Insuportável Dor escrita por Dark Lieutnight


Capítulo 15
Explicações e Confusões


Notas iniciais do capítulo

Após as confusões do dia anterior eles se encontram novamente, Amy o pede que explique tudo e mais revelações são feitas, o que ela decidirá?
Enjoy!

OBS: O capítulo ficou mais curto que os outros.



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Após fechar a porta e certificar-me de que não havia mais ninguém do lado de fora, resolvi descansar e apenas tentar esquecer tudo. Fora uma ilusão? Não, era tudo real, Jin voltara dos mortos, não sei de que maneira; quase fora atropelada na noite de natal; a pessoa por quem estava gostando todo esse tempo era apenas uma farsa.

Naquela hora que estávamos sentados no banco, eu esperava que aquela pessoa dissesse tudo, absolutamente tudo! Menos o que disse de verdade.

...

— E eu nem sei como te dizer isso...

— Se você não me falar, nunca saberei. — Disse e abri um sorriso sem dentes.

— Na primeira vez que me viu, você não suspeitou de nada?

— Não, apenas que você é muito parecido com uma pessoa que conheci.

— Parecido? A melhor palavra é idêntico né? Sou idêntico ao Jin né? — Fiquei surpresa e mais confusa ainda. Como?

— Como sabe sobre isso?

— Sei absolutamente tudo sobre você Amy... Vivemos juntos desde o orfanato.

— O quê? M-mas quem é você? — Perguntei receosa e com medo.

— Sou eu, Jin.

Não pode ser real... Mortos não voltam assim tão de repente e ainda finjam ser outras pessoas, mantendo contato com o mundo como se estivesse vivo novamente...

Será outra loucura de minha mente? Se for, precisarei de ajuda urgente!

E o pior, para quem pedirei ajuda? Lire? Talvez... Mas com certeza ela não vai acreditar em nada disso. Vai achar que estou louca, meus outros colegas farão o mesmo. O que faço? O que faço? O que faço?

Isto é algum tipo de karma? Cometi uma atrocidade a qual mereço ser punida mentalmente? Será o destino testando minha sanidade?

Não sei, não sei e não sei! Só sei que estou farta de todas essas loucuras de minha vida e quero dormir. Amanhã a tal pessoa irá me dar explicações, isso se não enlouqueci.

...

O dia já havia amanhecido e eu me encontrava acordada sentada no sofá da sala. À minha frente estava Jin, um silêncio perturbador reinava entre nós. Eu apenas aguardava sua explicação sobre os acontecimentos de ontem.

— Antes de tudo, eu quero perguntar se você está bem, Amy.

— Bem? Como poderia estar bem depois de criar tanta confusão na minha cabeça? — Falei num misto de raiva. Mesmo sendo o Jin, ele me enganara se passando por outra pessoa, por quê? — A única coisa que eu penso é se não preciso ser internada. Então por favor me fale tudo.

— ... Tudo bem. — Ele deu um suspiro, fez uma pausa e se recompôs. — Tudo começou no dia do acidente...

“Após morrer naquele acidente de carro, acordei em um lugar calmo e relaxante, repleto de elementos da natureza. Era um campo aberto, com flores; árvores; pássaros; porém apesar de parecer um campo normal, algo nele era diferente, como se fosse surreal. Estava deitado em uma espécie de cama com lençóis brancos. À minha frente, uma mulher também de branco com uma mão estendida sobre minha cabeça, proferia algumas palavras, como se estivesse rezando.

— Bem-vindo Jin. — Percebendo meu despertar, ela me saudou.

— Onde estou?

— Digamos que numa espécie de hospital, cuidamos das pessoas que aqui chegam.

— Eu... Morri? — Perguntei receoso apesar de ter a memória da última coisa que me aconteceu.

— Sim, mas não fique angustiado, você irá ficar bem... Agora Jin, descanse. — Ela botou a mão em meus olhos fechando-os enquanto continuou o que fazia antes.

Aceitar a morte não era uma coisa fácil para ninguém, e para mim foi o mesmo. Não sei quanto tempo demorei até aceitar a ideia de que eu não poderia mais viver na terra, nem ver mais as pessoas que amavam e nem visitá-los. A tristeza era enorme, a saudade pior, o tempo todo surgiam questões na minha mente a qual eu tentava achar respostas. Como: O que estou fazendo aqui? Por que justo eu? Há tantas pessoas que fazem coisas ruins e continuam vivas!

Às vezes me perguntei se não era tudo um sonho que estava demorando de acabar. Eu pedia para o despertador tocar me avisando para ir ao trabalho. Mas ele nunca tocava... Porque eu estava morto!

Diria que quase fiquei insano, mas assim como todos, eu tive que aceitar.

E depois que minha alma foi curada e purificada, eu pude sair do hospital. Não sabia o que fazer nem aonde ir, até que outra pessoa me guiou. Desta vez um homem adulto. Fui levado junto dos outros a um lugar que chamavam simplesmente de lar. Neste lugar aprendi muitas coisas, sobre a vida; nossos objetivos; sobre as almas e espíritos e natureza; os humanos. Aprendi a refletir e outras coisas interessantes. Com o tempo me familiarizei com o local e as pessoas ali presentes, criei laços bondosos. Minhas questões de antes se dissiparam e foram esquecidas. Os sentimentos ruins de antes, medo; angústia; revolta; se foram. Apenas um insistia em ficar, saudade.

A todo momento eu queria vislumbrar o rosto de minha rosa, minha Amy. Desejar que ela morresse só para ficar do meu lado era uma coisa terrível e nem mesmo eu queria isso pra ela. Queria que aproveitasse sua vida, mas minha saudade dela era tanta...

Em nosso lar, cada um tinha uma força espiritual, aqueles que tinham mais força eram chamados de professores. Foi para eles que decidi perguntar uma coisa.

— Como faço para ir à terra e me comunicar com as pessoas?

— Para fazer isso Jin, você precisará fortalecer sua alma e espírito, deverá estudar mais e aprender a lidar com a realidade.

— Lidar com a realidade? Por quê?

— Depois que você morreu, muitas coisas mudaram. Você só poderá visitar a terra quando entender que não poderá alterar o percurso da vida lá.

E assim, fiz tudo que me pediram. Estudei, me fortaleci e me preparei para ver tudo. Finalmente consegui visitar Amy, não podia tocá-la e nem falar direito com ela, apenas observar. Não satisfeito, fiz uma proposta.

— Eu não poderia se passar por outra pessoa na terra, para ficar mais perto de minha amada? Não suporto mais vê-la sofrer daquele jeito. Quero fazer algo pra ajudá-la, quero vê-la.

— Muito bem, conversaremos sobre este pedido e lhe daremos uma resposta.

Um tempo esperando, a decisão finalmente foi tomada.

— Jin, você tem nossa permissão para fazer isto... Mas com duas condições. A sua presença não poderá mudar nada lá. Se Amy tomar uma decisão, não poderá interferir, terá que aceitar as escolhas dela. Ficaremos te vigiando para que isto não ocorra. Segundo, você terá um prazo de apenas dois meses para ficar na terra, terminado este prazo, deverá retornar imediatamente. Concorda com as condições Jin?

— Concordo. — Aceitei de prontidão e parti em rumo para fingir ser uma criatura viva, construí um corpo sólido e fui de encontro à minha Amy”.

...

— Então você veio aqui para me ajudar? — Perguntei quando Jin terminou sua explicação. Fiquei boquiaberta! As coisas funcionavam assim quando morríamos?

— Sim, mas acho que cheguei um pouco tarde. — Sua voz ficava cabisbaixa. — Na verdade causei mais dores a você.

— ... Jin? — Ele me olhou, incitando-me a continuar. — Pode me deixar sozinha? Eu... Preciso de um tempo... Pra pensar direito nisso, é tanta informação de uma vez... — Senti meus olhos encherem de lágrimas, algumas começaram a rolar pelo meu rosto.

— Minha Rosinha... — Jin se aproximou de mim, tomando meu rosto em suas mãos e limpando minhas lágrimas.

— Por favor... — Pedi para que saísse. Jin me deu um beijo na testa e pude sentir seus lábios gélidos em contraste com minha pele quente. Em seguida ele foi em direção à porta. — Espere! — Chamei e Jin parou. — Você... Vai voltar? — Não queria que ele fosse embora para sempre ainda, havia coisas que eu gostaria de resolver.

— Pra você? Eu volto sempre, até quando você me chamar pela mente.

Assim o espírito morto de Jin atravessou a porta indo a uma direção desconhecida, me deixando sozinha novamente para refletir e tentar pôr minha cabeça em ordem.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.
Beijos e Abraços



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