Between Heaven And Hell escrita por Ariany


Capítulo 27
Capítulo 23 - Eternidade




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POV Elena

Coisas estranhas acontecessem e você obviamente estará sempre submetido a elas.

Nunca fui muito de contestar as decisões do destino, mas ali estava algo que eu sentia que não deveria acontecer. Imagens confusas rodeavam a minha mente, revelando um rosto no qual eu logo me afeiçoei, mas rapidamente ele sumia e várias sequências de outras caras e paisagens tomavam seu lugar. Era como se eu tivesse sonhado que vivia outra vida onde até anjos existiam. De repente toda minha mente ficou em branco, porém aquele rosto com expressivos olhos verdes como folhas de outono não desapareceu.

Enquanto forçava para tentar lembrar o resto do tal sonho, meu cérebro me despertou consciente até de mais dos sons que ecoavam ao meu redor.

– Vamos Elena! Chegaremos atrasadas desse jeito. – Uma voz conhecida me cutucava enquanto eu cobria a cabeça com o travesseiro ainda meio acordada, meio dormindo. – Levanta garota!

Meus olhos relutantemente se abriram e vi cachos castanhos pairando sobre mim.

– Bonnie. – Murmurei com a voz embargada de sono, mas na verdade o som se assemelhava a voz de quem tinha passado a noite chorando.

– Sai logo dessa cama ou nos atrasaremos muito.

– Aonde nós vamos? – Perguntei confusa esfregando os olhos e Bonnie deu uma risada estranha.

– Como assim aonde nós vamos? Hoje é o primeiro dia de aula do semestre da faculdade, esqueceu?

Puxei o cobertor para o lado enquanto eu me sentava na cama com o pensamento atordoado e totalmente bagunçado. A sensação era que alguém tinha mexido em meu cérebro como se mexesse com aqueles brinquedos infantis de encaixar. Eu não conseguia me lembrar do que tinha feito na noite anterior e muito menos que dia era hoje.

– Estou na sua casa? – Perguntei confusa.

– Sim. – Bonnie respondeu hesitante e me olhando como se eu estivesse ficando doida. – Você apareceu ontem de noite e perguntou se poderia dormir aqui. Aliás, de onde você veio? Parece que você está em uma ressaca daquelas...

– Eu não consigo me lembrar. – Passei as mãos no cabelo. – É como se a noite passada e o resto da minha vida toda fossem um borrão.

– Wow! Você deve ter bebido algo muito forte para ter acordado assim, mas nada que um bom banho quente não resolva. – Bonnie puxou meu braço me fazendo ficar de pé, me empurrou em direção ao banheiro de seu quarto e colocou uma toalha e xampu em minhas mãos. – Ande, temos pouco tempo para você ficar linda para Matt.

Além do mais, tem Bonnie e Matt. Eles sofreriam muito com a sua perca.

Essa frase ecoou em minha mente ao ouvir o nome do garoto, me fazendo parar imediatamente.

– Você disse algo? – Questionei.

– Eu não. – Bonnie respondeu.

Sacudindo a cabeça, entrei no banheiro decidida a ter um banho rápido, mas que me relaxasse e ajudasse a clarear minha mente.

**

Depois de alguns minutos de banho e mais alguns para poder me arrumar e tomar um café rápido, tentei forçar meu cérebro a se lembrar, mas só vinha lembranças essenciais, do tipo

1 - Sou Elena Petrova Gilbert;

2 - moro na Maple Street;

3 - faço faculdade de publicidade;

4 - meus melhores amigos são Bonnie, Matt e... e... não conseguia lembrar da outra pessoa;

5 - eu tinha pais e uma irmã, mas recordar deles me trazia uma angustia e eu não sabia onde eles estavam;

6 – aparentemente não tinha namorado, porém o rosto com olhos verdes apareceu instantaneamente em minha memória e uma pontada aguda de dor atingiu minha cabeça e um aperto triste dominou meu coração me impossibilitando de prosseguir com o pensamento.

Ok, talvez fosse melhor parar por enquanto.

Desci com Bonnie e entramos em seu carro para irmos para a faculdade.

– Eu espero que Rebekah te deixe em paz esse ano. – Bonnie começou com o seu confortante tagarelamento sem sentido. – Sinceramente, como pode um ser tão desprezível como aquele ter o rosto de um calmo anjo loiro?

Anjo loiro?

E como se fosse uma palavra mágica, a imagem de um rosto feminino e delicado se formou em minha mente, mas logo desapareceu com outra pontada de dor. Fiz uma careta enquanto alisava a testa.

– O que você tem? – Minha amiga perguntou parecendo estar preocupada

– A minha mente está uma bagunça, sem contar que minha cabeça está explodindo.

– Quer que eu pare de falar? – Ela me olhou rapidamente antes de voltar a olhar a estrada.

– Oh não, continue! Seu tagarelamento me relaxa.

Bonnie soltou sua habitual risada muda e continuou conversando.

– Sabe, eu acho que você deveria dar uma chance a Matt.

– Bonnie, ele é só um amigo. Você sabe disso. – Respondi revirando os olhos.

– E você quer algo melhor do que isso? – Ela arqueou sua sobrancelha de forma inquisitiva.

– Olhe, eu não o amo assim e justamente por isso não posso fazer isso com ele. Além do mais... – Parei de falar enquanto um “Eu te amo, lembre-se disso” ecoou em meu crânio. – Acho que estou gostando de alguém.

– Quem? – Bonnie perguntou afoita.

– Não adianta eu te explicar, você não o conhece.

Na verdade, nem eu sei quem é” Tive vontade de completar minha resposta.

– Elena Gilbert e seus mistérios. Desde ontem que você está estranha desse jeito.

– Eu não estou estranha, eu só estou confusa. – Me defendi.

– Certo então. Quais as expectativas para esse semestre, senhorita confusa?

– Na verdade Bonnie, eu só ando querendo que o dia termine bem.

– Isso é uma letra de uma música.

Eu ri.

– É, deve ser.

Percorremos o resto do trajeto em silêncio e enquanto Bonnie manobrava o carro no estacionamento, eu procurava meu cartão de entrada da faculdade em minha bolsa, porém não achei.

– Ah merda. – Resmunguei.

– O que houve?

– Meu cartão.

– Não me diga que você o esqueceu?

– Ele deve estar em outra bolsa. Escute, vá entrando e eu vou lá em casa rápido e pego. Em dez minutos eu estou de volta.

– Você não quer ir no meu carro?

– Não, pois provavelmente eu não iria achar um lugar para estacionar na minha rua. Hoje é o dia daquela feirinha lá perto.

– Ah sim. Vou te esperar aqui então.

– Não! Não precisa! Entre e guarde um lugar para mim, ok? – Respondi saindo do carro e caminhando em passos largos, em direção oposta a faculdade.

Sorte sua morar próximo a faculdade, Elena ” minha consciência me repreendeu. Tentando atalhar o caminho, decidi passar por uma rua que eu pouco passava. As casas eram em um estilo antigo e me lembrava das casas italianas que eu tinha visto uma vez em um site. O local era tranquilo e só havia um homem lavando seu carro em sua porta. Ele era alto, aparentemente forte e seus cabelos escuros se agitavam e brilhavam por causa do vento e do sol forte que fazia naquele dia. Assim que passei em sua calçada, ele se virou e me deu um breve sorriso, mas eu tinha a certeza que conhecia aquele rosto. Seus olhos eram azul claro e me fitavam divertidos. Dei um breve aceno com a cabeça enquanto sentia minhas bochechas corarem e continuei andando, porém a ideia de que eu já o conhecia não saiu de minha cabeça e como em um flash, seu nome surgiu em minha mente: Damon Salvatore. Parei de repente na calçada virando para olhá-lo novamente e tive o vislumbre de seu sorriso mais aberto dessa vez, porém alguém esbarrou em mim me fazendo olhar para frente novamente.

– Me desculpe. – Murmurei levantando o rosto para ver em quem tinha esbarrado.

Olhos verdes como folhas caídas de outono e intensos me fitavam com diversão e curiosidade. Senti minha boca se escancarar naquele momento.

– Não tem problema. – Sua voz doce e firme penetrou em meus ouvidos. – Você está bem? – Ele perguntou gentil.

– Não... É... Quero dizer, sim. – Gaguejei ainda o encarando presa em seu olhar.

Ele abriu espaço para que eu passasse e continuasse o meu caminho e enquanto eu andava a diante, uma imagem atingiu em cheio minha mente: aquele era o cara com quem eu havia sonhado a noite toda. Virei-me novamente em sua direção. Ele ainda estava parado, me observando.

– Desculpe, mas eu te conheço de algum lugar, não é? – Questionei.

– Quem sabe. – Sua resposta foi curta.

– Qual é o seu nome?

– Stefan. Stefan Salvatore.

Um clarão doloroso e insuportável rompeu minha mente e um grito de dor ecoou alto em meus ouvidos enquanto eu sentia meus joelhos tocarem o chão.

“ - Eu escolho que Elena continue humana.

– Stefan, não! Não, não! Por favor, não faça isso com a gente.”

Acidente. Pais. Irmã. Tristeza. Angústia. Desespero. Aflição. Mutilação. Dor. Olhos Verdes. Asas. Hospital. Psicólogo. Mini-Barbie. Olhos Verdes me sondando. Amor. Rejeição. Tristeza. Paixão. Medo. Rejeição. Amor. Irmã. Asas. Dúvida. Medo. Incredulidade. Decepção. Anjos. Demônios. Morte. Arma. Guerra. Dor. Morte. Vida. Humana. Desespero. Sono. Stefan. Amor.

“ - Promete que mesmo que eu não te veja, você vai estar comigo para sempre? Eu te amo Stefan, lembre-se disso.

– Eu prometo. Mesmo que não me veja, eu estarei com você eternamente. Eu te amo pequena, tente não se esquecer disso.

Minha cabeça latejava e eu arfava loucamente. Sentei em um pulo no lugar onde eu estava deitada.

– Stefan! – Falei alto.

– Eu estou aqui! – Alguém apertou minha mão e imediatamente eu olhei para o lado. – Elena. – Seus olhos estavam arregalados do que parecia ser preocupação e medo.

Meus olhos encontraram seu rosto se demorando em cada detalhe. Não tinha sido um sonho: ele era real e estava ali comigo novamente.

– Meu Deus. – Joguei meus braços ao seu redor o puxando em meus braços fortemente. – Você ainda está aqui. Você não me deixou. – Sussurrei deixando que a alegria e a sensação de estar completa dominassem toda a minha alma, enquanto lágrimas escorriam de meus olhos.

– Você se lembra? – Stefan me afastou por um instante para me olhar e sua expressão era de total incredulidade.

– Claro que sim! Eu nunca poderia te esquecer!

Stefan segurou meu rosto em suas mãos e me puxou para um beijo cheio de amor, profundidade e alegria. Quando os nossos pulmões já clamavam por oxigênio, ele voltou a me abraçar.

– Elena, meu amor!

– O que aconteceu, Stefan? Por que eu consegui lembrar tudo? Por que você está aqui?

Ele sentou na mesinha de centro a minha frente e seu olhar estava sereno quando ele começou a falar.

– Você dormiu e então eu te coloquei na sua cama, mas quando eu desci para a sala para ir embora, Miguel não estava mais lá e havia uma carta destinada a mim, Damon e Katherine. Chamei-os para poder ler a carta.

– E o que dizia na carta?

– Veja você mesma. – Ele estendeu uma folha com uma bela caligrafia desenhada.

Stefan e Damon,

Há muito tempo atrás quando viraram anjos, foi dito que a missão de vocês não havia acabado e para falar a verdade, ela só começa de verdade a partir de agora. Vocês devem estar se perguntando: ‘como assim?’ e eu vos respondo:

Pessoas vêm com seu destino traçado desde o inicio de tudo e o de vocês mais os das irmãs Petrova não foram diferentes. Vocês são almas gêmeas, ou almas únicas se preferirem. O período em que vocês eram humanos, as almas das duas estavam vagando perdidas e assim não haveria possibilidade de vocês se encontrarem. Foi tomada a decisão de que vocês deveriam passar um tempo de preparação no Plano Superior até que se encontrassem as duas outras almas, e assim foi feito. Após encarnarem e reencarnarem várias vezes, Katherine e Elena foram encontradas e vocês viraram seus protetores. Mas ai estava o dilema: vocês protetores, elas almas armas em corpos humanos e ainda tinham o fato de ter seres do mal as procurando. Sendo assim, era necessário ultrapassar esses empecilhos para vocês poderem ficar juntos novamente e assim foi feito. Tudo ocorreu com maestria, apesar de termos tidos algumas consequências negativas, mas enfim, agora é o momento de unir vocês novamente.

Stefan, nada mais plausível e admirável do que o amor livre de egoísmo e isso foi evidente em você ao permitir que Elena voltasse a ser humana só para protegê-la, assim como Damon abriu mão de sua função de anjo ao se arriscar e tentar salvar Katherine. É por esse e os outros motivos apresentados que O Cara concedeu a liberdade á vocês e a Katherine. A partir desse momento, vocês não serão mais anjos celestiais, mas sim anjos terrenos que possuem a permissão de interagir de qualquer forma com os humanos, desde que seja sempre seguido o caminho da verdade e do bem. Ah, antes que me esqueça, Elena não se tornou humana, mas um anjo terreno como vocês. Agora como missão, vocês precisam escolher quatro protegidos para acompanhar durante a vida e uma vez por mês apresentar relatórios à Arcanjo Caroline no Plano Superior. E olhem só: quando todos vocês acordarem amanhã, terão boas surpresas. Isso nada mais é do que uma recompensa por todo o sofrimento que vocês passaram e que mesmo assim jamais perderam a fé. Ao terminarem de ler isso, vocês caíram em um sono profundo de 6 horas para poder ser feito as adaptações necessárias e depois eu recomendo que vocês façam as adaptações necessárias para se apresentarem como simples jovens universitários.

Katherine, suas atitudes e a de Elena não passaram despercebidas aos olhos do Pai. Amanhã vocês receberam um belo presente.

Espero que aproveitem a segunda chance que lhes foi concedida e que sejam imensamente felizes.

Encontramo-nos por ai.

São Miguel Arcanjo.

– Stefan. – Murmurei enquanto lágrimas caiam de meus olhos. – Isso significa que...

– Que poderemos ficar juntos sem nenhum empecilho para nos impedir. – Ele terminou de falar por mim, me abraçou fortemente e beijou minha testa. – Eu te amo tanto Elena! Eu estou tão feliz por nós!

– Hey você! Pare de monopolizar minha irmã! – Uma voz feminina invadiu a sala.

– Ok, ok, senhorita irmã. – Stefan me soltou permitindo ver o corpo pequeno com grandes cabelos ondulados que pairavam em nossa frente com os braços estendidos.

– KATHERINE! – Gritei levantando em um pulo do sofá e agarrando minha irmã. – Nós ficaremos juntas de novo irmã! – Falei rindo e ela me apertou em seus braços sorrindo também.

– Sim irmã! Finalmente tudo está voltando para seu lugar.

– Mas nós vamos precisar mudar de cidade porque todos aqui em Mystic Falls acham que você esta morta como nossos pais. – Uma pontada de tristeza atingiu meu coração.

Um sorriso misterioso surgiu em seu rosto.

– Bem, sobre isso, vem comigo.

– Aonde.

– Surpresa. – Ela abriu a porta da sala da casa de Stefan onde estávamos, me guiando para a garagem, com Stefan e Damon nos acompanhando.

– Hei Damon! – Cumprimentei-o e ele respondeu com um aceno de cabeça e um sorriso. – Katherine, eu odeio surpresa.

– Largue de ser uma bebê chorona.

Eu mostrei a língua para ela enquanto entravamos no carro de Damon e em seguida ela dirigia rumo a nossa casa. Poucos minutos depois, Katherine já estava estacionando o carro em frente à casa.

– Por que você me trouxe aqui? – Perguntei confusa e ela me olhou seriamente.

– Elena, não estamos em 2013, mas sim em 2012 e isso significa que...

– Papai e mamãe estão vivos. – Respondi baixo e pensativamente enquanto a lógica surgia em minha mente. – Abri a porta do carro, sai correndo rumo a casa e abri a porta da sala com força.

– Mamãe? Papai? – Gritei e ouvi meu eco percorrendo o lugar, mas ninguém respondeu me fazendo ficar triste instantaneamente. – Mãe? – Falei baixinho dessa vez e abaixei a cabeça.

– Elena querida, o que houve? – Uma voz suave e carinhosa se aproximava da sala.

– Mamãe! – Corri novamente e abracei a mulher mais importante da minha vida e que eu tinha perdido uma vez. – Ah mamãe! – Tentava descontroladamente controlar minhas lágrimas enquanto Katherine, Damon e Stefan entravam em nossa casa.

– O que houve minha linda? – Ela perguntou confusa.

– Nada mãe, apenas quero que saiba que eu te amo muito.

– Que gritaria é essa aqui? – Meu pai surgiu na sala olhando no rosto de todos.

– Ai meu Deus, pai!


Assim como tinha feito com minha mãe, me atirei em seus braços e ele me pegou como costumava fazer quando eu era criança.

– Hei Lena. – Ele ria meio assustado e me segurando em seus braços.

– Nunca se esqueça que eu te amo. – Murmurei com o rosto encostado em seu peito e vendo Katherine abraçar minha mãe. – Te amo muito.

– Eu também te amo, caçulinha. – Meu pai afagou meu cabelo parecendo não estar entendendo nada. – Agora, eu posso saber quem são esses dois rapazes?

– Olá senhor Gilbert. – Damon deu um passo adiante e estendeu a mão para meu pai. – Meu nome é Damon Salvatore e eu sou o namorado de sua filha Katherine. Esse é meu irmão, Stefan e olhe a ironia; ele é o namorado de Elena.

Meu pai cumprimentou seriamente avaliando os dois rapazes em sua frente e pelo canto do olho, pude perceber Stefan prendendo a respiração enquanto era analisado. Meu pai olhou para mim e para Katherine e depois soltou uma risada alta.

– Ora, isso tudo seria trágico se não fosse cômico, não acham? – Perguntou e notei Stefan soltando a respiração novamente. – Bem senhores, vou convidá-los para almoçar conosco para nos conhecermos melhor.

Stefan e Damon se entreolharam rapidamente.

– Se não for incomodar. – Meu agora ‘namorado oficial’ falou.

– Não será incomodo algum. – Mamãe respondeu.

– Eu acho que não vou mais a aula, então. Vou avisar Bonnie.

– He-e-e-e-y mocinha. – Meu pai me chamou. – Não se acostume com isso de faltar aula para namorar.

Katherine e Damon riram, enquanto mamãe dava um tapa leve no ombro de meu pai.

– Bem, vamos para a cozinha então!

Papai e mamãe deram os braços e saíram conversando e rindo com Katherine e Damon que estavam abraçados. Quanta falta eu havia sentido desses momentos tão simples da minha família e quantas vezes eu havia me martirizado por não ter dito um simples “Eu amo vocês” a eles. Mas agora tudo isso estava no passado; eu tinha ganhado uma nova chance e faria tudo diferente. A cada dia eu tentaria demonstrar a eles o tamanho do meu amor e o quanto eles eram importantes para mim. Não importava se eu estivesse triste ou com raiva, eu sempre os amaria. Senti um pequeno sorriso de felicidade surgir em meu rosto.

– Elena? – Stefan que tinha andado alguns passos a minha frente, parou e me olhou curioso. – Está tudo bem?

Andei até alcança-lo e segurei sua mão fitando seus olhos.

– Não. Está tudo perfeito.

Ele deu um verdadeiro sorriso que eu nunca tinha visto antes. Todo o medo, tensão e agonia de antes se fora, deixando ali só felicidade. Seus lábios tocaram delicadamente nos meus fazendo a minha alma regozijar de alegria.

**

A noite já caia enquanto Stefan e Damon ainda estavam em nossa casa conversando e interagindo com meus pais. Umas duas vezes mamãe chamou Katherine e eu em um canto para sussurrar o quanto estava encantada pelos nossos namorados e o quanto estava adorando eles. Papai pareceu se render também aos seus encantos e parecia estar bem à vontade na companhia deles.

– Bem jovens, se vocês nos dão licença, nós iremos dar uma saidinha. – Mamãe falou após servir café e logo meu coração se apertou em resposta.

– Aonde a vocês vão? – Questionei.

– Vamos à casa dos nossos amigos ali na rua de baixo. – Meu corpo inteiro relaxou.

– Promete que liga quando chegar lá? – Katherine pediu e meu pai arqueou uma sobrancelha.

– Por um acaso vocês estão planejando fazer uma festa aqui e querem se ver livre de nós? – Os olhos de minha irmã se encheram de água.

– Jamais papai. – Ela o abraçou pegando-o de surpresa. – Eu só quero que fiquem seguros.

– Ok, eu ligo quando chegarmos lá. Alias, os senhores namorados pretendem passar a noite aqui?

– Se não tiver problema... – Damon falou e meu pai deu um simples encolher de ombros.

– Até mais tarde crianças e juízo, viu? – Mamãe disse e nós rimos enquanto eles saiam pela porta.

Katherine e Damon conversavam animadamente e foram em direção à outra sala de estar.
Tudo indicava que eles assistiriam filme.

– E então – Falei ainda olhando por onde eles tinham ido. – O que nós vamos fazer agora?

Stefan ficou em silêncio por alguns instantes, me obrigando a olha-lo. Seus olhos verdes estavam intensos e divertidos.

– Eu tenho uma ideia, mas não sei se você irá gostar.

– Arrisque.

Ele continuou me olhando e sem que eu esperasse, ele me pegou em seu colo me fazendo rir.

– Mas tem que ser lá no quarto. – Ele sussurrou ameaçadoramente e de um jeito sedutor enquanto me carregava escada acima.

Chegando ao meu quarto, ele me deitou gentilmente em minha cama tirando seus sapatos e os meus e eu podia sentir a ansiedade de seu olhar, que com certeza era o reflexo do meu. Deu-me um beijo leve em meu rosto e se deitou ao meu lado olhando para mim.

– E o que fazemos agora? – Perguntei confusa.

– Nada.

– Nada?

– Sim, nada.

Arqueei uma sobrancelha aguardando uma explicação e vi lentamente o rubor invadir suas bochechas e ele se mexer desconfortável na cama. Dentre todo esse tempo que o conhecia, nunca tinha o visto estar tão envergonhado. Ele ficava simplesmente adorável.

– Stefan, o que houve? – Perguntei tentando não rir. Provavelmente ele me diria que era virgem.

– Bem... É que... Eu não sei como falar isso.

– Você é virgem, Stefan? – Seus olhos se arregalaram enquanto ele me olhava sem reação.

– O que? Não! Não é isso que eu quero falar uma coisa com você.

– E o que é então?

– É porque eu sempre te observava dormir e isso sempre me dava vontade.

– Vontade? Eu não estou te entendendo. – Falei confusa.

– Bom, faz mais de 140 anos que eu não durmo e algumas noites que eu te via dormir eu queria simplesmente aproveitar de seu sono tranquilo, deitar em seus braços, ouvir sua respiração suave e dormir também. – Ele murmurou parecendo estar mais envergonhado. – Queria poder tentar fazer isso hoje.

Eu estava completamente em choque com seu pedido.

Nunca antes Stefan tinha se mostrado tão vulnerável como naquele momento e o seu pedido tão simples, mas tão doce, amoleceu ainda mais meu coração derretido.

Mais de 140 anos sem dormir, poxa vida.

Aos poucos a realidade voltava a minha consciência e minha mão automaticamente foi para o seu rosto, acariciando-o gentilmente enquanto nos olhávamos sem dizer nada. Virei-me de costas na cama e tirei a coberta em baixo de nós, puxando seu corpo em seguida para o meu, onde ele deitou de bom grado a cabeça em meu ombro. Comecei a mexer suavemente seu cabelo e ele soltou um suspiro apreciativo, espalmando sua mão em minha barriga. Seus olhos se fecharam lentamente e eu olhava fascinada a sua beleza, principalmente quando ele parecia estar tão frágil perante a mim. Seus cílios formavam uma longa e escura sombra em suas bochechas e seus lábios esculpidos estavam um pouco abertos.

Enquanto ainda mexia em seus loiros e macios cabelos, concentrei-me em sua respiração contra minha pele e nos batimentos de seu coração, o que me fez relaxar rapidamente. Já estava quase beirando a inconsciência, quando Stefan murmurou.

– Obrigado. Você não sabe quantas vezes eu imaginei isso acontecendo. Eu me sinto feliz. – Meu coração perdeu o ritmo por causa do que ele tinha dito.

– De nada. Fico feliz em ser útil em alguma coisa.

Senti seu sorriso em meu pescoço e beijei seu cabelo. Outro momento de silêncio calmo se estabeleceu no quarto.

– Elena? – Ele sussurrou baixinho com a voz sonolenta indicando que ele já estava quase dormindo. – Será que quando eu acordar, tudo ainda será desse jeito.

– Sim! Tudo será desse jeito e eu ainda estarei aqui com você. – Sussurrei de volta em seu ouvido. – Agora durma tranquilo meu amor.

– Eu te amo, Elena. Eternamente. – Sorri fechando os olhos e absorvendo aquelas 5 simples palavras.

– Eu também te amo, Stefan. Por toda a eternidade.


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