Baile De Primavera escrita por Mariyas2


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Na última aula de escrita criativa a professora deu para cada um uma pergunta e nós deveríamos fazer um conto, uma crônica ou um poesia sobre ela. E já que eu não sou boa nos dois últimos...

"Vamos dançar?"



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Ela estava sentada, num canto, sozinha. Não conversava, não comia, não se mexia. O vestido enfeitava seu corpo, tão belo e simples com o céu azul. Os óculos grandes e feios foram substituídos por lentes de contato que deixavam a vista seus olhos também azuis. O cabelo escuro como a noite não estava num rabo-de-cavalo desajeitado nem escondendo o rosto, mas, sim, caindo pelas costas com suaves ondas no fim (graças aos esforços da mãe). Os lábios sem cor adquiriram um leve tom de rosa.

Senti meu coração pular no peito. Mesmo seu “eu” usual e desajeitado fazia isso comigo e agora, ali estava ela, como um anjo que veio iluminar este baile.

- E aí, cara?! Tudo beleza? – perguntou um amigo meu e antes que eu pudesse desviar o olhar, ele percebeu o que eu estivera observando.

- Wow! Aquela é a monstrenga? Nossa, ela até parece gente!

- Não deveria tratá-la desse jeito – resmunguei, sendo imediatamente ignorado.

- Até que ela é gostosa... Mas esse vestido... Que tal deixa-lo mais bonito? – perguntou ele, balançando o copo com algo irreconhecível dentro, obviamente planejando jogar nela.

- Cara, deixa ela em paz.

- Por quê? Pera... Será que... Você gosta da monstrenga?!

- O que? Não, claro que não.

- Tem razão. Quem em sã consciência gostaria de uma quatro olhos chata e feia que nem ela?

Suspirei. Não tinha sentido continuar com essa conversa, então fui até o jardim. Ainda dava para ouvir a música tocando ao longe e o barulho das conversas. Sentei no início da escada e fiquei olhando a noite. Não sei quanto tempo passou até que ouvi risadas atrás de mim.

- Ei, volta aqui! – Reconheci a voz do meu amigo misturado a outros risos masculinos, então me virei e congelei ao ver a cena. Merda! O que esse idiota tem na cabeça?!

Ela descia a escada o mais rápido que o pequeno salto permitia. O vestido molhado atrapalhava os movimentos e os olhos quase transbordando de lágrimas prejudicava a visão, fazendo com que ela quase caísse várias vezes, até que tropeçou num pedaço do piso que estava fora do lugar e finalmente caiu. Ele chegou perto dela, a pegou pelo pulso e puxou para cima, levantando ela.

- Me larga... – ela reclamou, tentando fugir, esforço o qual foi totalmente inútil.

- Cara, larga ela – eu disse, ficando entre os dois.

- Qual é?! A gente tá só se divertindo um pouco – respondeu, mas soltou o braço dela. – Quer se juntar a nós?

- Não. – E então percebi que ele estava bêbado, o que não era novidade afinal ele passa 50% do tempo dele assim.

- Não seja estraga prazeres. Olha, ela já tá quase chorando. – E era verdade. Seu corpo tremia atrás de mim e ela não parecia capaz de fugir sozinha.

- Eu sei. É por isso que você vai parar agora.

Ah, agora ele se irritou. Ele segurou minha camisa pelo colarinho e falou, quase rosnando:

- Qual é o seu problema hoje? Por que tá defendendo essa vadia?

- Ela não é vadia.

- Temos até o fim da noite para descobrir isso – ele disse, sorrindo, um segundo antes de eu enfiar um soco na cara dele. Ele se desequilibrou e caiu, então aproveitei para puxá-la pelo pulso e correr.

Corremos uns 20 metros até chegarmos ao início da floresta, atrás do salão. Levamos alguns segundos para recuperar o fôlego.

- Por que me ajudou? – perguntou ela com a voz fraca. As lágrimas já não ameaçavam cair e o rosto dela estava corado devido à corrida.

- Hmm... Eu... É... Porque não é justo o que aconteceu com você.

- E por que demorou tanto para responder?

“Porque eu quase deixei escapar que gosto de você” pensei, mas não falei nada. Ela se irritou e começou a ir embora, mas segurei seu braço.

- O que foi? Você acha que pode bancar o herói? “Ah, coitadinha, vou ajudá-la e então todos pensarão que eu sou um cara legal”! Por que vocês não me deixam em paz?!

- Do que você está falando?

- Me solta! – gritou, tentando ir embora.

- Não.

Ela ficou me encarando, mas desistiu de lutar, então esperei que ela se acalmasse.

- Quer que eu te leve para casa?

- Por que faria isso?

- É perigoso ir sozinha nessa hora da noite.

- E por que está preocupado?

- Porque eu gosto de você.

Não foi minha intenção dizer aquilo. Simplesmente... saiu. Quando percebi já era tarde demais. Ela me olhava chocada.

- O-o que você... Mas... Eu... Qual é o seu problema?! Você não pode brincar com os sentimentos das pessoas desse jeito!

- O que?

- Só porque eu gosto de você não significa que você pode sair por ai fazendo piadas!

Eu parei de ouvir depois “eu gosto de você”. Puxei seu braço, que eu estivera o tempo todo segurando, deixando seu corpo junto ao meu, e a beijei.

Quando a soltei, ela me olhou confusa.

- Não era uma piada. Eu realmente gosto de você.

Ela ficou com o rosto totalmente corado e foi ai que tive uma ideia. Liguei meu iPod, que eu havia colocado no bolso do paletó antes de sair de casa, coloquei-o no chão perto de uma árvore e deixei que Far Away (Nickelback) preenchesse o ar.

- Isso é um baile, então... Vamos dançar?


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Notas finais do capítulo

O que acharam?
O que vocês escreveriam se tivessem recebido esse tema?
*-*