Insuportável Dor escrita por Dark Lieutnight


Capítulo 9
Melhorando?


Notas iniciais do capítulo

Estou pretendendo viajar e decidi postar todos os caps de uma vez hoje, pois não poder postar.



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Ultimamente vejo que minha vida vem melhorando muito apesar dos trágicos acontecimentos que me atormentaram nesse período. Jin morreu; eu surtei e fiquei doida; meu chão desabou; cortei meus cabelos; entrei em depressão por um período. Entretanto, conheci Lire e consegui um emprego ótimo e divertido; meus colegas de trabalho me tratam muito bem; conheci um garoto chamado Kim; meus pesadelos e temores noturnos pararam; minha autoestima deu um “up” e por fim, meu cabelo está crescendo novamente e bem rápido, pois está quase chegando nas costas.

A única coisa que insiste em machucar meu coração é a morte de meu amado Jin, o único fato que não consigo... Na verdade que não aceito, é que só ficarei junto dele novamente após minha morte. Não é fácil dizer adeus à uma pessoa que esteve tantos anos enchendo meu saco, me escutando, encorajando e aconselhando, me amando ao meu lado nas alegrias e tristezas... E fazendo-me feliz.

Chacoalho minha cabeça, não é hora de voltar ao estágio da depressão, você precisa trabalhar! Enquanto arrumo minhas coisas para sair, esbarro em alguns livros e cadernos, percebi de imediato que era meu material escolar. Abri meu caderno na última lição e observei a data, o que significava que a última vez que eu fui para a escola foi duas semanas depois de Jin falecer. Após aquele dia, eu havia desistido de estudar.

Comecei a pensar um pouco sobre o assunto, sempre sonhei em ser uma cantora e dançarina, sempre foi meu grande sonho e mesmo eu acreditando que seja impossível se tornar realidade, sempre sobra uma pitadinha de esperança. Mas o primeiro passo para iniciar qualquer carreira que seguimos na vida, é os estudos, na verdade para todos é necessário concluir o colégio para ter pelo menos um bom emprego que te sustente. Um súbito desejo de voltar para a escola me tomou, porém falta a coragem de encarar a cara de todo mundo, afinal eles devem pensar no que será que aconteceu com a pessoa rosa que senta perto da janela.

Ah! Como é difícil enfrentar esse tipo de situação sozinha!

Bem, decido esquecer isso e voltar a me arrumar. Volto a pensar com calma em outra hora. EU PRECISO TRABALHAR!

...

— SURPRESA! — Kim gritava para mim. Ele vestia o uniforme do café. — Adivinha Amy! A partir de hoje eu vou trabalhar aqui! — Disse com o sorriso mais grande do mundo.

— Kim não era pra eu adivinhar?

— Ah, é mesmo! Haha. — Ele era tão bobo.

Iniciamos nossa rotina normalmente. Kim estava mais animado que nunca e tratava os clientes com uma alegria contagiante. As pessoas o adoravam, nem parecia que era seu primeiro dia. Até o momento ele não teve problemas.

E finalmente, a Imperatriz Rey chegou e logo me olhou com cara de quem estava pensando em perturbar o dia. Andei para atendê-la com o maior ar de desanimação e tédio, não entendo como o pai de Lire não a expulsa daqui, ela ocupa o nosso tempo com brincadeiras e bobagens; faz a comida ser desperdiçada e é arrogante com todo mundo; ela precisa de uma lição! É uma mimada que só se importa com ela mesma.

Kim interrompera meus pensamentos.

— Deixa que eu cuido dela pra você.

— Mas Kim, é seu primeiro dia aqui, além disso ela é uma pessoa complicada demais! Você não está acostumado.

— Nunca terei experiência se não tentar né? Sei que Rey é difícil, mas acho que consigo lidar com ela. Sabe, eu analisei os clientes daqui durante um tempo. Só espero que minhas análises estejam certas. — Sorriu e foi indo à mesa da rosada e seu mordomo, nós todos ficamos atentos esperando o que ele iria fazer.

Kim se aproximou e curvou-se como um cavaleiro. Com um sorriso sedutor fez um gesto pedindo a mão de Rey à qual ela lhe concedeu gentilmente. Kim depositou um leve beijo.

— Boa tarde Milady, eu gostaria de anotar seu pedido.

— Quero um cappuccino e uma torta de morango. — Como era educada!

— Como quiser Milady. — Ele se afastou e foi pegar o pedido. Após um tempo, Kim volta. — Aqui está, espero que esteja a seu gosto Milady.

— Vai estar porque foi você que trouxe querido. — Rey jogou uma piscadela.

Ficamos absolutamente chocados, em apenas um dia ele conseguiu ganhar a atenção da imperatriz.

— Tchãrãm! Eu não disse que ia conseguir? — Kim dava leves risos enquanto Azin fervia de ódio. Digamos que ele tinha um interesse na Rey, tentava agradá-la à todo custo, mas nunca teve sucesso.

E ainda ao final do dia, Rey chamou Kim e deu-lhe seu telefone.

— Aqui está queridinho, talvez você possa atender meus pedidos em um lugar mais privado, okay? — Com certeza seu tom e sua frase haviam malícia. Ela entrou em sua limusine e se foi.

— O QUÊ?! Faz meses que eu tento sequer ganhar um sorriso dela e esse retardado conseguiu em um dia! — Azin exclamava chocado, parecia querer brigar com Kim mas resolveu apenas sair. — Ah eu vou embora! Tô cansado de Kim pra lá e pra cá!

— Espera aí ciumento! — Resolvi acalmar sua frustração. — Não precisa ficar com ciúmes, você sabe que todo mundo te ama! Até mesmo eu! — Disse bagunçando seus cabelos liláceos.

— ...Hey, é verdade? — Notei um leve rubor em suas bochechas, sua voz estava baixa.

— Claro, afinal quem mais faria agente rir! — Brinquei.

— Isso não tem graça, Bicho-rosa! — Azin saía raivosamente.

— Espera aí! — Puxei-o de volta. — Você sabe que é sério! — Confirmei minha frase de antes num tom mais carinhoso, Azin apenas ficou quieto e corado.

— Amy e Azin... Hum. — Arme disse com malícia.

— Hum. — Os outros falaram no mesmo tom. Lire já veio fazendo coraçõezinhos com as mãos e nos chamando de fofos. Começamos a discordar de qualquer coisa que eles falavam. No fim todos estavam alegres e dando risadas, entretanto pelo canto do olho pude ver Kim com uma cara não muito feliz e mais afastado de nós. Pela primeira vez não o vejo sorrir.

...

Fui para casa acompanhada de Kim. Durante quase todo o caminho ele ficou estranho, não falava muito como de costume.

— Kim está tudo bem?

— Hã? Ah sim está sim, por que a pergunta?

— Desde que fechamos o café você anda menos sorridente e falante, na verdade até seu rosto está sério.

— Ah, não é nada não, apenas sou bipolar. — Disse meio nervoso.

— Entendo. — Eu não acreditei naquela resposta.

Passamos um tempo sem falar nada, estávamos num silêncio incômodo, até que Kim me pergunta.

— Err... Amy..?

— Sim?

— V-você g-gosta d-do A-azin? — Ele gaguejava a frase inteira.

— N-não, de onde você tirou essa ideia? — Deve ter sido a brincadeira de mais cedo, ele acreditou que eu gostava do Azin?

— Ah é que... Mais cedo ouvi todos fazendo aquelas brincadeiras com vocês dois, aí pensei que talvez vocês se gostassem mesmo.

— NUNCA! — Kim se assustou do jeito que falei. — Desculpe... Mas eu realmente não gosto do Azin.

— Sério? — Ele parecia entusiasmado.

— Sim. Mas por que me perguntou isso?

— A-ah, err... S-só curiosidade! — Novamente gaguejava e falava nervosamente.

Dei uma risadinha e fomos chegando em casa, me despedi dele e fui entrando para iniciar minha rotina noturna.

— Ah que cansaço! Ainda bem que não tenho que ir para a escola! — Disse me espreguiçando até que me lembrei do assunto que pensei de manhã. — É mesmo, a escola... O que faço? Será que é tarde demais pra voltar?

Fiquei pensando até a hora de dormir, quando tive uma ideia.

— Vou pedir ajuda a Lire! Só tenho que criar coragem pra contar tudo o que aconteceu. — Sem demora disquei seu número e esperei que atendesse.

— Alô? Amy?

— Oi Lire, está ocupada?

— Não, na verdade perdi o sono e estava mexendo na internet.

— Ah, Lire eu queria te pedir um conselho...

— Claro, é sobre o quê?

— Ah, bem... Err... — Eu esperava dar uma explicação curta, mas acabei tendo que contar tudo para ela. A morte dos meus pais; o orfanato; os boatos sobre mim; outros detalhes depois de Jin falecer; até finalmente chegar no ponto chave.

— Ah entendo, então por isso você não foi mais?

— Sim. — Sentia-me envergonhada. — É um motivo idiota né?

— Claro que não Amy, você estava em depressão, não queria sair de casa. E depois do que aconteceu com Jin, as coisas só pioraram.

— Ah bem, mas o que faço agora? Com certeza eu irei repetir de ano, com tantas faltas e notas vermelhas.

— Eu sugiro que você vá.

— Hã? — Bem, na verdade eu já esperava essa resposta, afinal nossos amigos querem o melhor para nós.

— Mesmo que você tenha milhares de faltas e notas baixas, ainda é possível passar de ano, se você se esforçar bastante, claro!

— Vai ser uma missão impossível Lire! — Exclamei. Como ia recuperar um ano em apenas dois meses?!

— Sim, mas o esforço vai compensar! Além disso se me lembro bem, você disse que seus colegas de classe tiravam sarro da sua cara e quando Jin estava vivo, eram um bando de falsos.

— Sim, tá certo.

— Então vá lá e mostre a eles que você não é mais uma menininha dependente do Jin, que cresceu e não tem medo de nada! Desfile de cabeça erguida.

— Hahaha, obrigada mesmo Lire.

— De nada, conte sempre comigo!

— Ah, é mesmo!

— O que foi?

— Como vou estudar e trabalhar ao mesmo tempo?! Não, como vou explicar isso a seu pai?! Se ele souber dessas coisas o que vai pensar de mim, posso até perder o trabalho!

— Calma, calma eu dou um jeito. E quanto ao horário, você simplesmente vai ter que se ajustar! Vai se cansar mais, porém seu futuro depende disso.

— Simplesmente?

— Ah Amy, eu e os outros conseguimos aguentar isso, com certeza você vai!

— Ué, mas vocês não já se formaram?

— Sim, mas trabalhamos juntos há dois anos.

— Ah, mas já imagino... Ter que voltar pra classe...

— Sem desânimo!

— Só de pensar em levantar cedo e ficar lá cinco horas e depois trabalhar... Acho que vou morrer!

— Hahaha, se fosse assim todo mundo morreria, tem gente mais preguiçosa que você, sua molenga!

— Engraçadinha...

— Mas enfim, quando você começa?

— Ah pode ser daqui a uma semana?

— Nada disso! Amanhã eu explico a situação pro meu pai e depois de amanhã a senhora vai!

— Ahhh!

— Eu vou te ligar cedinho todos os dias caso você desligue o despertador.

— Hahaha, bem Lire vou desligar, obrigada pelo conselho, elfinha.

— De nada, bicho-rosa.

— Espero que você saiba o que falar pro seu pai.

— Tenho tudo sobre controle.

— Okay, confio em ti. Boa noite, até amanhã, beijos e abraços.

— Durma com os anjinhos, beijos de goiaba e abraços de baleia!

— Quer sempre inovar né? — Lire soltou uma risadinha. — Parece até o Azin desse jeito.

— Ele que aprendeu comigo!

— Sei, sei... Bem vou indo, Tchau!

— Bye-Bye!

Desliguei o celular e me deitei, com toda a certeza a minha vida estava melhorando, só espero que eu consiga superar o resto.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura.



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