Sweet Like Cake. escrita por Porcelain


Capítulo 16
1x16.


Notas iniciais do capítulo

As músicas cantadas nesse capítulo são:
Faithfully, by Journey — Cantada por Rachel e Finn.
Girls, by Marina & The Diamonds — Cantada por Charlie e Emily.



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Os dias em Lima estavam passando rápidos demais. Os Titans venceram o último jogo, mesmo sem a ajuda de Arthur – que desapareceu como estava acostumado a fazer. Rachel e Finn finalmente assumiram seu relacionamento, mas isto não queria dizer que Chelsey estava satisfeita. E, na verdade, não estava. Dava para reparar pelo modo em que tratava Michael. Sophie e Kenny permaneceram separados, enquanto ele e Santana aproveitavam uma fase chamada “se conhecendo melhor”. Emily e Charlie estavam tendo constantes crises de ciúmes uma da outra, mas nada que pudesse fugir do controle. Eu e Zach finalmente estávamos de bem, e tentávamos da melhor forma possível aproveitar o tempo perdido.

— Kal El, – ele me chamou, com uma voz sonolenta. – ainda não entendi como a loirinha pode ser uma bruxa se ela parece mais com uma fada.

— Ela é uma bruxa do bem. E a bruxa verde é praticamente a melhor amiga dela. – Falei levando mais um punhado de pipocas à boca. Eu sabia que Zach queria tirar aquele DVD e voltar a assistir Liga da Justiça, mas eu precisava mostrar a ele toda a mágica por trás dos musicais da Broadway. Até porque ele precisaria me assistir nos palcos quando nos casássemos, então precisaria se acostumar o quanto antes.

Eu estava com a cabeça deitada sobre seu peito, ambos debaixo das cobertas. Sabia que uma hora ou outra Zach iria dormir, e eu não queria acabar assistindo um dos meus musicais favoritos sozinho. Desliguei a TV, e ele pareceu despertar depois disso.

— O que aconteceu? – Ele perguntou, olhando para mim.

— Nós... Não nos beijamos faz 20 minutos. – Falei com o cenho franzido, tentando pensar em alguma desculpa que não o fizesse se sentir culpado. Zach abriu um sorriso largo e então me puxou para seu colo, roçando seu nariz por meu pescoço e começando a distribuir beijinhos por ali. Suas mãos percorriam meu corpo por debaixo da regata branca que eu estava usando para dormir, e isso provocou alguns arrepios que se espalharam por meu corpo.

O maior ergueu seu rosto e começou a roçar seus lábios nos meus com um sorriso provocativo. Segurei-o pela nuca e então iniciei um beijo lento e calmo, à medida que sentia seus toques por minha pele. Eu adorava beijar Zach, era uma das melhores sensações que um ser humano poderia experimentar na vida – e que, por acaso, eu no momento era o único que usufruía dessa sorte. Passei a movimentar lentamente os quadris sobre ele em um modo de provocá-lo, o que resultou em uns gemidinhos abafados entre o beijo. Mordisquei seu lábio, um pouco ofegante, e o encarei nos olhos.

Queria dizer o quão sortudo eu era por tê-lo comigo, ou dizer que seus olhos eram lindos, ou que ele beijava Super bem, ou que tinha algo duro cutucando minha bunda, ou que eu começaria a sentir cócegas caso ele subisse mais as mãos nas minhas costas. Mas preferi apenas seguir à frase clichê que, na minha imaginação, englobaria tudo aquilo.

— Eu amo você.

Ele sorriu e continuou olhando nos meus olhos.

— Eu também amo você, Kal El.

Voltamos ao beijo lascivo e intenso, ambos afoitos para sentir o corpo um do outro. Zach usava apenas sua cueca boxer vermelha, enquanto eu ainda estava com a regata branca e uma boxer preta. Desci meus lábios até o pescoço do maior, onde distribuí beijos e chupadas. Lembrei-me da marca avermelhada que ainda jazia em meu pescoço depois do chupão que ele dera, e apenas achei que seria o melhor momento para me vingar. Os gemidos graves de Zach deixavam-me ainda mais excitado e empenhado a continuar o que estava fazendo, minha língua deslizando por sua pele e sobre o novo hematoma arroxeado que se destacava na mesma.

Senti os dedos de Zach atravessando lentamente o elástico da minha boxer, adentrando cada vez mais. Ele prosseguia o ato com hesitação, como se esperasse por uma permissão minha para ir mais adiante. E, mesmo que eu não estivesse pronto, eu não iria pará-lo agora apenas para acabar com o clima.

Prossegui com os beijos por seu corpo, deslizando os lábios pela curva de seu pescoço até chegar aos ombros. Zach apertava minha bunda fortemente por dentro da cueca, o que me fez dar um gemido rouco de excitação contra sua pele. Isso o fez morder o lábio. Em um ato puramente instintivo, Zach se pôs por cima. Voltou a me beijar violentamente, o corpo quente e pesado sobre o meu enquanto suas mãos exploravam meu corpo. Passei os braços ao redor de seu pescoço, retribuindo o beijo com vontade. Os únicos sons que preenchiam aquele quarto eram os de gemidos abafados e roucos misturados com ofegos carregados de excitação. Ao mesmo tempo em que eu sentia que não estava pronto para avançar ainda mais, Zach fazia com que eu definitivamente quisesse avançar ainda mais. Muito mais.

A língua dele percorria meu pescoço entre mordidas e chupões, fazendo-me arranhar suas costas nuas e largas involuntariamente. Eu podia sentir as ereções serem pressionadas uma à outra enquanto Zach forçava seu quadril contra o meu em uma fricção provocativa e deliciosa. Aquilo para mim estava sendo a verdadeira definição do que era sexo não penetrativo.

As batidas na porta fizeram meu coração parar de bater por um segundo e logo depois bater aceleradamente. Eu e Zach não queríamos parar, e este era a razão por nos beijarmos tão desesperadamente a ponto de acharmos que a qualquer hora a porta seria aberta.

— Kurt? Você ainda está acordado? – Era a voz do meu pai.

— Eu... Tenho que... Atender... – Falei entre um beijo e outro, tentando escapar dos lábios de Zach. Saí de debaixo dele, fazendo-o cair na cama, e então me levantei e corri para a porta em passos rápidos. Respirei fundo tentando normalizar a minha respiração e então destranquei a porta e a abri de modo que só pudesse colocar a cabeça do lado de fora. Zach franziu o cenho.

— Oi, pai!

— Você tem notícias do Arthur? – Ele perguntou, tentando espiar o quarto por entre os espaços vazios que meu corpo não cobria. Fechei mais a porta.

— Não... Acho que ele saiu para alguma festa. Sabe, coisa que ele sempre faz. – Assenti com a cabeça. Ele franziu o cenho e suspirou, como se estivesse decepcionado. Cá entre nós, Arthur sempre foi um filho melhor do que eu. A começar pelo fato de que ele não usava laquê.

— Certo. Qualquer coisa você me avise. – Ele disse com uma expressão séria e sonolenta e então sumiu pelo corredor. Fechei a porta e a tranquei novamente.

— Onde paramos?

— Kal El, você ainda não contou pro seu pai sobre nós? – Zach perguntou, deitado de bruços na cama de modo que fizesse um biquinho involuntário ao falar.

— Eu ainda não falei nem de mim... M-mas eu vou chegar lá! Não se preocupe. – Falei, me sentando na cama ao seu lado. Zach deitou-se de costas e voltou seu olhar para mim.

— Não estou pressionando você, eu só... Não quero que tenha que se esconder. Nosso amor é lindo demais para continuar só no seu quarto e no colégio. – Ele murmurou fazendo um bico; desta vez, voluntário. Dei uma risada e me deitei sobre ele, dando um selinho em seu biquinho.

— Tem razão. Podemos dormir agora? – Perguntei, olhando-o nos olhos. Novamente, em um movimento rápido, Zach inverteu as posições e ficou por cima.

— Ainda não.

´

Não demorou muito para que a sala do Glee Club se enchesse. As cadeiras de Arthur e Elena permaneciam vazias, e isso não podia ser um bom sinal. Observei de longe Rachel e Finn de mãos dadas, ambos conversando alegremente enquanto alternavam entre selinhos e risadas. Santana revirou os olhos após fazer uma cara de nojo. Sophie lixava suas unhas em um canto mais afastado da sala, balançando a cabeça com seus fones de ouvido. Emily e Charlie tinham discutido, provavelmente outro compromisso desmarcado pela morena. Pandora rabiscava um caderno aleatório, sua expressão era bem próxima de alguém que estava para morrer de tédio. Michael acariciava as coxas de Chelsey, que parecia nem sentir por estar ocupada demais jogando Subway Surfers. Lucy e Kenny conversavam sobre passos de dança, algo que não estava animando Santana a julgar pela sua expressão ao olhar para os dois. Eu e Zach estávamos sentados um do lado do outro, de mãos dadas e sem dizer uma palavra. Ele usava um casaco de gola alta para cobrir o chupão em seu pescoço, enquanto eu estava aliviado por meu uniforme de Cheerio cobrir as marcas feitas no dia anterior.

— Quem está animado para mais um dia de preparação das Regionais?! – Mr. Schue, empolgado, entrou como um furacão e um sorriso largo estava estampado em seus lábios. Apenas Finn e Rachel levantaram as mãos. – Nossa solista já tem ideia do que irá cantar na competição?

— Infelizmente ainda estou em dúvida entre as minhas 103 opções de solos. Mas isso não me impede de cantar cada uma para vocês para que assim vocês possam me ajudar a decidir! – Ela falou com uma grande empolgação, e logo todos começaram a vaiá-la. A judia se encolheu na cadeira.

— Kurt! Zach! Já escolheram o dueto de vocês? – Mr. Schue perguntou. Eu e Zach nos entreolhamos e depois voltamos nossos olhares ao professor. Nós estávamos brigados. Ele achou mesmo que iríamos gastar tempo procurando a droga de um dueto depois que fizemos as pazes?

— Am... Nós... – Zach começou, pensando no que iria dizer.

— Nós íamos cantar Endless Love, mas achamos que seria muito clichê e chato como a sugestão da Lucy e do Michael e provavelmente como a que a Rachel e o Finn estão se segurando para cantar agora. – Falei com a mão estendida. Nunca me orgulhei do meu raciocínio rápido para me livrar de pressões, mas a expressão no rosto de Michael foi impagável.

— É verdade, Rachel? Você e Finn têm uma sugestão de dueto? – Mr. Schue perguntou.

— Com toda certeza temos. – A menor falou com um sorriso largo ao se levantar e puxar Finn consigo pela mão. Ambos se posicionaram em frente ao piano. – Esperamos que vocês gostem.

[FINN]
Highway run
Into the midnight sun
Wheels go round and round
You're on my mind

[RACHEL]
Restless hearts
Sleep alone tonight
Sending all my love
Along the wire

[AMBOS]
And they say that the road
Ain't no place to start a family
But, right down the line it's been you and me
And loving a music man
Ain't always what it's supposed to be

[RACHEL]
Oh boy, you stand by me

[AMBOS]
I'm forever yours
Faithfully

[RACHEL]
Circus life
Under the big top world

[AMBOS]
We all need the clowns
To make us smile

[RACHEL] (FINN)
Oh!
Through space and time (Through space and time)

[AMBOS]
Always another show
Wondering where I am
Lost without you
And being a part ain't easy on this love affair
Two strangers learn to fall in love again
I get the joy of rediscovering you

[FINN]
Oh girl, you stand by me

[AMBOS]
I'm forever yours
Faithfully

[TODOS]
Oh oh oh oh
Oh oh oh oh oh
Oh oh oh oh oh oh...!

[FINN]

(Faithfully...)

[TODOS]
Oh oh oh oh

[RACHEL]

(Faithfully)

[TODOS]
Oh oh oh oh oh

[RACHEL]

(I'm still yours)

[TODOS]
oh oh oh oh oh oh
Oh oh oh oh oh
Oh oh oh oh oh oh

[RACHEL]

I'm still yours!

[TODOS]

Oh oh oh oh,
Oh oh oh oh oh
Oh oh oh oh oh oh!
Oh oh oh oh
Oh oh oh oh oh
Oh oh oh oh oh oh

[AMBOS]

I'm still yours!
Faithfully...

E todos aplaudiram de pé. Apertei a mão de Zach com força, sentindo que todo o ar fora tirado de meus pulmões. Era nauseante o quão intensa a sensação de pré-humilhação fazia eu me sentir. Provavelmente eu nunca cantaria tão bem quanto Rachel e Lucy. Provavelmente eu nunca conseguiria cantar no mesmo tom que Finn e Michael. Provavelmente minha voz não combinaria com a de Zach. Provavelmente eu seria a verdadeira razão na qual o New Directions não ganharia as Regionais esse ano. Provavelmente eu seria sufocado e vencido pelo meu próprio egocentrismo.

— Kal El? Você tá bem? – Zach perguntou, balançando a mão em frente ao meu rosto.

— Oi? Estou. Estou sim. – Virei meu rosto para ele, assentindo com a cabeça. Ele franziu o cenho. – Eles foram incríveis.

— Você está chorando?

— Estou? – Toquei minha bochecha com a mão, e senti a trilha úmida de uma lágrima. Isso me fez morder o lábio em hesitação. – E-está tudo bem. Não é nada.

Me levantei, soltando a mão do maior lentamente enquanto todos ainda ovacionavam Finn e Rachel. Estes, por sinal, se abraçavam e sorriam; parecia como se de fato tivessem ganhado o troféu de primeiro lugar.

— Vou tomar um ar lá fora. Volto logo. – Dei um meio sorriso e me lancei porta afora, sentindo as lágrimas quentes descerem e caírem do meu rosto no momento em que pisei no corredor. Eu não era o melhor. E talvez nunca fosse.

´

— O que eu posso sugerir para esse lindo bonequinho de porcelana? – Charlie perguntou com um sorriso de canto ao se aproximar de minha mesa no Breadstix. Usava seu uniforme e segurava um bloquinho de notas.

— Bolo de chocolate. – Murmurei, tentando retribuir o sorriso. Ela se sentou à minha frente, como se não se importasse com a provável bronca que levaria do gerente posteriormente ao vê-la ali.

— Então quer dizer que não vai seguir a dieta da Sylvester? – A loira perguntou enquanto anotava o pedido. Engoli em seco. – Isso é bom. Zach me disse que você desmaiou esses dias.

— Ah, sim... Acho que eu estava muito cansado, além de comer quase nada. Sabe como é, os treinos das Cheerios são piores do que servir ao exército. – Assenti com a cabeça. Charlie riu e concordou.

— E essa carinha triste? Lucy de novo? – Ela alcançou minha mão sobre a mesa e passou a acariciá-la. Balancei a cabeça e suspirei.

— Lucy e Rachel. – Disse, com uma voz baixa. – Estou me sentindo horrível, Charlie. Sinto que elas só estão me dando essas sugestões para deixar bem claro que eu não vou me sair tão bem quanto elas. E eu sei que não vou, mas... Eu continuo tentando.

— Você é um contratenor, Hummel. Elas são sopranos. Você não pode querer cantar como elas! – Charlie advertiu, batucando sua caneta na mesa. – Você vai cantar bem sim. Não vai cantar como elas, mas pode cantar tão bem quanto ou até melhor. Foi por isso que eu e Emily decidimos dar o dueto a você e Zach. Confiamos na capacidade de vocês.

— Nós nem temos um dueto ainda, Charlie... Sinto que vai ser desastroso. – Suspirei pesadamente. – Mas, mesmo assim... Obrigado. Dificilmente escuto elogios assim. Aliás, cadê a Emily? Ela não passa sempre a tarde inteira aqui esperando você terminar o turno?

Charlie olhou para sua mão sobre a minha na mesa, o sorriso sumindo aos poucos. Ela mordeu o lábio enquanto pensava em algo para dizer, e então ergueu o rosto para o meu.

— Ela está ocupada hoje.

— Doando duetos, ficando sozinha... Você tem certeza de que tá tudo bem?

— Vai ficar, Kurt. – Ela sorriu e se levantou. – Vou buscar o seu bolo. E você trate de pôr um sorriso no rosto.

Assenti com a cabeça. Chequei todos os meus aplicativos e mensagens enquanto esperava que Charlie voltasse. Sabia que Zach estava com meu pai na oficina, e que Santana tinha ido ao shopping com Kenny, Chelsey e Michael depois de eu ter recusado seu convite. A única coisa que restara era afogar minhas decepções em um delicioso pedaço de bolo de chocolate. Não demorou muito para a loira voltar, sentando-se a minha frente logo após deixar o prato com o pedaço de bolo sobre a mesa.

— Estou preocupada com o Zach. – Ela disse, após eu dar a primeira garfada e suspirar enquanto saboreava o gosto.

— Preocupada com o quê? – Perguntei com o cenho franzido, dando outra garfada em seguida.

— Ele não te contou, Kurt? – Ela arqueou a sobrancelha, surpresa. Aquilo definitivamente não era um bom sinal. Segurei meu garfo, apreensivo, enquanto esperava a garota falar. – Ele está com epilepsia. Como se já não bastasse ser disléxico! Ele já teve vários desligamentos, e parece que só eu percebi.

Engasguei imediatamente com o meu bolo. Comecei a tossir após largar o garfo sobre a mesa, sentindo meus olhos encherem-se de lágrimas. Voltei-me para Charlie novamente, após normalizar minha respiração.

— Como assim, epilepsia?! Desligamento? Dislexia? – Perguntei desesperado, meu coração batendo em uma velocidade tão rápida que eu já podia sentir vertigens e um infarto se aproximando. Charlie apertou minha mão com força, tentando passar segurança e compreensão.

— De onde você acha que surgiram os superpoderes? É claro que o Zach é disléxico. – Ela falou com um suspiro. Senti meu coração apertar. – E as crises de epilepsia do tipo desligamento faz ele olhar para algum lugar fixamente, como se estivesse de fato desligado do mundo. E aí ele se esquece do que aconteceu.

Apoiei os cotovelos na mesa, segurando minha cabeça entre as mãos. Eu tentava processar todas as informações, mas elas simplesmente não entravam na minha cabeça. Eu me sentia sufocado, como se um grande balão de ar estivesse preso em minha garganta. Mordi meu lábio fortemente, segurando todas as lágrimas que já insistiam em cair.

— Kurt, calma... Eu e Emily vamos ajudar você. Vai ficar tudo bem. – Ela falou, acariciando meu braço.

— Eu tô perdido, Charlie. Perdido. – Murmurei com um fio de voz, tão baixo que mais soou como um sussurro. Olhando para o bolo, eu nem sentia mais tanto apetite assim.

´

— Então... Vocês duas querem dar uma sugestão de dueto? – Mr. Schue falou franzindo o cenho para Emily e Charlie. As duas estavam de mãos dadas em frente aos integrantes do coral. Sorriam como se não tivessem uma briga feia no dia anterior.

— Claro que sim! Até porque, me poupe, estou farta dessas musiquinhas enjoentas que Finn, Rachel, Lucy e Michael cantaram. Se os jurados já vão dormir com o solo da Rachel, acho que Zach e Kurt poderiam acordá-los com algo mais animado. – Charlie falou ignorando as expressões ofendidas dos que foram citados. Emily apenas assentiu com a cabeça conforme eu arqueava a sobrancelha levemente em desconfiança.

— Por mim, tudo bem. Podem começar. – Mr. Schue falou ao se sentar em uma cadeira vaga. Antes de a música começar, Charlie deu uma gargalhada. Estendeu a mão para Emily, que a pegou. Em seguida, iniciaram uma dança rítmica que fazia o vestido de Emily se agitar quando se movia.

[CHARLIE]

Look like a girl but I think like a guy!
Not ladylike to behave like a slime
Easy to be sleazy when you've got a filthy mind
You stick to your yogurts
I'll stick to my apple pie

[EMILY]
Girls are not meant to fight dirty
Never look a day past thirty
Not gonna bend over and curtsy for you

[AMBAS]
Is there any possibility
You'll quit gossiping about me
To hide your insecurities
All you say is "blah, blah"
Girls they never befriend me
'Cause I fall asleep when they speak
Of all the calories they eat

[CHARLIE] (EMILY)
All they say is "na na na na na" (na na na na na)

[EMILY]
Girls, oh girls, wag your tails to the beat!
Girls are loud, all the Germans in heat
Write such good stories
Oh their mothers must be proud
Making money of your insecurity and doubt

[CHARLIE]
Girls are not meant to fight dirty
Never look a day past thirty
Not gonna bend over and curtsy for you

[AMBAS]
Is there any possibility
You'll quit gossiping about me
To hide your insecurities
All you say is "blah, blah"
Girls they never befriend me
'Cause I fall asleep when they speak
Of all the calories they eat

[EMILY] (CHARLIE)
All they say is "na na na na na" (na na na na na)
All they say is "na na na " (na na na na na)

[EMILY]
I feel I've been riding in a fast car
Burning dirty gas won't get you that far

[CHARLIE]
I feel I've been riding up the wrong path
But I'm gonna make sure I get the last laugh

[AMBAS]
Is there any possibility
You'll quit gossiping about me
To hide your insecurities
All you say is "blah, blah"
Girls they never befriend me
'Cause I fall asleep when they speak
Of all the calories they eat
All they say is "na na na na na"

(wag your tails, wag your tails to the beat!)
"Na na na na na"

(wag your tails, wag your tails to the beat!)

All they say is “na na na na na”

(wag your tails, wag your tails to the beat!)

"Na na na na na"

(wag your tails, wag your tails to the beat!)

Eu fui o primeiro a aplaudir, enquanto todos ainda estavam tentando entender o que havia acontecido. Duetos eram para ser, supostamente, românticos. Mas eu estava feliz por Charlie quebrar esse estereótipo de propósito apenas para me fazer sentir melhor.

— Charlie, eu acho que... Este não é o tipo de música que estamos procurando. – Mr. Schue comentou.

— Ah, não? – Charlie virou-se para mim e piscou. Dei uma risada. – Sinto muito. Bom, como nós gostamos mesmo de ser losers, vamos continuar utilizando as ideias tradicionais e clichês da anã com mãos excessivamente masculinas.

Rachel abriu a boca, ofendida, e Finn a abraçou de lado. Chelsey revirou os olhos, com o braço de Michael sobre seu ombro.

´

— Kurt. – Uma voz me chamou, atrás da porta do meu armário. Após fechá-la, vi que era Lucy. Contive-me para não revirar os olhos e falar algo sarcástico que a deixasse envergonhada. Ultimamente, eu não estava com humor para isso. – Olha, eu entendo que você acha que eu sou uma vadia descontrolada louca para pegar o seu namorado, ok? Eu só quero que você saiba que eu não sou nada disso. – Ela falou mordendo o lábio, em um sinal de hesitação. – Na verdade, eu te acho o máximo! Digo, você é um garoto gay cheerio que namora um jogador de futebol e ainda consegue cantar com voz de soprano e usar combinações fabulosas de roupa no dia-a-dia.

Franzi o cenho e dei um meio sorriso.

— É uma pegadinha?

— Claro que não, seu bobo. – Ela deu uma risada. – Sinto muito pela primeira impressão que eu te dei. Eu também ficaria com raiva se fosse você, e na verdade te achei bem pacífico pra resolver o problema. Se fosse no meu antigo colégio, agora faltaria um tufo do meu cabelo. E talvez um olho.

Dei uma risada e me recostei no meu armário, abraçando os livros contra o meu peito.

— Enfim, não era disso que eu queria falar. Zach me falou sobre suas inseguranças e eu queria te ajudar. Quando eu e Michael cantamos juntos, foi mesmo uma sugestão, não um jeito de aparecer como Rachel e Finn fizeram. – A garota franziu o cenho e balançou a cabeça. Concordei ao dar de ombros como se fosse um fato óbvio. – E eu acho que você tem tudo o que precisa para se sair bem.

— Dois pares lindos de olhos azuis pra distrair os juízes enquanto eu e Zach tentamos cantar alguma coisa?

— Quase. Vocês dois tem vozes lindas. E, olha só, ninguém ouviu vocês dois cantarem juntos ainda. Vocês precisam usar emoção e sentimento, escolher alguma música que combine com vocês. E, pronto! A mágica está feita. Pare de se preocupar com técnicas de respiração, melisma, essas coisas. Você vai cantar como Kurt, não como Rachel ou Lucy.

— Por que está me ajudando?

Lucy pensou por alguns segundos e então respondeu, com um sorriso de canto.

— Por que quero ser sua amiga. Não uma rival, ou uma pessoa que você precise exterminar até o fim do ano. – Sorri de uma forma que queria dizer “desculpa”.

— Obrigado. Mesmo. Tirou um peso enorme das minhas costas agora, Lucy. – Estendi os braços para abraçá-la, e a garota passou os braços ao redor de minha cintura firmemente. Beijei-a no topo da cabeça e permaneci abraçando-a por alguns segundos, como se quisesse me redimir por todas as grosserias e rudezas durante todo o nosso tempo de convivência.

— Só estou triste porque só tenho mais duas semanas aqui. Ficarei até as Regionais e depois... Bye bye, Lucy. Nessas horas que tenho raiva de você por ter sido uma vadia o tempo inteiro. Poderíamos ter feito compras, já que suas amiguinhas estavam ocupadas demais com seus relacionamentos. – A morena colocou as mãos na cintura e bufou. Suspirei e cocei levemente a nuca. Aquela garota sabia mesmo como fazer alguém se sentir culpado.

— Não queria que fosse embora. Mas nós ainda temos duas semanas! Vamos aproveitá-las o máximo que pudermos. Além de ganharmos as Regionais, aumentaremos nosso estoque de roupas e de calorias. – Dei uma risada e cutuquei-a no ombro. A garota sorriu e assentiu com a cabeça.

— É só marcar, Hummel. Lembrando que tenho três cartões de crédito.

— Eu tenho seis.

— Poderosa.

Poderoso.

— Desculpa. – Ela riu e então arrumou uma mecha do cabelo. – Tenho que ir agora. Até mais, Kurt. Agora, sim, posso dizer que foi um prazer conhecê-lo.

— Digo o mesmo, Montgomery. – Pisquei e então acenei para a garota quando ela se afastou. Não sabia se eu estava feliz por ter conseguido uma amiga ou triste por ter uma pessoa a menos para odiar e falar mal para as minhas amigas. Lucy era uma garota legal e divertida, e eu deveria ter notado isso. Meus lindos olhos azuis talvez não fossem tão eficientes para notar as coisas com tanta precisão. Ou talvez eu ainda estivesse cego de raiva de Zach para ver qualquer coisa.

Direcionei-me ao banheiro masculino. Estava me preparando para as duas últimas aulas do dia, e precisava passá-las com o cabelo mais arrumado possível. O cheiro do banheiro masculino era repugnante e repulsivo, algo como um cheiro forte de urina, suor e queijo estragado. Ainda bem que eu precisaria passar menos de cinco minutos para me ver livre daquela câmara de concentração.

— Olá, Kurt. – Michael falou ao sair do mictório. Se pôs ao meu lado para se olhar no espelho, enquanto eu ainda agitava a lata de spray.

— Olá. – Respondi de forma curta e objetiva, retirando a tampa da lata e passando a névoa perfumada de laquê sobre os cabelos. Michael tossiu e afastou a nuvem transparente com a mão. Percebi, enquanto arrumava o cabelo com os dedos, que Michael correu os olhos pelo meu uniforme de Cheerio. Corei levemente.

— Uniforme interessante.

— Tenho que ir. – Tampei novamente a lata e me direcionei até a porta, quando Michael me segurou pelo braço.

— Kurt, preciso da sua ajuda.

Me virei para ele, alternando meu olhar de sua mão em meu braço à seu rosto.

— O que foi?

— Eu estou me sentindo diferente esses dias... – Ele me soltou devagar e foi aproximando-se de mim vagarosamente. Seus olhos fixaram-se nos meus, enquanto suas palavras saíam lentas e roucas de sua boca. – Acho que estou me sentindo atraído por garotos também.

— Bom pra você. – Sorri enquanto recuava alguns passos. Michael não parecia estar dando atenção ao que eu falava. Seu olhar desceu até minha boca, e subiu até meus olhos novamente no instante em que um sorriso malicioso se formava em seus lábios.

— Você... Pode me ajudar a decidir qual dos dois é melhor? Uma experiência, sabe? Você é gay, sei que pode me ajudar com isso. – E então me encurralou na parede do banheiro. Colocou uma mão na parede ao lado de meu rosto, conforme aproximava o seu ao meu lentamente. – Ninguém vai ficar sabendo... Só eu e você...

Michael colocou sua outra mão firmemente em minha cintura, fazendo-me estremecer por completo. Seus olhos pareciam me devorar, e minha respiração começou a sair ofegante. A voz rouca do rapaz arrepiou-me por completo; talvez não por excitação, mas mais por medo. O polegar de sua mão em minha cintura ergueu a barra da minha camiseta, começando a desenhar círculos lentos em minha pele.

— Você é idiota? – Perguntei, ríspido. Sua expressão enrijeceu, e sua mão apertou minha cintura com mais força. – Acha mesmo que vou trair meu namorado só pra você decidir se gosta de pegar homem ou mulher? Desculpa, Michael, mas não sou desses. E você errou feio por achar que eu era.

— Hum... Então você é difícil? – Ele mordeu o lábio. – Ótimo, Kurt. Eu prefiro assim. Assim será mais prazeroso me lembrar disso quando você estiver gemendo bem alto na cama.

— Algum problema aqui? – Uma voz masculina familiar ecoou pelo banheiro. Eu não podia ver através do braço de Michael, mas podia reconhecer que era Kenny.

— Estou sendo assediado descaradamente. – Falei, ao empurrar Michael. O loiro franziu o cenho com o semblante confuso.

— Ele está mentindo. Falou mal de Chelsey e pedi para ele repetir na minha cara.

— Posso apostar que consigo encontrar mais defeitos em você do que nela. – Bufei, e então saí com passos rápidos no corredor.

Mordi o lábio fortemente enquanto me direcionava até a sala. Eu precisava de Zach. Precisava vê-lo. Talvez só assim eu esqueceria o quão inofensivo e vulnerável eu fui quando Michael me encurralou na parede e me devorou com os olhos. Eu não só estava me sentindo indefeso, como completamente aterrorizado. E tinha uma incômoda e apavorante sensação de que ele não pararia por ali.


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Notas finais do capítulo

O capítulo não foi betado. Portanto, se encontrarem algum erro, por favor me avise nos reviews que eu irei corrigi-lo.
Espero que tenham gostado!



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