Sweet Like Cake. escrita por Porcelain


Capítulo 15
1x15.


Notas iniciais do capítulo

Olá, Sweeters! Acho que não demorei muito dessa vez. Queria agradecer à LimaQueen por ter betado o capítulo, e dessa vez sem enrolar. ♡ KKKKK
E, wow, tivemos a incrível marca de UM review no capítulo anterior! Obrigado, Sweeters! c:
As músicas cantadas nesse capítulo são:
Creep, by Radiohead — Cantada por Michael e Lucy.
Break Free, by Ariana Grande ft. Zedd — Cantada por Kurt, Charlie, Chelsey e Emily.
Anaconda, by Nicki Minaj ft. Drake — Cantada por Kurt, Charlie, Chelsey e Emily.
Boa leitura, espero que gostem!



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As Regionais estavam chegando, e o time do New Directions estava consideravelmente forte, considerando os novos membros que entraram. Michael, Kenny e Lucy eram talentosos e blá blá blá; nada que eu não tenha visto antes. Mas, para o Mr. Schue, eram impecáveis e perfeitos. Eles pareciam não se importar com as provocações e humilhações diárias por serem do Glee Club, até por serem praticamente idolatrados dentro daquela sala minúscula. E eu permanecia quieto no meu canto, como estava sendo de uns tempos pra cá. Não que eu antes tivesse algum tipo de destaque, como se eu fosse uma Rachel Berry da vida. Só estava tendo menos atenção do que antes, como se minha presença naquele clube fosse apenas opcional.

— Você está exagerando. – Santana falou, após eu expor meu ponto de vista enquanto pegava um livro de Literatura do armário. A latina permanecia incrível em seu uniforme de cheerleader, enquanto eu me sentia a pessoa mais comum do mundo dentro do meu. Eu preferia estar usando alguma calça laranja; faria eu me sentir mais diferente. – Isso tudo é inveja porque ninguém dá atenção a você? Incluindo seu namorado?

— Não é inveja. – Revirei os olhos ao fechar meu armário e apoiar meu ombro no mesmo. – Só não acho que eles mereçam tanta atenção. Quer dizer, a Lucy nem canta tão bem! O Michael só é gato, quase nunca escuto ele cantar. E o Kenny...

— O Kenny o quê? — Ela arqueou a sobrancelha e então balancei a cabeça.

— Nada.

— Sobre o quê as virgens estão conversando? – Charlie perguntou com animação, balançando seu rabo de cavalo enquanto se aproximava de nós com seu caderno lotado de figurinhas masculinas. Também parecia incrível em seu uniforme de cheerleader, o que me deixava com mais vontade de retirar o meu e vestir minhas roupas normais.

— Sobre como parece que você roubou esse caderno de um garoto do ginásio. Max Steel, Charlie? – Santana comentou fazendo uma cara de nojo.

A loira deu uma risada em resposta.

— Claro! Barbie é patricinha demais. Combina mais com o Kurt. – Ela me deu uma cotovelada com um sorriso largo.

— Não faça brincadeirinhas com ele hoje. Está amargurado com a vida. – A latina ironizou, com os braços cruzados.

Antes que eu pudesse responder alguma coisa, Kenny se aproximou de mãos dadas com Sophie. Pareciam mais irmãos do que namorados, algo que era bem visível pela expressão desconfortável de Sophie.

— Oi, Tia Tana! – Ele falou com um sorriso largo, beijando a morena no rosto. Santana riu e repeliu o toque, como se sentisse que Sophie fosse se chatear – mais ainda, como se fosse possível. Sophie estava com seu uniforme de cheerleader e, diferente das duas garotas, seus cabelos estavam soltos e caíam em ondas douradas sobre seus ombros. Parecia de fato uma Barbie, levando em consideração seus olhos especialmente... Expressivos.

Abracei Sophie e beijei-a na testa.

— Como está? – Falei em voz baixa, notando que Santana e Kenny haviam incluído Charlie em sua rodinha de conversa particular repleta de risos.

Sophie suspirou e deu um sorriso desanimado.

— Do mesmo jeito. E você? Como está o Zach?

— Do mesmo jeito também. Aliás, não o vi hoje. Estou vindo mais cedo pro colégio ultimamente, isso evita que façamos contato visual e consequentemente conversamos sobre o que está acontecendo entre a gente. – Falei enquanto assentia com a cabeça.

A garota arqueou uma sobrancelha, como se estivesse tentando decifrar o que eu havia falado.

— E o que exatamente está acontecendo entre vocês?

— Am... – Fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando pôr em ordem todos os meus pensamentos, que pareciam como cartas embaralhadas na minha cabeça. — Ele aparentemente me trocou por uma garota. Isso é pior do que ser trocado por um garoto.

— Ele não trocou você. Ele só foi pra uma balada com uma desconhecida. – Ela cruzou os braços e disse com a maior naturalidade do mundo. – Não é pior do que ele passar a balada inteira dançando com uma amiga sua.

— Ah, Sophie, por favor. – Suspirei. – Não vamos começar a competir sobre quem tem o pior relacionamento.

— Acho que eu ganho. – Santana se pôs entre nós dois, com as mãos na cintura e um sorriso de vadia. Sophie gelou, imaginando se a latina tinha ouvido o início da conversa. – Meu namorado quase não existe.

— Não seja dramática. – Charlie deu uma risada. – Aliás, não se esqueçam de que tem treino hoje.

E então Charlie caminhou até o laboratório de química, no mesmo instante em que o sinal começou a tocar. Sophie, Santana e Kenny se despediram entre si enquanto iam para suas respectivas salas, e eu seguia sozinho pelo corredor. Sabia que o dia seria longo, e ele mal havia começado.

Entrei na sala de literatura, e no segundo seguinte fui atingido por um belo par de inconfundíveis olhos azuis, encarando os meus com inquietação. Zach me olhou apreensivo, como se esperasse que eu fosse sentar ao seu lado. Dei um meio sorriso carregado de culpa e então me sentei no lugar à sua frente, deixando bem claro que ainda não estávamos bem o suficiente ao ponto de sentarmos próximos um do outro propiciando uma possível discussão de relação.

´

Já era horário de almoço, e o restante da Unholy Fortinity ainda não havia aparecido. Eu estava em uma mesa separada, onde usualmente sentava com alguns membros do coral. Pude reparar que, vez ou outra, pessoas olhavam para mim e riam, fazendo-me revirar os olhos. Ah, o maldito vídeo da garrafa.

Kenny sentou-se à minha frente com seu típico sorriso simpático, que me fez suspirar baixo.

— Nem tive tempo de agradecer você, Kurt. – Ele falou, enquanto cortava um enorme pedaço de bife em seu prato. Olhei para o meu, e tudo o que encontrei foi uma porção de salada e uma batata que serviria como o carboidrato que me daria toda a energia necessária para o resto do dia. Arqueei a sobrancelha, largando meu garfo sobre todo aquele verde enjoativo.

— Agradecer por...?

— Pelos conselhos, lembra, quando você estava bêbado. – Ele franziu o cenho e, depois de alguns segundos, deu uma risada. – É claro, você estava bêbado. Não tinha como se lembrar.

Fiz uma expressão óbvia para ele.

— Bom... Quando eu estava te levando para casa, perguntei o que deveria fazer quando seu relacionamento não está mais dando certo. E, enquanto você falava sobre estar vendo peixes que nadavam na parede ou sobre ter visto a Nicki Minaj sair de um beco, falou que eu deveria fazer o que me deixasse feliz. – Ele franziu o cenho com um sorriso e deu uma risada. – Até que você é uma pessoa bem sábia quando não está sóbria.

Fazer o que me deixasse feliz. O que eu deveria fazer para me deixar feliz?

— O que quis dizer com isso? – Perguntei fazendo uma expressão de ofendido enquanto devorava a minha batata. Kenny gargalhou.

— Não foi isso o que você entendeu! Quis dizer que você continua inteligente mesmo quando está bêbado.

— Não, não isso. Quis dizer sobre o seu relacionamento não estar mais dando certo. – Falei levando um pouco de salada à boca. Não havia gosto algum, só de gotículas de água e sal. – O que aconteceu entre você e Sophie?

— Sinto que ela não está feliz. E eu... Também não.

— Será que isso tem a ver com uma latina aparentemente favelada e que, por acaso, é minha? – Dei um sorriso que intencionalmente era para ser intimidador.

Kenny suspirou e abaixou a cabeça, mastigando sua comida por alguns segundos. Depois deu um gole em seu refrigerante de limão.

— Talvez. O que você faria se... Eu dissesse que nos beijamos ontem?

Senti como se o garfo pesasse 10kg, e que o mundo começou a girar devagar. Arregalei os olhos conforme ficava boquiaberto, encarando o rapaz loiro à minha frente com incredulidade.

Vocês o quê?!

— Calma, cara! Eu juro, não vai acontecer de novo! – Ele tentou se defender, aparentemente achando que eu iria enfiar o garfo na sua testa. – A Santana não queria tomar um remédio pra dor de cabeça, aí nós caímos no sofá e... Aconteceu.

Vocês dois namoram. – Falei quase em um sussurro, fuzilando-o com os olhos. Neste momento eu me via em um impasse: contaria para Sophie ou encobriria a Santana? De qualquer forma, o problema não era meu. E, convenhamos, nem Sophie está mais tão interessada nesse relacionamento.

— Cadê todo aquele papo de felicidade agora? – Kenny bufou, e pude sentir um toque de irritação em sua voz. – Fique tranquilo. Eu vou conversar com a Sophie, vou ser sincero com ela. Ela não merece passar por essas coisas.

— Falando nisso, cadê ela?

E, no segundo seguinte, as garotas surgiram com suas bandejas repletas de saladas idênticas à minha. Sentaram-se à mesa com seus sorrisos radiantes.

— Foi mal a demora, estava acontecendo a maior confusão no banheiro das meninas. – Charlie falou com empolgação, como se aquele fato tivesse feito todo o resto de seu dia valer a pena. – Charlie e Rachel estavam brigando. Pelo que parece, o Finn beijou a nariguda e a Chelsey viu.

— Não entendo essas garotas. – Sophie murmurou, cortando seu tomate em pedaços ainda menores. – Era pra Chelsey bater no Finn e não na Rachel, certo? Ela não teve culpa, e não tinha como se defender com seus 50 centímetros de altura!

Kenny e Santana se olharam quase que instintivamente, e desviaram o olhar segundos depois.

— Uma hora ou outra isso ia acontecer. – Santana falou. – Por favor, a Chelsey só pode ser muito tapada para não ter reparado que o Finn olha mais para os seios da Rachel do que para ela mesma. A única sorte dela é que ela tinha um estepe.

Charlie arqueou a sobrancelha, mastigando sua salada sem gosto.

— Estepe?

— Sim. – Ela indicou com a cabeça para uma mesa um pouco mais afastada das demais. Chelsey ainda estava chorando, e um pouco machucada com alguns arranhões. Sentado com ela, estava um rapaz moreno e com costas largas que parecia tentar conformá-la. – Michael. Desde o primeiro dia ele deixou na cara que estava afim dela.

— Até que eles fazem um casal bonitinho. – Charlie disse com um sorriso. – Por mais que eu ache que seja tudo interesse. O melhor jeito de se tornar popular é namorar com uma cheerio.

Dei uma risada baixa, que atraiu a atenção das outras três pessoas que estavam à mesa. Se isso fosse mesmo verdade, Kenny desbancaria Finn Hudson no quesito de popularidade. E tenho certeza de que ele acompanhou essa minha linha de raciocínio, a levar em consideração o rubor em seu rosto.

— Olha lá, – Sophie falou. – a Lucy está almoçando sozinha.

Direcionei meu olhar para a garota, e ela comia em silêncio com seus fones de ouvido. Havia um livro branco ao lado de seu prato, no qual o celular se apoiava. Uma maçã reluzia na sua bandeja, e isso me deixou com um pouco de inveja; ela estava mesmo comendo frutas por vontade própria?

Estava. – Charlie a corrigiu. – Arthur acabou de sentar com ela.

Santana largou seu garfo e bateu as costas no encosto de sua cadeira, em um ato de impaciência.

— Que ótimo. Perfeito! Pelo visto o Arthur não só esqueceu o bom senso e a vergonha na cara, como também esqueceu que tem uma namorada. – Santana passou a cortar sua salada com violência. Kenny arqueou a sobrancelha em um discreto gesto de ciúmes, que não passou despercebido por Sophie.

— Pare de reclamar, você também esquece às vezes! – Sophie resmungou, e em poucos segundos o rosto de Santana passou de cor-de-pele para cor-de-fogo. Se era por raiva ou vergonha, eu não sabia dizer. Ela fechou a mão em um punho.

O que está insinuando?

— Não se faça de desentendida, você sabe muito bem! – A loira ergueu seu tom de voz, a raiva evidente na mesma. Charlie tentou acalmá-la, mas foi ignorada.

— Abaixe o tom, Rivera. Você não está falando com a sua mãe. – Santana falou no tom mais calmo que conseguiu, por mais que fosse possível ver em seus olhos a vontade de agarrá-la pelo pescoço.

— Desde quando eu tenho que obedecer você? Quer saber, eu estou farta! – Ela se levantou, sua voz aguda e estridente chamando a atenção de todos no refeitório. – Você pode até tentar roubar o meu namorado, você pode até se achar a boazona do colégio, pode até nunca aceitar que está errada, mas você não é melhor do que ninguém aqui! Não é, Santana!

— Sophie, calma... – Kenny interviu, segurando-a pelo braço.

— Cale a boca, Kenny! Cale a boca! Você também não tem moral nenhuma pra querer falar alguma coisa! – Ela gritou, tentando se soltar do loiro.

— Se você não calar a sua boca agora, não vai conseguir falar mais nada depois. – Santana falou após se levantar.

— Ah é?! E o que você vai fazer, me bater? – Sophie bateu as mãos na mesa, o rosto vermelho de raiva. E após um grito agudo que ecoou pelo local, as duas se atracaram por cima da mesa em uma briga repleta de estalos e puxões de cabelo. Todas as bandejas e pratos foram ao chão, e logo diversas pessoas correram para a mesa a fim de observar toda a confusão.

— Vocês duas, parem! – Gritei, tentando puxar Sophie enquanto Kenny puxava Santana. Não estava dando certo, concluí após ser atingido em cheio por um soco no estômago.

— Vou te ensinar a falar como gente, sua ordinária! – Santana gritou, acertando um tapa certeiro no rosto da loira. Sophie não deixou barato, e arrastou as unhas firmemente pelo rosto da latina como se estivesse tentando arrancar sua pele do crânio.

As duas rolaram até caírem no chão, e o barulho de gritos e impactos fortes chamava a atenção de cada vez mais pessoas. Quando Arthur puxou Sophie com força e Kenny prendeu seus braços ao redor do corpo de Santana, a briga foi cessada.

Mas que porra foi essa?! – Ele perguntou, olhando incrédulo para Santana. Ela e Sophie ofegavam pesadamente, os rostos vermelhos e cobertos de arranhões e marcas avermelhadas.

— Ora, ora. Quando eu acho que nada mais nesse colégio me surpreende, eis que vejo duas integrantes do asqueroso Glee Club tentando matar uma à outra enquanto usam o uniforme das Cheerios. – Sue falou, empurrando alunos violentamente para que pudesse estar próxima o bastante das duas garotas. – Acho que vocês não precisam mais dele. Deixem-nos na minha sala antes de irem embora e depois eu providenciarei a punição de vocês duas.

— Treinadora Sylvester, você não... – Sophie começou, os olhos marejados enquanto tentava se soltar dos braços de Arthur.

— Não, por favor, sem choro. Ugh, como eu odeio pessoas chorando. Não é a toa que eu removi minhas glândulas lacrimais, não sou obrigada a me igualar a essas pessoas. – A mais velha resmungou com um revirar de olhos. – Você nunca foi uma boa Cheerio mesmo. Não sei por que ainda quer se dar ao esforço de conseguir o cargo de volta.

E então, mordendo o lábio firmemente, Sophie correu para longe dali. Kenny fez menção de segui-la, porém Charlie segurou-o pelo braço. Sue se voltou para Santana, que tentava normalizar sua respiração. Havia um pouco de sangue seco sujando seu rosto, consequência dos arranhões de Sophie.

— E você, siliconada, não é por que você aparentemente faz parte de uma gangue que precisa intimidar os outros para se sentir superior. Todos sabem que você é uma vadia, e você só está dando mais certeza ainda para essas pessoas. – Ela falou, encarando Santana no fundo dos olhos como se quisesse atingi-la com suas palavras. – Me poupe, roubar o namorado das outras é a gota d’água!

E, com isso, se retirou do refeitório derrubando o maior número de alunos que conseguisse. Arthur lançou um olhar de reprovação à latina, e também saiu logo em seguida.

´

O resto do dia foi perturbador. Tive que dividir minha atenção entre consolar a Sophie, desprezar Kenny, consolar Chelsey, aconselhar Rachel, descontrair com Charlie, e, infelizmente, continuar a ignorar Zach. Eu não sabia até que ponto eu levaria isso. Também não sabia o que esperava que Zach fizesse para que eu parasse. Talvez fosse como se eu houvesse pedido um tempo, indiretamente e implicitamente.

— Kurt. – Ouvi a voz de meu pai me chamar, fazendo-me erguer o olhar até ele e afastar meus pensamentos para longe. – Você está calado ultimamente. Aconteceu alguma coisa no colégio?

— Ah, não. – Dei um sorriso descontraído e voltei a comer. Estava um clima um pouco tenso à mesa depois que meu pai terminara seu assunto de rugby com Arthur e Zach. Eu mal estava me concentrando no gosto da comida; rever todos os fatos ocorridos no dia estava mais interessante do que me manter alheio àquela conversa. – Só tiveram algumas brigas hoje, mas nada sério. E, antes que pergunte, eu estou bem.

— É claro que está. Não é como se eu fosse deixar acontecer alguma coisa com você. – Arthur falou em um tom de desdém, mas estava claro pra mim que só dizia aquilo para impressionar meu pai.

— Não é como se eu precisasse de você pra me defender. Tenho a Santana, que por sinal é a vadia de Lima Heights. – Lancei um sorriso irônico ao maior, e então alcancei o depósito de vidro onde continha salada. A dieta das Cheerios estava me deprimindo cada vez mais.

— Eu também tenho a Santana. – Ele retrucou, com a sobrancelha arqueada.

— Uhum. – Assenti com a cabeça, depois de dar uma risada baixa. Me surpreendi ao perceber que ela não havia soado tão escandalosa quanto eu queria que soasse. – Continue pensando assim.

Zach comia em silêncio, tentando ao máximo possível passar despercebido enquanto só estava conseguindo fazer com que todos se voltassem a ele e sua estranha quietude.

— Pensando na Vic? – Meu pai brincou, com um sorriso divertido. – Não se preocupe, ela volta.

Zach riu, constrangido, e então negou com a cabeça. Arthur engasgou e então riu, mais para disfarçar sua surpresa.

— Eu estou conseguindo viver bem sem ela. – Senti o olhar dele sobre mim por alguns segundos, enquanto eu admirava o quão douradas estavam as minhas batatas.

Mas é claro que está. – Murmurei. Ergui o olhar com um sorriso constrangido, percebendo que o murmúrio não saíra tão baixo quanto eu pensei. Coloquei os talheres sobre o prato e me levantei, um pouco apressado. – Já terminei.

— Mas você mal tocou na comida, Kurt. – Meu pai falou. – E depois fica se preocupando com a minha alimentação. Antes comer mal do que não comer nada.

— Eu estou de dieta. Digo... – As cheerios precisam ser magras e flexíveis para poderem fazer acrobacias e outras coisas que eu considero fisicamente impossível, e este é o atual motivo para eu servir apenas para ser a base da pirâmide na equipe. — Os atletas do colégio precisam estar em forma.

— Mas você está ótimo, Kal El.

— Obrigado. – Sorri com o rosto levemente corado, tentando não olhar diretamente para Zach. – Mas ainda não é o bastante.

E, com passos firmes e rápidos, me retirei da cozinha.

No caminho para meu quarto, tentei me lembrar de tudo o que eu havia comido no dia. Salada, meia barra de cereal, uma uva, salada, batata e mais salada. Havia no mínimo três dias que essa dieta apareceu como o pior pesadelo de todas as cheerleaders. Sentia meu estômago protestar por ao menos mais três batatas, mas eu não podia me desviar da dieta imposta por Sue. Eu já estava em um triz com aquela velhota.

Quando fui abrir a porta do quarto, fui atingido por uma tontura cruel; minha visão escureceu e eu senti como se pesasse mais do que minhas pernas pudessem sustentar. Como uma construção antiga demais para se manter de pé, despenquei ao chão.

´

Santana e Sophie pareciam irreconhecíveis sem seus uniformes de Cheerios. Ambas estavam com os cabelos soltos, diferentes dos usuais rabos de cavalo que eram tão obrigatórios quanto usar o uniforme. Elas também andavam sozinhas; Sophie e Kenny haviam terminado no dia anterior, e Santana e Arthur continuavam com seu relacionamento à distância. Literalmente.

Eu não sabia como, mas acordei ao lado de Zach. Ele estava com os braços bem firmes ao redor de mim, em um sono tão profundo que foi quase impossível me levantar da cama para ir ao colégio. Não por preguiça ou por o corpo de Zach ser pesado, mas sim porque eu não queria me soltar dele. Não posso dizer que não gostei. Na verdade, eu até senti muita falta disso.

Parei ao lado de Santana, que abria seu armário apertadíssimo, no qual livros e pacotes de salgadinho disputavam espaço diariamente. Havia uma foto sua com Charlie e outra sua com Arthur presas na porta do armário, mas pareciam já estar um pouco desgastadas.

— Como você está se sentindo? – Perguntei apoiando minhas costas em um outro armário.

— Nua. – Ela respondeu com um murmúrio mal humorado.

— Aqueles uniformes não faziam você ficar mais vestida, se quer saber. – Resmunguei com um revirar de olhos. Ela fechou a porta do armário subitamente e me encarou.

— O que vou fazer agora, Kurt? Só tenho o Glee Club. Eu sou uma perdedora pior do que era antes. Meu Deus, não sei nem se meus poderes de Super Vadia resistiram ao baque de ser tirada das Cheerios. Vou ter que começar tudo do zero. E isso inclui terminar meu namoro com o Arthur, o que é algo bem benéfico já que descobri algo ontem. – Ela falou assentindo com a cabeça. Franzi o cenho e Santana se aproximou, reduzindo o volume de sua voz para que apenas eu ouvisse. – Eu estou apaixonada pelo Kenny.

Pisquei os olhos algumas vezes. Era algo óbvio, mas eu não esperava que Santana fosse confirmar isso tão cedo. Ela parecia perdida, a começar pelo seu olhar que aguardava a todo instante serem borrados pelo ardor de uma slushie bem gelada. Podia notar, também, que ela estava se sentindo culpada. Afinal de contas, ela fora a causadora do término de Sophie e Kenny.

— Acho que ele também está apaixonado por você. – Disse em voz baixa, com um sorriso malicioso. – Você só precisa se livrar do Arthur e então... Vai poder ser feliz com o Kenny.

— Eu iria conversar com o Arthur hoje, mas parece que ele faltou. Provavelmente está bêbado em algum lugar. – E então revirou os olhos. – É nesses momentos que eu me pergunto o que vi naquele idiota. Tudo bem que ele é super gato, mas às vezes eu até me esqueço disso. Tudo o que eu consigo me lembrar é que, se ele não estivesse namorando comigo, provavelmente já estaria morto.

No instante seguinte, Sue Sylvester parou em nossa frente. Ela estava irritada, apertando seu apito com força em sua mão.

— O que está fazendo aqui ainda, menino?! Vocês precisam treinar para o número de hoje à noite. Parece que os trogloditas dos Titans vão jogar e precisam de animadoras excelentes para lembrá-los de que, se não ganharem, terão passagens gratuitas para o Iraque pagas pela treinadora aqui. – A loira falou, ignorando totalmente a presença de Santana. Olhei para ela, que, após respirar fundo, assentiu com a cabeça.

— Até mais, então. – Ela disse com uma voz seca, e então continuou com seu caminho pelo corredor. Sylvester me deu um tapa no braço, fazendo-me pular de susto.

— Vá! – Ela gritou, e então corri para a quadra.

´

Depois do treino das Cheerios, eu não me senti muito bem. Tanto fisicamente quanto emocionalmente. Além de todos os músculos do meu corpo estarem doendo e eu sentir tonturas o tempo inteiro, senti uma falta imensa de Zach me assistindo. Geralmente ele dizia o quão bonita minha bunda ficava no uniforme, ou como eu estava aprendendo os passos direitinho e parando de bater nas pessoas acidentalmente.

No Glee Club, estava um clima tenso. Chelsey e Michael sentavam bem atrás, de mãos dadas, enquanto Finn e Rachel sentavam lado a lado – porém, sem se tocarem. Santana e Kenny murmuravam coisas bem baixinho, enquanto Sophie rabiscava coisas aleatórias em sua agenda. Emily comentava com Charlie coisas que fez com Pedro, seu melhor amigo, e a loira fingia algum interesse. Zach sentava à minha frente, e eu contornava sua nuca com o olhar diversas vezes.

— Já podemos começar as preparações para as Regionais? – Mr. Schue perguntou, escrevendo palavras motivadoras no quadro. – Acho que vocês estão precisando de um gás a mais. Estão bem desanimados.

— Em minha legítima defesa acho que não estamos desanimados, mas sim emocionalmente cansados já que passamos por coisas absolutamente desnecessárias esses dias, como, por exemplo, ter um solo roubado e/ou levar um soco na cara. – Rachel falou com os braços cruzados. Chelsey bufou e revirou os olhos.

— Rachel, quer saber? Pode ficar com o solo pra você. – Santana disse em um tom carregado de veneno, como se estivesse se livrando de um peso desnecessário. – Você está mais necessitada do que eu, e ninguém aguenta mais suas reclamações. Então pegue essa merda de solo e enfie ele bem dentro do seu...

— Shiu, calada. – Cobri a boca da latina com a mão. Rachel deu um sorriso largo, e então se levantou de seu lugar e fez menção a abraçar Santana.

— Não encoste em mim. – Ela falou pausadamente. Rachel suspirou e voltou ao seu lugar.

Notei que Michael olhava para mim. Com uma risada baixa, ele virou o rosto e balançou a cabeça.

— Certo, o solo é da Rachel. O que mais?

Emily levantou a mão.

— O dueto. – Ela disse. – Charlie e eu estávamos conversando e decidimos dá-lo para o Zach e o Kurt. Como o Kurt é novato nas competições, acho que seria ótimo para ele ter essa chance de cantar junto com o namorado dele.

Emily falou em um tom sarcástico de lembrete. Desde quando eu havia me esquecido de que Zach era o meu namorado?! Olhei para ele ao mesmo tempo em que ele olhou para mim. Dei um leve sorriso de canto que expressava empolgação, e que foi retribuído conforme ele corava e me deixava com uma vontade absolutamente louca de ir até ele e o beijar.

— Vocês concordam, Kurt e Zach? – Mr. Schue perguntou.

— Por mim tudo bem. – Falei com um sorriso. Zach assentiu e ergueu os polegares.

— Ótimo! Então teremos um solo da Rachel, um dueto Zart e uma performance em grupo. Só faltam agora as músicas! – O professor falou com empolgação. – Quem tiver sugestões, é só dizer.

— Eu e a Lucy temos uma sugestão de dueto. – Michael falou ao erguer a mão. Chelsey olhou para ele com o cenho franzido. – Na verdade é uma música que a gente gosta muito. Talvez combine com a voz do Kurt e do Zach.

A morena sorriu e assentiu com a cabeça.

— Ah, ótimo! Então venham aqui apresentar pra gente. – Mr. Schue os chamou e então sentou em uma das cadeiras vagas, conforme os dois se posicionavam em frente a todos.

[MICHAEL]

When you were here before
Couldn't look you in the eye
You're just like an angel
Your skin makes me cry

[LUCY]

You float like a feather
In a beautiful world
Oh, I wish I was special
You're so very special

[AMBOS]

But I'm a creep

[LUCY]

I'm a creep

[MICHAEL]
I'm a weirdo

[LUCY]

I'm a weirdo

[MICHAEL]
What the hell am I doing here?

[LUCY]

What the hell am I doing here?

[AMBOS]
I don't belong here

[LUCY]

I don't care if it hurts
I wanna have control
I wanna a perfect body
I wanna a perfect soul

[AMBOS]

I want you to notice
When I'm not around
You're so very special
I wish I was special

[AMBOS]

But I'm a creep

I'm a weirdo
What the hell am I doing here?

I don't belong here

She's running out the door
She's running out
She run, run, run, run
Run

[LUCY]

Whatever makes you happy
Whatever you want

[AMBOS]
You're so very special
I wish I was special

But I'm a creep

I'm a weirdo
What the hell am I doing here?
I don't belong here
I don't belong here

A sala explodiu em aplausos, exceto por mim e por Zach. Estávamos perplexos e boquiabertos, observando Michael rodopiar Lucy nos braços enquanto eram ovacionados pela plateia. Mr. Schue pareceu um pouco desconfortável depois da apresentação dos dois ao olhar para mim. Um olhar que queria expressar pena.

— Essa... Essa é uma ótima música. – Ele assentiu com a cabeça, com um sorriso caridoso. – Vocês deveriam pensar nisso. – Disse com uma voz de desdém, por mais que quisesse dizer que essa definitivamente deveria ser a música escolhida.

— Não. Vamos cantar uma melhor.

Sorri e assenti com a cabeça. Senti os olhares se direcionando a mim, especialmente os de Michael e Lucy.

— Uma bem melhor. O que não faltam no meu celular são duetos excelentes que ficarão perfeitos na minha voz e na do Zach.

— O Kal El tem razão. Ele é incrível. – Zach sorriu, fazendo meu rosto corar rapidamente. Mr. Schue por fim concordou com a cabeça e voltou a se sentar.

— Ótimo! Muito bem. Precisamos de mais talento possível para ganhar. Esse ano vão ter uns corais excelentes competindo com a gente.

— Não se preocupe, Mr. Schue. – Falei, com um sorriso malicioso. – Talento é o que não vai faltar.

´

A noite caiu rapidamente. As arquibancadas da quadra do McKinley estavam lotadas, e todos os refletores estavam dirigidos para o campo. Os jogadores se aqueciam, todos com seus uniformes vermelhos e capacetes a postos. As cheerios cochichavam alguma coisa entre si, enquanto Sue Sylvester discutia com vendedor de pipocas que havia sujado seu sapato. Santana assistia tudo por detrás dos ferros que delimitavam o campo, com Rachel do seu lado, não parecendo muito animada com essa companhia. Sophie sentava ao lado de Elena; ambas falando mal de seus antigos relacionamentos; a barriga da morena já estava maior, e era aterrorizante ver que ela ainda conseguia se mover.

— Voltei. – Chelsey falou, direcionando-se ao pequeno grupo de Cheerios. – Fui até o vestiário, ainda tinham alguns jogadores se trocando e eu queria desejar boa sorte.

Com certeza queria.

— Zach está lá? – Perguntei involuntariamente.

— Provavelmente. Tinha uma toalha do Superman jogada sobre um dos bancos. – A loira franziu o cenho enquanto se direcionava aos seus pompons. Não pensei duas vezes e então corri até o vestiário.

Lá tinha um cheiro estranho de meia velha, suor e sabonete barato. Alguns jogadores ainda tinham toalhas ao redor de suas cinturas, e procuraram algum modo de se esconderem assim que me viram. Meu rosto corou imediatamente, fazendo uma sensação de desconforto aflorar de meu peito.

Vi que Zach estava ali por perto, e me aproximei dele. Estava calçando suas chuteiras, os cabelos ainda levemente molhados depois do banho. Senti meu coração disparar, aquela sensação de nervosismo quando você vai apresentar algo importante na frente de várias pessoas. Ou quando você vai simplesmente falar com alguém que você está apaixonado.

— Eu... Vim desejar boa sorte. – Falei com uma voz baixa, apertando minhas mãos fortemente atrás das costas em ansiedade. Os jogadores começaram a sair de um por um, até eu e Zach sermos os últimos naquele vestiário. O lugar ficou estranhamente silencioso. Ele sorriu ao erguer o olhar para mim.

— Obrigado, Kal El. Prometo que não vou decepcionar você. – Disse enquanto amarrava seus cadarços. Se levantou logo em seguida, ficando de frente para mim.

— Eu sei que não vai. – Assenti com a cabeça, mantendo um sorriso tímido. Era estranho, sentir que Zach era como um desconhecido. Não parecia que ele fora o culpado pelo enorme chupão no meu pescoço. Direcionei meu olhar a ele novamente. – E eu... Eu quero me desculpar. Agi como uma criança esses dias, e você não teve culpa de nada. Quer dizer, às vezes você é tão inocente que dá vontade de te bater, mas... talvez essa seja uma das suas maiores virtudes. E ninguém vai acabar com ela.

Zach manteve seu sorriso e se aproximou de mim.

— Não sei o que é virtude, mas isso significa que eu posso te beijar?

Mordi o lábio em uma falsa hesitação e assenti com a cabeça, após dar uma risada. Ele continuava lindo naquele uniforme vermelho, e o seu sorriso empolgado foi quase o suficiente para que eu o agarrasse ali.

— Pode sim.

Zach puxou-me para si, prensando-me contra um dos armários do vestiário. O beijo era violento e intenso, como se estivéssemos compensando todos os dias que passamos sem dar um beijo sequer. Levei minha mão à sua nuca, me deliciando com o gosto do maior, enquanto ele descia suas mãos pelas laterais do meu corpo, tentando acabar com todo o espaço existente entre nossos corpos. Sentia os lábios dele moverem-se contra os meus, sua língua afoita contra a minha.

— Ei... – Murmurei entre o beijo, dando um gemido rouco ao senti-lo descer os lábios até o meu pescoço. Arranhei de leve sua nuca. – Você não vai poder jogar com uma ereção.

O maior deu uma risada baixa e concordou com a cabeça, me dando um selinho demorado e segurando-me pela mão.

— Vamos? Quero ver você sendo Super com as Cheerios. Nenhuma consegue ser melhor do que você. – Ele falou, levemente ofegante e com o rosto vermelho.

— Você é que é Super. Vai acabar com os adversários em um piscar de olhos. – Sorri e então atravessamos os corredores até finalmente chegarmos à quadra. Dei um último beijo no maior e então corri até as garotas. Sue se aproximou de nós, já com seu megafone a postos.

— Cinco, seis, sete, oito! – Ela gritou, e a música começou.

As Cheerios estavam bem posicionadas em dois grupos, que iniciaram uma coreografia rítmica e bem sincronizada com várias estrelinhas e saltos. Emily surgiu entre eles, atravessando-os enquanto cantava.

[EMILY]

If you want it, take it
I should've said it before
Tried to hide it, fake it
I can't pretend anymore

Algumas Cheerios fizeram acrobacias, praticamente voando pelo céu. Cada passo e movimento eram bem calculados, fazendo-as parecer impecáveis e – pasmem – inumanas.

[EMILY]

Uh, I only wanna die alive
Never by the hands of a broken heart
Uh, don't wanna hear you lie tonight
Now that I've become who I really are

Neste momento, os dois grupos se tornaram apenas um. Charlie, Emily, Chelsey e eu tomávamos a frente, liderando a coreografia.

[EMILY]

This is the part when I say I don’t want ya

[KURT]
I'm stronger than I've been before

[CHELSEY]
This is the part when I break free

[CHARLIE]
Cuz I can't resist it no more

Mais Cheerios voaram pelo céu, fazendo rodopios perfeitos e caindo nos braços das que estavam no chão.

[TODOS]

This is the part when I say I don’t want ya

[KURT]
I'm stronger than I've been before

[TODOS]
This is the part when I break free

[CHARLIE]
Cuz I can't resist it no more

O grupo se dispersou novamente. Algumas Cheerios fizeram estrelinhas que eram finalizadas em excelentes saltos mortais, parando em pé e com os braços erguidos. Outras formavam um círculo e jogavam uma Cheerio para o alto, que abriam as pernas em perfeitas espacates antes de caírem de volta ao grupo.

[CHELSEY]

You were better, deeper
I was under your spell
Like a deadly fever (yeah, babe)
On the highway to hell

[CHARLIE]

Uh, I only wanna die alive
Never by the hands of a broken heart

As Cheerios se posicionaram lado a lado, todas de cabeça baixa e com as mãos na cintura.

[CHARLIE E EMILY]
Uh, don't wanna hear you lie tonight
Now that I've become who I really are

Quando a música voltou a explodir das caixas de som, as Cheerios se distanciaram uma das outras com saltos ornamentais, que posteriormente dariam origem a duas pirâmides.

[EMILY]

This is the part when I say I don’t want ya

[KURT]
I'm stronger than I've been before

[CHELSEY]
This is the part when I break free

[CHARLIE]
Cuz I can't resist it no more

[TODOS]

This is the part when I say I don’t want ya

[KURT]
I'm stronger than I've been before

[TODOS]
This is the part when I break free

[CHARLIE]
Cuz I can't resist it no more

As duas pirâmides se desfizeram, e as Cheerios sentaram no chão. Todas moviam seus braços lentamente e rolavam pelo campo, vez ou outra erguindo suas pernas e exibindo todas as suas flexibilidades.

[CHELSEY e KURT]

Oh, oh, oh, oh
Uh, uh, uh

[CHELSEY]

Thought on your body
I came alive

[KURT]
It was lethal

[CHELSEY]
It was fatal

[KURT]
In my dreams it felt so right

[CHELSEY E KURT]
But I woke up everytime!
Oh, baby

Em uma fila feita bem arquitetada, as Cheerios começaram a ser lançadas pelo ar e finalizavam sua descida em estrelinhas com as mãos na cintura. As que já estavam no chão deram continuidade à coreografia rápida e rítmica, enquanto as outras ainda eram lançadas e exibiam uma grande destreza ao rodopiarem no ar e caírem no chão intactas e continuando a coreografia em seu momento exato. Sue observava tudo com nojo.

[TODOS]

This is the part when I say I don’t want ya
I'm stronger than I've been before
This is the part when I break free
Cuz I can't resist it no more

This is the part when I say I don’t want ya
I'm stronger than I've been before
This is the part when I break free

[KURT]
Cuz I can't resist it no more

As Cheerios dividiram-se em filas e começaram a marchar, todas com as mãos na cintura. Trocando rapidamente de lugar, outras Cheerios rodopiaram sobre as costas das que estavam abaixadas e foram erguidas para o alto, com os braços levantados e sorrisos de vitoriosas no rosto. E então, assim que a música terminara, a quadra foi preenchida por gritos, assobios, e aplausos. As cheerios do time adversário deram risada.

Olhei para Zach, ofegante, e este gritou e aplaudiu com um enorme sorriso no rosto. Sorri de volta e, após acenar, retornei ao meu grupo, onde Sue gritava com o resto das garotas.

— Foi um lixo. Absolutamente um lixo. Oh meu Deus, até eu sozinha faria um trabalho melhor do que vocês. Por acaso não trocaram suas fraldas geriátricas, senhoras da terceira idade? Corram para o chuveiro, ainda teremos outra apresentação no intervalo e todas vocês ficarão sem barras de cereais se tiverem outro desempenho como esse. Vão!

´

E estávamos perdendo de 17 a 13. O intervalo chegou rápido, e os jogadores correram de volta ao vestiário cobertos de xingamentos e ofensas do treinador – que, na verdade, eu não tinha certeza se era mesmo um homem ou uma mulher muito masculina – e logo a quadra foi tomada pelas Cheerios novamente. As do time adversário apresentaram Work, da Iggy Azalea, e também receberam diversos aplausos. Era nossa vez agora, novamente, e Sue já nos observava com sua típica cara feia de quem iria nos massacrar independente do quão bom nós formos.

Todas as Cheerios se posicionaram novamente, e Charlie se pôs bem ao centro segurando um megafone. Com um sorriso malicioso, ela iniciou a música ao pôr o megafone em frente à boca.

[CHARLIE]

My anaconda don't

My anaconda don't

My anaconda don't want none

Unless you got bunz, hun

As Cheerios balançavam a bunda no ritmo da música, em vários movimentos que sugeriam sexo e outras obscenidades. Fizeram estrelinhas e se separaram, fazendo com que eu passasse por entre elas enquanto cantava. Eu e mais algumas Cheerios fazíamos uma coreografia sincronizada, movendo os quadris no ritmo da música. As outras faziam acrobacias rápidas e assustadoramente perigosas.

[KURT]

Boy toy named Troy, used to live in Detroit

Big dope dealer money, he was gettin' some coins

Was in shootouts with the law, but he live in a palace

Bought me Alexander McQueen

He was keeping me stylish

Now that's real, real, real

Gun in my purse, bitch, I came dressed to kill

Who wanna go first? I had them push daffodils

I'm high as hell, I only took a half a pill

I'm on some dumb shit

Eu e meu grupo de Cheerios nos misturamos com as outras, enquanto Emily e o seu próprio grupo tomou a frente. Todas balançavam os quadris no ritmo da música, e para Charlie estava sendo difícil prestar atenção nos seus próprios passos quando estava repleta de garotas gostosas balançando a bunda. Incluindo sua namorada.

[EMILY]

By the way, what he say?

He can tell I ain't missing no meals

Come through and fuck him in my automobile

Let him eat it with his grills

And he tellin' me to chill

And he telling me it's real, that he love my sex appeal

Say he don't like em boney

He want something he can grab

So I pulled up in the Jag

And I hit him with the jab like

Dun-d-d-dun-dun-d-d-dun-dun

Charlie bateu sua cintura em uma Cheerio da esquerda após recitar o primeiro verso, e em uma Cheerio na direita após recitar o segundo. E então logo todas seguiram uma outra coreografia, Charlie balançando seu megafone e, também, seus quadris.

[CHARLIE]

My anaconda don't

My anaconda don't

My anaconda don't want none

Unless you got bunz, hun

[TODOS]

Oh my gosh, look at her butt

Oh my gosh, look at her butt

Oh my gosh, look at her butt

(Look at her butt)

Look at, look at, look at

[CHARLIE]

Look, at her butt

Chelsey foi lançada no ar e segurada nos braços pelas outras Cheerios. Com uma estrelinha, desceu ao chão e parou com as mãos na cintura, iniciando outros passos que logo foram acompanhados pelas demais Cheerios.

[CHELSEY]

This dude named Michael used to ride motorcycles

Dick bigger than a tower, I ain't talking about Eiffel's

Real country-ass nigga

Let me play with his rifle

Pussy put his ass to sleep

Now he calling me NyQuil

Now that bang, bang, bang

I let him hit it cause he slang cocaine

He toss my salad like his name Romaine

And when we done, I make him buy me Balmain

I'm on some dumb shit

[EMILY]

By the way, what he say?

He can tell I ain't missing no meals

Come through and fuck him in my automobile

Let him eat it with his grills

And he telling me to chill

And he telling me it's real, that he love my sex appeal

Say he don't like em boney

He want something he can grab

So I pulled up in the Jag

Mayweather with the jab like

Dun-d-d-dun-dun-d-d-dun-dun

Charlie foi erguida ao alto, com duas Cheerios segurando-a enquanto ela cantava. Outras Cheerios foram lançadas ao ar atrás de si, caindo no chão em cambalhotas e então saltando para voltarem a ficar de pé. Eu e outras demais Cheerios prosseguíamos com a coreografia indecente e obscena, que me deixava absolutamente desconfortável.

[CHARLIE]

My anaconda don't

My anaconda don't

My anaconda don't want none

Unless you got bunz, hun

[TODOS]

Oh my gosh, look at her butt

Oh my gosh, look at her butt

Oh my gosh, look at her butt

(Look at her butt)

Look at, look at, look at

[CHARLIE]

Look, at her butt

As Cheerios começaram a saltar e se espalhar pela quadra com estrelinhas longas.

[CHELSEY]

Little in the middle but she got much back

Little in the middle but she got much back

Little in the middle but she got much back

[KURT]

Oh my God, look at her butt

[CHARLIE]

My anaconda don't

My anaconda don't

My anaconda don't want none

Unless you got bunz, hun

Don't my anaconda don't

My anaconda don't

Don't want none

Unless you got buns, hun

[TODOS]

Oh my gosh, look at her butt

Oh my gosh, look at her butt

Oh my gosh, look at her butt

(Look at her butt)

Look at, look at, look at

[CHARLIE]

Look, at her butt

Novas acrobacias perigosas foram feitas, enquanto Emily cantava na frente e dançava sensualmente em frente a Charlie. Algumas pessoas pareceram ofendidas, mas Sue estava achando divertido.

[EMILY]

Yeah, he love this fat ass, hahahahahaha!

Yeah! This one is for my bitches

With a fat ass in the freaking club

I said, where my fat ass big bitches

In the club?

Fuck the skinny bitches!

Fuck the skinny bitches in the club!

I wanna see all the big fat ass

Bitches in the muthafuckin' club

Fuck you if you skinny bitches, what? Kyuh

Hahaa, hahaa

Yeah

I got a big fat ass

Come on!

Prosseguimos com a coreografia de balançar a bunda no ritmo da música e dar estrelinhas e saltos o tempo inteiro. As Cheerios foram se posicionando aos poucos, até que novamente duas pirâmides foram formadas com Charlie e Emily no topo. Ambas ergueram os braços e, após a música terminar e descerem do topo, a loira tomou Emily no colo e a beijou enquanto rodopiavam e riam. Alguns jogadores de futebol disfarçavam suas ereções, mas Michael nem se preocupou com isso enquanto aplaudia Chelsey. Massageei meus ombros, afinal, ser a base da pirâmide todas as vezes era exaustivo.

Com um apito, o jogo recomeçou.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Já estamos nos aproximando do final da temporada. O que vocês acham que ainda vai acontecer? Até o próximo capítulo, Sweeters. :3



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