A Garota De Bronte escrita por Milk Shake


Capítulo 3
II


Notas iniciais do capítulo

Os primeiros capítulos vão ser bem bobos mesmo, Jacey está se adaptando à escola e eu preciso mostrar o quanto ela é futil e etc... Espero que gostem e não deixem de deixar comentários!



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– Qual foi o problema? – a vice-diretora estava sentada à mesa, em uma placa dourada estava escrito “Sra. Ross”. Ela usava um terno feminino e óculos meia-lua. Quando ela levantou os olhos e reparou no meu uniforme, sua expressão mudou. – Já entendi. Sente-se – indicou a cadeira a frente com o dedo. – Pode ir, Marietta. – A fiscal deu meia volta e saiu.

Ela se levantou, ajustou a barra do terno e abriu um pequeno gabinete, no canto da sala. – Qual é o seu número?

Ah, já entendi. Ela me daria outro uniforme. – 40 para a saia, e 37 para os sapatos. Blusa tamanho médio.

– Aqui está. Pode se vestir ali. – Ela indicou uma sala pequena.

– Olha, eu prefiro ficar com esse aqui.

– Eu sei como é difícil se adaptar a um lugar diferente, mas você tem que tentar. Sei muito bem quem você é e sei pelo que passou. Se a sua mãe te colocou aqui nessa escola é porque ela ainda acredita que você pode mudar. Esse é um colégio perfeito para educar crianças rebeldes como você.

– Ta. Você está me chamando de desvirtuada, depravada e degenerada.

– Não é isso que estou querendo dizer e não distorça as minhas palavras. Não estou aqui para brincar. – Ela ficou mais séria. – Agora vá e se vista logo, a sua aula vai começar em quarenta minutos.

Levantei, peguei os embrulhos da mesa dela e entrei na sala pequena. Eu mal cabia ali dentro, mas fiz um esforço para conseguir me trocar. Quando sai, a vice-diretora olhou-me com aprovação. – Está bem melhor assim. – Ela levantou-se novamente e abriu a porta da sua sala. – espero não ter que vê-la na minha sala outra vez por motivos parecidos.

Eu não fiz nada a não ser sorrir. Um sorriso falso demais até para mim. Bati a porta, carregando o meu uniforme. Demorei um minuto para me lembrar de que não sabia voltar e o corredor estava vazio. As paredes pintadas de branco pareciam estar prestes a me esmagar. A tinta estava descascando e revelava a cor azul bebê anterior.

Segui reto pelo corredor, tentando me lembrar do caminho que Marietta fez. O corredor fez uma bifurcação, as opções eram: a) seguir reto e continuar, mas o corredor era mal iluminado e as portas estavam todas fechadas e com cara de abandono, ou b) virar à esquerda, em um corredor bem convidativo cheio de luz e de barulhos de escritório. Na porta mais próxima lia-se “Coordenação”.

Naquele momento descobri qual era o caminho certo para fora do prédio administrativo. Então escolhi a opção a). O que é a vida sem um pouco de aventura?
Dei dois passos adentro do corredor e senti um frio na barriga quando ouvi uma voz.

– Aluna? Você não deveria estar aqui. – Um homem magro e baixo olhou para mim por trás do óculos.

– Ah, eu me perdi. Que bom que encontrei alguém, agora posso sair daqui e ir para a aula. – menti. Na verdade queria explorar cada centímetro quadrado daquele corredor. O que poderia estar escondido lá, afinal? Um cadáver? Aquilo era proibido e tudo que era proibido chamava a minha atenção.

– Sim, siga por esse corredor e vire à direita, abra a segunda porta a esquerda e vai sair na recepção. Não tem erro. – ele acenou com a cabeça e virou pelo corredor da sala da vice-diretora.

Quando sai do prédio, o vento frio bateu no meu rosto. A maior concentração de alunos estava no grande refeitório ou nos prédios dormitórios. Depois de guardar o meu “uniforme” no quarto do dormitório, peguei todos os livros, joguei em uma mochila e coloquei nas costas. Tranquei a porta com uma chave e prendi em uma corrente no pescoço.

Faltavam trinta minutos para começar a aula e eu ainda não havia tomado café. Odiei Marietta por isso. O lado bom era que o refeitório estava vazio e a maioria dos alunos estava do lado de fora, conversando e rindo. Quando passei por um grupo, alguns olharam estranho para mim e outros riram um pouco mais. Ignorei-os, logo me veria livre daquela horda de babacas idiotas.
O garoto da fila do lanche, Allan, estava sentado em uma mesa sozinho no extremo canto do refeitório. Ele já tinha terminado de comer e estava debruçado sobre a mesa. Peguei a fila, que estava curta e esperei, impacientemente. Quando chegou a minha vez, a mulher gorducha mascava chiclete. – O que vai querer?

– Quero um muffin, um cappuccino com caramelo e dois pedaços desse bolo laranja porque ele parece estar muito bom. Eu queria alguma coisa com chocolate mas não estou encontrando... Vocês tem donuts aqui?

A cozinheira continuou mascando o chiclete. – Você não pode comer tanto açúcar, ordens da escola. E não temos cappuccino com caramelo, temos apenas café e só servimos em pequenas quantidades. Não temos donuts e os muffins são integrais, e o bolo é de cenoura. Você pode escolher um muffin, temos de passas, ameixas, castanhas e de milho. Um copo de 300ml de suco. E também tem direito a um sanduiche natural também com pão integral e um pedaço de bolo ou cem gramas de biscoitos.

A parte boa é que se dependesse daquela dieta da escola, eu não engordaria uma grama se quer. Mas provavelmente morreria de fome entre os intervalos das 6h ao meio dia e do meio dia às 18h da tarde. – Mas eu vou morrer de fome!

– O cardápio é montado pelos nutricionistas da escola. Se você quiser reclamar, reclame com eles depois. Eu só faço o meu trabalho. Então, o que vai querer? – ela já estava ficando sem paciência.

Respirei fundo. – Um muffin de passas, suco de laranja, cem gramas de biscoitos de chocolate. – Fiz cara feia enquanto ela jogava as coisas na minha bandeja. O que era aquilo? Eles iriam controlar até as coisas que eu posso ou não comer? No final, ela me entregou a bandeja e voltou para o começo, para servir outro aluno infeliz.
Não havia uma mesa desocupada, então teria que me sentar com alguém. A mesa menos vazia estava ocupada por um único garoto. Se eu sentasse na parte mais longe, não precisaria ter que conversar, nem ele iria pensar que estou dando mole ou coisa do tipo. Pousei a bandeja e o suco na mesa e me sentei. Ataquei o muffin e o garoto olhou para mim. Ele me fitou por alguns segundos.

– Está tendo um dia difícil? Eu vi o que aconteceu, por causa do uniforme.

Eu não queria conversar. Se ele estava sozinho, provavelmente tinha um motivo. – Aham. – Disse mastigando o muffin.

Ele riu de lado, um sorriso metido. – Para com isso. Você não vai se dar bem aqui sendo rude desse jeito.

Sorri com os dentes sujos de bolinho e a boca cheia. – Foda-se. Eu não quero me dar bem aqui.

– Qual é o seu nome? Fiona, a ogra?
Qual era o problema daquele garoto? Ele não entendeu que eu não quero conversar? – Eu não quero conversar com você.

– Mas eu quero, então... Como é a vida no pântano? – Ele deslizou pelo banco até chegar à minha frente.

– Melhor que a sua casa, com certeza, e mais limpo que você.

– Entendo porque te mandaram pra cá.

– O que disse?

– Eu disse que entendo porque te mandaram pra cá. Você é um nojo.

– Não quero me enturmar aqui, vou dar um jeito de sair.

– Mesmo se quisesse, não conseguiria. Eu estou aqui faz seis meses e até agora nada.

– Eles são como uma grande horda de nerds, daqueles que jogam RPG no tempo livre. Não me surpreenderia se usassem roupas de magos e orelhas de elfo no fim de semana.

Ele sorriu. O mesmo sorriso metido de novo. – Você é engraçada, Fiona. Mas eles não são assim, você está muito enganada.

– Pare de me chamar de Fiona. – Ele estava me tirando do sério. Eu intercalava entre o muffin, os biscoitos e o suco.

– Então vou chamar de quê?

Ele queria saber o meu nome, em menos de uma semana ali todos saberiam. – Jacey.

– Jacey, a garota do pântano. Não vou me esquecer.
O sino começou a tocar e eu pulei do banco. Ao mesmo tempo, o garoto da minha frente levantou. Ele nem se quer deu seu nome, mas eu não queria conhecê-lo, de qualquer jeito. Terminei de comer o lanche no caminho e segui a multidão para os dois maiores prédios da escola.


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Notas finais do capítulo

Bleh haha deixem comentários!
~Veronica