“Corria pelo belo campo de flores alegremente. Havia flores de todos os tipos e de todas as cores, que emanavam um perfume agradável. Trajava um simples vestido branco comprido e seus longos cabelos cor de rosa estavam completamente soltos, balançando ao vento a cada passo que dava. Os olhos castanhos claros brilhavam, pois mais a frente avistava a pessoa com quem mais queria ficar em sua vida. Porém quanto mais corria, parecia que mais longe estava de alcançá-lo, isso não impediu a garota de continuar.

Chegando um momento, finalmente conseguiu quase alcançá-lo, contudo... Quando deu mais um passo, o chão ao seus pés desabou. Ela caiu no que parecia ser um abismo. No fim dele havia um rio de sangue no qual a garota rosada caiu manchando seu vestido branco. Assustada, ela tentou sair, mas não podia. Estava sendo segurada por milhares de mãos que a puxavam para dentro do rio sangrento. Tentou gritar, mas percebeu que sua boca parecia estar costurada. Tentava se mexer, mas seus movimentos se limitavam cada vez que ia afundando, até que a garota parou de se mexer e aceitar ser puxada para o rio, desistir e talvez entregar-se para a morte.”

...

Abro os olhos com meu despertador tocando, olho o relógio que marcava seis da manhã. Não tive uma noite muito boa, mas mesmo contra a minha vontade, me levantei e me arrumei para ir ao colégio do qual odiava tanto. Fiz todas as ações que uma pessoa normal faria. Levantar, fazer a higiene matinal, tomar café, ir à escola. Segui solitária o caminho. Passava por todos como se fosse invisível ou melhor, EU sou invisível e sempre fui. Esse seria mais um dia inútil.

Entro na sala e imediatamente sento no meu lugar de sempre. Uma mesa do lado da janela. De lá eu podia ver a paisagem de fora. Havia bastante gente, todos rindo e conversando. Olhei para um pequeno grupo onde via meus “amigos...” Não... Amigos não, criaturas repugnantes, porque agiam como se eu fosse um nada, só me tratavam bem na frente de Jin. Pareciam estar conversando algo, fingi não prestar atenção e apurei meus ouvidos para escutá-los.

— Oh, parece que a coisa rosa veio hoje, não? Depois de meses...

— É, parece mesmo que ela gostava do Jin, que idiota. Como alguém como ela pode ser tão burra?

— Parem com isso, não é culpa se ela matou os próprios pais e sofreu rejeição.

— Ora, é culpa dela sim! É uma assassina e não deveria nem estar viva nesse instante! Matar os pais que eram tão cuidadosos com ela! Ainda bem que Jin a deixou, ela só queria se aproveitar dele, haha.

“Malditos falsos e desprezíveis! Eles não sabem de nada!” — Gritei mentalmente. — E ainda ousam dizer que eu queria me aproveitar de Jin! Abaixei a cabeça deixando minha franja rosa cobrir meus olhos e lembrei de meus pais. Sim, o que eles disseram é verdade que meus pais foram cuidadosos comigo, não só para mim, mas com todos. Vizinhos, amigos e parentes. Só que um fato que esqueci de mencionar é que após terem sido executados, surgiram boatos. Tristes boatos de que eu teria supostamente matado eles, o que definitivamente não é verdade! Nunca mataria os que amo! Foi um engano terrível! Só de pensar nisso, desejo morrer porque na hora eles se sacrificaram por mim.

O professor entra na sala me tirando de meu passado e começa a dar aula. Fui obrigada a fazê-la. Minhas notas estavam em estado crítico depois de faltar meses.

...

Após a aula, nós alunos fomos liberados. A maioria foi embora para suas devidas casas, mas eu decidi ficar. Não queria voltar para casa e seguir minha tediosa rotina para depois viver outro dia inútil.

Fui para a biblioteca distrair minha mente, talvez um pouco. Chegando ao local, vi inúmeras estantes e prateleiras lotadas de livros, não havia mais ninguém além de mim pois os alunos não gostavam muito de ler. Fui em direção às estantes e procurei tudo aquilo que julguei ser interessante para mim. Acabei pegando uns cinco livros, apenas um de romance, decidi ler justamente esse até o final e acabei me arrependendo. O final era feliz, totalmente o oposto do final que eu tive. Droga! Me arrependi seriamente de ler esse livro.

Retornei para casa e cheguei às seis horas da noite, tomei banho e jantei. Em seguida fui para a cama, fiz minha oração; mas antes de dormir resolvi refletir um pouco sobre o grande meteoro que caiu sobre mim a semanas atrás. Balancei minha cabeça, tirando esses pensamentos, decidindo enfim descansar.

...

Bom, depois daquele devido acidente que mudou a minha vida para sempre, eu descobri que meu único objetivo seria esquecer isso. Não havia mais nada para eu fazer, não havia continuação na minha história. Seria a mesma coisa todos os dias. Então todos esses dias inúteis eu me dedico a tentar não pensar no ocorrido e somente viver.

Mas... Por mais que seja fácil falar, por quanto tempo vou durar nessa solidão?