The Roommate escrita por Reet


Capítulo 10
Capítulo 9 Antidepressivos e alucinógenos


Notas iniciais do capítulo

CARA CES SÃO A+ São os melhores leitores do mundo aw, eu nem acredito que estamos com quase seiscentos comentários no capítulo 10, eu nunca esperaria isso nem em um milhão de anos. Hoje os corações vão para:
Meettie (u/221339), Caroles (u/284396), CarolinaB (u/67848), Babi (u/165225), Mikaela (u/245538) e Houlteen (u/338091) cara eu amo vocês ♥♥♥♥♥♥
É o seguinte, esse capítulo tem um pouco de drama, e vocês verão um lado ruim do Bradley. Não acho que vão gostar, mas é necessário para a Alexis cair na real que o Brad precisa de ajuda, e da ajuda dela.
Esse capítulo foi betado pelo filho da mãe babaca idiota canalha do Pedro (: http://fanfiction.com.br/u/49536/



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Andar de moto à noite não foi uma das melhores ideias que eu tive na minha vida, e olhe que eu não tive praticamente nenhuma boa ideia na minha vida. Aquele passeio simplesmente acabou com meu penteado e quase causou minha morte por hipotermia. Por mais que eu agarrasse Bradley, ele não me passava calor nenhum! Nem parecia estar sendo afetado pelo vento, e seu cabelo já era naturalmente despenteado.

Desci da moto com o queixo batendo e depois de jogar o capacete na cara de Brad com grande agressividade, tentei arrumar meu cabelo o mais rápido possível. Uma Yamaha estacionou ao lado da Ducati de Brad, e Gail foi a primeira a tirar o capacete. O cabelo dela estava impecável, a maquiagem dela estava maravilhosa, fora o vestido que faria qualquer um querer agarrá-la, talvez o calor do corpo dela também estivesse na temperatura de trinta e seis graus, diferente da minha, que parecia abaixo de zero.

– Está sentindo frio? – Bradley perguntou do meu lado com um sorriso um pouco irritante. Ou completamente irritante.

– O que você acha? – arqueei a sobrancelha e cruzei os braços. Ainda bem que eu não esperava que ele agisse como um cavalheiro, até porque nem ele mesmo tinha um casaco.

O Last Supper Club ficava em uma esquina, do outro lado tinha um posto de gasolina quase fantasma, e um pouco mais a frente, um projeto de penhasco, que nem era tão grande, apenas suficiente para causar algumas mortes de carro, já que o local era final de Seattle para a estrada e nem tinha sinalização de trânsito. Se não ouvisse o barulho de música do clube, acharia que era um lugar fantasma.

– Vamos? – Hansel perguntou ao descer da moto. – Estava esperando a semana inteira por essa noite. Brad, os caras vão estar lá, falando nisso, eu pedi para eles trazerem...

Hansel começou a falar coisas que não condizem com a minha realidade. Virei-me para Gail, que procurava algo em sua bolsa enquanto xingava o papa e o mundo.

– O que foi? – perguntei.

– Esqueci minha Canon. Por que, sua retardada? Por que você não está com a sua câmera?

– Imagino como deve ser angustiante – na verdade, não imagino porra nenhuma. Puxei Gail pelo braço e entramos no clube, apresentando a identidade.

Não era apenas um clube. Era um clube de blues e uma música agradável desse gênero ecoava no ambiente muito cheio, escuro, onde piscavam luzes cor de rosa e azul neon em todos os cantos. Havia muitas pessoas e eu não reconhecia a maioria, e talvez a minoria que eu me lembrava por rosto, me encaravam como se perguntassem o que eu estava fazendo ali. Ou talvez eu mesma me perguntava o que eu estava fazendo ali.

Ao notar a quantidade de pessoas, Hans se virou para Gail, e Brad para mim. Hansel tentava dizer alguma coisa, mas como só Gail foi capaz de escutar, eles se afastaram ao poucos e eu e Bradley ficamos nos encarando. Eu me concentrei em seus olhos, ainda mais ameaçadores naquelas luzes neon, por mais irônico que isso pudesse parecer, mas ele se assemelhava a um maníaco naquele momento. O mais estranho é que eu não tinha medo. Ele tirou a franja dos olhos e aproximou o rosto de mim, desviando a boca na direção da minha orelha.

Vamos beber alguma coisa, eu quero te apresentar a alguns amigos meus e do Hans – disse, tentando manter a voz mais alta que a música.

Balancei a cabeça e agarrei sua blusa quando ele fez menção em se virar e se enfiar no meio das pessoas. Eles nos empurravam e eu me aproximava mais de Brad, chegando a segurar seu braço. Ele me encarou por alguns segundos e riu de uma forma contagiante. Meu estômago se revirou, provocando sensações gostosas de ser a causa da risada dele. Era impressionante como ele me fazia agir e sentir como nunca antes. Chegamos ao bar neon, cheio de bancos e garçons com rostos pintados com tinta que brilha na luz negra. Hans e Gail estavam no meio de um grupo de garotos e garotas, todos com praticamente o mesmo tipo de aparência. Imediatamente, soube que aqueles eram os amigos de Brad e Hans. Eles bem que pareciam fazer parte.

Bradley se aproximou e todos acenaram e o cumprimentaram, e então, pousaram seus olhos sugestivamente em mim. Eu me sentia como um pacotinho surpresa que todos esperavam para ver o que tem dentro.

Essa é a Alexis – Bradley gritou por cima da música. – Ela é minha colega de apartamento – estranhamente, o pessoal aplaudiu ou fez barulho – Alexis, esses são Vince, Rony, Hope, Matt, Peter e Yas. Eles não são boa companhia, mas não são muito diferentes de mim. E você não está em segurança. – Brad riu junto com os outros. Isso foi tão agradável de ouvir quanto uma notícia qualquer de que um asteroide está prestes a colidir com a Terra.

Cada um deles, respectivamente, parecia ter uma doença mental. Ou eles estavam drogados, o que era bem provável. Hope e Yas eram as únicas garotas e usavam colares góticos como coleiras e pareciam extremamente submissas a Rony e Vince, respectivamente, a julgar pela forma que se comportavam debaixo dos braços deles. Vince tinha cabelos grandes e feições duras e maníacas, Rony parecia mais calmo, mas algo nele denunciava uma obsessão interna. Matt era o mais normal, mas ainda assim parecia estranhamente fora da realidade, e Peter encarava Bradley de uma forma tão invasiva que parecia ter algo a falar com ele. Tinha algo estranho com aquelas pessoas, e isso só denunciava que tinha algo estranho com Bradley também. Eles pareciam prestes a fazer check in em um manicômio.

O que você vai querer beber? – Brad perguntou na minha orelha, causando arrepios. – Eu vou pedir whisky.

Pode ser uma cerveja ou um energético – dei de ombros e Brad me puxou junto para perto da bancada. Enquanto esperava o barman trazer, ele se abaixou para falar mais coisas e segurou minha cintura.

Tenho umas coisas para contar: esses caras não são muito normais. – se não tivesse dito, eu não teria desconfiado! Reprimi a vontade de falar uma coisa dessas, afinal, eles eram amigos do Bradley e era a primeira vez que eu o via ter interação social fora Hansel, que era quase um hóspede do nosso apartamento.

Jura? – arqueei a sobrancelha tão sínica que Bradley percebeu. Brad, se toca, eles parecem parte de uma sociedade medieval gótica. – Qual o problema deles?

Problema é a palavra. Vince e Rony são sádicos. Yas e Hope são os brinquedinhos masoquistas deles, ninguém pode chegar perto – ele dizia enquanto apontava discretamente para cada um dos caras – Matt é o tipo suicida que está vivo por um fio, ele está drogado porque Peter deu um jeito nele. Ah, Peter é o colega de apartamento de Hans. Dá para notar de longe que Hans e Peter nunca estão completamente puros.

Bradley pegou seu whisky e me entregou uma garrafinha de energético. Eu o encarava um pouco surpresa. Eles eram mais loucos do que imaginava.

Bradley – o chamei, ele me encarou –, e onde você entra nesse grupo?

Brad piscou algumas vezes e tomou seu whisky.

Como assim?

Não faça isso, você sabe do que eu estou falando – será que dessa vez dava tempo de me preparar psicologicamente para aquela resposta?

Eles são apenas meus amigos, sem essa. – Brad me encarou com censura e se virou para Peter que estava o chamando. Ele acha mesmo que iria me enganar dizendo que aqueles caras eram apenas amigos e ele não tinha nada a ver?

Peter falou algumas coisas na sua orelha e tirou uma caixa rosa do bolso, passando para Brad, que logo a abriu e pegou algumas cartelas de compridos de dentro.

Eles continuaram conversando e eu apenas observei enquanto Bradley jogava vários comprimidos em sua boca e entornava whisky por cima. De repente, a realidade caiu em cima de mim como um caminhão de cimento. Ele estava se drogando com sei lá o que.

Brad, o que você está fazendo? – interrompi sua conversa e puxei seu braço que segurava o copo quase vazio agora. Encarei Peter por alguns segundos, o cara apenas sorriu como um sádico.

Me divertindo. – dito isso, se encostou no balcão e olhou para um ponto fixo no chão.

E por que eu tenho a impressão de que isso não é legal?

– Porque não é. – ele sorriu obscenamente.

Esfreguei o rosto com as mãos. Mas que merda eu estava fazendo ali? Por que eu estava deixando Bradley fazer isso? Meu coração começou a bater mais rápido do que o normal. Eu estava me sentindo mal por aquilo. Estava mais do que óbvio de que Bradley não era normal e não agia normalmente. Ele se enfiava em um grupo de amigos sádicos, suicidas e drogados. Eu tinha que tirá-lo dali. Fazê-lo parar, cuspir aqueles remédios!

Hans! – gritei e me aproximei do cara de touca para falar em seu ouvido. – O que Bradley está tomando?

– São antidepressivos e alucinógenos – Hansel riu – Não se preocupe.

NÃO SE PREOCUPE? De repente eu me perguntei por que raios Bradley estudava química! Achei que alguém tivesse o informado que remédios psiquiátricos podiam causar overdose com bebida alcoólica! Ah, céus! Ele poderia ter uma overdose no pior dos casos, um ataque de euforia no máximo, se não desmaiasse depois. Que merda ele tinha na cabeça? Por que todos eles agiam como se aquilo fosse normal? Antidepressivos eram para pessoas depressivas e alucinógenos faziam ter alucinações, eles não sabiam disso?

Ou eram esses efeitos que eles queriam chegar?

Hansel – ponderei sobre a pergunta que estava para fazer, minha respiração falhou –, quantas vezes ele faz isso?

– Com uma frequência maior do que você pode imaginar.

Chocada, levei a mão à boca para abafar o projeto de grito que se formava em minha garganta. Saber daquela informação estava doendo em mim. Só de olhar para Bradley e pensar que ele tomava aquelas coisas para ter seja lá quais eram os efeitos me fazia ficar com raiva de mim por não saber antes, e dele, por continuar fazendo. Como eu era estúpida. E ele mais ainda por estar arriscando a vida.

Afastei-me e fui até Bradley, agarrei a barra de sua camiseta e o fiz olhar para mim.

Brad, olhe para mim, eu não quero mais ficar aqui. – encarei seus olhos ameaçadores que agora pareciam apenas olhos normais, sem nenhum tipo de ameaça, como se o Brad de antes não estivesse mais ali – Eu sei o que você tomou! Em quanto tempo isso começa a agir? Você pode pilotar a Ducati de volta para o apartamento?

Alexis, fica calma. Eu vou ficar bem.

Não vai não! Você está louco? Por que tomou isso? Brad...

– Shh!

Bradley calou minha boca com sua mão e com a outra, segurou minha cintura e me direcionou para longe do grupo de amigos dele. Com isso, meu coração voltava a normalizar, mas eu ainda estava extremamente preocupada com Bradley. Tinha remédios agindo no organismo dele e eu não tinha a menor ideia do que poderia acontecer com o estado dele depois. Eu estava assustada. Com Bradley. Com medo dele e por ele.

Nos afastamos para o fundo do clube, onde a quantidade de pessoas agarradas e dançando no ritmo da música era maior, e o espaço era menor. Bradley me encostou na parede de veludo e me encarou de cima a baixo, sendo esbarrado algumas vezes por pessoas que passavam, isso o fazia se aproximar mais de mim em alguns momentos. Respirei fundo, pronta para fazer mais perguntas, para descobrir mais sobre ele. Mas no momento em que encarei seus olhos, me vi perdida novamente. Não porque eu queria, aquilo era uma reação automática. Só conseguia pensar em quanto eu queria aquela boca, e o quanto aquele cara me deixava fora de mim.

E ele não parecia tão no controle de si mesmo também, mas aquele efeito, não era eu quem causava.

Sua mão desceu dos meus ombros até minha cintura, apertando em alguns pontos, sem deixar de me encarar. Quando seu rosto começou a se aproximar, fechei os olhos. Em um curto momento, pensei que ele só estava fazendo aquilo para desviar minha atenção do que estava agindo no organismo dele, mas deixei pra lá. Senti seu queixo em minha testa, se arrastando lentamente para baixo até poder tocar a boca e pressionar um beijo. Se abaixou novamente, com um pouco mais de pressa até minha bochecha. Paciência, eu sou mais baixa pelo menos trinta centímetros. Mas até a paciência estava me tirando do sério quando seus lábios demoraram demais até se arrastarem aos meus. Quando finalmente o fizeram, achei que minha caixa torácica não fosse aguentar as batidas do meu coração. Ele tentou abrir um pouco mais a boca, mas apenas montou um quebra-cabeça de alta temperatura com textura suave e gosto ácido de whisky.

Eu nem ao menos pude raciocinar, e ele se afastou bruscamente, arregalando os olhos e se virando para Peter, que o puxava. Se as luzes estivessem acesas, eu teria a cor do meu cabelo, talvez mais escura. Notei que todos os outros caras do grupo vinham atrás. Eles falaram algo com Brad, que logo se virou para me informar.

Nós vamos dar o fora e comer alguma coisa, você quer vir ou ficar com Gail?

Eu não iria por apenas um motivo: aqueles caras. Mas eu iria por dois e suficientes motivos, que seriam não deixar Brad sozinho com eles, e principalmente, não deixar Brad.

Balancei a cabeça dando a entender que iria com eles. Brad sorriu e passou o braço pelo meu ombro, me levando para fora. Saímos do Last Supper Club. Eu achei que fossemos na direção das motos, mas Brad corrigiu.

– Vamos pegar carona com Vince, ele tem um carro.

Pegar carona com aquele cara? Nós não podíamos apenas passar em algum fast-food e voltar para o apartamento?

Não tenho a menor ideia de que carro era aquele, mas era velho. Eles apenas abriram as portas e todo mundo se enfiou nos bancos, enquanto conversavam alto sobre coisas variadas. Vince acelerou até o posto, onde Hans pediu para parar, pois ele iria comprar alguma coisa para beber na lanchonete aberta vinte e quatro horas.

Acho que a melhor ideia que eu tive em toda a minha vida foi sair do carro com Hansel. Afinal, eu queria falar algumas coisas para ele e sair do meio daquelas pessoas.

– Hans, me espera! – gritei e saí correndo para acompanhar os passos dele.

– O que foi, algodão doce? – ele riu.

– Para onde vamos?

– McDonald’s talvez. Não faça essa cara, você não vai ser o hambúrguer, não tem com o que se preocupar.

– Esse não é o problema. Olha, eu não quero que você veja isso como algum tipo de preconceito com seu colega de quarto, mas o Peter...

– Ele é um canalha, não é? – se virou para mim indignado. Eu iria concordar, mas de repente, ele entrou em um assunto que não tinha nada a ver com nada. – A gente estava junto, e foi só eu ir à aula uma semana e agora ele está se agarrando com o Matt. Não que eu esteja com ciúmes, é só que...

– Espere aí, você realmente beija rapazes?

– Pensei que acreditasse no que o Brad dizia – Hans riu e entregou o dinheiro para a atendente enquanto colocava uma garrafa de refrigerante em uma sacola – Que bom que não acredita, ele não é muito verdadeiro em tudo o que fala, mas esse detalhe em especial era verdade.

Suspirei. Eu sabia que tinha algo errado.

– Hans, esse Peter deu remédios para o Brad e agora ele está drogado. Você tem noção disso? Antidepressivos com whisky podem causar ataques de euforia, depressão respiratória e até overdose. Bradley pode morrer, Hansel!

– Você acha que ele não sabe disso? Eu não poderia dizer que ele não é louco, mas ele não é tão pirado. Ainda mais com você, ele vai se controlar. Não vai causar uma overdose do seu lado, ele não chega a tomar tantos comprimidos.

– O que você quer dizer com “ainda mais com você”? Antes de mim, isso era pior? – Hansel acenou positivamente como se fosse uma coisa banal. Voltamos para o posto de gasolina sem movimento, onde um carro velho saía dirigindo na direção do barranco – Eu quero ir para casa e... Aquele não é o carro do Vince?

O carro de fato dirigia em direção ao projetinho de penhasco, e aquelas pessoas lá dentro eram os amigos de Hans e Brad, inclusive, O BRADLEY ESTAVA LÁ DENTRO! Agarrei a jaqueta de Hansel e gritei com toda a força das minhas cordas vocais quando o carro entrou no barranco e capotou, rolando algumas vezes até parar de cabeça para baixo. E Bradley estava lá dentro! Meu estômago se comportou como uma montanha russa e de repente, eu nem me importava em voltar para casa. Eu queria Bradley vivo. Drogado, louco ou não, vivo acima de tudo.

Puxei Hansel enquanto corria na direção do barranco. A atendente saiu da lanchonete com o celular no ouvido, e eu realmente esperava que ela chamasse a ambulância, e que a ambulância chegasse em um minuto no máximo.

Hansel só conseguia xingar os palavrões mais feios que existiam, e eu só conseguia gritar. Estava desesperada demais. A poeira ainda estava alta quando olhei para baixo e decidi me jogar no barranco e chegar lá embaixo da forma mais primitiva, escorregando. Nem me importava em sujar minhas roupas. Só Bradley me importava. Gritei com mais força.

– BRAD! – me ajoelhei perto do carro e abri a porta de trás, o que facilitou Hope e Yas a saírem do carro. As duas tossiam muito e se apoiaram em mim para se levantarem cambaleando. – Vocês estão bem? – não esperei a resposta – BRADLEY!

Ele não estava onde eu tinha o deixado sentado, apenas encarei os corpos de Vince, Rony e Peter em um estado de desmaio. Matt se arrastou para fora do banco dianteiro e deitou no chão, tossindo. Tinha sangue e vidro em sua testa. Gritei mais uma vez, eu não achava Brad. Joguei-me no chão ao lado das duas garotas e escondi o rosto, enquanto lágrimas não paravam de descer. Solucei. Cadê ele?

Hansel, que xingava, e as garotas ajudaram a tirar os outros caras de dentro do carro. A atendente da lanchonete gritava desesperada com o telefone do alto do barranco, e depois começou a gritar que a ambulância chegaria bem rápido. Eu não queria saber de nada. As coisas começaram a se mexer como borrões por causa das lágrimas. Eu só queria Brad. Por que raios eles não percebiam que tinha algo faltando?

– HANS! – gritei e ele me encarou como se estivesse louca.

– O que foi?

– ONDE ESTÁ O BRAD?

Ele olhou em volta e se tocou de que o maníaco dos hematomas não estava ali. Ele balançou a cabeça.

– Caralho. – murmurou e tampou a boca. Começou a empurrar o carro e procurar em vão por Bradley.

Em poucos minutos, a ambulância e um carro de bombeiros estacionou fazendo aquele barulho irritante. Os caras desceram com aquelas macas para tirar aqueles garotos de lá, levando primeiro as meninas e me perguntaram se eu estava bem, mas eu simplesmente não conseguia responder, acenando que sim. Eles me ajudaram a levantar do chão. Cambaleei e voltei a encarar o carro, esperando que Bradley saísse magicamente de onde não estava.

Puxaram-me pelo braço de uma forma familiar, me apertando com força. Virei meu rosto. Tinha um zumbi com o supercílio completamente cortado, jorrando sangue e aquele cheiro forte de ferro, as vestes muito sujas e talvez rasgadas. Ele estava acabado, eu diria que já estava morto, mas estava em pé, então provavelmente estava vivo. Meu peito quase explodiu pela segunda vez naquela noite. Joguei-me no meio de seus braços, agarrando sua cintura com força e nem me importando com os hematomas (os antigos e os que ele acabou de arranjar). Joguei-me com tanta força que ele cambaleou e caiu no chão comigo. Eu só conseguia soluçar e gritar seu nome, com raiva dele por ter desaparecido.

– Você está bem! – grunhi, apertando-o mais.

– Parcialmente... – Brad gemeu de dor. Ele estava sentindo dor e estava reclamando.

– Senhorita, por favor, preciso que se afaste – senti luvas de alguns bombeiros me puxando para longe de Brad e ajudando-o a se levantar. Tinha uma maca bem ao lado onde ele se sentou com dificuldade.

– Eu quero ir embora – Bradley reclamou quando enfermeiras tentaram tocar em seu rosto.

– Senhor, você tem um corte em sua cabeça. – uma delas tentou argumentar. Coitada, não se debate com Bradley Adams.

– Dane-se, me deixe ir embora! Alexis, vamos embora! Eu quero comer um hambúrguer.

Segurei sua blusa para manter contato e o encarei nos olhos.

– Cala a boca, você tem que ir para o pronto socorro! Sua testa está sangrando! Um hambúrguer não vai suturar sua testa! – Bradley protestou por mais que eu tentasse fazê-lo ficar quieto, até que a enfermeira cedeu.

– Tudo bem, você pode comer seu hambúrguer depois que eu der cinco pontos na sua testa.

Subimos o barranco até a ambulância, onde ele se sentou em um banquinho e esperou a enfermeira começar a dar pontos. Aquilo doía só de olhar, mas Brad voltou a aquele estado vegetativo em que não se importava com a dor. Segurei seu braço e ele contraiu os músculos.

– Onde você estava? – murmurei. Ele virou o rosto, esquecendo-se dos pontos e fez uma careta.

– Fui arremessado do carro. Acho que bati a cabeça e fiquei apagado por algum tempo.

– Eu não te encontrava em lugar nenhum. Tem noção de como eu...? – encarei seus olhos escuros e desisti de continuar. Balancei a cabeça.

Alguns minutos depois, eles fecharam a ambulância e levaram os outros para o hospital. Eu, Brad e Hansel voltamos até as motos, caminhando lentamente enquanto Brad se escorava em Hans para andar. Subimos nas motos e fomos embora daquele lugar.

Eu não estava bem, não psicologicamente. Era informação demais, acontecimentos demais. Apenas o fato de Brad estar vivo com um sorriso na cara, que eu imaginava ser efeito do antidepressivo, me deixava quase bem. Quase. Eu estava com medo do dia seguinte, de como eu iria encarar Bradley e das respostas que eu o obrigaria a me dar. Estava também preocupada com as comparações de pedras com ratos voadores que Brad começou a fazer depois de um tempo, ele estava vendo coisas. As alucinações estavam começando.

Paramos no McDonald’s e fomos comer um hambúrguer.



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Notas finais do capítulo

É o seguinte HOJE É MEU ANIVERSÁRIO para quem não sabe eu to fazendo quinze anos e não vale esfregar na cara que eu sou 9inha tá beleza? Me esforcei muito para escrever esse capítulo para hoje, porque estava marcado para ser o pior dia do ano por causa do abandono de todos os meus amigos "de carne e osso", que decidiram fazer uma festa surpresa para minha amiga e se esqueceram de mim, mas graças a todas as leitoras e leitores que já começaram fazendo o meu dia muito especial desde os primeiros minutos dele, eu estou incrivelmente feliz e não poderia estar melhor (a minha amiga nunca terá a felicidade que vocês me fazem ter).
Voltando a fanfic, prometo que o próximo capítulo será bem melhor e menos tenso. Espero que tenham gostado no mínimo um pouquinho, porque rolou um selinho, viu?
E agradecendo meu pai por ter me informado que antidepressivos e whisky dão overdose, porque sem ele eu TERIA MATADO O BRADLEY HOJE E NÃO SABIA fdshjfjksd
Até o próximo xx ♡ ♡