Ago(u)ra escrita por


Capítulo 86
Através do piche seco


Notas iniciais do capítulo

Um chão que agora eu ouso pisar.



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Ela rasga sete folhas, frenética

Seus olhos escoam lágrimas elétricas

Sua armação de óculos é uma razoável réplica

Esta está jogada entre os manequins e fitas métricas

Levanta-se, a rosnar. Suas palavras são céticas.

Meu dedo caiu enquanto ia sem direção

Minha respiração aumenta quando leio a tal fração

Meu céu-da-sua-boa-boca agora está sem munição

E com meu amor não posso mais fuzilar teu coração

Não tenho como levantar, e dos dias não tenho nenhuma noção.

A cabeça dela lateja e ela abre a rua com o portão

O seu pai-de-todos direciona-se só à face de seu patrão

As ruas giram e no passeio, acima, à direita, admiram o telão

Quem? Aqueles que lhe tiraram a única vela do lampião

E cortaram suas falanges dos pés com uma lâmina feita de pedras do chão?

Hoje eles verão as tropas de origami que, retumbantes, os atacarão.

Ele se aproxima, na calada da noite, e o seu batalhão de plástico verde o segue

E, silenciosos, aguardam o momento em que ele sua palavra empregue

Não há momentos dos quais possam chamar de bons ou alegres

Mas o futuro que decidido vemos que virá é onde ele diz para que se apeguem

E sobre a avenida final do subúrbio o brado se une ao fervor e, assim, emerge.

Eles desesperam a si mesmos com seus berros desenfreados

Suas palavras sem conexão e os verbos mal colocados

Eles decidem então tentar manter consigo o que foi conquistado

As armas a postos, os cabos entre os nós dos dedos encravados

A essa luta eles desacreditaram. A essa guerra eles estão fadados.

Juntos, homem, mulher, origamis e soldados de plásticos se dirigem à justiça

Cada passo pesado e cada berro de motivação cada vez mais os atiça

É à liberdade desejada e nunca vista por outros que eles correm, sobrepujando a carniça

Não há mais escolhas a serem feitas, não haverá ajuda da má puliça

E no fim dessa alforria almejada, veremos gargalhadas, e não uma triste missa.


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