Linha Tênue escrita por Anne Laurentino


Capítulo 7
Capítulo 7




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“As vezes é preciso uma decepção, para aprendermos que a vida não é feita apenas de alegria, e sim de tentativas.” - Miedson Fernandes.

Ela viu as horas passarem enquanto pensava no fato de que tinha discutido com as amigas por aquele motivo torpe. Resolveu esquecer, quando viu que ia se atrasar pro plantão. Tomou banho, se arrumou rapidamente, pegou suas coisas e foi para o hospital.

- Boa tarde, meus queridos! – chegou animada na sala dos médicos. Helena e Vicente estavam lá, tomando café e conversando sobre um caso.

- Boa tarde, companheira! – Vicente respondeu. – seu namorado chegou atrasado. Pode isso? E era uma consulta com a Florença a fofinha dele. – O rapaz comentou fingindo um espanto. E as mulheres sorriram.

- Verdade Fatinha. Ele chegou praticamente correndo e pelos corredores e ficou triste porque ela já estava dentro do consultório e deu uma bronca dele. – Helena comentou as gargalhadas.

- Eu avisei que ia se atrasar e que hoje a Florença viria, eu sei mais das consultas dele do que ele mesmo. – Fatinha sorriu – mais então estou indo, estou no CTI hoje e não tenho um caso muito fácil lá não. Boa tarde! Até mais.

Ela saiu deixando os dois na sala e segui para o CTI, um paciente dela estava em coma devido a complicações de uma meningite. Entrou no quarto do mesmo e foi examinar os o painel onde o menino estava sendo monitorado. E não gostou do que viu a criança não havia apresentado nenhuma melhora.

- Henrique, você pode vir aqui ao quarto 405 do CTI? – Chamou o chefe pelo rádio.

- Oi Maria! Sim é claro que eu posso. Só um instante que eu já chego ai.

Os pais do menino vieram falar com ela, talvez por terem notado a sua cara de preocupação.

- Boa tarde doutora. O que está acontecendo com o meu menino? – a mãe dele perguntou diretamente.

- Boa tarde, senhora Laura. Sabe o quão direta eu sempre fui em relação ao estado de saúde do seu filho né? E quando ele chegou aqui eu tomei o caso pra mim, por que acreditava sem capaz de reverter a situação em que ele se encontrava. Mas ao contrário do que eu imaginei. – nessa hora Henrique entra no quarto.

- Com licença, doutora. – ele acenou com a cabeça e entrou. – olá senhora. – sorriu para a mãe do menino.

- Senhora, peço que se retire. Eu vou conversar com o meu superior e vamos ver o que fazermos para ajudar da melhor forma possível o seu filho.

- Por favor, doutores salvem o meu menino! – o pai do garoto que até agora estava quieto atento a conversa pediu.

- faremos o possível. Agora saiam por favor! – Henrique pediu e os mesmos saíram do quarto. – Maria agora me conte, o que está havendo com esse menino.

- Simples, o coma não regride. Ele não reage as medicações. E eu estou acabada, você viu como a mãe dele está? Temo pela perda dele, Henrique. 

- Fique calma. Vamos deixe-me examina-lo. – Henrique examinava a criança quando um barulho ensurdecedor invadiu o quarto. Era o apito do aparelho que media a frequência cardíaca do menino. – Parada cardíaca, corre! E pega o desfibrilador Fatinha!

- Se afasta Henrique! 1,2,3 vai! – ela pediu e o médico ligou o desfibrilador – ele não reage. Vamos de novo 1,2,3 agora! – outro choque e nada. – droga. Perdemos ele! – Ela vociferou tristonha e desapontada com si mesma.

- Se acalma, isso não é comum mas é normal na nossa profissão. – abraçou-a. – temos que dar a notícia para a família, quer que eu vá com você?

- Não obrigada, Rick! Foi a minha primeira perda, e eu tenho que enfrentar esses pais que confiaram a você do filho deles a mim. – Fatinha suspirou e chamou os enfermeiros pelo rádio. Alguém teria que estar ali com um sedativo caso a mãe do menino precisasse. Logo um chegou e foi até os familiares com ela e outro seguiu dentro do quarto. Iria desligar os aparelhos da criança.

- Doutora, o que foi? Por que esse entra e sai? Por que não me deixaram entrar? Eu quero ver meu filho! – a senhora falou já com os olhos marejados.

- Laura. Eu vou ser direta, infelizmente perdemos o Gabriel. – a senhora na mesma hora deve que ser acudida pelo esposo, pois caíra com tudo no pra trás. – Fatinha ajudou a segura-la e um dos enfermeiros a colocou em uma cadeira de rodas. Fato que essa mãe precisaria de um calmante forte. A lei da vida é um filho enterrar a mãe e não o contrário. 

- Eu quero o meu filho, por favor diga que é mentira doutora. Por favor! – Laura gritava em desespero. E Fatinha a abraçou.

- Eu queria dizer que é mentira, Laura. Mas não é! Seja forte, e acredite pra mim não está sendo fácil também. Eu estudei para salvar vidas e não perde-las. – Ela saiu do abraço e seguiu o caminho da sala dos médicos. Por sorte Arthur estava lá e ela correu para abraça-lo. – Meu paciente morreu, amor! – disse soluçando – eu sei que vou ver isso por muito anos ainda, mas ele tinha 6 anos. – o abraçou mais forte e recebeu um beijo na bochecha.

- Fati, sei o quanto está sendo difícil pra você. Sei bem o que é isso! Mais fique calma, eu estou aqui com você. – saiu do abraço e lhe deu um selinho. – vá ao banheiro, vale o rosto e volte ao trabalho vai ficar tudo bem.

- Você está certo. Esse é o ônus da nossa profissão e eu não posso ser fraca. – ele assentiu – você já está indo? – o viu de mochilas nas costas.

- Estou. Vou para o SUS agora, porque quer alguma coisa? – Arthur além de trabalhar ali, trabalhava em um posto de saúde municipal. E vivia no corre-corre de lá pra cá.

- Hm, então quando sair passa lá em casa? Eu tomei uma decisão e queria que você soubesse. Mais antes vou conversar com o Henrique.

- Tudo bem, eu passo lá. Estou com medo do que você vai fazer. Mas você que sabe. – deu um beijo nela – estou indo, qualquer coisa me liga.

- Eu ligo! – o abraçou e saiu da sala com ele, que foi para o estacionamento e ela seguiu pra emergência.

O dia de trabalho que havia sido complicado tinha chegado ao fim. E Fatinha resolveu tomar uma decisão. Foi procurar Henrique...Ela iria voltar pra casa.

- Você tem certeza, Maria? – Henrique perguntou depois que ela avisou que queria voltar.

- Tenho Rick! Muito obrigada por tudo, esses mês que fiquei aqui me fizeram crescer como profissional e como pessoa também. Mas eu preciso ir!

- Ok, vamos fazer o seguinte. Você irá trabalhar na clínica do meu pai lá no Rio, certo? – Ele sorriu e ela o acompanhou, pelo menos desempregada não ia ficar.

- Poxa muito obrigada de verdade, Rick! Isso vai me ajudar bastante, prometo honrar a vaga direitinho. – sorriu e o abraçou.

- Por nada, Maria! Sei a excelente profissional que você é! E se precisar de qualquer coisa, por favor me diga. Vamos lá resolver as coisas de sua transferência.

Eles seguiram até a diretoria do hospital e lá resolveram as coisas para a saída de Fatinha. Ela foi se despedir dos amigos o fez e logo foi pra casa. Iria arrumar um jantar para quando Arthur chegasse lá. Preparou uma carne e legumes com arroz, arrumou a mesa e foi tomar um banho para espera-lo. Colocou um pijama de calça comprida e mangas longas e foi pra sala. Já estava quase pegando no sono quando ouviu a campainha tocar. Sabia que era ele, pois o porteiro nunca anunciava.

- Entra fofo! – deu a passagem para que ele entrasse no apartamento e fechou a porta.

- Olha, você cozinhou pra mim? – perguntou ao abraça-la enquanto via a mesa posta.

- Eu não, eu cozinhei pra nós porque eu também vou comer. Oras. – o puxou até a cozinha. Vá lave as mãos enquanto eu esquento a comida. – ele obedeceu e foi ajuda-la com os pratos e copos. Sentaram-se e comeram enquanto conversavam sobre um programa de talentos que passava na tv. Terminaram de jantar e juntos foram arrumar a bagunça e lavar a louça suja. Voltaram pra sala e colocaram em um canal a cabo, pra ver um filme.

- Você não me chamou aqui pra ficar abraçada ao meu lindo e musculoso corpinho né? Te sinto estranha. Me conta! – Arthur se levantou do sofá que estavam deitados. E sentou-se.

- Caramba, eu aqui toda carinhosa e você me trata assim? – fingiu um desagrado e depois sorriu. – Mas é verdade! Precisava te contar que eu estou voltando para o Brasil. – falou de uma vez e Arthur quase engasgou com a própria saliva.

- Como assim? E o hospital, e a gente? – perguntou com uma feição nada boa. Estava triste, oras gostava dela.

- Eu preciso ir, amor! Mesmo e mas não quero terminar com você. Estamos tão bem! – Ela fez uma carinha tristonha. E o abraçou.

- Eu vou com você! – Ela se assustou no primeiro momento mais logo se recompôs.

- Jura Arthur? Mas e o hospital? Você não pode sair assim.

- Eu tenho férias vencidas, vou conversar com o Rick e vou com você. Aproveito e visito minha mãe e BH. – ele sorriu fazia um ano que não via a mãe. – Está decidido.

- Que ótimo! Bruno e as meninas vão adorar te conhecer! – ela indagou feliz.

- Bruno é o seu amigo de infância né? – ela assentiu. – legal, vou gostar de conhecer ele. – disse animado.

Será que o Bruno também vai adorar conhecer o namorado da melhor amiga? É o que veremos.


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Notas finais do capítulo

Agora sim, cheguei na parte que mais esperava. Espero que vocês gostem. E se puder comentem, é bom saber da opinião de vocês. Beijos...



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