Insuportável Dor escrita por Dark Lieutnight


Capítulo 11
As crises de Lire


Notas iniciais do capítulo

Lire, Lire, Lire, por que sofres tanto?
Só lendo para saber..
Aproveitem a leitura.



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Minha rotina seguia assim: casa; escola; trabalho; casa; meus amigos me chamavam para dar passeios; ir ao cinema; teatro; ou até dar uma voltinha por aí. Eu passei a ter uma vida boa a partir de então, tirando alguns problemas escolares, mas tudo estava bem...

Na verdade, nem tudo.

Eu percebi que a cada dia no trabalho, Lire se desgastava mais. Quase tudo o que fazia a deixava cansada; com falta de ar; suada; até simples tarefas como limpar as mesas. Ela precisava descansar algum tempo até fazer outra ação novamente.

Comecei a me perguntar se ela ainda se forçava para fazer coisas que a saúde não lhe permitia, com certeza ela ainda apresentava balé escondida no teatro.

— Lire? — Fui até ela, que se encontrava sentada após caminhar da cozinha até o balcão do café.

— A-ah, oi Amy. — Respondeu-me um pouco ofegante.

— Está tudo bem?

— S-sim... Claro. — Para dizer cada palavra era um grande esforço que fazia.

— Você não me engana.

— Sabia... Você sempre sabe... Quando estou... Assim.

— Você anda se cansando muito esses dias, qualquer coisa que faz parece que vai desmaiar! Devia ir à um médico.

— Não, senão meus pais... Vão suspeit-tar...

— Mas se continuar assim, você vai acabar parando de todo jeito no hospital!

— ... — Lire se calou. Talvez estivesse refletindo. — Tantas coisas... Que... Não posso fazer... — Sua voz soou triste. — Gostaria tanto de correr, andar de montanha russa, de bicicleta, dançar até não poder ficar mais em pé...

— Lire... Eu nunca entenderei o que você sente, mas sou sua amiga... E amigos se preocupam uns com os outros, por isso me preocupo se está bem ou não. Não quero te ver machucada ou sofrendo.

— Meus pais... Sempre me levam de carro a todo canto que vou, nem caminhar direito posso mais... — Aos poucos seu fôlego se recuperava. — Nem filmes de terror eu assisto mais, pois o último que vi quase me matou de falta de ar. — Ela continuava desabafando, contando quantas coisas não podia ou deixou de fazer. Eu simplesmente cheguei perto de seu corpo e lhe dei um abraço.

— Não importa o quão difícil esteja tudo isso para você, sempre estarei do seu lado pra te apoiar e segurar. — Disse essa pequena frase. Lire retribuiu-me o abraço e uma lágrima caiu de seus olhos.

— Obrigada... — Agradeceu, limpando o rosto. Ouvimos passos em nossa direção e logo nos separamos.

— Okay pessoal, estão prontos para... Lire?! Por que está chorando? — Seu pai preocupado perguntou. — Aconteceu alguma coisa?

— N-não, nada.

— Tem certeza?

— Sim pai, tudo bem, pode continuar o que ia falar.

...

Estávamos eu e Lire, dando um passeio pela cidade. Decidi convidá-la pra sair um pouco para relaxar depois do que ocorreu. Os outros não puderam vir conosco. Era sete da noite, a brisa leve ia de encontro a nós, dando uma sensação de frescor, o céu se encontrava completamente sem nuvens nos beneficiando uma bela visão do aglomerado de estrelas.

Nos encontrávamos no centro da cidade que não era muito grande. As decorações de fim de ano enfeitavam as ruas, deixando um lugar cinzento com ar de beleza. Felizmente o local não estava cheio, portanto não nos preocupamos de ficar desviando de todas as pessoas, assim pudemos desfrutar uma caminhada tranquila.

A loira tinha uma expressão triste no rosto.

— Lire, não gosto de ver essa cara triste... Me diga o que te abala, mami.

— Você sabe...

— Quer sentar pra conversar? — Ela assentiu e sentamos no banco da praça. Andávamos bem devagar pois Lire insistiu para os pais deixarem-nos ir a pé. — Então?

— Ah, não sei o que faço...

— Eu acho que deve ir ao médico, sua saúde é importante. Ficar forçando seu corpo a fazer o que não aguenta, só vai fazer você piorar.

— Mas, minhas vontades são muito fortes pra se importar com isso, imagina quantas coisas que eu queria experimentar nessa vida e não posso?

— Mas há muitas coisas legais pra se fazer que não precisam de esforço físico. E mais, você precisa valorizar sua vida! A gente só vive uma vez e você não faz ideia do quanto as pessoas te amam! Nem quero imaginar como seria se você... — Cortei a frase no meio, não me imagino perdendo mais outra pessoa amada na minha vida.

— Que tipo de coisas alguém como eu poderia fazer?

— Tocar algum instrumento; pintar; escrever; já você que ama a dança, poderia criar coreografias.

— Esse último parece ser legal... Mas eu ia ficar morrendo de vontade de dançar junto das dançarinas! Hahaha.

— Até que enfim, um sorriso! Ah e com certeza existem bem mais coisas que alguém com arritmia cardíaca pode fazer. Então vê se segura esse sorriso que o nosso passeio não acabou! Vamos tomar sorvete. — Lire levantou num pulo quando ouviu a palavra sorvete.

— Vamos logo então! — Começou a me puxar com força ao caminho.

— Para alguém que estava triste um momento atrás, agora parece uma criancinha, é bipolar é?

— Claro que não, boba! Agora vamos.

— Calma, calma mami.

Nos deliciamos com a massa gelada; caminhamos mais um pouco e decidimos visitar as lojas; compramos algumas roupas; brincamos de modelo... Sim, fizemos isso na loja. Tiramos fotos nas decorações brilhantes e sentamos para conversar novamente, só que desta vez sobre namoro.

— E aí Amy, anda interessada em alguém?

— Ah, n-não, sou uma loba solitária!

— Bah! Vai me dizer que não tem ninguém em mente?!

— Err... Não?

— Acha que a gente não percebeu?

— Quem percebeu o quê?

— Eu e os outros, percebemos que você e Kim andam muito juntinhos não?

— N-na v-verdade não exatamente.

— Hum?

— Todo o lugar que eu vou ele sempre está lá do meu lado, sinto como se a presença dele me perseguisse.

— Mas você gosta dele? — Lire já foi curta e direta.

— Claro, ele é gentil e educado, me trata bem até demais, está sempre me ajudando e se preocupando comigo... É um ótimo amigo!

— Sabe bem que não tô falando em amizade, Amy.

— Ué, o que mais você espera que eu diga?

— Gosta dele ou não?!

— A-ainda é m-muito cedo, para dizer!

— Então você gosta! Hahaha, que fofo!

— E-eu não afirmei nada!

— Mas há esperanças...

— Ai, ai, mas sabe Lire...

— Diga.

— Kim se parece muito com Jin, tanto na aparência, personalidade, tudo! — Decidi comentar este caso que me deixou encafufada. Era tão extraordinário! Pelo menos pra mim.

— Sério?

— Sim, talvez por isto eu me apeguei a ele?

— Não, bobagens, eles podem até se parecer, mas nunca serão iguais. Kim deve ter coisas que Jin não tem. — Explicou com completa certeza. — Amy, você nunca me mostrou como era o Jin.

— Não lhe contei?

— Não.

— Quer ver uma foto dele? Acho que guardei uma aqui de recordação.

— Sim! — Entusiasmada, respondeu logo. Peguei meu celular, mostrando uma foto de nós dois juntos.

— Nossa! Ele é igualzinho ao Kim! Até o sorriso!

— Não falei?

— Chega a ser extraordinário.

— Pelo menos você concorda comigo! — Rimos um pouco até que o celular de Lire toca, ela atende a chamada e desliga rapidamente.

— Era meu pai, ele disse que vai nos buscar.

— Já? Que horas são?

— Oito e vinte.

— Uau passou rápido.

— Sim, ah Amy?

— Oi?

— Obrigada, por passar esse tempo comigo e me fazer refletir um pouco sobre minha situação.

— Amigos são para isso, certo?

Aquele dia terminou assim. Larry me deu carona até em casa e iniciei minha rotina fatídica, sério, eu tenho que mudar um pouco isso. Já está ficando chato chegar em casa e não fazer nada além do mesmo. Que tal receitas novas? Ou talvez eu me inscreva numa academia? Melhor ainda, uma academia de dança?

Mas então, enquanto começava a pensar em realizar coisas novas em casa, eu me toquei. Desde que saíra do café com Lire, eu sentia como se estivéssemos sendo vigiadas, como estávamos rodeadas de pessoas decidi não ligar, mas agora senti isso até em casa. E por mais incrível que pareça eu não me incomodei. Não era uma sensação ruim, na verdade era até boa dando paz e calma.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.



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