Insuportável Dor escrita por Dark Lieutnight


Capítulo 3
Loucura, Lembranças, fios espalhados


Notas iniciais do capítulo

Gomen minna, eu disse que iria fazer esse cap o mas rapido possivel, mas houve imprevistos fora que minha inpiração resolveu me deixar ç.çBem pra compensar acho que esse ficou maior.Espero que gostem



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 “Um lugar cinzento, completamente cinzento, tudo era cinza. Árvores e rios, plantas e pessoas estranhas. Eu parecia ser a única coisa colorida em meio àquele cinza todo, estava descalça e com um vestido negro; meus cabelos rosas soltos. Caminhava lentamente naquele lugar sombrio e meus pés tocavam o chão frio, minha pele sentia a neblina gélida e ficava arrepiada. As pessoas ao meu redor vestiam uma capa com capuz que cobria o corpo todo e a cabeça, carregavam velas pretas e vermelhas, porém elas se pareciam com vultos. Quando cheguei perto imediatamente, pararam e olharam para mim, fiquei incomodada com os olhares, mas prossegui.

O caminho era em linha reta, parecia um ritual e quanto mais eu avançava, mais pessoas me rodeavam, me olhavam como se eu fosse a estrela daquela coisa toda; o sacrifício a ser oferecido. Andei e andei, já estava entediada daquilo... Aonde isso vai dar?

Depois de fazer essa pergunta mental, ouvi guizos como se anunciasse a minha chegada. As “pessoas” cantaram um coro melancólico e mais à frente eu via um caixão, era negro, mas estava enfeitado com flores, velas e tinha vários detalhes em ouro. Ao redor dele haviam outras pessoas, entretanto diferente daquelas encapuzadas eu as conhecia. As pessoas que eu via quase todo dia amontoadas ao redor de um caixão, mas... Por quê? Curiosa decidi ir ver o que estava acontecendo ali.

Me aproximei devagar e cautelosamente tomando cuidado com qualquer movimento deles, estava nervosa. Conforme me aproximava, sentia um calafrio em minha espinha. E quando finalmente fiquei ao lado do caixão, qual foi meu espanto ao ver que a pessoa dentro dele... Era eu!

Como? Que significado tem isso?! O que você pensaria se estivesse vendo um clone horrendo de você? Gritar? Correr? Entrar em pânico?

Eu escolhi a última opção, estava quase entrando em pânico, mas consegui me controlar por alguns segundos. Levei as mãos à boca abafando um grito, olhei atentamente meu outro “eu”. Seu corpo todo ensanguentado, cheio de hematomas e o que parecia ser uma pancada forte na cabeça. O que teria acontecia para “eu” ficar assim?

Lamentações e choros falsos, tristeza fingida junto a lágrimas forçadas, sentimentos nulos. Isso era tudo o que as pessoas em volta do caixão demonstravam. Não davam um pingo de importância para meu suposto cadáver dentro dele. Pareciam debochar, como se o rosto deles dissesse.

“Ela não ia durar muito tempo... Coitadinha!”

Olhei o caixão novamente...

Assustador, encarar aquilo me dava calafrios, todavia continuei de olho.

Um movimento!

Jurei ter visto o corpo se mexer. Para confirmar se foi ou não uma impressão minha, cheguei mais perto do corpo e deixei meu rosto perto do rosto dele, uma atitude estúpida de minha parte.

Ela abriu os olhos, antes que eu pudesse fazer algo, meu braço foi agarrado. Tentei à todo custo me soltar e rapidamente aquela criatura começou a me devorar! Tinha dentes afiados e com eles comia minha carne. Meu sangue jorrava manchando tudo.

TRIM!

...

Abro os olhos assustada, suando frio, as batidas do coração acelerada, mas agradeci ao despertador por me livrar de mais um sonho estranho. Seis horas da manhã. Isso significa que é hora de ir à droga da escola, só que não! Não irei de novo, apesar de se fazer quase um mês que estou assim. Também não queria dormir e ter outro sonho estranho, chega! Estou cansada dessa merda de vida!

Levantei-me partindo para tomar café. Passados alguns minutos, comecei a desarrumar a casa, espalhei roupas, tirei tudo do lugar. Liguei o som e coloquei um Heavy Metal pra tocar bem alto, desamarrei meu cabelo e o baguncei. Revirei alguns móveis, me entupi de doces e salgadinhos, liguei a tv, espalhei livros.

Meti minha cara na farinha, quebrei alguns copos e pratos. Fiz tudo o que alguém com uma mente sã não faria. A farra durou até umas cinco horas da tarde quando não tinha mais o que desarrumar na casa.

Com fome pedi uma pizza com refrigerante, outra coisa estranha, pois geralmente pedem pizza de noite. O entregador veio e a visão que ele teve foi de uma garota de dezessete anos, com um pijama rasgado e sujo, cabelo desarrumado e a cara cheia de farinha e com uma faca de cozinha na mão; o olhar psicótico. Dei o dinheiro a ele, peguei a pizza e o cara saiu na maior velocidade que podia.

“Que se dane, pense o que quiser.”

Devorei toda a pizza e tomei o refrigerante pela metade. Logo me veio um sono, desliguei a tv e o rádio e simplesmente desmaiei naquele pequeno hospício que criei.

...

Abro os olhos, me levanto com dificuldade como se estivesse bêbada. Sinto um enjoo forte e corro para o banheiro, despejo um líquido mau cheiroso na privada durante quase cinco minutos, nem tive tempo para raciocinar ou acordar direito, mas não estava surpresa pois sabia que algo assim iria acontecer quando fiz uma mistura horrenda em meu estômago. Lavo minha boca e saio do banheiro analisando o que eu fiz na casa...

“Nossa...” — Foi o que pensei. — “Pior que um sanatório?” — Era o que parecia, o que deu em mim? Falta do que fazer? Tédio?

Olhei para o relógio, meia noite. Não tinha o menor sono visto que adormeci a tarde toda e não iria arrumar aquela zona. Uma onda de tédio se apossou de mim, comecei então a analisar minha vida monótona e tudo o que aconteceu nela.

...

“Uma bela tarde de verão enfeitada com um pôr do sol laranja, em um orfanato do Japão, várias crianças terminavam suas aulas e iam para seus quartos descansarem, conversar com seus colegas, brincar, entre outras coisas.

Uma garotinha de cabelos cor de rosa e lindos olhos castanhos estava no meio de algumas crianças da mesma idade que ela, entretanto a garotinha recebia alguns puxões de cabelo, ofensas e humilhações por parte deles... Ela estava à mercê, não tinha força pra se defender. Queria, porém não conseguia. Tentou se levantar e correr, contudo foi empurrada caindo ao chão e tendo seus joelhos ralados, depois de um tempo as crianças a deixaram sozinha, triste e machucada.

— Amy? Amy, o que aconteceu com você? — Um ruivo de cabelos vermelhos um pouco mais velho e mais alto, veio correndo acudir a garota. — Eles fizeram isso de novo? Não vou perdoá-los!

— N-não! E-está tudo bem... — Dizia ela, cabisbaixa. Seus olhinhos cheios d'água e ao que parecia, a garota esforçava-se para que as lágrimas não caíssem.

— Não diga isso! Você não está bem, como puderam fazer isso! Eles vão ver, eu irei... — Parou de falar quando percebeu a rosada trêmula e com os olhos castanhos brilhando. Imediatamente levantou seu queixo com a ponta do dedo indicador a forçando olhar para ele. — Amy... Chore Amy!

— O-o quê? V-você devia falar o contrário! — Surpresa, a rosada falou indignada e aumentou o tom de voz. Normalmente alguém diria para ela não chorar e dizer que tudo ia ficar bem, porém ele fez o contrário!

— Hã? Não te entendo, quer que eu diga pra você segurar o que sente? Não mesmo! Não pode simplesmente reprimir sua dor, tem que expor o que sente para poder ficar livre dela! Não tenha medo ou vergonha de seus sentimentos, pra ser forte precisa passar por eles.

— Não estou com vergonha! — Disse com um tom ainda alto, não tinha vergonha de uma coisa tão estúpida! Ou teria? Talvez tivesse medo de parecer fraca ao lado dele, medo de se tornar uma garota fraca e indefesa e quisesse provar o contrário, livrando-se de seus sentimentos. Enquanto refletia mentalmente sobre isso, sentiu seu corpo mole ser envolvido por braços um pouco maiores que o seu. Uma mão acariciou seus cabelos rosados. — J-jin, o quê...

— Shiu... Não há por que ter medo, eu estou aqui com você. — Fez um gesto de silêncio colocando o dedo indicador nos lábios da garotinha.

Sem poder se segurar mais, ela despejou todas as dores que sentia, toda a raiva, libertou seus sentimentos, afinal tudo que sempre fazia era fingir que estava bem. Ambos permaneceram assim até ela parar aos poucos o seu choro, já estava anoitecendo naquela cidade.

— Se sente melhor? — Perguntara o ruivo de olhos dourados, visto que a menina secava suas lágrimas.

— Sim. — Respondeu timidamente, ficava assim perto dele, de vez em quando nervosa e gaguejando. O conhecia há um tempo desde que se mudou para o orfanato e ele era seu único amigo. Sempre ao seu lado lhe consolando, brincando, lhe dando atenção, coisa que ninguém lá fazia, pois sempre era maltratada pelas outras crianças por ser um pouco diferente delas.

— Amy, quero que saiba de uma coisa... Sempre estarei ao seu lado, não importa o que aconteça. Sempre conte comigo para tudo, certo? Porque eu não quero ser somente um amigo, mas sim um Pai para cuidar de você; um Irmão para te proteger; um Namorado para te amar; um Marido para ter você só pra mim. Eu prometo!

— J-jin e-eu... — Ela ficou completamente corada. Estaria recebendo uma declaração? Quando estava prestes a perguntar, sentiu um líquido descer em seus joelhos.

— AMY SEUS JOELHOS! ESTÃO SANGRANDO! — Gritou o ruivo. Antes da rosada ter tempo pra raciocinar, ele a pegou no colo com um pouco de dificuldade e saiu correndo levando-a rumo à enfermaria. Foi uma cena um pouco cômica, ele a carregando estilo noiva, desajeitado e quase caindo. Enquanto ela apenas dizia que estava bem e que podia andar, porém o ruivo fazia questão de carregá-la.”

...

Sorri um pouco, essas eram lembranças que guardaria para sempre em meu coração. Me lembrava das palavras dele de sempre ficar do meu lado a qualquer minuto. Mas o que sempre me perguntava quando ele dizia isso era: "E quando ele não estiver mais?". De fato, achava que aqueles tempos iriam durar eternamente.

Mas nem tudo são flores na vida como dizem. O que você faz quando se sente sozinho? Chora? Tem acessos de raiva? Come doces? Se mutila? Irei optar por algo mais radical dessa vez.

Fui a cozinha, peguei uma faca, daquelas bem afiadas capaz de cortar um fio de cabelo, fui ao banheiro soltei meus belos cabelos rosas, que eu tanto amava e cuidava. Levantei a faca pegando uma mecha e a cortei sem dó até o pescoço. Fiz isso mecha por mecha e o resultado? Uma Amy no banheiro, chorando sentada e deprimida, com inúmeros fios rosados espalhados no chão.

Pessoas deprimidas fazem qualquer coisa para tirar aquela dor do peito. Esse foi o MEU jeito de tirar essa dor, agir como uma louca, bagunçar a casa inteira, me isolar e cortar meu cabelo todo.

Admito sou uma fraca sem ele, com certeza se estivesse ao meu lado me impediria. Diria coisas pra me consolar, acariciar meus cabelos. Coisas que nunca mais eu vou ver ele fazendo, porque ele quebrou sua promessa, ele não está mais comigo.


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Notas finais do capítulo

Ficou bom? Compensou a minha demora? Espero não ter decepcionado.Tentei fazer uma cena kawaii, mas ñ funcionou, sou péssima em romances u.u



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