Perdidos No Desejo. escrita por Bianca Moretão


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, mandem reviews, opiniões/sugestões enfimmm, comentem *-*



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Segui-a em seu encalce até a entrada do colégio quando ela encostou-se à parede e virou-se para mim.

– E então? – perguntou esperando que eu lhe contasse algo.

– Qual é? – perguntei na defensiva. – Não tem nada para contar.

– Como não? – retrucou quase como se fosse óbvio. – Há dias você aparece no colégio com uma puta cara de acabada e hoje você veio... – ela analisou-me procurando a palavra. – Quase bonita.

– Quase bonita? – reclamei. – Esperava um ‘’linda’’. – sorri.

Ela olhou-me. – Fica pra próxima. – piscou-me. – Mas não fuja do assunto. Vamos, ainda estou esperando.

– Continuará esperando Heloísa. – revirei os olhos encostando-me em um poste.

Num movimento rápido Helô colocou-se em minha frente prendendo-me entre ela e o poste.

– Tem certeza? – perguntou maliciosa. – Tenho o dia todo.

A rua estava começando a ganhar movimento, e com isso viriam os burburinhos sobre um possível relacionamento entre mim e Heloísa, e eu realmente não queria aquilo para somar aos meus motivos de insônia.

– Tudo bem, você venceu. – sorri frustrada. – Se afaste que eu vou te contar. – pedi.

– Assim tão fácil? Eu estava quase gostando da brincadeira. – sorriu-me afastando-se.

Parou a certa distancia de mim com os braços cruzados.

– Certo. – suspirei. – Briguei com David a dois dias, desde então não tenho mais falado com ele.

– E o motivo é? – perguntou-me.

– Me trocou por outra.

– Vocês não estavam juntos. – retrucou.

– ELE ME BEIJOU! – quase gritei.

– Continuavam sem estar juntos. – falou. Suspirou e acrescentou. – Veja Ariane, David está prestes a fazer 20 anos e ainda cursa o 3º ano, prestes a repetir por falta, novamente... Vocês estão nesse chove não molha á meses, e ele faz pouco caso pelo que percebo. Não acha que está na hora de partir pro próximo?

Eu sabia que Heloísa estava certa. Ela e todos os outros que já me aconselharam a respeito de David. Estava de fato cansada daquele assunto.

Em outros dias iria contestar e explicar os mil e um motivos pelo qual não desisto de David, mas não naquela manhã, já estava cansada demais pela noite mal dormida.

– Acho! – falei por fim.

Heloísa sorriu para mim como se eu tivesse acabado de assinar um contrato e me puxou pelo braço.

– Vamos, estamos quase atrasadas. – e saiu me arrastando escola adentro.

Meu colégio era particular, infelizmente, já que sempre odiei colégios particulares. E tragicamente era bem parecido com a visão que geralmente as pessoas têm sobre colégios pagos, gente de nariz empinado, sempre numa disputa sobre quem tem mais dinheiro, meninos parecendo outdoors fazendo propaganda de tudo quanto é marca e meninas mais maquiadas que tudo.

Entrei na sala ainda arrastada por Heloisa que nos acomodou nas duas ultimas carteiras da parede, como de costume. Larguei meu material sobre a mesa e me joguei na cadeira. Heloísa sentou-se na minha mesa em silêncio.

Ela realmente se esbaldava nas sextas feiras, que era quando, segundo a política do nosso colégio, poderíamos ir sem uniforme. Suas pernas estavam nuas com um short jeans florido e uma regata preta rendada. Usava seus alargadores habituais e sua tatuagem no busto estava visível, uma caveira mexicana.

– Já não falei para parar de me olhar? – advertiu-me sorrindo.

– Caralho, você tem olhos nas costas? – retruquei.

– Quando você está muito quieta sei que está observando algo, e bem... Essa sala não é interessante o suficiente para despertar sua atenção. – respondeu sem olhar-me.

– E você por acaso seria ‘’interessante o suficiente para despertar a minha atenção’’? – perguntei levantando-me e saindo da sala.

Caminhei pelo corredor cheio desviando de alguns seres que insistiam em seguir pela mesma linha que eu.

Fui até o fim do corredor onde se encontravam os bebedouros. Bebia agua quando algo esbarrou em mim, olhei para trás por instinto.

Droga.

David estava parado com sua calmaria rotineira, parecia ter acabado de usar maconha por sua tranquilidade.

– Foi mal. – falou desviando de mim até o próximo bebedouro.

– Só isso? – perguntei como quem espera uma explicação.

Ainda sem olhar-me encostou-se no bebedouro e respondeu: - E o que mais eu vou dizer Ariane?

– Então é isso? Vai fingir que nada aconteceu? – perguntei de braços cruzados.

– NADA aconteceu Ariane, por que ainda insiste nisso? – perguntou fitando-me.

Lembrei então das palavras de Heloísa e, ignorando todo aquele bombardeio de sentimentos respondi-o impassível: - Tem razão. – sorri. – Boa aula David.

Pude sentir seu olhar desconfiado e incerto me investigando, provavelmente surpreso por não haver quase insistência de minha parte, e me senti particularmente bem com isso.

Até chegar à sala pelo menos.

Foi quando me joguei na cadeira que o arrependimento caiu pesado sobre meus ombros, aquele arrependimento de não ter insistido, de não tem tentado novamente, pedido um recomeço.

Sei que Heloísa notou, pois me olhava com compaixão, mas nada falou.

O intervalo chegou mais rápido do que esperava. Não havia aberto um único caderno até então, estava perdida em meus pensamentos.

– Pegue suas coisas. – Heloísa pediu antes que eu saísse da sala.

– Oi? Não sei se você sabe, mas ainda é intervalo. – falei.

– Fala sério, está realmente a fim de assistir duas aulas infernais de matemática? – perguntou-me debochada.

– E senhorita, como vamos sair daqui? – perguntei.

– Apenas pegue suas coisas e pare de falar, estamos perdendo tempo.

Peguei minhas coisas e saí seguindo-a pelos corredores até a escada de incêndio. Helô abriu a porta e indicou para que a subisse, indaguei-a curiosa: - Aonde vamos?

– Sobe logo caralho! – mandou.

Obedecendo-a subi apressada os degraus com ela em meu encalce até ouvi-la mandar-me parar.

– Vai por aí. – falou indicando a porta.

Demos na ala dos laboratórios e seguimos até o fim do corredor.

Heloísa entrou na sala de limpeza, a ultima do corredor.

– Porra Heloísa, fizemos tudo isso para entrar na sala da limpeza? – perguntei irritada.

– Não sei se você sabe – falou quase como se fosse obvio. – mas existe uma janela aqui. – falou apontando para um daqueles vitrôs de banheiro, porém um pouco mais largos.

Demorei alguns segundos para compreender sua linha de pensamento.

– Espera. Está insinuando que vamos descer pela janela? – perguntei.

Ela largou os materiais no chão e começou a aplaudir-me. – PARABÉNS CARA! PARABÉNS, VOCÊ ENTENDEU! PARABÉNS.

Percebendo minha expressão irritadiça corrigiu-se: - Sim Ariane, vamos descer por aí, mas fique calma, vamos sair na saída das empregadas, o muro é baixo e dá pra pular e tem um caminho de telhas por aí. – e vendo minha cara de desconfiança completou: - Não tem perigo! Vamos, prometo Ane, acha que a colocaria em perigo?

– VOCÊ é um perigo Heloísa! – sorri enquanto concordava.

Passamos pela janela e descemos pelo tal caminho de telhas até cairmos no chão. Ralei os braços pela falta de experiência, enquanto Heloísa parecia ter acabado de cair em um saco de algodão.

Verificamos se alguém passava por lá e pulamos o muro estando finalmente fora daquele inferno.

– Agora vem. – falou empolgada.

– Aonde vamos? – perguntei desconfiada.

– Você pergunta demais sabia? – respondeu sorridente. – Apenas venha comigo.


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Notas finais do capítulo

E então, o que acharam?