Imaginarium: Tudo Acontece Por Uma Razão escrita por loma


Capítulo 2
Lia Reclamando, Marcos Cantando e Seu Julio Rindo


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos reviews e boa leitura :333



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– Lia, levanta. – Minha mãe disse, enquanto puxava minha coberta.

– NÃO!! – Respondi rápido e coloquei o travesseiro encima da minha cabeça.

– Você vai se atrasar pra escola. – Ela insistiu.

– Ótimo. – Fui rápida.

– Vamos, Lia. É seu primeiro dia...

– Aaaaah meu Deus! – Disse, me levantando.

Fui até o banheiro e escovei os dentes, enquanto minha mãe me dava uma palestra de como deveria agir no primeiro dia de aula.

– Mãe, eu já fui a escola antes!

– Eu sei disso!! Eu só quero me certificar que tudo saia bem.

– Aaaai, mãe! Eu já entendi.

– Então vem tomar seu café.

Desci e comi um misto quente e bebi leite com Toddy. Voltei pro meu quarto e troquei de roupa, colocando aquele uniforme cinzento e sem graça.

– LIA! A van chegou. – Minha mãe gritou da cozinha (ou da sala).

Enquanto descia as escadas, tentava colocar todo o meu material na mochila e, por um milgare, deu certo. Então, entrei na van. 25 minutos depois, cheguei a escola.

– Lia, Lia, Lia!

– Aaaaaai, estrupício! Que susto, Taila!!

– Nossa, desculpa! Olha só, olha só – Taila e sua mania de falar a mesma coisa quinze vezes – olha só: a gente não tá na mesma turma...

– Pior pra você, que não vai poder conviver com meu brilho. – Eu disse, fazendo Taila rir.

– Recreio existe pra isso! – Ela disse.

Enquanto eu ria, olhei pela quadra e vi... ele. Espera, a escola aceita amigos imaginários como estudantes?? O que é que o Marquinhos tá fazendo aqui? Eu achei que ele tinha ido embora quando eu tinha... seis anos?

Sacudi minha cabeça pra tentar tirar a imagem dele da minha mente, mas a imagem não foi embora e ele continuou lá.

– Taila... – Sacudi minha melhor amiga, que não parava de falar.

– Que foi?

– Aquele menino – Disse, dirigindo minha cabeça para o Marquinhos. – Você consegue ver ele? – Eu perguntei. Ela riu e disse:

– Claro! – Isso é muito estranho. Como é que ela consegue ver ele e ele nem está falando comigo?? Mas independente disso, subimos e fomos pra nossas respectivas salas e... o Marquinhos tá na minha sala? Tá tudo muito estranho. Ignorei esse fato e me sentei na última carteira encostada na parede.

Um professor qualquer entrou e começou a se apresentar o que, pra mim, não fazia a menor diferença.

As três primeiras aulas terminaram e o sinal do recreio bateu, o que me fez praticamente pular da cadeira.

Saí da sala e Taila estava me esperando na porta.

– E aí?? Como foi? – Ela me perguntou.

– Estranho.

– Han?? Por que?

– Aaaah, deixa pra lá. – Disse e saímos andando.

– E a sua sala? É legal? – Perguntei.

– Até que sim... tem uma pessoas legais, umas chatas, outras insuportáveis. – Ela disse, me fazendo rir.

Ela foi comprar seu lanche e eu fiquei observando a quadra, tentando achar o Marquinhos.

– Não vai comprar seu lanche?? – A Taila apareceu de repente.

– Se a fila tá tão pequena... – Disse e saí andando até a cantina

Pedi minha ficha pra moça e peguei meu lanche. Enquanto tentava sair daquela fila lotada, eu vi ele de novo. Criei coragem e fui até ele.

– Oi, é... eu só queria saber uma coisa... – Disse, enquanto ele olhava fixamente pra mim. – Você lembra de mim?? – Ele riu e disse:

– Não! Eu nunca te vi. – E saiu andando com um amigo.

Como assim, ele não me conhece?? E como eu posso lembrar dele então?

– Hmmmm, empada! – A Taila chegou perto de mim e meu deu um susto.

– Criatura! Para de me assustar!! – Eu disse, entre risos.

O recreio acabou e subimos para nossas salas.

Mais um professor entrou e começou a dar sua aula, o que me deixou mais entediada do que nunca e eu resolvi dar uma olhada na minha sa...

– Marcos! Você tá conversando demais. O que acha de trocar de lugar com o seu colega bem ali. – Disse e apontou pro menino sentado na minha frente.

Isso vai ser bom, porque eu vou provar pro Marquinhos (ou Marcos, tanto faz) que nós nos conhecemos. Afinal, porque todo mundo pode ver ele? É normal um amigo imaginário se tornar... “não imaginário”??

Marcos se sentou e preguejou:

– A estranha tá atrás de mim?? Que ótimo.

– Como assim, estranha? Eu não sou estranha.

– Aaah não? O que foi aquela sua pergunta no recreio?

– Eu só... te confundo com outra pessoa. – Menti.

– Ótimo.

– Ótimo de um jeito sarcástico, ou... ótimo, tipo ótimo?? – Eu disse, fazendo alguns gestos com minhas mãos, para fazê-lo entender.

– Ótimo, tipo ótimo. – Ele disse e virou pra frente.

Mas que Marquinhos mal educado! Eu fiquei pensando nele nisso a aula toda. Até que.... o sinal finalmente bateu e eu me levantei correndo.

– Sua louca! O que é que você tem na cabeça?? - Eu sem querer tropecei no Marquinhos. Ele começou a falar mais algumas coisas, mas eu saí andando até a porta.

– Nossa, mas que menino bonito! - A Taila chegou de repente e disse, olhando pra alguém no corredor.

– Você vai parar de me assustar ou tá difícil?? - Me referi a ela, que riu.

– Quem sabe... Olha só, eu tenho que ir, porque minha mãe inventou de ir ao shopping torrar dinheiro. - Ela disse, me fazendo rir.

– Ela já chegou. - Eu disse, apontando pra mãe dela, no portão.

– Ela não saiu do carro, pelo amor de Deus...

– Saiu sim. E se você não for rápido, os braços dela vão cansar, porque ela não para de jogar eles pro alto. - Eu disse e ela riu.

Depois, tive que buscar as crianças da van, porque sou a mais velha.

– Tia Li! - As criancinhas que eu esqueci o nome vieram me abraçar.

– Oi! Vamos? Já tá na hora. - Disse, puxando suas mãos e seguindo em direção ao ponto em que a van estacionava.

Coloquei as crianças dentro e sentei no banco da frente.

– Oi, Lia. - O seu Julio, motorista disse, enquanto lia um jornal. Ele é um homem de meia idade com metade dos cabelos brancos. Muito educado.

– Oi, seu Julio! - Disse, entrando e colocando minha mochila do meu lado. Essa é a parte boa de vir na frente: como são dois bancos, sobra um pra minha mochila.

– Então... como foi o primeiro dia? - Ele me perguntou.

– Chata, como sempre. - Ele riu um pouco e disse algo sobre "na minha época não era assim". Liguei o rádio e escolhi uma estação decente.

– Aaai! Mas você vai deixar nessa bosta? - Uma menina de uns treze anos muito piriguete perguntou. - mas que péssimo gosto.

Pelo menos não sou eu que corto e short da escola e deixo parecendo uma calcinha.

– Qual o seu problema? Você queria ouvir funk?? - Eu perguntei, me virando pra trás.

– De preferência. - VOCÊ ESTÁ FORA DE SI, MINHA FILHA.

– Gente, gente! Chega, né?! - O seu Julio disse.

– E por que a gente ainda nem saiu do lugar?? - A piriguete perguntou ao seu Julio.

– A gente tem que esperar um atrasadinho.

– Eu poderia ter ido buscar ele... mas você nem avisou. - Eu disse.

– Aaaah, não. Ele já é grande. Não precisa. - Seu Julio respondeu.

– Ok. - Eu disse, começando a cantar a música que tocava e batucar o ritmo no porta luvas.

– E aí, seu Julio? - Alguém entrou no carro e bateu a porta. Vi dois braços tentando abraçar seu Julio.

– Mais cuidado com a porta, Marcos. Você é um dos meus estudantes mais velhos, mas não é pra tanto. - Marcos?? Virei pra trás e ele estava sentado entre duas crianças brigando por uma Barbie. Eu ri da cena e me virei pra frente.

– Por que ela pode ir na frente e eu fico entre esses dois animais?? - Ele disse.

– Mas ser humano também é animal. - Uma das crianças disse, fazendo o Marcos revirar os olhos.

– Eu já tô saindo. Se quiser vir na frente, tem dois minutos. - Seu Julio disse. O Marcos levantou correndo, catou a mochila no chão e veio pro banco da frente.

– Seu Julio... lindão! Eu vou ter que levar a mochila no colo e ir pra casa apertada? - Eu disse, tentando fazer uma cara bonitinha e encostando no ombro dele.

– Vai. - Precisa treinar minha carinha mais vezes.

– Arreda. - O Marcos disse, abrindo a porta. Arredei contra minha vontade e coloquei minha mochila no colo contra minha vontade.

Continuei batucando, até que ele colocou as mãos em cima das minhas.

– Vamos parar de batucar? - Perguntou. Tentei ficar séria, mas é estranho quando você tenta ficar séria passando por um quebra molas.

– Não. - Eu ia falar mais algumas coisas, mas tive que falar com aquela piriguete mirim - Você vai cantar? Tem certeza? Com esse sua voz?? - E ela parou! O Marcos então, olhou pra mim e riu. E começou a cantar.

– NÃO! Meus ouvidos! Seu Julio, você vai deixar?? - Eu disse, fazendo seu Julio rir. - E meus tímpanos, como ficam?? - Eu disse e o Marcos riu.

O resto da viagem foi resumido em: Lia reclamando, Marcos cantando e seu Julio rindo.

Até que chegamos na minha casa e eu desci.

– Tchau. - O Marcos gritou.

– Me conheceu hoje e já me ama...

Entrei em casa e fui comer, a melhor parte do dia!


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Notas finais do capítulo

E aí, meu kiridossss?