Find Me and Stay [Hiato] escrita por soulsbee


Capítulo 9
A vida muda em poucos segundos...


Notas iniciais do capítulo

É interessante como um dia que estava sendo ótimo, pode ficar ruim e depois voltar a ficar bom, mas, novamente voltar a ficar terrivel e nos assustar com tudo o que está acontecendo a sua volta...



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                Chegamos na escola pouco tempo depois . Claire passou o caminho todo dormindo com a cabeça em meu ombro, estava exausta por conta da noite ‘agitada’ de ontem e foi necessário que eu a acordasse. Ela ficou um pouco nervosa no inicio, resmungou coisas sem sentido, – confesso que foi engraçado -, mas, depois seu humor foi ficando normal.

                Nosso professor pediu para que nós esperássemos no ônibus, pois queria falar conosco.  Demorou um pouco para saber do que realmente se tratava. Ficamos tensos no inicio, mas relaxamos ao saber que ele só queria discutir sobre nossas notas... Foi estranho e, uma parte de mim dizia que não era só aquilo. E, certamente, deveria ter ficado calado. Ele pediu para que Claire se retirasse para ter um assunto sério comigo. Ela ficou indecisa no inicio e não saiu do meu lado, mas acabou cedendo e saiu do ônibus.

                Não demorou muito para o interrogatório começar e as acusações surgirem desse assunto. O senhor Thompson queria saber onde  estive na noite anterior, o que eu estava fazendo e coisas do gênero. Claro que inventei qualquer coisa como “eu estava observando o local” e “estive com vocês o tempo todo” e consegui convencê-lo, com muita dificuldade, de que eu não aprontei nada, mas ele disse que se descobrisse algo que me colocasse naquela casa onde Megan se assustou, eu seria suspenso e ‘pagaria’ por meus erros... Dramático.

                Sai do ônibus em direção ao meu carro como se nada tivesse acontecido, afinal, se quisesse ser convincente sobre a mentira que contei, deveria atuar muito bem e fingir que realmente era verdade e que aquelas perguntas não me perturbaram. Claire conseguiu notar uma pequena diferença no meu humor que a fez perguntar-me, mais tarde no carro, o que tínhamos conversado.

                Expliquei a ela sobre o interrogatório e a ‘ameaça’ deixando-a um pouco apavorada com nossa atitude, mas disse que ficaria ninguém iria descobrir, pois apenas Peter e ela sabiam sobre aquilo e eu tinha extrema confiança nos dois. Alias, eu colocaria minha mão no fogo por qualquer um deles e enfrentaria tudo e todos se fosse preciso.

                Deixei-a na frente de seu prédio e nos despedimos com um breve selinho que virou um longo e carinhoso beijo interrompido pelo barulho do carro de seu pai.

                Segui de volta para minha casa feliz com tudo o que tinha acontecido e com nossa maior aproximação, era bom “tê-la”, já que sempre a desejei desde que a conheci, entretanto, demorou para que realmente soubesse meus reais sentimentos por ela... E, talvez esse tenha sido o motivo também de eu tê-la zoado por algum tempo... Mas não era por mal, apenas queria chamar sua atenção e fazia isso do jeito errado... Tanto é que ela me odiou...

                Subi para o meu quarto sem olhar na cara dos meus pais, não queria vê-los nem ter que dizer nada, queria apenas me livrar de todo aquele pesadelo de ir para o Oregon e me afastar dela...

                Meu pai seguiu-me até meu quarto e parou na porta, ele tentou ser gentil e começou com algumas perguntas sobre “como foi ontem? Foi legal?”  na tentativa de amaciar o terreno antes de jogar a bomba... E não demorou muito para ele dizer que eu iria para o Oregon com ele...  Tentei ser calmo ao explicar que não iria com ele para lá, mas ele não quis nem, ao menos, me ouvir. Sua voz ficou alterada, seu nervosismo era evidente uma vez que a veia de sua testa estava pulsando. Ele começou a gritar comigo e dizer que quem mandava lá era ele e que eu iria fazer tudo o que ele quisesse e que o menor deslize na escola e eu iria imediatamente com ele para o novo estado e etc...

                Sai do meu quarto passando por ele na maior agressividade e deixei-o falando sozinho. Novamente ele gritou comigo dizendo para nunca dar as costas a ele, mas eu já estava fechando a porta de casa. Ouvi minha mãe começar uma forte discussão com ele sobre mim. Andei até a garagem e peguei minha bicicleta e segui para qualquer lugar. Não queria saber do meu carro, não queria saber de nada que era dele. Estava furioso com toda aquela situação.

                Passei muito tempo pedalando para um lugar longe da minha casa ouvindo uma playlist aleatória do meu celular. Observei toda a paisagem que me cercava... Casas de dois andares, prédios, algumas poucas praças cobertas com o resto de granizo que caiu durante a noite, varias arvores sem folhas...  Até  perceber estar parado na frente do prédio de Claire observando pela janela com a esperança de vê-la ali.

                Subi até o andar que ela morava, suspirei algumas vezes antes de bater em sua porta. Demorou um pouco para que ela atendesse e foi impossível não notar uma surpresa em sua voz.

                - Dean?

                - Desculpe estar aqui a essa hora... É que... não consegui ficar em casa... – Murmurei. – Quem é? – Perguntei ao ver um bebe no colo dela.

                - É minha... Irmã... – Suspirou profundamente. – Ela só tem seis meses... – Completou.

                - Que legal! Mas não parece sua irmã... – Observei ao ver o bebe de cabelos loiros bem claros e olhos verdes médio que combinavam perfeitamente com suas bochechas levemente rosadas e pele branca, mas não tão pálida quanto a de Claire.

                - Por que não? – Perguntou com uma interrogação imaginaria no topo de sua cabeça.

                - Porque ela é loira... E você... – Disse olhando para seus cabelos negros.

                - É tinta – Revirou os olhos.

                - Sério? – Perguntei chocado. Eles pareciam ter nascido com ela, pois eram tão vivos e sedosos e, normalmente... quando se pinta, eles ficam ressecados.

                - Sim, mas não te culpo, pois quando você me conheceu eu já havia pintado – Deu de ombros e convidou-me para entrar. - Meu pai não está... – Murmurou e sentou-se no sofá com sua irmã no colo.

                - ótimo, ele não deve gostar muito de mim... – Suspirei ao lembrar-me do olhar que ele me lançou ao ver sua filha saindo do meu carro. Ainda bem que ele não viu o beijo...

                - Ele só precisa te conhecer...

                - Não sei... Qual é o nome dela?  - Perguntei tentando mudar de assunto.

                - Emma.

                - Legal.

                - Não. Ela chora muito – Revirou os olhos enquanto, com dificuldades, tentava aninhá-la em seu colo e, por conta da falta de jeito, sua irmã começou a chorar incontrolavelmente deixando Claire extremamente sem jeito, nervosa e maluca.  – Para, por favor... – Disse diversas vezes  em um tom de suplica enquanto balançava o bebe no colo. Comecei a rir daquela cena hilária e senti ser fuzilado com o olhar.

                - Não é assim que se faz! – Disse entre gargalhadas.

                - Você não tem irmão mais novo, não sabe como é. Calado! – Disse furiosa enquanto tentava incansavelmente fazer sua irmã parar de chorar.

                - Sua infeliz, não preciso de irmãos para saber que você não esta fazendo isso direito! – Respondi ainda rindo, mas me controlei e abri os braços pedindo para segurar o bebe.

                - Você não vai encostar nela, animal!

                - Pare de ser chata! – Aproximei-me mais dela até ela desistir e entregar sua irmã para mim.

                Peguei-a delicadamente no colo e aninhei-a em meus braços com cuidado balançando-a lentamente e sussurrando uma canção de ninar acalmando-a rapidamente e fazendo-a parar de chorar em segundos. Ela olhou-me profundamente com seus pequenos olhos verdes e abriu um largo sorriso. Coloquei meu indicador cuidadosamente sobre sua barriga e comecei a fazer-lhe cócegas. Sua risada ecoou pelo cômodo inteiro e foi impossível não rir junto.

                Observei Claire olhar para mim indignada com a cena e maravilhada ao mesmo tempo, seus olhos azuis penetrantes estavam brilhando e um pequeno sorriso no canto do lábio. Percebi que ela estava viajando um pouco então disse uma coisa qualquer que a trouxesse de volta para a terra.

                - Viu só?

                - Como você fez isso? – Perguntou exasperada. – Você leva jeito  com isso... – Completou após observar meu cuidado. – E fica lindo assim... – Disse com o rosto corado.

                - Obrigado... – Olhei para ela e observei-a corar mais ainda.

                - Vai dar um bom pai.

                - É, pelo menos um dos pais tem que saber lidar com bebes. – Fiz essa pequena observação e reparei-a ficar ainda mais corada, acho que ela entendeu uma pequena indireta que eu não queria ter jogado, mas fiquei satisfeito ao ter feito. – Seu pai disse alguma coisa? – Perguntei mudando de assunto rapidamente.

                - Não, só queria saber o que eu estava fazendo com você dentro de um carro... E eu expliquei que você tinha me dado uma carona, nada demais – Deu de ombros com sua explicação como se tivesse apenas acontecido aquilo.

                - Interessante...

                - Mas, porque você está aqui? – Perguntou curiosa. Ela ainda me observava cuidando de sua irmã com cuidado.

                - Problemas... – Suspirei profundamente lembrando-me do ocorrido.

                - Que tipo?

                - Meu pai... – Mal comecei a contar a história e ouvi o barulho da porta da casa dela se abrindo. Fiquei completamente apavorado, seu pai não poderia me ver ali, o porque eu não sei, apenas sei que ele não poderia, porque ele não ia muito com a minha cara desde aquele acidente de bicicleta.

                - Claire! – Sussurrei desesperado.

                - Atrás da porta! – Sussurrou de volta e pegou sua irmã as pressas.

                - Mas ele vai me ver!

                - Faça o que estou mandando, você vai entender!

                Fiz o que ela mandou e escondi-me atrás da porta. Quando ela foi aberta, senti meu coração parar por um momento. Seu pai deu alguns passos lentos para dentro e virou-se  15 graus antes de ser interrompido por Claire que entregara-lhe sua filha mais nova. Ele abriu um largo sorriso e deu-lhe um beijo na testa. Depois, deu mais alguns passos até próximo ao sofá sem olhar para trás. Percebi minha deixa para cair fora dali sem ser visto. Foi o que fiz. Andei sorrateiramente para o lado de fora do apartamento e lancei um olhar de despedidas para Claire que segurou uma risada mordendo seu lábio inferior.

                Voltei para minha casa sorrindo igual um retardado, porque pouco tempo com ela já era o suficiente para me fazer feliz pelo resto do dia e sabia que nada seria capaz de estragar esse momento. Bem, claro que existiam coisas que me faziam triste instantaneamente como meu pai me obrigando a ir para o Oregon ou coisas do gênero, mas ele não iria me ver mais pelo resto dessa noite. Afinal, decidi que iria dormir no carro e foi o que fiz.

                Dia seguinte, acordei e dirigi direto para a escola sem tomar banho ou trocar de roupa. Mas, com toda certeza, deveria ter, pelo menos, posto outra camisa, afinal, eu estava usando essa pelo terceiro dia seguido e além de amarrotada ela estava suja e com um odor desagradável que acobertei com um pouco do meu perfume favorito que estava no porta-luvas.

                Cheguei cedo na escola, sozinho e me deparei com Peter ficando com Megan em um canto afastado. Foi impossível não ficar indignado e surpreso com aquilo. Os dois estavam quase se comendo aos beijos. “Tudo bem, isso está estranho”  revirei os olhos e estacionei no lugar de sempre. Peguei minha mochila e fui para o refeitório esperar Claire ali, entretanto, pouco tempo depois de chegar lá, o professor Thompson surgiu com um olhar revoltado e chamou-me até a direção.

                - O que eu te falei, garoto? – Perguntou furioso enquanto me levava até a sala do diretor.

                - O que eu fiz? – Perguntei tentando manter minha voz em um tom calmo.

                - Qualquer coisa que te colocasse lá e você iria se ferrar! – Gritou comigo. – Consegui provas para te incriminar, Dean.  – Completou antes de me colocar frente a frente com o diretor.

                - Como é? – Perguntei com os olhos arregalados. Como descobriram? Ah cara, era o que bastava para eu me ferrar...


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Notas finais do capítulo

É isso, agora o Dean se ferrou, o Oregon está cada vez mais perto e não para por ai...



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