Linha Tênue escrita por Anne Laurentino


Capítulo 21
Capítulo 21




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“As mudanças nunca ocorrem sem inconvenientes, até mesmo do pior para o melhor.” – Richard Hooker.

Três semanas haviam se passado, e a correria estava de volta a vida de Fatinha. Seus plantões estavam cada vez mais loucos, seus horários cada vez mais desregulados. E ela nem se tocara que as férias de Arthur haviam terminado, e que ele tinha que voltar a Espanha. Se passavam das dez da noite, quando ela chegou no seu apartamento e viu Arthur sentado no sofá vendo um jogo do Flamengo, com umas malas ao seu redor.

- Boa noite amor. – ela foi até ele e o cumprimentou com um selinho. – quem está ganhando? – perguntou se referindo ao jogo da tv.

- Mengão é claro! – o jogo era fla x flu e o rubro-negro vencia de 2x0.

- Ah! Esse timinho. – sorriu. – Bom, vou tomar um banho e já volto.

- Por favor, amor sem chororô isso é coisa de botafoguense mesmo, viu? – sorriu e a puxou para seu colo e beijou-lhe seus cabelos. – vai lá tomar um banho enquanto eu esquento a janta.

- Vou ignorar o que você disse sobre o meu glorioso. E vou logo tomar um banho, porque eu to morrendo de fome. – levantou do colo dele e foi para o quarto.

Arthur levantou e foi até a cozinha, esquentar a lasanha que tinha feito. Aproveitou o arrumou a mesa, com os talheres, pratos e copos. Percebeu que ela não tinha notado as malas e resolveu que falaria da viagem após o jantar. Meia horinha depois Fatinha estava de volta a sala, já vestida em seu baby-doll de oncinha.

- Olha que onça linda e loira é essa que eu tenho. – Arthur foi até ela e beijou-lhe o pescoço.

- Linda e faminta, vamos comer logo porque além da fome eu estou cansada e com sono, e amanhã tenho plantão as dez. – Fatinha sentou-se à mesa, e Arthur começou a servi-la. Jantaram enquanto conversavam e sorriam, Fatinha contava das coisas da clínica e Arthur apenas ouvia atencioso. Terminaram de jantar e Arthur foi colocar a louça suja na lavadora. E quando voltou a sala, viu a expressão confusa nos olhos da Fatinha.

- Fat! – Arthur chamou-a.

- O que são essas malas? Você ta indo pra BH?

- Na verdade não, eu vou viajar amanhã. Mas não é pra BH, é pra Madrid. Minhas férias acabaram hoje, e eu preciso voltar amor. Tem o hospital, o meus pacientes a Florença, sabe como é o tratamento dela é complicado. E eu preciso voltar. – Arthur explicou calmamente.

- Como você não me avisou antes Arthur? E agora, você vai pedir pra ser transferido, vai pedir demissão, vai voltar logo não vai? – Perguntou com os olhos rasos d’água, não era possível logo agora que estava gostando dele mais a cada dia.

- Eu ainda não sei, vou conversar com o Henrique eu não posso abandonar as coisas assim, a Florença. Mais eu prometo de ligar todos os dias. – ela correu até ele e o abraçou. – ei, não chora. Por favor, pra mim também não está sendo nada fácil. Eu adoro você, nos casamos e eu quero ter uma família, contigo.

- Eu vou ficar tão sozinha sem você, com quem vou conversar? E contar das coisas da clínica? – perguntou saindo do abraço.

- Vocês tem seus amigos, que são ótimos. Tem o Bruno que mora aqui no prédio, aliás falando nele hoje mais cedo eu o vi. Ele estava com uma mulher, muito bonita por sinal, ele me disse que era sua namorada. – Fatinha no mesmo instante engoliu em seco, namorada. Com isso?

- Eles são meus amigos e você meu marido, sentiu a grande diferença? E agora como você mesmo disse, meu melhor amigo tem uma namorada logo não vai ter mais tempo pra mim. – bufou. – está bem Arthur, vamos dormir! Eu ainda preciso ir trabalhar amanhã.

- Não vai me levar no aeroporto?

- Vou trabalhar, posso te deixar lá durante o caminho. – deu de ombros e foi pro quarto. Arthur foi atrás. E encontrou-a no banheiro escovando os dentes e o ignorando solenemente.

- Fat. – encarou-a diante do espelho e a mesma virou o rosto, terminou de escovar os dentes e saiu dali se metendo debaixo das cobertas em seguida. Arthur novamente a seguiu calmo como uma pluma caída do céu. E Fatinha por diversas vezes se pôs a pensar como ele aguentava essas mudanças de humor dela, se ela própria não se aguentava. A verdade era que ela deixou-se importar com a viagem do marido e ainda mais com o fato do melhor amigo namorando, agora oficialmente com alguma vadia.

Arthur também fez a sua higiene e deitou ao lado da esposa, abraçando-a e se deixando levar pelo sono logo dormiu, afinal no dia seguinte seu voo sairia bem cedo.

Três andares abaixo, Bruno estava deitado ao lado da morena que era sua namorada. Lorena, fora uma amiga sua também da faculdade. Que ao contrário de Nicole, não achava que Bruno era viciado em Fatinha, o moreno deixou claro que não a amava, mais se ela quisesse eles poderiam tentar e Lorena aceitou numa boa, seria bom pra ela também.

- Vamos levantar e lanchar alguma coisa, Lorê? – ele perguntou fazendo um carinho no rosto da moça.

- Vamos sim, eu faço uns sanduiches, pode ser?

- Pode! – levantou apenas de cueca e puxou a moça consigo. – vamos ver o que tem lá na geladeira.  O casal lanchou um sanduiche feito por Lorena, e voltou para o quarto. E ficaram por lá namorando até pegarem no sono. Pela manhã Bruno acordou primeiro e foi tomar seu banho, ele tinha que ir pra empresa, tinha uns projetos para entregar. Quando terminou o banho, viu que Lorena olhando pra ele de fora do box, ela sorria e ele sorriu junto. Bruno saiu no box e vestiu a cueca na frente de Lorena, em seguida abraço-a.

- Bom dia, cheiroso! – Lorena cumprimentou-o e cheirou o pescoço do moreno.

- Bom dia, linda! – sorriu. – Vou arrumar o nosso café, eu preciso ir trabalhar.

- Vai lá que eu vou tomar meu banho, e já te encontro. – Ele assentiu dando-lhe um beijo e foi para a cozinha, deixando Lorena tomando seu banho.

A moça terminou seu banho e vou encontrar com Bruno na cozinha, tomaram café, arrumaram as coisas, e saíram do apartamento juntos. Lorena também trabalhava com arquitetura, porem em uma empresa concorrente a de Bruno. Isso não era problema. Se gostavam e não misturavam as coisas.

No apartamento de Fatinha o clima era diferente, ela chorava ressentida e Arthur a mantinha e um abraço apertado. Fazia carinho nos cabelos dela.

- Não chora não, amor. Eu vou voltar, eu prometo.

- Arthur, você tem noção de que está fazendo? Isso é abandono, a gente acabou de casar. Nem um mês temos de casados e você vai pro outro lado do mundo? – ela fungava e soluçava em meio ao choro.

- Fat, por favor. Não começa com isso de novo. – Arthur bufou. – vamos você ainda vai me deixar no aeroporto?

- Vamos logo. Quero que você vá embora mesmo. – vociferou saindo do abraço irritada. Caminhou até a porta abriu-a e foi saindo, com a maleta e a sua bolsa pessoal a tiracolo. – Anda Arthur eu não posso me atrasar.

Arthur caminhou até o elevador carregando consigo suas malas, Fat voltou apenas para fechar a porta e entrou no elevador onde o marido a esperava.

- Eu não quero ir brigado contigo, Fat. – afirmou e foi se aproximando dela. Que o ignorou. – eu amo estar com você, adoro mesmo. Por favor, hein? – roçou o nariz do pescoço dela. 

- Está bem, Arthur. Eu não vou ficar brigada com você, mais pelo amor de Deus, volta logo. Eu odeio me sentir sozinha, e você agora é meu marido. E eu quero te ter por perto. – abraçou o marido pelo pescoço, e suspirou pesadamente. A verdade era que ela estava com medo, de se ver ai, sozinha e tão vulnerável a Bruno. Mesmo sabendo que ela agora tinha uma namorada.

Ao chegarem ao aeroporto, mais choro da parte da Fatinha, várias recomendações foram trocadas, Arthur pedira para ela não beber, ela pedia para ele não sair com os solteiros do hospital. E ele por último pediu que ser caso ela se sentisse sozinha fosse ao encontro de Bruno, pois ele era o melhor amigo dela e saberia fazê-la sorrir em qualquer circunstância... Ah, se ele soubesse que com isso poderia estar “entregando o ouro pro bandido”. O voo de Arthur foi anunciado e eles se despediram com muitos beijos de saudades. E o rapaz foi para a sala de embarque enquanto a loira pensava como ficaria ali, sem Arthur e tão à mercê do melhor amigo.  Ela deu meia volta e foi a caminho de seu carro, iria trabalhar. As crianças a faziam bem, ela sorria, e isso nesse momento era bastante importante. O plantão havia sido bem grande e cansativo, ela fez 24 horas, e voltava pra casa apesar do cansaço com um sorriso no rosto. Amava aquela profissão. 


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Notas finais do capítulo

E ai gente? Vamos ver como as coisas vão se desenvolver agora. Quem gostar pode comentar. Beijos ;D