“Não é amigo aquele que alardeia a amizade: é traficante; a amizade sente-se, não se diz.” – Machado de Assis.

Brasil – 21 horas da noite – Apartamento do Bruno.

POV do Bruno.

– Maninho vamos com a gente no bar do Nando? – Juliana perguntou-me e eu apenas neguei com a cabeça. Não estava na vibe de sair, hoje fazem dois meses que a Fatinha foi pra Espanha e um mês que não nos falamos direito. Maldito fuso-horário, antes nos falamos por e-mail, Skype e até telefone e agora muito mal um “oi” era dado no whatsapp.

– Quero não Jujuba, estou terminando alguns projetos importantes aqui! – indaguei fingindo mexer em uns papeis da mesa. – Ela me olhou desconfiada, mas deu de ombros e saiu.

A verdade era que eu estava completamente frustrado, Fatinha estava ficando com o tal brasileiro colega dela de hospital e putz. Foi ruim de aturar quando ela me contou a mais ou menos três semanas atrás. Caramba me lembro exatamente o quão feliz eu fiquei em ver que ela estava me chamando no Skype. Atendi o mais rápido que a velocidade da minha internet permitiu e sorri. Vendo como ela estava linda, realmente os ares madrilenos estavam a fazendo muito bem.

Chamada de vídeo on...

Bruno: Fala loira! Que milagre você por aqui. – sorri e ela fez o mesmo mexendo nos cabelos, hm isso é sinal de nervosismo.

Fatinha: Amigo! Quantas saudades, como você está? Tenho tantas coisas pra contar.

Bruno: Estou bem e você? Me conta quais são as novidades direto de Madrid?!

Fatinha: Estou ótima! Não poderia estar melhor, sabe aquele amigo meu daqui do hospital? O Arthur? – eu fiz que sim na web e ela prosseguiu – então estamos ficando, amigo! Ele é um amor, esta me ajudando muito por aqui e caramba estou bastante feliz. – Ela sorriu e mostrou uma foto dele pra mim e bem, o rapaz tinha boa aparecia. Ela parecia estar bastante feliz mesmo e eu como seu melhor amigo deveria estar também não é? – Bruno fala alguma coisa. Ficou calado de repente.

Bruno: Ah, desculpa Fat eu me distrai aqui com uns projetos. – Disse disfarçando meu desgosto. Eu deveria estar feliz, deveria mais não estou. Simples! – parabéns pelo “relacionamento”. Mas saiba que ainda estou de olho em você! – forcei uma gargalhada e ela me acompanhou alegremente.

Fatinha: Estou sabendo... eu também estou de olho em você, toda vez que converso com o povo pergunto por onde você anda. Vou te por um gps hein? – ela voltou a sorrir tão linda... e tão de outro cara. – Ya! Meu amor, tenho que desligar marquei de encontrar o Arthur e nem estou pronta ainda. Fique com Deus e dá um beijo no Tobi por mim.

Bruno: Ok amiga, vai lá. Bom passeio e juízo! Eu dou um beijo naquele urso xexelento pra você. – nos despedimos e ela saiu. E eu novamente estava com raiva de mim mesmo, não era justo não ficar feliz com a felicidade dela. Afinal ela me apoiou em tudo desde sempre. Que saco essa sensação viu?

Chamada de vídeo off.

Bruno tentou não pensar na hipótese de que Fatinha o havia trocado pelo tal Arthur, desistiu dos projetos e resolveu que iria sair. Se arrumou e ligou para Nélio e Rasta, seus amigos da época da faculdade.

Ligação on...

– E ai rapaziada, topam um chopinho hoje? – Falava com os dois ao mesmo tempo, porque Rasta estava/vivia na casa do Nélio.

– Mais é claro que topamos Brunão. E a meu parceiro vamos pra onde? – Rasta perguntara animado.

– Vamos pra qualquer lugar, eu quero me distrair. Está chato ficar aqui nessa casa estudando e trabalhando já!

– Opa! É assim que se fala amigão. Estamos passando ai em meia hora, aguarde e confie! – Nélio disse e desligou a ligação.

Ligação off.

Eles resolveram ir até um bar de sinuca no centro da cidade, lá era legal e ao mesmo tempo não muito cheio. Eles não queriam ficar em um aperto de uma boate. Assim que chegaram Nélio tratou de se arrumar com uma parceira de jogo e sumiu pra um canto. Assim também fez Rasta, deixando Bruno ali. Sozinho coisa que ele menos queria ficar. Isso era sinônimo de pensar nela, em como sua amiga estaria. E por falar nela...