Acaso escrita por Kaizoku


Capítulo 2
Capítulo 1: Ele




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Tudo se inicia com ele, que não é o coveiro antes mencionado, é apenas um garoto praticamente invisível, talvez eu tenha me esquecido de mencioná-lo, como todos costumam fazê-lo, ou talvez, desde o início eu tive o desejo de enfatizar sua insignificância.

Seu nome? Ninguém se lembra, por acaso, pode até ser que nem ele mesmo se lembre, já que era a palavra menos usada pelas pessoas a sua volta e por si próprio, era um garoto de cabelos negros, cujos fios cobriam a testa e a maior parte das laterais de seu rosto, tinha os olhos escuros e o rosto pálido, que vinha acompanhado de olheiras, resultado de noites mal dormidas.

Ele costumava pensar na morte, como algo irrelevante, pensava em suicídio, em homicídio. Pensava não ver problema nenhum em se jogar para o desconhecido.

Estava passando por sua rua favorita, onde se localizava a única banca da cidade cujo os “comics” que o garoto tanto gostava tinham um preço acessível a tal. Naquele dia específico, ele não tinha dinheiro algum, passou diretamente pelo local, sentindo o cheiro das folhas de jornal, nem ao menos espiou o conteúdo da loja, tamanho era seu desgosto. Entrou em um ônibus qualquer, em direção a praia.

Sentou-se na areia, jogou uma ou duas pedras nas ondas brandas do mar, antes de olhar por sobre um penhasco, não muito perto, mas ainda assim em seu campo de visão. Havia uma mulher vestida de branco no limite entre o penhasco e a queda livre para as pedras e as ondas de água salgada. Em uma fração de segundo, ela estava caindo, os braços estendidos como se pedisse uma ajuda que não viria.

O garoto estava com os olhos arregalados, se levantou o mais rapidamente que podia se levantar e correu até o local, distância naquele momento era um fator inválido. Aquilo não fazia sentido nenhum para mim, na verdade, não fazia sentido nenhum em qualquer ponto de vista. O que, afinal, aquele garoto poderia fazer pela suicida? Ela já havia caído, já estava morta e presa nas pedras pontiagudas, e para “melhorar” a situação do garoto, gotas grossas de chuva caíam contra a areia.

Ele finalmente chegou ao topo do penhasco, olhou para baixo e viu aquela figura de ossos quebrados, coberta por sangue, ele sentiu toda a refeição do dia escorregar por sua garganta, antes de cogitar chamar por ajuda, o que não deixou de ser feito, alguns momentos depois. Ele viu os barcos em direção ao corpo para retirá-lo das pedras, aquele pedaço de carne sem vida.

Ele nunca mais pensou na morte da mesma forma.


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