Sweet Like Cake. escrita por Porcelain


Capítulo 7
1x07.


Notas iniciais do capítulo

Sim, eu sei que demorei... Na verdade só estou postando esse capítulo por que ele já estava no finalzinho, só precisei terminar. Não sei se vou continuar com essa fanfic, sinceramente. Tenho duas fanfics em mente e estou começando a escrever meu primeiro livro. Essa fanfic tem sua própria história e será um pouco impossível eu me lembrar de todos os detalhes (Tudo começou em março, já estamos em agosto!)
Então leiam isso com um gostinho de adeus. Não sei se vou colocar como "terminada" ou excluir, não faço a mínima ideia...
Ok, vamos ao capítulo! Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/351374/chapter/7

– Por que fez isso? – Ouvi a voz de Finn soar atrás de mim enquanto sentia a slushie escorrer pelo meu rosto. A sensação de ardor nos olhos voltara e meus lábios vermelhos tremiam novamente. Chelsey apertou minha mão e me puxou até o banheiro das garotas, enquanto eu podia ouvir Finn ter uma discussão com os outros jogadores do time. Queria dizer a ele que não se preocupasse e parasse de discutir, ou iriam jogar slushie nele também. Porém minha garganta estava tão travada que eu não podia produzir um som sequer. Nem o som de um suspiro.

Assim que ouvi gritos de garotas – Isso já estava ficando cansativo, – percebi que Chelsey havia me levado ao banheiro feminino. A loira se virou para as garotas que gritavam.

– CALEM A BOCA, ELE É GAY! – Ela gritou batendo a mão com força na pia. Subitamente os gritos se calaram e as garotas voltaram a fazer o que estavam fazendo como se nada tivesse acontecido. Ou talvez não exatamente, já que eu podia ouvir algumas risadinhas vindas de trás. Chelsey revirou os olhos e então me virou de frente para ela. Eu nunca odiei tanto algo como slushies. Deveriam ser para beber, não? Então por que aqueles malditos faziam de tudo com elas, menos beber?

Chelsey esticou o braço e arrancou três folhas de papel toalha de um suporte que estava preso à parede e então os passou no meu rosto com cuidado.

– Você precisa tomar cuidado, Kurt. – Ela disse. Pisquei os olhos algumas vezes perguntando a mim mesmo se já era seguro abri-los por completo. Suspirei e me olhei no largo espelho tentando avaliar o estrago nas minhas roupas. Os pedacinhos de gelo haviam sido absorvidos pela grossa lã do meu suéter vermelho e meu blazer branco havia ficado com algumas manchas esverdeadas nas golas. Suspirei e apoiei as mãos à mesa, olhando para o fundo da pia.

– Pode não parecer, mas isso já aconteceu comigo várias vezes. Desde que entrei no Glee Club as cheerios e os garotos do time de futebol tornavam minha vida um inferno. – Chelsey disse, cortando o silêncio que pairava entre nós. Virei a cabeça levemente a fim de prestar mais atenção no que ela dizia. – Mas... Quando comecei a namorar com o Finn, isso acabou. Eles respeitam o Finn por ser quarterback do time, então é a obrigação deles me respeitarem também. Simples.

– Nossa. Que ótimo pra você. – Sorri de canto reprimindo outro suspiro. – Sorte sua que você não vai pagar sete parcelas por um blazer que agora está manchado. Preciso namorar um quarterback pra conseguir respeito aqui? Por que eu já sou cheerio e não adiantou de nada.

– Já experimentou ficar com o uniforme das cheerios durante todo o período de aula como as cheerios inteligentes fazem? Assim ninguém nunca atiraria uma slushie em você. Todos sabem como as treinadoras ficam quanto algum uniforme fica manchado de slushie por outra pessoa. Sorte a nossa que Sue Sylvester tirou férias pra cuidar da irmã, mas isso não significa que Charlie pegue leve também. – Chelsey piscou e então deixou o banheiro segundos depois, agitando seus cabelos loiros enquanto caminhava.

´

Já eram duas da tarde quando Rachel chegou a minha casa. Eu estava usando uma camiseta branca e larga com uma gola grande o suficiente para mostrar as alças de minha regata preta e justíssima que estava por debaixo da mesma. Também usava um short preto de lycra que havia encontrado nas profundezas das minhas gavetas. Raramente eu usava aquilo, mas como era uma questão de “vida ou morte” preferi usar. Era isso ou escutar outro discurso de Rachel sobre como estrelas fracassadas pediam esmolas em esquinas de Nova York. Estava calçando um tênis preto que usava para fazer caminhadas de manhã com polainas brancas e quentes. Havia uma faixa de ginástica vermelha ao redor da minha testa e eu estava com munhequeiras da mesma cor em cada pulso.

– Está pronta para a tortura? – Perguntei à Rachel enquanto me alongava no centro da sala. Eu havia afastado os móveis para que houvesse espaço o suficiente para que eu e Rachel ensaiássemos uma coreografia. Eu absolutamente não iria ensaiar no meu quarto, sendo que tenho ciúmes enormes – e, talvez, vergonha – das minhas pelúcias e nunca deixaria alguém tocar em alguma das minhas revistas da Vogue. Sem falar que não poderíamos ensaiar na sacada uma vez que estava fazendo 15º e alguma pessoa vestindo roupas coladas e curtas como nós com certeza não sobreviveria lá fora.

– Estou pronta para ganhar. – Rachel fazia polichinelos desajeitadamente com um olhar fixo e sério de uma típica vencedora. Ela usava uma regata vermelha – que mais parecia um vestido – que possuíam dois laços enormes em cada lateral e um pendurado na gola. Estava feliz por nós dois estarmos em casa, pois eu nunca na minha vida queria que me vissem em público com Rachel usando uma coisa dessas. Rachel também usava uma legging preta que ia até o meio das panturrilhas e tênis cor de rosa com estrelinhas penduradas na ponta dos cadarços. Seus cabelos estavam amarrados em um rabo-de-cavalo.

– Já escolheu a música? – Perguntei enquanto pulava e chutava o ar para me aquecer. Sim, eu não fazia ideia do que estava fazendo.

– Não... Achei que você cuidaria disso pra mim. – A garota deu seus típicos sorrisos de Rachel Berry que por mais fofos e irritantes que fossem, era impossível não achar graça. Ou se assustar.

– M-mas eu já vou cuidar da coreografia! E eu não conheço músicas de tango...

– Tango...

– Que tal Cell Block Tango?! É tango e é de um musical. Se pensar bem estamos fazendo os dois temas de uma vez. – Dei um sorriso vitorioso daqueles de como se você tivesse dado uma ótima ideia.

– Ótimo, Kurt. Ótimo. Precisamos ensaiar o quanto antes! Agora... Por favor, me diga que sabe dançar tango. – Era mais uma imploração do que um pedido.

– Eu mal sei andar em linha reta.

– E como está nas cheerios?!

– Charlie disse que minha bunda compensaria... – Franzi o cenho sentindo meu rosto ruborizar. Eu tinha acabado de falar da minha bunda para Rachel?

– Charlie é louca. É absolutamente louca! Como alguém pode dar o tema de tango pra uma baixinha indefesa que é quase pisoteada todos os dias nos corredores daquele colégio? – Rachel cruzou os braços, emburrada.

– E como você pode me chamar pra te ajudar quando eu mal sei dar três passos sem tropeçar?! – Franzi o cenho levemente irritado.

– Ora, Kurt, meu parceiro precisa ser alguém a altura. Você tem pernas grandes, elas devem servir pra aprender alguns passinhos de tango!

– Eu não vou aprender da noite pro dia! Será que tem alguns vídeos que ensinem a dançar tango...? Pra iniciantes, claro.

Rachel cruzou os braços e revirou os olhos como se “iniciantes” fosse um adjetivo que tivesse ferido seu ego. Abri a gaveta da estante e puxei de lá um notebook branco. Este era o meu presente no meu aniversário anterior, em Bellbrock. Precisei dizer todos os dias que era o único no colégio que só tinha internet no celular porque meu computador era tão antigo que demorava 15 minutos para ligar. Quem dirá se conectar a alguma rede.

– O que quer que Charlie esteja planejando, ela não irá ser melhor do que nós. – Rachel sorriu para o nada passando a mão nos cabelos, como se estivesse posando para uma revista. Conectei ao wifi da vizinha – afinal, ninguém é de ferro – e coloquei o instrumental de Cell Block Tango e alguns vídeos de tango para carregarem.

– Olha se não é a Hobbit e o gay preguiçoso. – Arthur comentou abrindo a porta e carregando duas sacolas de papel que pareciam pesadas. Zach entrou logo após segurando outras sacolas. – Até que você tem pernas bonitas, nariguda.

– Obrigada. – Rachel sorriu e ignorou absolutamente o “Hobbit” e “nariguda”.

– Vocês vão fazer caminhada aqui dentro? – Zach franziu o cenho indo até a cozinha e colocando as compras acima da bancada. Arthur fez o mesmo.

– Ah, não! Nós vamos ensaiar uma coreografia de tango pra ganhar da Charlie no Duelo de Divas! – Rachel bateu palmas em empolgação. Quando vi Arthur reprimir uma risada ao olhar minhas roupas me senti um estúpido por ter escolhido justamente o short de lycra para aquele dia. Rachel definitivamente estava em débito comigo.

– Tango? Deve ser difícil, Super R. – O garoto abriu a geladeira e despejou um pouco de leite em um copo e bebeu logo depois. Rachel suspirou.

– Amm... Será que poderiam nos dar licença? Eu e Rachel precisamos de privacidade para ensaiarmos. – Pedi enquanto apertava minhas mãos um pouco nervoso. Arthur se jogou no sofá que ainda estava afastado e ligou a TV, ignorando absolutamente o que eu tinha dito. – Você pode assistir no seu quarto.

– Não vou perder a oportunidade de ver a Rachel tentando dançar tango.

– Então não precisava ligar a TV. – Arqueei a sobrancelha, começando a me irritar.

– Eu vou olhar para TV pra não precisar olhar pra você. É melhor para os meus olhos. – Arthur deu um sorriso largo. Olhei para minhas roupas e nesse instante desejei nascer de novo. Puxei o controle da mão de Arthur e desliguei a TV. Apontei para a escada logo depois, com a mão que eu segurava o controle.

– Pro seu quarto. Agora.

– Chato.

– Esse é o melhor insulto que conseguiu pensar, Hannah Montana? – Sorri ironicamente.

– Não quero traumatizar a Rachel. – Arthur se levantou do sofá e subiu as escadas, indo até seu quarto. Zach se sentou no sofá, fazendo Rachel bater no rosto com a mão.

– Zach...

– E-eu não vou rir, Kal El! Eu prometo! – O maior ergueu as mãos na altura dos ombros.

– Tenho certeza que vai. Anda, vá assistir com o Arthur. Talvez se você for muito insistente ele vai colocar nos desenhos. – Suspirei e puxei o garoto pela mão, fazendo-o levantar do sofá. Zach fez um bico. – Q-quando eu e Rachel estivermos prontos, você pode nos assistir!

Então Zach sorriu, fazendo suas covinhas aparecerem. De repente meu rosto se tornou inexpressivo e só quando o garoto subiu as escadas consegui perceber o olhar de Rachel aquecendo minha nuca.

– O que foi? – Me virei para a garota com um sorriso sínico e o rosto corado.

– Ah, nada. Nadica de nada. Não pensei em nada. – Rachel deu seus típicos sorrisos Rachel com as mãos na cintura. Passei a mão nos cabelos.

– C-certo, vamos começar a coreografia. A parte do “Pop, Six, Squish, Uh-Uh, Cicero, Lipstichz” nós podíamos fazer sem ser com passos de tango, já que é o começo e a música não começou ainda...

– Você quem sabe, Kurt. Estou aqui apenas pra aprender uma coreografia que possivelmente pode me render um Tony caso eu resolva colocá-la em “A Fabulosa Vida de Rachel Berry”. – Rachel dizia olhando para o alto como se estivesse encarando um letreiro de sua peça.

– Acha mesmo que alguém assistiria isso? – Franzi o cenho.

– Obrigada pela parte que me toca.

– Vamos começar logo com isso... – Apertei no sinal de Play no vídeo e o instrumental de Cell Block Tango começou a ecoar pela sala através dos alto-falantes do notebook. – Vamos dividir as partes. Você fica com Six, Uh-Uh e Lipschitz. Eu fico com Pop, Squish e Cicero.

– Certo. – Rachel assentiu.

– Então será assim... Pop. – Virei meu corpo para o lado, com o olhar fixo para frente. – Six, que no caso é a sua parte. – Passei a mão pela coxa lentamente, tentando ignorar o fato de que Rachel ria mentalmente. – Squish. – Me abaixei enquanto pronunciava a palavra. – Uh-uh. – Me levantei ficando de costas. – Cicero. – Coloquei as mãos na cintura com o mesmo olhar fixo. – Lipschitz! – Levei a mão para o alto, estalando o dedo ao pronunciar “Lips” e abaixando a mão, estalando o dedo ao pronunciar “Chitz”.

– Ok, acho que consigo fazer isso. – Rachel assentiu com os braços cruzados.

– Pop! Six! Squish! Uh-Uh! Cicero… Lipschitz! – Improvisei uma coreografia rápida no ritmo da música. Ouvi o impacto de algo caindo e quando olhei para trás, vi Rachel com a mão no nariz prestes a chorar, caída no sofá.

– Kurt, você quer me matar?! – A garota gritou. Ok, talvez eu tenha me empolgado demais.

´

– Pai, aqui o seu almoço. – Disse enquanto abria a porta do escritório da oficina – algo que eu insisti para meu pai que fizesse, já que seria completamente deselegante organizar as contas e outros documentos da oficina enquanto os mecânicos trabalhavam – e coloquei uma sacola em cima de sua escrivaninha.

– Ah, obrigado filho. – Ele sorriu assim que terminou sua ligação e colocou o telefone de volta ao gancho. – Como está indo no colégio?

Puxei uma cadeira e me sentei, cruzando as pernas e descruzando-as logo que me lembrei de que ainda era hétero. Pelo menos para o meu pai.

– Tudo ótimo. Perfeito. – Tirando que eu sofria bullying, era cheerio e participava de um coral de fracassados... Fiz que sim com a cabeça tentando ser o mais convencível que podia.

– Mesmo? – Ele perguntou enquanto retirava um recipiente retangular de vidro onde estava sua comida. – Arthur e Zach não estão te dando muito trabalho?

– Não, não. Os dois são ótimos. Quase anjos. – Sorri forçadamente. Ao menos a parte de Zach era verdade. Vi meu pai suspirar assim que retirou a tampa do recipiente, fazendo um cheiro ótimo de comida caseira preencher o ar por alguns segundos. – N-não parece que ficou bom?

– Você tirou a pele do frango de novo.

– Mas é claro! Você está em uma dieta, sabia? Não pode comer nada que tenha muita gordura ou muito salgada. É para o seu bem.

– E tem tanta alface aqui dentro... – Ele revirava a comida com o garfo. Revirei os olhos.

– Também tem purê de batata, algumas rodelas de calabresa e arroz integral. Nham, que delícia! – Lambi os lábios e dei um sorriso largo como se estivesse incitando uma criança a comer uma papa horrível. O que não era o caso, já que eu cozinho bem desde que minha mãe havia me ensinado.

– Obrigado, Kurt. – Ele sorriu de canto e então o notei separando as folhas de alface do resto da comida. – Já pode ir se quiser.

– Ah, não! Quero ficar mais um pouco. – Sorri cruzando os braços. Traduzindo do Kurtinês, significava “Quero ver se você vai comer tudo ou vai jogar o alface no lixo como da última vez”. Meu pai deu um sorriso desanimado e deu uma garfada em uma rodela de calabresa. Pela sua expressão eu podia decifrar um “merda, me sinto um coelho” ou algo do tipo.

´

Voltei para casa. Continuava fazendo frio, e assim que abri a porta sentindo o ar quente contra meu corpo não pude deixar de sentir um alívio. Desenrolei meu cachecol do meu pescoço e desci o zíper da minha jaqueta vermelha. Puxei minhas luvas de minhas mãos e segurei-as enquanto andava pela sala.

– Meu gay favorito! – Santana bateu palminhas se levantando do sofá assim que Arthur estava quase colocando a mão em suas pernas. O garoto me olhou como se estivesse me matando mentalmente. – Nunca estive na casa de um gay antes, parabéns. Adorei a decoração.

– Acho que vim em uma péssima hora... – Franzi o cenho segurando as mãos de Santana. Se eu estivesse usando roupas mais masculinas poderíamos até parecer um casal hetero perfeito.

– Será que você não tem algum pônei virtual pra alimentar agora? – Arthur perguntou passando a mão no rosto. Revirei os olhos e soltei a mão de Santana.

– Conversamos depois, Santânica. – Acenei subindo as escadas com cuidado. Não queria que Santana me visse caindo da escada pela primeira vez. E muito menos Arthur. Entrei em meu quarto e retirei minha jaqueta, guardando-a com cuidado dentro do meu closet. Pendurei o cachecol em um cabide e guardei as luvas em uma gaveta. Me sentei em um pufe que eu sempre deixava dentro do closet e retirei meus coturnos brancos, colocando-os ao lado dos outros.

Saí de dentro do closet – nunca vou me acostumar a falar isso – procurando meu pijama. Não interessa se ainda eram quase seis da tarde. Se eu não fosse mais sair para lugar nenhum, então eu poderia colocar o pijama.

Abri a gaveta do meu criado-mudo e tirei de lá um pijama azul, colocando-o em cima da cama. Ainda estava fazendo frio, então provavelmente eu iria dormir com um sobretudo de seda preto e com as típicas meias que sempre me faziam escorregar quando eu acordava.

Subi lentamente minha camiseta preguiçosamente, virado para a cama, quando ouvi a porta se abrir. Senti meu corpo congelar e meus braços endurecerem. Por instinto baixei a camiseta novamente e me virei para ver quem era.

– K-Kal El, me desculpa! Eu não sabia que você ia tirar as roupas... – Zach disse rapidamente, com o rosto ruborizado. Provavelmente não tanto quanto o meu.

– Ah, está tudo bem! Não foi nada, não se preocupe. – Disse olhando para baixo. Me sentei em minha cama e vi o garoto se aproximar assim que fechou a porta. Zach se sentou ao meu lado e um silêncio preencheu o quarto por alguns segundos. – Você... Está com algum problema?

Coloquei meu pijama azul de seda em meu colo, apertando-o levemente para conter o nervosismo. Além de Zach ter visto parte das minhas costas – e isso foi o máximo que alguém já conseguira ver antes –, ser muito bonito, ter braços fortes, um sorriso que deixaria qualquer pessoa derretida e estar sentado ao meu lado, estávamos no meu quarto. Na minha cama. Vermelhos.

– Eu acho que o Pedro fez gol na Vic. – Ele dizia de cabeça baixa. Suas palavras soaram firmes, mas dava pra perceber o tom de preocupação e incerteza em sua voz.

– A Vic é goleira? Ah, que ótimo! Não sabia que ela gostava de futebol! – Dei um sorriso largo enquanto olhava para o maior. Depois de raciocinar por alguns segundos, seria Pedro o garoto que conversava com a Vic na arquibancada e depois no Breadstix?

– A Vic não é goleira, Kal El. Fazer gol quer dizer... – Zach coçou a nuca e seu rosto foi ficando mais vermelho a cada segundo. O maior ficou em silêncio por um tempo tentando pensar na melhor explicação e depois olhou para suas mãos, nervoso. – Fazer gol quer dizer fazer aquilo.

– Aquilo? A-ah, me desculpa, mas não sei nada sobre futebol e...

– S-sexo. Fazer gol significa fazer sexo. – Zach se virou para mim e disse, olhando para meu rosto. Vê-lo falar “sexo” olhando em meus olhos em câmera lenta na minha cabeça diversas vezes me fez se esquecer de respirar por alguns momentos. Forcei um sorriso tentando parecer mais natural o possível. Passei a mão nos cabelos e olhei para o pijama em meu colo.

– Por que acha que a Vic faria isso?

– Eu tenho ciúmes. Ela e o Pedro sempre estão rindo e conversando... E hoje quando eu fui na casa dela o Pedro saiu de lá e ela estava só de calcinha e sutiã. – O moreno bufou e jogou seu corpo para trás, deitando-se na cama. Virei um pouco meu corpo para trás a fim de ver seu rosto melhor. Não que isso fosse realmente necessário...

– Deve ter algum motivo pra isso. – Franzi o cenho. – A Vic podia estar escolhendo algumas roupas para sair e o Pedro estava ajudando ela! Ou ela deveria ter saído do banho e ele estava esperando ela...

– Depois ela ficou nua na minha frente.

Engasguei.

– C-como é?!

– Mas eu resisti! – Zach disse, rapidamente. A este ponto da conversa parecia que ele estava se redimindo por ter me feito ciúmes, o que definitivamente não era o caso. – Eu disse a Vic que queria que minha primeira vez fosse especial, e não depois de ver um homem sair do apartamento dela.

Corei levemente e me deitei ao lado dele.

– E vocês brigaram?

– Não... Eu só estou bravo.

– A Vic com certeza tem uma boa razão, Zach. Você não deve se preocupar com isso. Sei que a Vic te ama. – Sorri levemente e olhei para o teto, sentindo uma onda de sono começar a me invadir. Era sempre assim, eu não podia me deitar por uns segundos...

– Como você sabe, Kal El?

– Oi? – Virei o rosto para ele.

– Como você sabe que ela me ama?

Franzi o cenho e voltei a olhar para o teto. Não havia resposta pra isso. Eu definitivamente não sabia. Mas... Para os dois estarem juntos era por que se amavam, não? Isso parecia o bastante na minha cabeça, mas ao cogitar a ideia de contar isso para Zach comecei a me achar um pouco ingênuo demais. Nunca achei que falar de amor fosse algo tão complexo assim. Até por que o máximo que eu sabia sobre ele era o que eu via nos filmes, algo tão surreal que nem parecia ser de verdade. E continua não parecendo.

– Só... Confie em mim. Sei que a Vic não faria algo errado, ela é uma boa pessoa. Vocês devem conversar com calma, e até lá não faça nada de precipitado.

– O que é príncipitado, Kal El?

Dei uma risada alta, olhando para Zach logo depois. E então, pouco à pouco, as palavras que eu disse para Zach começavam a fazer sentindo na minha mente. Não sabia se era para me preocupar, mas não eram as coisas que eu disse sobre a Vic. Eram as coisas sobre o amor.

`


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Xingamentos? Elogios? Bolos de chocolate online? Tuuuudo nos reviews ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sweet Like Cake." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.