Quatro de Copas escrita por Hi-chan


Capítulo 4
4




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4.

Eu nunca havia pensado muito sobre a morte antes. Quer dizer, o que há para se pensar quando você nunca existiu de verdade para começo de conversa?

Os outros pareciam temer a morte mais do que eu, eu havia notado na época. Mas nunca vi grande coisa na questão toda. Preocupava-me mais era acabar numa não-existência ainda pior do que a minha, como um Dusk, por exemplo, ou dos Assassin que eu controlo.

Depois que ele foi embora, no entanto, nem isso me preocupava mais, por mais que tentasse negar para mim mesmo. Talvez por isso eu esteja na situação em que estou. O que resta para alguém que não se importa mais com a morte ou com a não-existência? Apenas o fim, suponho.

E tudo culpa daquele moleque ajoelhado ao meu lado naturalmente tentando sem sucesso me animar. Aliás, pra ser mais preciso, tudo culpa do loirinho safado dentro dele que, estranhamente, eu consigo enxergar se forçar a vista.

Sora está tentando sorrir e não parecer tão preocupado, mas Roxas não. Roxas me encara sério, solene, e, apesar de tudo, com uma expressão que mais se assemelhava a uma prestes a cair no choro do que eu jamais havia visto cruzar no seu rosto tão miseravelmente jovem.

Por isso eu sorrio, um sorriso fraco e conformado, no entanto mais próximo de ser um verdadeiro do que qualquer outro que eu já tivesse usado na vida. Por isso eu sorrio, para ele, e falo, falo tudo o que estaria guardado no coração, se eu tivesse um. Não faço idéia de onde estava, no caso, mas estranhamente sempre estiveram.

E agora eu sei que vou acabar, pois não tem como eu tecnicamente morrer de verdade, e quem sabe aonde irei parar? Quem sabe eu volte para a escuridão, ou quem sabe parte de alguma chama que está se extinguindo. Eu gostaria apenas de poder encontrar apoio na idéia de que nós poderíamos nos encontrar de novo em alguma forma etérea, ou em forma de energia ou qualquer outra coisa que as pessoas gostem de imaginar, mas não é assim que vai ser.

Já que nem deixar de não-existir você não pode mais, Roxas. Você é “inteiro” agora, e deixou de ser tudo o que já conseguiu ser um dia.

“Engraçado… Você me faz sentir do mesmo jeito.”

Porque em algum lugar, dentro de você e sem mais nenhuma opção além de ser você, ele deve estar.

E eu ignoro o barulhinho de surpresa que ele emite quando, com muito esforço, e puxo sua blusa e trago seus lábios até os meus. Macios como os dele, doces como os dele e se eu fechar os olhos e deixar minha mente relaxar assim, são os dele.

Adeus, Roxas.


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Notas finais do capítulo

Nota final: E chegamos ao fim 8D Definitivamente, o quarto capítulo é o meu preferido de todos… Eu considero que desde que escrevi essa fic minha escrita já melhorou bastante (eu espero HAHAHAHA ou foi só a minha beta que é maravilhosa e compensa pela minha ruinzera HAHAHAHA ._. ), mas tenho um apego infundado por essa história… Tanto que preferi postá-la nua e crua como ela foi ao ar inicialmente.