresh! Tresh! -Gritei. –Tresh a onde...-Senti que alguém me segurou pelos braços. Quando ia pegar minha Adaga ela não estava lá. Eu havia deixado no lugar onde tinha acertado o monstro. Ou seja, na rua.

          -Sou eu. Acho que meu plano deu certo!- Era a voz de Tresh.- Vamos sair logo daqui.- Uma onda de alívio surgiu pelo meu corpo. Mas ainda queria minha Adaga. Não ia discutir pois nossas situações não eram favoráveis.

          Quando me virei para trás para sair correndo Tresh estava em péssimos estados. Reparei que a panturrilha esquerda dele estava ferida. Ele corria com o pé um pouco torto. Sua camisa estava rasgada e com marcas de queimado. Eu e ele estávamos fedendo a queimado.

          -A onde está Jay?- Tresh perguntou.

          -Logo ali na frente. Ele está um pouco ruim. E matou a velha?

          -Sim. Acho que não deu tempo de ver o pó reduzido.

          -Como o seu plano...?

          -Depois, ok?

          Eu achei melhor não discutir. Jay estava ferido, Tresh não estava lá aquelas coisas e eu estava a todo vapor. Uma discussão me pareceu estúpida.

          Chegamos na loja o senhor que estava no caixa na hora que deixei Jay lá, agora estava com um copo de água na mão para ajudar ele. Jay estava ainda estava encostado na estátua.  Ele parecia bem fraco.

          -Jay!-Gritei.

          -Você...você voltou!- Ele abriu um sorriso, porém com dor. Sua boca ainda estava com sangue.

          -Sim, e Tresh veio junto.

          -Que bom que ele não morreu. Você deixou isso na rua e...-Ele tirou minha Adaga da sua cintura- Peguei. Tome...tome mais cuidado.

          O senhor ficou surpreso. Afinal, nenhum adolescente normal usa Adaga por ai na cintura.

          -Assalto.- Falei para ajudar a esclarecer- Isso é só o que eu roubei do assaltante. Legitima defesa.

          O senhor comentou algo sobre chamar a policia, mas disse que nossos pais estavam vindo nos buscar para irmos fazer boletim de ocorrência.

          -Que bom. -Falou o homem. Ele queria saber detalhes do assalto fajuto. Tresh deu um jeito e contou algumas mentiras.

          -Jay, -Cheguei perto dele sussurrando- obrigada por ter segurado aquele monstro. Mas você sabe que era eu quem deveria...

          -Eu estou com dor...-Ele fechou os olhos- Não quero te ver assim, toda acabada como eu. Esqueça isso. Vamos embora daqui.

          Ir embora dali. Mas para onde? Eu não tinha rota nenhuma agora. Minha rota era ir para o centro da cidade e pegar o ônibus para Vegas. Agora como eu poderia ir sendo que, Jay estava totalmente ferido e Tresh meio que acabado?

          -Já venho. -Fui direto para fora.

          Parei no meio da calçada e olhei em volta me garantindo que nenhum policial estava por perto procurando jovens infratores que batiam velhas do mal. Nenhum sinal.

          Tresh saiu e me disse:

          -O que vai fazer?

          -Tentar uma loucura.

          -O que vai fazer?- Falou Tresh.

          -Pedir ajuda ao deus viajante. -Sorri.

          -De novo? Ele não parece querer atender dois desejos.

          -Vou tentar. Se falhar, eu arrumo outro esquema.

          Tresh só assentiu e ficou observando.

          -Mercúrio, sou eu, de novo.- Estava olhando para o céu. Eu falava com o mesmo tom de voz que estava falando com Tresh a alguns segundos.- Sei que nunca fui motivo de orgulho, tirando a parte que roubava. Sei que não sou a melhor filha sua. Só peço para que me mande ajuda novamente. Eu estou encrencada e você sabe que me livro delas sempre sozinha. Mas agora não dá. Eu carrego duas vidas comigo para salvar uma terceira. Me mande ajuda e lhe darei uma oferenda digna de um deus.

          -Romana...Você...

          -Tresh, cale a boca.- Fiz cara de brava para ele.- E então, Mercúrio, temos um acordo?

          Por um momento nada aconteceu. Tresh me olhou com pena, como se tudo fosse em vão. Ele me chamou para entrar. Quando virei minhas costas escutei um barulho.

          -Espera, -Falei para Tresh- essa caixa de correio não estava aqui fora. -E de fato não estava. Simplesmente ela apareceu.

          Fui chegando perto dela. Me aproximei mais e a caixa começou a tremer.

          -Romana, saia de perto daí.- Tresh me advertiu. Simplesmente parei de andar e fiquei olhando.

          A caixa tremia mais, e mais, e mais. Achei que Mercúrio ia me castigar por pedir outro favor a ele, mas foi o contrário.

          -O...o que está acontecendo?- Tresh perguntou.

          -Não sei, cara. Acho que vou descobrir.- Dei mais um passo.

          A caixa de correio começou a atirar envelopes por todos os lados. No começo achei que era eu sendo castigada. Minha ideia mudou quando um ciclone de cartas foi me envolvendo e eu bem no seu meio. Eu fiquei por alguns instantes com o olho aberto e peguei o nome de algumas correspondências, como: 'Margaretti. Acampamento Júpiter. Primeira Corte'. 'Para Rick, semideus não reclamado no oeste de Quebec-Canadá'. Queria saber se algum dia iria encontrar aquele pessoal das cartas.

          Fechei meus olhos e protegi meus rosto com medo de ser machucada por algum envelope. Tresh foi bravo tentando me tirar de lá. Mas quando ele foi tentar entrar o grande ciclone formado pelas cartas o impediu e ele bateu contra a parede da loja.

          Assim que parou não tinha entendido o que havia acontecido. Meu cabelo estava mais bagunçado que o normal e eu estava intacta. Olhei para os lados e alguns mortais estavam de boca aberta.

          -Ãn...acho que isso funciona com eletricidade.- Tentei falar para quem estava a minha volta.- É isso! Podem retornar ao local que você se dirigiam. Eu pego essa bagunça.- Sorri cinicamente. Aos poucos foram saindo.

          Então eu pedi ajuda ao meu pai e o que acontece? Ele me ataca com um monte de envelopes. Deuses, vai entender!

          -Tresh vamos...AHH!- Eu tropecei em alguma coisa. Uma caixa. Acabei ralando o joelho, estava ardendo. Nem liguei, pois eu fui para cima do pacote.- Opa! Olha!- Estava escrito assim no pacote: ‘Para Romana. Entrega especial do deus Mercúrio, o ligeiro.’- Ligeiro em me pregar peças!- Peguei o pacote na mão.

          O formato era médio com um papel marrom protegendo. Tresh ainda estava caído no chão. Até esqueci dele.

          -Jay precisa ver isso. Jay! -Gritei.

          -Ou, você não vai me ajudar?- Tresh disse ainda no chão.

          -Sai da frente.- Corri na direção na porta e acabei pisando na mão de Tresh.

          -Eu tento te ajudar e você pisa na minha mão. Qual o seu problema?

          -Ãn...você está parecendo um mendigo. Levanta logo. Jay! -Disse entrando.

          Quando eu entrei Jay estava sentado. Ele parecia bem cansado. Sua feridas estavam visíveis e ele ainda não fora tratado.

          -Olha Jay! Pedi ajuda para Mercúrio e ele me atendeu!

          -E o que...o que é?- Jay se relutava para falar. Seu olhos estavam meio aberto e meio fechado.

          -Bem, ainda nem abri.

          -E o que você...ai, droga. Minhas costelas...Porque você não...não abriu?

          Porque eu sou burra, dã! Fui logo rasgando o pacote todo. Tresh estava entrando passando sua mão esquerda na direita, a qual eu tinha pisado.

          -Tênis?- Falei.- Minha ajuda é um tênis?- Os tênis eram iguais o que estavam em meus pés. All star converse com cano até o tendão.

          -O que? Bem feito! É para correr mais rápido pé de vento. - Tresh começou a rir.

          -Vou pisar em você, mas dessa vez não vai ser na mão. Vai ser na sua cara!- O dono da loja olhava para nós com curiosidade.- O que eu vou fazer com isso?

          -Senhor, pode me trazer água?- Pediu Tresh- Isso são tênis alados, sua burra.- Disse Tresh esticando a cabeça vendo se o homem não estava ouvindo nada- Tênis que tem asas. Hermes ou Mercúrio é deus viajante então, ele usa sandálias aladas. Já para os filhos ele fornece os tênis.

          -É?

          Jay confirmou.

          -Tem três pares aqui. Certinho para nós. Toma!-J oguei um para Tresh.- Me ajuda colocar esse em Jay.

          -Ta, mas vamos a onde?- Tresh perguntou.

          -Não sei. Me ajuda logo.

          Jay colaborou o máximo que podia deixando a gente colocar o tênis. As vezes ele gemia.

          -É para o seu bem.- Falei para anima-lo.

          Assim que terminamos o homem voltava com a água.

          -Obrigada-Disse Tresh pegando o capo.

          -Coloca logo o tênis.- Disse tirando o meu e colocando o par de tênis alados. Coloquei o que tinha acabado de tirar dentro da minha mochila.

          Tresh bebeu a água e depois colocou o tênis.

          -Bem, - falei me dirigindo ao senhor-liguei para os nossos pais e eles vão vim nos buscar nos fundos da loja. Isso aqui tem fundos, né?

          -Tem sim.- O homem falou.- Mas vocês tem certeza que os pais de vocês vão vim aqui e levar vocês na...

          -Delegacia? Sim. Depois que formos ao hospital, claro. Esses ladrões vão ter o que merecem- Tresh disse.

          Saímos e fomos para os fundos da loja. O homem que se chamava Alan disse que esperaria nossos pais chegarem parra nossa própria segurança.

          -Se não for pedir muito- Tresh disse- quero mais água, pode me dar?- Alan apenas assentiu.

          -Da onde veio tanta sede?- Perguntei.

          -Distração. Ele ia achar um pouco surreal ver três adolescentes voando, né?

          -Vendo por esse lado, sim. Mas como se liga esse troço?

          -A filha do viajante não sabe usar tênis alados? Minha nossa, deixa o acampamento saber disso...

          -Sabe ou não sabe usar? Seja direto. -Jay estava pesando em meu ombro. O outro braço estava sendo segurado por Tresh.

          -Maia. É só dizer Maia. -Disse Tresh.- Quer ver? Maia!- Nada aconteceu.

          -Não vi nada. Cadê?

          -Maia!- Tresh gritou.- Maia! O que aconteceu?    

          -Isso deve ser na forma grega. Quem sabe isso não é forma romana? Sei lá talvez tenhamos que bater um no outro e...-Eu bati calcanhar com calcanhar e logo foram surgindo um par de asa em cada tênis eu comecei a me suspender pelo ar.- Deu certo! Opa... Opa...-Eu estava subindo rápido de mais e Jay e Tresh estavam ficando.- Tresh, vai logo!

          -Ah ta...mas...-Tresh Bateu os calcanhares e logo foi subindo. Jay ia subindo junto. Ele estava pesado.

          -Jay, -dissse quando estava segurando ele ao lado de Tresh suspenso no ar- ajudaria se você batesse seus calcanhares. Sei que está com dor, mas é só isso. Não lhe incomodaremos mais.-Jay confirmou. Sem força ele bateu os calcanhares, as asas foram saindo e começaram a bater.- Obrigada, Mercúrio.

          -Romana, para onde estamos indo?- Só depois dessa pergunta de Tresh percebi que os tênis estavam nos conduzindo a algum lugar.

          -Não sei. Eu não estou controlando o meu tênis- Falei.

          -Nem eu. O que vamos fazer?

          -Sinceramente? Vamos deixar que eles nos guiem.

          Tresh discordou, mas eu não ia discutir com ele segurando Jay todo machucado.

          Seguimos reto do local onde estávamos. Depois de uns quinze minutos nós estávamos descendo na frente de uma lanchonete. As asas se recolheram e assim estávamos em terra firme de novo.


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