Acaso escrita por Kaizoku


Capítulo 4
Capítulo 3: A pequena e o coveiro.




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Agora trataremos de domingo, antes que eu venha a me esquecer. Deixe-me começar devidamente, sendo assim.

No domingo o céu parecia despencar sobre a cidade, todos se acolhiam dentro da igreja antiga, todos os corpos em luto, que pareciam andar pesados, se arrastando até o caixão aberto de Elizabeth.

A família - antes por mim mencionada- estava lá simplesmente abalada, pensando o mesmo que toda a família de suicidas pensa “Como pude deixar isso acontecer a ela, a quem tanto amei e quis o bem? Eu deveria protegê-la e cuidar dela”. Eles vivem com esse tal peso pelo resto de suas vidas, principalmente no aniversário de sua morte, quando todos, mesmo tendo superado a perda, se calarão e agirão como se aquilo não houvesse acontecido, apenas para não causar ao outro a dor que não quer a si mesmo, nem ao menos relembrar a maldita culpa.

A pequena garota , a de cabelos negros e as fitas escarlates era a sobrinha que Elizabeth nunca iria conhecer ou ao menos nunca conhecera, a pequena era curiosa e madura demais para as meninas de sua idade, considerada, moderadamente estranha por suas professoras, madres de uma escola católica rígida. Ela caminhara ao lado de sua mãe, que estava em prantos, até o corpo devidamente velado, coberto de negro de modo que nem ao menos parecia que havia sido inteiramente remendado.

Velórios não agradam crianças, a princípio, aguçam sua curiosidade, no máximo, as deixam pensativas por algumas dezenas de minutos, logo após, as cansam. Então, a pequena menina de pele de mármore caminha até a parte de trás da igreja, onde há um velho cemitério, um cenário que parece ter como um “acessório” macabro e conveniente, um coveiro, vestido de negro, encapuzado, sentado num banco de madeira, igualmente velho e apodrecido, onde estava salvo dos pingos grossos da chuva.

Ela se aproximava indiferente, apoiava suas mãos delicadas e pequenas na lateral de ferro enferrujado e gélido do banco, olhando o homem por alguns minutos antes de dirigir-se a ele, num tom de voz baixo.

–Senhor, a morte dói?

O homem virou sua face devagar, olhou-a nos olhos “Que tipo de pergunta é essa, a final?” – Pensava, mesmo sabendo a resposta para tal, provavelmente fosse algo que, no juízo da garota, fosse inapropriado de se questionar em um velório, com grande parte de sua família em prantos.

–A vida, minha pequena, dói ainda mais.

E o silêncio dominou o momento, o local e aqueles dois indivíduos, que permaneceram parados como estátuas olhando a chuva. Uma criança, que parecia ter saído de uma pintura antiga, e um senhor, parte de um cenário macabro.


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Notas finais do capítulo

Foi curta, como tudo o que eu escrevo, acho leituras grandes cansativas ás pessoas que vem ler minhas fics.
A história para por aí.



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