Forever & Ever escrita por soulsbee


Capítulo 5
Sombras do passado


Notas iniciais do capítulo

Não importa quantas vezes você tenta fugir, se ainda existe alguma pendencia na sua vida, tenha a certeza de que ela não ira desaparecer enquanto você não confronta-la. Porque o que separa cada um é a maneira como se lida com os problemas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/351591/chapter/5

Fui acordada por terríveis gritos incompreensíveis durante a madrugada. Tentei decifra-los, mas minha mente não estava funcionando direito, ainda.

A lua no topo do céu, ao lado de milhares de estrelas, iluminava um pouco, pois as arvores bloqueavam a maior parte da luz, mas aquilo já foi o suficiente. Olhei a minha volta, ainda atordoada por ter sido acordada de uma maneira tão abrupta, e congelei ao notar que estava no meio de uma floresta com um grupo de pessoas ao longe.

Procurei desesperadamente ver a localização dos gritos, mas era impossível, eles vinha de todas as partes de uma maneira ensurdecedora e assustadora.

– Fique aqui! – Ouvi alguém dizer para mim. Olhei para traz, porem, era tarde demais, essa pessoa já havia desaparecido, mas sua voz familiar parecia ter sido cravada em minha mente.

Levantei-me com dificuldades, meu tênis havia escorregado em algumas folhas caídas, mas logo me estabilizei com a ajuda de uma arvore que serviu também de esconderijo para observar o que estava acontecendo.

Poderia ser um urso que invadiu o acampamento, ou algum outro bicho, talvez até mesmo uma invasão de baratas, o que explicaria várias garotas gritando enlouquecidamente, mas não era nada do gênero, não era nada tão bobo assim. Era muito pior.

Vi um casal de colegas da minha escola no chão, se debatendo e gritando, tentando afastar alguém deles. O garoto se levantou apressadamente, cambaleando para trás, meio zonzo e com as costas sujas de terra e sangue. Ele tentou acertar alguma coisa, mas logo foi jogado ao chão, gemendo de dor.

Em questão de segundos, ele foi atingido por uma pessoa vestindo uma roupa totalmente preta com uma touca que cobria a maior parte de seu rosto. Não dava para ver direito, apenas que ele ou ela, seja lá o que ou quem era, segurava em suas mãos um pedaço de madeira que utilizara para acertar o rosto do jovem.

Mesmo inconsciente, ele continuou batendo nele impiedosamente até ter certeza de que ele estava morto. Mas, enquanto ele exterminava aquele garoto, a menina que estava ao seu lado gritava inconsolavelmente, apavorada e tentando fugir dali, mas seus pés estavam presos em algum lugar que não conseguia ver direito.

Aproximei-me ainda mais dali, tomando cuidado para não fazer barulho. Queria ajuda-los, correr em sua direção e tentar salvar pelo menos ela, mas sabia que poderia e iria ter o mesmo fim que ele se assim o fizesse.

Agachando entre algumas arvores e usando os arbustos para me camuflar, notei que a garota estava com uma perna quebrada, explicando o porquê ela não conseguia sair dali.

Quando o assassino girou em sua direção com uma risada mortal, ela jogou alguns cascalhos em sua direção, afastando-o milímetros de seu corpo. Ela pareceu lançar um olhar em minha direção e pareceu que ela havia me visto ali, mas não conseguiu pronunciar nada, pois, imerso em raiva, ele acertou sua cabeça com aquela tora da mesma maneira que um jogador de basebol acerta a bola que vem em sua direção.

Os gritos cessaram e eu sabia que havia acabado. Era como se nada jamais tivesse acontecido ali, como se ninguém nunca tivesse gritado por socorro. Todo o esforço deles foi em vão. Mas a morte... Foi rápida depois de todo seu pânico.

Não conseguia mais tirar da cabeça os olhos daquela garota, foram questão de milésimos de segundo, mas aquilo penetrou minha alma e agora me lembrava de como seu olhar de suplica se focou no meu por um breve instante, como se ela, sem forças, implorasse pela minha ajuda.

Coloquei as mãos em minha boca tentando segurar um grito que estava se formando dentro de mim. Afastei-me lentamente dali, tomando cuidado para não escorregar com as folhas secas daquele sereno, mas não ajudou muito. Meu pé direito bateu em uma grande raiz, fazendo-me perder o equilíbrio e cair sobre aquelas folhas, criando um barulho alto o suficiente para chamar a atenção do assassino que, rapidamente, surgiu a minha frente, dessa vez, com uma faca na mão.

Seus olhos eram a única parte descoberta de seu rosto, a única parte que a touca de esquiar não cobria, e eles focaram-se nos meus por um longo momento que o fez recuar. Essa foi à brecha que encontrei para me levantar e sair de perto dele correndo floresta adentra.

– Hayley! – Ouvi me chamarem ao longe.

– Me ajude! – Pedi em choque, correndo em meio a milhares de arvores, sentindo meu braço ser cortado por alguns galhos durante o caminho.

– Hayley! – A voz se aproximou e logo senti meu braço ser puxado com tudo. Olhei de relance, puxando-o de volta para voltar a correr, quando notei Jared apavorado, ofegante e sujo.

Ele então desapareceu da minha frente, como um fantasma, foi à sensação mais estranha que já tive na vida até aquele momento.

Então pude ver o assassino caminhando lentamente até mim, com uma risada maléfica, aproveitando-se do meu pavor com prazer, degustando de cada momento. Tentei voltar a correr, mas não consegui, meu pé estava sendo preso no chão por uma raiz enorme.

Não sabia como havia parado ali, eu estava correndo para longe quando Jared me segurou e desapareceu como um fantasma. Foi desde então que não consegui mais me mover. Nada fazia sentido, era incoerente.

Aquele monstro parou a minha frente, a centímetros do meu rosto, ele tirou a touca de esqui, mas deixou o capuz de sua longa roupa negra ainda o cobrindo. Não precisava mais de muito, aquele pouco foi o suficiente para ver com clareza quem era e a revelação foi a mais dolorosa de todas.

– Robert... – Sussurrei o nome de meu melhor amigo, imersa em choque, ao ver que ele era o responsável por isso tudo.

De repente, toda aquela cena desapareceu da minha frente de uma maneira dolorosa. Era como se tivessem acendido milhões de holofotes a minha frente quando eu estava em um terrível breu. Foi como acordar de um pesadelo e era exatamente o que acabara de acontecer.

A floresta e a grama embaixo de mim se transformou em meu colchão e as arvores nas quatro paredes do quarto. A lua se tornou a fraca luz no teto e Robert... Bom, ele era o mesmo.

– O que aconteceu? – Indaguei confusa sentindo minha cabeça rodar.

– Você estava gritando então eu vim até aqui para te acordar, porque vi que era um pesadelo... Você tinha aberto os olhos, mas não tinha acordado... – Explicou tentando me acalmar. – Era tipo uma alucinação – Completou.

– Assassino... – Sussurrei nauseada.

– O que? – perguntou pasmo.

– Você era o assassino... – Ao fazer essa afirmação, Robert pareceu congelar a minha frente, como se não acreditasse no que estava ouvindo. – Desculpe – Disse rapidamente. – Minhas lembranças daquele dia ainda estão misturadas... – De fato, estavam, mas sua reação foi inesperada.

– Relaxe e tente dormir – Disse ainda com um olhar vazio soltando um longo suspiro. – Sabia que Jared faria mal a você...

– Não vou dormir! – Respondi rapidamente. Tinha medo do pesadelo voltar e eu relembrar, mais uma vez, da cena em que eles morriam naquele maldito dia.

– Vou ficar aqui... Com você... – Sussurrou em um tom sutil.

Abracei-o com força e encostei meu rosto em seu peito fazendo-o de travesseiro. Seu cheiro me fez sorrir, por um breve momento. Ele passou os braços ao meu redor e apoiou a cabeça em meu ombro.

Fechei os olhos e tentei descansar, deixar aqueles pensamentos saírem de minha mente, mas tinha muito medo deles voltarem com tudo e eu ser arrastada de volta para aquele terror. Robert estava servindo como um porto seguro, mas, uma parte de mim estava com medo, medo daquele sonho se tornar uma triste realidade. Medo de ver que quem destruiu minha vida sempre esteve ao meu lado.

Infelizmente eu acabei dormindo algum tempo depois daquele ocorrido, mas, felizmente foi tranquilo assim como todo o resto na manhã seguinte. Robert fez o nosso café da manha daquele jeito único que só ele sabia fazer e depois ficamos rodando os canais, morrendo de tedio porque não queríamos jogar e porque não havia nada de bom passando, até que resolvermos largar em um canal de musica onde estava tocando uma música que gostávamos.

Porém, no final da tarde, ele disse que precisava ir até a praia fazer uma ligação urgente, porque seu celular não estava pegando sinal dentro de casa. Foi estranho, pois o meu funcionava perfeitamente dali, alias, ali era um dos poucos pontos onde funcionava bem, mas não me atentei em detalhes.

Estava curtindo o som que estava ouvindo quando a porta de casa bateu com uma força tremenda. Lancei um rápido olhar para lá e não vi ninguém, então o barulho se repetiu na cozinha.

Levantei do sofá meio apreensiva, queria meu taco de basebol aqui, mas não o tinha, o que me fez rezar em silencio para que não fosse nenhum assaltante ou qualquer outra coisa que vive me perseguindo.

Ao chegar naquele recinto, não vi nada além das panelas penduradas, balançando com a forte brisa do vento que entrava pela janela. Porém, era cedo demais para concluir qualquer coisa que fosse.

O barulho da porta e da cozinha poderia ser devido ao vento, mas, com toda certeza, passos pesados na escada de madeira não era o vento.

Ainda com medo, subi as escadas silenciosamente, ouvindo apenas o primeiro degrau ranger sob meus pés. No topo, não encontrei nada. Estava vazio e silencioso, exceto pela porta do meu quarto se mexendo.

Em passos curtos, parei em sua porta e fitei-o perplexa com o que encontrara. Foi assustador ver uma densa neblina cobrindo o recinto por completo e me deparar com paredes negras manchadas de sangue, a cama fora do lugar, às portas do guarda roupas abertas. Mas, o mais assustador ali foi ver uma mulher de branco, a mesma que me persegue desde os meus quatro anos.

Sai daquele lugar às pressas, descendo as escadas e quase caindo no final dela. Cheguei à porta apavorada, vendo-a surgir no topo da escada e flutuar na minha direção. Por mais que eu tentasse abrir a porta, ela não se movia, estava trancada. Lembrei-me da janela escancarada da cozinha, o que me fez voar para lá, porem ao me aproximar dela, aquele espirito trancou-a com toda sua força. Fiquei encurralada no canto da parede, agachada com as mãos nos meus ouvidos, pois um zumbido ensurdecedor começou a tocar conta do local.

– Você está bem? – Alguém ao meu lado perguntou, fazendo-me dar um salto para o lado após, instintivamente, socar a direção de onde a voz surgiu.

Senti atingir algo meio rígido, mas que cambaleou para trás com o toque.

– Caramba, você bate forte! – Resmungou Jared. Senti um alivio momentâneo ao vê-lo ali, mas entrei em pavor ao me lembrar que Robert dissera que iria embora se o visse conversando comigo mais uma vez.

A mulher de branco desapareceu e ouvi o barulho da porta sendo destrancada, nesse momento, sabia que era Robert chegando e sabia que ele iria surtar ao ver Jared ali, afinal, tive aquele pesadelo horrível depois que o vi e, durante a noite, quando estava quase inconsciente dormindo, ele disse algo como “Se ele aparecer aqui mais uma vez e você conversar com ele... Eu vou embora e você fica com ele, já que ele pode te proteger melhor do que eu”.

– O que ele está fazendo aqui?! – Indagou furioso. O inevitável havia se tornado real.

– Vai com calma – Jared disse.

– Some daqui! – Ordenou. Os dois se fuzilaram com o olhar e estavam prestes a se atacar quando pedi:

– Vá embora...

Jared, de muito mau gosto, viu que não era hora para discutirmos em relação a nada. Enquanto marchava para fora da casa, pela porta da frente que, outrora esteve trancada, ele esbarrou em Robert fazendo o garoto ranger os dentes em ódio.

– Eu disse que iria embora se você conversasse com ele! – Robert me encarou intensamente antes de subir nervoso para o quarto.

O segui tentando explicar o que aconteceu, não iria correr atrás dele, afinal, nunca corri atrás de ninguém, mas eu merecia uma chance de explicar que merda tinha acabado de acontecer ali e não o deixaria sair enquanto eu não tivesse essa oportunidade.

Ele entrou em seu quarto e jogou suas roupas em uma mala. Meus olhos se encheram de lagrimas e meu coração começou a doer. Ele era meu amigo, assim como Jared, Deus eles não poderia viver em paz nunca mais?

Ele passou por mim com sua mala e desceu as escadas, parando logo na porta pela qual entrara e vira aquela cena que estragara tudo. Eu não caminhei mais, fiquei parada no final da escada com os olhos marejados não acreditando no que estava vendo. Ele realmente ia embora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, não deixem de comentar ^^



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Forever & Ever" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.