Perdidos No Desejo. escrita por Bianca Moretão


Capítulo 3
Capitulo 2


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :) Se tiver erros ortográficos me perdoem :]



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Eu fitava desconcertada todo aquele tumulto à minha frente.

– Me lembre de nunca mais confiar no que você fala! – gritei no ouvido de Heloísa.

Ela apenas sorriu e respondeu no mesmo tom: - Qual é Ariane, é sexta feira! – gritava animada.

O ambiente era quente e barulhento, iluminado por dezenas de luzes coloridas espalhadas pelo teto. Globos brilhantes enfeitavam o salão e um dj bastante animado – até demais para estar sobreo – comandava a música do palco.

Apesar de não ser nem 21:00 não parecia haver pessoas sobreas. Meus pés já doíam dos vários pisoes que eu levava a cada minuto. Era quase impossível dialogar com o som naquela altura, e as luzes piscando incessantes dificultavam minha visão. Bêbados dançavam animados no centro do salão, alguns tiravam peças de roupas e jogavam para o público, outros se pegavam nos cantos, e, bem, alguns vomitavam pelo chão.

– Vem – gritou Heloísa no meu ouvido. – Vamos beber!

Ela gritava animada e me arrastava empurrando quem quer que esteja no nosso caminho.

– Eu não bebo Heloísa, você sabe! – gritei.

– Essa não é uma festa para sobreos Ane. – gritava em resposta.

– Então eu vou sair. – gritei puxando meu braço.

Heloísa me olhou cabisbaixa, droga, como eu odiava chantagem emocional.

– Sério? Vai me deixar aqui? – perguntou de cabeça baixa. – Eu não quero ficar sozinha aqui Ariane, você sabe, eu posso acabar sendo estuprada.

Não pude evitar de rir. – Droga Helô, como pode me convencer tão facilmente? – balancei a cabeça em reprovação. – Vamos, mas não vou beber muito!

Helô sorriu e voltou a me puxar até o bar.

***






Droga! Minha cabeça girava enquanto meu corpo não parava de dançar. ‘’Eu realmente não devia ter bebido’’ meu subconsciente gritava. Bastaram três doses de tequila para que eu visse meu bom senso escorrendo de meu corpo. Fui arrastando Heloísa até o meio da pista e comecei uma dança esquisita, na verdade, eu balançava meu corpo de um lado para outro enquanto colava Heloísa em meu corpo.

Eu sabia que ela estava razoavelmente bem ainda, a questão é que eu sempre fui muito fraca para bebidas.

– Você tá linda Heloísa. – gritei em seu ouvido.

– Você tá bêbada Ariane! – ela gritava sorrindo.

Eu realmente não estava resistindo em vê-la daquele jeito. Ela havia tirado a regata e agora usava apenas um top brilhante, era colírio para os meus olhos.

Senti minha cabeça doer e tudo girar ao meu redor.

– Eu vou... – balbuciei. – o banheiro... vou... lá.

Soltei-me de Heloísa enquanto cambaleava entre as toda aquela multidão.

Demorei algum tempo para localizar o banheiro, e outro tempo para finalmente enxergar qual era o feminino. Entrei e ainda cambaleando me apoiei na pia.

Outras meninas tão bêbadas ou mais que eu lotavam o banheiro. Algumas rindo alto ou falando coisas que eu não compreendia, outras corriam aos sanitários colocar toda aquela bebida para fora. Mirei o espelho turvo, e vi minhas condições deploráveis, blusa levantada, cabelo desgrenhado, maquiagem borrada e... ‘’Porra, eu estou descalça’’ bufei ao ver meus pés nus no chão.

Soltei da pia e tentei ir até um dos sanitários, mas só consegui cair no chão molhado.

Apesar daquelas condições lamentáveis, eu me sentia feliz, em êxtase digamos.

Ainda sem completa noção de meus atos, deitei minha cabeça no chão e fechei os olhos. Nunca me pareceu tão aconchegante como agora.

Senti uma mão agarrar meu braço e puxar com brutalidade.

Já estava prestes a gritar com Heloísa quando me vi paralisada. David me olhava com raiva enquanto me arrastava até a pia.

– Certo... – tentei falar. – o que... você faz aqui? – perguntei fraca.

– Estou decidindo entre te matar agora ou esperar o efeito do álcool passar para fazê-lo.

Fitei-o procurando entender se era uma brincadeira.

Senti-o segurar-me e jogar agua fria em meu rosto. Gritei em protesto: - ME SOLTA DAVID! VOCÊ NÃO É MEU PAI.

Puxei meu braço e tentei sair de perto, mas por pouco não caio novamente.

– VAI ENTÃO! – respondeu enquanto cruzava os braços.

– Droga... – encostei-me à parede de cabeça baixa.

David voltou a me puxar enquanto jogava agua gelada em meu rosto. Deixei que meu corpo se apoiasse em seus braços e fechei meus olhos.

– Vamos. – falou enquanto me puxava para fora do banheiro.

– Aonde – gaguejei. - Vamos?

– Te tirar daqui é lógico! – respondeu com expressão séria.

Em outros momentos eu provavelmente teria protestado contra, mas minhas condições tão deploráveis me impediam de tal façanha.

Lembrei-me por um momento de Heloísa e parei puxando-o: - Heloísa, ela também tá aqui! – falei tonta.

– Droga Ariane, é você que tem que ser tirada daqui agora, Heloísa sabe muito bem cuidar de si mesma! – respondeu sério e voltou a me puxar.

Saí arrastada por David enquanto olhares curiosos me analisavam. Finalmente pude descansar quando me colocou em um carro.

Ele foi até o porta malas do carro e voltou com uma bolsa.

– Toma. – jogou-a em minhas mãos. – Veste.

Abri a bolsa sem entender. Eram roupas, roupas femininas, e apesar de eu já saber de quem seriam, insisti em perguntar: - De quem são essas roupas? Aonde... Arranjou?

– Isso não interessa Ariane, vista logo. – respondeu-me fechando a porta do carro.

Fiquei olhando-o por alguns momentos.

– Aqui? – perguntei.

– Aonde mais espera Ariane? – disse irritado.

– Não posso tirar a roupa aqui! – protestei.

– Droga Ariane, eu não quero te ver pelada, não tenho o mínimo interesse. – vendo minha expressão completou. – Tudo bem caralho! Vou andar, volto em cinco minutos, se troque logo!

David saiu e eu pulei para o banco de trás. Despi-me com certa dificuldade já que ainda estava um tanto quanto tonta, e para minha sorte as roupas couberam quase que perfeitamente. Comecei a pensar se sua nova namorada tinha um corpo parecido com o meu.

Logo ele já estava de volta, e sem nada perguntar entrou no carro e deu partida.

Apoiei minha cabeça no vidro e joguei meus pés sobre o banco estofado.

– Tire os pés daí. – advertiu olhando-me pelo retrovisor.

Ignorei-o sem me mover dali.

– TIRE OS PÉS ARIANE! – gritou enquanto puxava bruscamente meus pés do banco.

Olhei-o sem reação. Cruzei os braços e fechei os olhos.

– Você é muito teimosa... – falou se acalmando.

Aquelas palavras desceram doces pela minha garganta, mas continuei sem mover-me.

Perguntei-me naquela hora se ele lembrava-se onde eu morava, já que só houvera ido uma única vez.

Soube a resposta assim que senti o carro parar e defrontar-me com a minha rua escura. Continuando em silêncio abri a porta do carro e ainda vacilante dei meu primeiro passo quando o ouvi dizer.

– Você vai conseguir chegar á sua casa Ariane? – perguntou-me impassível.

Tentei acelerar meus passos para que sua voz se tornasse inaudível, mas só o que conseguir foi tropeçar em uma pedra.

– Droga. – reclamei.

Pude ouvir David abrindo a porta bruscamente e chegando perto de mim. Quando se encostou a meu braço para me guiar não me segurei: - SAI DAVID. PARA DE BANCAR O PAI.

Senti algumas lágrimas brotarem.

– De nada Ariane. – falou-me.

– Não tenho que te agradecer. Não pedi para ir me buscar, estava tudo bem, nunca precisei de você em momento algum e esse não seria o primeiro! – gritei.

– Me lembrarei disso. – falou soltando-me e voltando ao seu carro.

Virei-me e continuei em passos lentos, só parei quando deixei de ouvir o barulho de seu carro. Sentei-me na guia e apoiei minha cabeça nas pernas enquanto as lágrimas desciam desesperadas.

Procurei na minha bolsa meu celular, parecia maior do que de costume e tive certa dificuldade para encontra-lo.

‘’3:09. Droga!’’ Lembrei-me que teria ainda que enfrentar uma mãe furiosa ao chegar em casa. Além de ter saído sem avisar e voltado de madrugada, ainda constavam 21 chamadas perdidas em meu celular, e várias mensagens ameaçadoras.

Não podia continuar adiando aquilo, uma hora teria de entrar, e eu realmente precisava dormir, minha cabeça latejava e meu corpo fraquejava sobre meu peso.

Levantei-me com dificuldade e segui devagar pela minha rua, pareceu-me uma eternidade até defrontar-me com minha casa.

Relutante apertei a campainha esperando uma cara muito furiosa fitando-me.

Mas para minha sorte foi um rosto amigo que o fizera: - Ariane! Meu deus, você tá bêbada?! – Viviane perguntava enquanto eu praticamente me desmontava em seus braços.

Minha irmã arrastou-me até o sofá e buscou um copo de agua que eu bebi com ferocidade, só então percebi o quão seca minha garganta estava.

– Cadê a mãe? – perguntei.

– Foi dormir, para sua sorte, porque ela estava realmente furiosa. – respondeu-me.

– Imagino... – falei.

– E é o que eu vou fazer. Boa noite pra você. – falou enquanto ia em direção ao seu quarto.

Não tive ao menos forças para ir ao meu quarto. Joguei meus pés no sofá e adormeci ali mesmo.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?