Acordei no dia seguinte com Laura jogando uma almofada no meu rosto.

– Levante, preguiçosa! – Rimos juntas. – Vamos tomar café.

– Ok, só escovar meus dentes antes.

Fui ao banheiro, escovei os dentes e troquei de roupa, pois logo depois iria embora. Desci as escadas e Pedro e Laura estavam sentados na mesa, Pedro assim que me viu abaixou a cabeça, sorri ao ver isso. Comi cereal com leite, e tomamos o café da manhã todos em silêncio, exceto por Laura, que estava cantando uma música com letra engraçada, acho que era infantil. Eu adorava esse jeito animado dela, e estava feliz por ter conseguido uma amiga tão legal em tão pouco tempo... Mas, infelizmente como nem tudo é perfeito, com um irmão chato desses.

– Bom, eu vou indo. – Disse levantando da mesa e pegando minha bolsa, que estava do lado da cadeira onde eu havia sentado.

– Ah, já? – Laura perguntou, fazendo beicinho.

– Até que enfim. – Pedro disse sorrindo, fiz uma cara feia pra ele.

– Cala boca, babaca. – Ela deu um tapa no ombro dele. – Dá uma carona pra ela.

– Não, por favor, eu pego um táxi. – Disse desesperada, não queria passar mais nenhum minuto com ele.

– É, ela pega um táxi.

– Por favor, vocês dois. Pedro, leve ela para casa. Bia, ele não vai ser grosso nem te incomodar. Não é mesmo, Pedro? – Ela lançou um olhar de repreensão para ele. – Caso contrário, já sabe. Bia, qualquer coisa, me conte.

– Tá bom. – Ele bufou. – Vamos, Beatriz.

– Ok, né. Tchau, Laura.

– Tchau meu amor! Me liga mais tarde, quem sabe a gente faz alguma coisa.

– Não dá pra ficar um dia em casa não, Laura? – Pedro disse irritado, nós duas rimos.

– Eu ligo sim.

Eu e Pedro saímos em direção ao carro, e depois rumo a minha casa. Ele estacionou na esquina.

– Eu não moro aqui.

– Eu sei. – Disse com um sorriso cheio de sarcasmo.

– O que você quer?

– Não gostei da sua brincadeirinha ontem.

– Eu tô pouco me lixando. Tchau. – Abri a porta do carro e sai andando, irritada. Até sentir alguém puxar meu braço. – Meu Deus, me deixa ir embora, me deixa em paz, você não me odeia? Então por que está fazendo isso? Por que quer tanto que eu te desculpe? Pois fique sabendo, eu não... – Fui interrompida por um beijo que veio do nada. Ele estava me beijando? O que? Tentei me afastar, dando socos em seu peito que pareciam não ser nada pra ele, que me segurava com força, muita força. Ele era forte demais para mim, então acabei desistindo, retribui ao beijo, que começou lento e calmo, e depois foi ganhando ferocidade, nossas línguas brincavam em perfeita sincronia. Eu estava com a mão na sua nuca, e ele me segurando carinhosamente pela cintura, o toque dele me fazia tremer, era como um choque mas de um jeito... Bom. Quando eu estava perdendo o fôlego ele se afastou, mas nossos rostos ainda estavam próximos um do outro, eu estava hipnotizada pelos seus olhos. Ele tirou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da orelha, depois contornou a maçã do meu rosto com o dedão. Isso era muito estranho. Mas eu estava gostando.

– Por que você fez isso? – Finalmente perguntei.

– Porque... – Ele pareceu pensativo por um momento, e depois respondeu. – Porque não tava mais aguentando ouvir você falar. Sério, você fala demais.