Greco-Romana escrita por P3RC4B3TH


Capítulo 11
Hora do Almoço




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A van nos deixou a algumas ruas (bem longe) da Times Square. Nova York estava fervendo. Observei que Jessy estava olhando a foto dela e de Tyler juntos.

            -Vocês são lindos juntos. -Falei.

            -Obrigada. E pensar que tudo começou comigo batendo nele. - Ela sorriu.

            -Eu vou lembrar-me dessa tática quando quiser arrumar um namorado- Falei- Tresh, a gente vai namorar, afinal, eu te bati.

            -Não. Eu te bati. -Ele respondeu. -E eu não quero te namorar, já disse. Você ta longe das meninas da minha lista de quem beijar.

            -Você tem lista?-Falei.

            -Não te interessa.

            -Sabe que eu acho? Que você me quer, mas não fala.- Coloquei as mãos na cintura.

            -Você tem problemas. -Tresh estava ficando vermelho. Mudei de assunto.

            -Jay, o que Verona disse? Dava para ver a decepção na cara dela. Bem, na minha também, afinal, é um desperdício. -Eu me referi a Jay ser gay.

            -Ela chorou. Disse que sabia que  estava me perdendo para você e que ela estava quase te odiando. Mas depois ela tomou uma tapa na cara quando descobriu que eu era gay. Ela estava acabada.

            -Não é culpa dela. -Falei.- É sua opção. Pelo menos eu te beijei. -Eu ri.

            -Vocês se beijaram?-Indagou Jessy. -Mas...mas você?

            -Sim, eu sou. -Jay disse.- Mas e daí se eu beijei a Romana? Não teve sentimento. Embora tenha sido ótimo. Eu fiz aquilo porque foi engraçado.

            -Você é idiota. -Falei- Você não tinha que ter feito aquilo. Mas se quiser fazer algo engraçado tipo aquilo, e sem sentimentos, ta tudo bem-Eu ri.

            -Eu sei. Gente, alguém tem horas?-Jay perguntou.

            -Não sei. A gente está longe?-Perguntei.

            -Sim, estamos. Daqui a pouco ta na hora do almoço e não sei se a gente chega lá antes dele.

            -Dele quem?

            -Do almoço, Romana. -Falou Tresh.

            -Não sou obrigada a saber. -Falei.

            Andamos mais alguns quarteirões e sentei em uma calçada.

            -Esperem, eu vou tirar meu tênis.

            -Não faça isso. Vão achar que somos de rua. –Disse Tresh.

            -Ai cala a boca. Você consegue me irritar. Eu vou arrancar e pronto.

            -Jay, diz para ela colocar o tênis.

            -Desculpe Tresh. Não posso fazer isso. Romana, se apresse.

            -Gente, enquanto vocês esperam a Romana, eu mando uma mensagem de Íris para Tyler.-Disse Jessy.

            -O que é isso?-Falei.

            -Você não tem isso lá em Roma?-Jay perguntou.

            -Não, eu nem sei o que é isso. -Tirei um par de tênis. -Meu Júpiter! Meus dedos estão respirando de novo. Mas o que é esse treco?

            -É assim- Começou Jessy. -Você pega um dracma, que é uma moeda grega. Ai, você tem que ir em um lugar que forme um arco-íris e joga o dracma e diz: ‘ó deusa do arco-íris, aceite minha oferta’

            -Ai você vai ver a pessoa na onde ela estiver. Mas, ela aparece em forma de névoa, então não pode tocar nela se não interrompe a chamada. -Tresh deu um complemento.

            -E ela tem um tempo de duração. -Terminou Jessy.

            -Minha nossa, meus pés podem sentir o chão! -Eu disse quando tirei minhas meias e colocando um chinelo. -Ok. Isso deve ser legal. Vai logo falar com seu namorado.

            Fomos junto com ela em uma parte em que um hidrante estava fazendo, a corrente de água era forte e lá tinha um arco íris lindo. Jessy fez os procedimentos e logo vi Tyler com um violino na mão.

            -Amor! Como estão indo?

            -Bem, vocês chegaram bem rápido ai no acampamento.- Disse Jessy.

            -Acho que não. Já são onze horas. Acho que vocês se perderam. -Tyler deduziu, e eu acabei me tocando.

            -Jay! Você disse que sabia!-Eu fiquei brava.

            -Eu sei! Na verdade, eu lembrava.

            -Jessy, toma cuidado. Eu estou com saudades, e lembra de tomar seu remédio.

            -Ta, eu não esqueço. Hoje jogue uma comida na fogueira para Ares, É para me abençoar.

            -Ta, eu vou fazer. E se alimente bem.

            Eles ficaram se melando, por mais alguns segundos. Jay deu um toque para ele ajudar na localização da Times Square. Tyler mostrou rapidamente um mapa de Nova York. Jay logo soube como chegar lá.

            A imagem começou a se dissolver e então percebi que o tempo estava acabando, deu tempo de um dizer que amava o outro.

            -Ta vamos nessa. -Disse Jay.

            -Não senhor! Você fez a gente se perder, eu quero almoçar.

            -Romana, a gente anda mais um pouco.

            -Jay, Romana ta certa, a gente tem que comer.-Disse Jessy.

            -Eu to? To. Ganhei. - Jessy havia mudado, ela não estava tão rude quanto antes. Acho que ela e o namorado tinham conversado sobre a grosseria dela. O que era ótimo.

            -Jay, a gente não vai ganhar de duas meninas. Principalmente se uma é filha de Ares e a outra é a Romana. -ConcluiuTresh.

            -Tudo bem. Vamos almoçar.

            Saímos pelas ruas onde tinham alguns restaurantes. Passamos por alguns e geralmente um era sujo, outro era caro, outro era de comidas diferentes, então nenhum de nós gostava. Ou algum gostava e o resto discordava.

            -Olha ali. -Apontei para um restaurante. -Como o quanto aguentar por dez dólares. Vamos naquele.

            -Acho que não é uma boa ideia. -Disse Jay.

            -Porque?-Falei.

            -Isso geralmente é armadilha para semideus. -Jay explicou que vários monstros estavam por trás disso, pois sabiam que semideuses saiam em missão e sempre faziam coisas tentadoras para nos atrair. Eu não cai naquela. Principalmente com a fome que eu estava.

            -Não, Jay. Isso é armadilha de marketing. To com fome, andei demais e to ficando com calo. Vou nesse mesmo.

            -Romana...-Jay ia falar.

            -Fui. -E sai andando para entrar no restaurante.

            -Porque raios ela tinha que liderar a missão?- Jay disse.

            -A gente ta perdido. - Concluiu Tresh.

            Entramos no restaurante e uma mulher de mais ou menos cinquenta anos veio nos atender.

            -Oi moça. Vou comer quanto puder. Eu tenho dez dólares. -Eu sorri. A moça nos levou até onde retirava a comida e nos deu a comanda.

            -Eu tenho dez dólares. Romana, se a gente veio aqui é claro que temos dez dólares. -Tresh disse.

            -Não. Ela me olhou com cara de ‘temos uma ladra, vou ligar para o segurança’. Fui direto ao ponto, simples.

            Tiramos todos a nossa comida. Quando eu disse que ia comer o quanto podia não estava brincando. Peguei uma montanha de comida.

            -Romana! Para que um prato desse? O gordo aqui sou eu. -Disse Tresh.

            -Não me aluga. Eu sinto fome e vou comer.

            Sentamos nas mesas do meio. Eu e Tresh éramos o que tínhamos os pratos mais cheios. Porém, meu prato tinha de tudo. Tresh me contou que estava de dieta, então o prato dele não tinha tantas coisas diversificadas. Segundo ele, só coisas que seria fundamental para a dieta. Jay e Jessy pegaram algo razoável.

            -A gente vai cair em uma armadilha. Aqui dentro deve ter monstros .-Disse Jay.

            -Olha, os monstros vão se dar mal se tocarem no meu prato.

            -Isso é sério. -Jay retrucou, ele parecia tenso.

            -Eu também estou falando sério. Ninguém meche na minha comida.

            -Romana, a gente tem que ir logo.

            -Jay, relaxa e coma.

            -Eu vou tentar-Ele respirou fundo.

            -Ai, quero beber algo. Vamos pedir suco de laranja, ta?- Ninguém discordou.

            Assim que terminamos de comer Jessy quis ir ao banheiro. Após pagarmos a conta fomos para o corredor que tinha o banheiro. Duas portas. A do banheiro feminino e masculino. Jessy entrou e logo saiu.

            -Já foi?-Perguntei sentada no chão.

            -Não.

            -Então vai.

            -ãnãn...-Isso foi uma forma negativa de dizer não.

            -Porque? Ta sujo?

            -Não.

            -Tem alguém morto?

            -Não.

            -Tem um homem nu?

            -Não...não é nada disso.

            -Ta, vai no banheiro então. -Eu não entendi o que ela queria. Jay estava encostado na porta do banheiro masculino olhando para mim. Tresh estava coçando o traseiro.

            -É que...

            -Que?

            -Não tem papel.

            -Espera...Você não quer ir no banheiro porque não tem papel?

            -É! Isso é nojento, não é?

            -Você só pode estar brincando com a minha cara.

            -Romana, eu não estou, é que...

            -É que quando você sai em missão você fica vários dias sem ver água com suas partes todas suadas. Ta com receio em ir nesse banheiro porque não tem papel?

            -É -Ela fez uma cara de ‘isso é óbvio’

            -Vai nessa droga de banheiro antes que eu faça você ir com a minha ajuda, e já te digo, sou rude abaixando as calças de alguém.

            -Você já fez isso?-Perguntou Tresh.

            -Talvez. Mas isso não vem ao caso. Vai logo, Jessy.

            -Não quero ir. -Agora ela se contorcia. Acho que o xixi estava na porta de emergência.

            -Você só pode estar brincando!-Eu coloque minhas mãos na cabeça.- Você é uma puta de uma cavala. Você é rude. Machuca os outros. E ta com nojo de ir em um banheiro que não tem papel? Você não tinha moral comigo depois disso, você é uma piada para mim.

            -Gente, temos uma missão a seguir, ok?-Jay disse.

            -Que saco. -Abri minha bolsa e peguei umas notas fiscais que tinha lá dentro.- Toma isso.

            -Para que?-Jessy perguntou

            -Está óbvio que é para você se limpar.

            -Mas isso vai assar.

            -Aaaaaaaaaa! Eu cuspi na cara de Júpiter, só pode! Pelo poderes superiores dos deuses, pega logo esses papeis e vai se aliviar. Ou juro para você que vou fazer seu líquido nunca mais sair. -Ela percebeu que eu estava irritada. Simplesmente pegou as notas fiscais e foi ao banheiro.

            -Para que você tem notas fiscais, Romana?-Perguntou Tresh.

            -Porque não jogo as coisas na rua. Sou na natureza, ok?

            -Não parece.

            -Mas sou. E minha cabeça ta doendo. Irritação.

            -Quer remédios?

            -Não. - Respirei fundo.- Tresh, Jay, ninguém vai reparar que vocês tem uma espada nas suas costas?

            -Não, a névoa vai disfarçar. -Falou Jay

            -Névoa?

            -Aquilo que disfarça as coisas que não são do mundo dos mortais.- Conclui Tresh.

            -Eu sei, mas eu estranhei. E acham que isso é o que?

            -Vassoura. Uma senhora me disse se eu vendia. Ai eu disse que não. -Tresh disse.

            -Quando foi isso?

            -Quando você saiu como uma doida para comer o que podia por dez dólares. -Jay disse

            -E você disse o que?

            -Disse que essa era encomendada. Ai a senhora começou a reclamar porque eu andava com uma vassoura e não podia vender ela.

            -Que nós estávamos com vassouras. -Jay o corrigiu.

            -Mas qual é o problema da senhora? Compra a vassoura em qualquer loja. Cada povo estranho.

            -Romana - Disse Jay- A gente luta contra monstros, a maioria de nós é disléxicos, cleptomaníacos e geralmente sempre morremos. Não são os mortais que são estranhos. - Jay sorriu.

            -Podemos ir. -Disse Jessy saindo do banheiro.

            -Deu certo as notas fiscais?- Perguntei

            -Deu. Acho que agora eu estou com um valor de sete e setenta e cinco em meu órgão feminino de baixo.

            -Porque deixaram que vocês duas ficassem na mesma missão?-Tresh disse.

            Assim voltamos a caminhada pela Times Square.


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