A Garota De Bronte escrita por Milk Shake


Capítulo 2
I


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse primeiro Cap. eu fiz os acontecimentos bem rápidos para não demorar tanto para chegar na parte boa. Não deixem de comentar e divulgar se gostarem.
Agradeço pela atenção e boa leitura.
~Verônica



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/352002/chapter/2

Hoje é o meu primeiro dia de aula no Colégio Interno Bronte. Minha mãe resolveu se livrar de mim de uma vez por todas e me jogar em uma escola localizada à esquerda do fim do mundo. A parte boa é que finalmente não vou ter que acordar todos os dias em uma casa onde ninguém era capaz de aguentar a minha personalidade forte. A parte ruim é que estou a setecentos quilômetros dos meus melhores amigos e do meu amado James.

Tive que deixar todos os meus pertences na antiga casa e trazer apenas o que iria precisar mais. Bichos de estimação? De jeito nenhum. Quase não aguentei ficar sem o meu querido Babbaloo, um gato siamês extremamente companheiro. A circulação com aparelhos eletrônicos era proibida em horário de aula, ou seja, sem celular, computadores e quaisquer aparelhos de som. Sair do colégio durante a semana era proibido, ao menos que fosse extremamente necessário. Sábados e domingos eram dias livres para se fazer o que bem entender, contanto que voltasse antes das 20h no domingo.
As aulas começavam às 8h e terminavam às 16h. Oito horas sentada em uma cadeira fria, com vários adolescentes estranhos da minha idade.

No momento, eu, Jacey Sparks, estou sentada na cama do meu quarto do internato. O recinto é pequeno e me sinto apertada dentro dele. A cama é fria e a janela está com as persianas fechadas. O espelho ao lado da porta reflete a luz da lua que entra sorrateira pelas frestas da persiana, iluminando o quarto inteiro. As minhas malas com os livros e os uniformes estão jogadas ao pé da cama. Para confessar, estou morrendo de preguiça de desfazê-las e arrumar tudo dentro do guarda-roupa minúsculo. Estava morta de cansaço e desesperada para saber como o sistema da escola funcionava. Pela conversa que tive com a diretora, fiquei a par de pouquíssimos detalhes. Ela disse só as regras principais e deu ênfase na frase “É proibido qualquer tipo de aproximação com membros do mesmo sexo ou sexo oposto” tradução: Sem namoros.

Eu aposto que em menos de dois meses, estou livre dessa escola. Afinal, que tipo de lugar poderia me segurar se nem mesmo a minha mãe conseguiu?

Acordei com o hino do colégio tocando em alto e bom som pelo prédio dormitório inteiro. O barulho era tão irritante que senti vontade de cavar um buraco ali mesmo dentro do meu quarto e enfiar a cabeça dentro. A música só foi terminar depois de quatro minutos. Meus cabelos estavam totalmente desgrenhados e percebi que tinha dormido com a roupa do corpo. Procurei pelo quarto a porta do banheiro mas me lembrei que era apenas um banheiro por andar. No meu andar, eram quarenta quartos, cada quarto uma garota. Ou seja, um banheiro para quarenta garotas!
Separei o uniforme e uma toalha que estavam dentro da mala que a escola distribuía para os alunos. O corredor estava lotado de garotas indo e vindo, eram todas da minha idade e da mesma série que eu. Como estava no primeiro ano do ensino médio, meu andar era o primeiro e assim o segundo ano ficava com o segundo andar e o terceiro ano com o terceiro andar e a cobertura.

Quando abri a porta do banheiro, me surpreendi. Primeiramente, pensei que todas tomaríamos banhos em um lavatório compartilhado. Mas na verdade, haviam quarenta boxes separados em filas imensas. E do outro lado, várias seções com armários, vasos sanitários, pias e espelhos que iam do teto até o chão. Uma delas esbarrou em mim e escorregou no chão molhado, eu a segurei antes que pudesse cair.
- Ah desculpe, eu sou muito desajeitada.
- Isso acontece, normal. – respondi, indiferente.
A garota saiu caminhando e entrou em um dos boxes. Procurei com os olhos até achar um desocupado também e entrei. Pendurei as roupas e o uniforme em um gancho na porta. Gritei com o frio da água encostando-se à minha pele quente. Rapidamente girei o regulador e deixei o mais quente possível. Relaxei completamente. A água quente caia contra o meu corpo, me deixando com mais sono.

Assim que terminei o banho, vesti o uniforme e tive vontade de rir. A saia de pregas ia do meio da barriga até os joelhos. A camiseta branca era colada e bonitinha, mas ficava um terror com aquela saia vermelha. A blusa para colocar por cima era da mesma cor da saia e deixava os ombros largos. Os sapatos eram pretos e confortáveis, mas incrivelmente feios. Aquele uniforme era broxante.

Em vez de usar aquela saia no meio da cintura, cortei a barra dela com uma tesoura dentro do kit de material escolar e subi um palmo e meio acima do joelho. De jeito nenhum, usaria aqueles sapatos. Salto alto combinaria melhor. A blusa branca não combinava de jeito nenhum com os sapatos, então procurei na minha mala uma blusa com mangas de tecido fino, deixei com três botões abertos e fechei a gargantilha de cravos no pescoço.

Sai do dormitório e tentei recordar pelo tour que recebi ontem onde ficava o grande refeitório. Andei a esmo por alguns minutos e comecei a seguir alguns alunos que estavam se dirigindo para lá. Todos olhavam para mim. O meu uniforme novo era de longe mais bonito do que o original. Os alunos que andavam em grupos pareciam uma horda de nerds. Alguns garotos eram bonitinhos, outros nem tanto e alguns, pegáveis.

O refeitório era imenso. Haviam dezenas e dezenas de mesas retangulares com espaço para vinte jovens. As pessoas eram de todas as idades, do sexto ano até o terceiro do ensino médio. Lá no fundo do recinto, havia uma grande estufa, maior que qualquer uma que eu tenha visto, abarrotada de comida. Bolos, pães e biscoitos de todas as cores e sabores eram servidos por cozinheiras que ficavam do outro lado. Você pedia o que queria comer e ela jogava em uma bandeja e te entregava no final. A fila era imensa, mas valia a pena.

Fiquei atrás de um garoto alto que estava cantando alguma música, com um fone de ouvido. Antes mesmo de me lembrar que era proibido o uso de aparelhos eletrônicos, uma fiscal chamou a atenção do garoto.

- Ei você. – Ela encostou o dedo no braço do garoto. – é proibido o uso de aparelhos eletrônicos. Terei que tomar o seu MP3 player e anotar o seu nome, como se chama?

O garoto tirou os fones dos ouvidos e olhou para a mulher troncuda que o encarava de cara feia. – O que você disse? Pode repetir?

- eu disse, - ela respirou fundo - que terei de tomar o seu aparelho e que preciso anotar o seu nome. Como se chama?  

- Meu nome é Allan Turner. Do primeiro ensino médio. – ele entregou o aparelho junto com os fones de ouvido para a mulher, que estava com a mão estendida. – Quando vou ter o meu aparelho de volta?

- Quando aprender a usá-lo no momento certo, senhor Turner. – Ela virou as costas e olhou diretamente para mim.

- O que a senhorita está vestindo? Deve usar o uniforme completo da academia.

- Esse uniforme é careta demais. Prefiro usar esse aqui que combina mais comigo.

O rosto da mulher se alterou em uma careta de ofensa. – Você vai tomar o seu café e vou esperá-la na secretaria. Se não aparecer lá, não vai ser difícil achá-la com essas roupas rudes. Eu espero que mude de ideia e coloque o uniforme ou terá severas consequências.

Eu não tinha notado o silêncio que se fez ao meu redor até o barulho dos saltos da mulher baixinha ecoar pelo refeitório. Todos olhavam para mim. Adorava ter atenção, mas não gostava dos outros mandando em mim. Custasse o que for, não colocaria aquele uniforme ridículo.

Então, em uma mistura de coragem e raiva disse em voz plena: - Não.

A mulher virou as costas de onde estava e encarou-me, furiosa. – O que disse?

- Eu disse que não. – fiz uma pausa para organizar as palavras. – Não vou mudar de ideia. Não vou usar esse uniforme careta e também não vou obedecer as suas ordens.
A fiscal, com o rosto em chamas, pegou-me pelo braço e me arrastou refeitório a fora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Sugestões?