Bia

Abri os olhos com a claridade e me virei devagar olhando em volta, estava vazio, só eu naquele quarto, me levantei e abri a porta olhando o corredor que estava claro e também estava vazio. Andei um pouco pelo corredor que parecia enorme e parei quando o vi, estava lindo, os cabelos castanhos com um tom de ruivo, o rosto prefeito e os olhos estavam mais vermelhos que o normal e ele tinha uma expressão séria, usava uma roupa toda preta.

Ele se aproximou e eu sorri, mais sua expressão não mudou, ele se moveu devagar pegando minhas mãos e segurou firme, mais algo estava errado e ele segurava com força e eu senti uma pontada na minha coluna e minhas mãos de repente começaram a queimar e eu tentei puxá-las de volta mais ele não soltava e me prendia ali. O medo começou a me tocar pois o seu olhar era sombrio e minhas mãos queimavam, eu tentei pedir para que ele parasse, mais minha voz de algum modo não saia e eu comecei a perder o ar, porque a dor aumentava e eu podia sentir o fogo se espalhando pelos meus braços. Forcei e consegui me soltar, olhei minhas mãos e elas queimavam, a pele não estava mais ali e o sangue pingava delas, eu olhei assutada para ele e foi ai que num impulsso eu corri em direção oposta, corri o mais rápido que eu pude, mais aquele maldito corredor não acabava e antes mesmo que eu tentasse dar mais um passo, ele já estava na minha frente. Eu puxei toda a força que eu tinha e estiquei as mãos, mais nada saiu, onde estava a água? Onde estava minha força? Minhas pernas cederam e eu cai de joelhos e todo aquele corredor estava cheio do meu sangue que pingava de minhas mãos. Ele me encarou e deu um sorriso presunçoso e por trás daquele sorriso eu vi duas presas afiadas e brilhantes prontas para matar.

Dei um pulo na cama e arfei quase sem respirar, as imagens vinham em minha mente e involuntariamente eu olhei minhas mãos e estavam bem. Fiquei sentada por um longo tempo, sozinha no quarto, ele não estava ali e isso era bom porque seria ruim que ele me visse daquele jeito e o que eu diria? Que sonhei que ele era um vampiro pronto para me matar?

Minhas pernas tremiam e mesmo assim eu me levantei e troquei de roupa, vesti uma calça jeans e uma blusa Branca com uma figura em strass. Penteie os meus cabelos e deixei que eles caissem em minhas costas. Sai fechando a porta e o corredor estava vazio. Eu me sentia em um sonho repetido, respirei fundo e andei devagar por ele e parei antes de virar. Quase dei um grito quando alguém encostou no meu ombro, eu me virei congelando as mãos pronta para atacar:

- Ei, calma! - ele falou.

- Desculpa Álisson. - falei abaixando a mão e respirando tentando mandar aquele medo para longe.

- Não queria assustar você, é que o Rick pediu pra eu vir te chamar.

- Eu já estava indo, obrigado.

- Vamos entao, eu te acompanho, porque pelo jeito você precisa de companhia.

- Muito obrigada! - exclamei e nos fomos para a sala do João.

O Rick que estava sentando levantou correndo e veio na minha direção. Ele usava uma calça preta e uma camisa branca, os cabelos estavam bagunçados e os olhos estavam normais,castanhos com um tom avermelhado. Ele me abraçou e falou no meu ouvido:

- Bom dia amor!

- Bom dia! - respondi baixo também.

- Que foi Bia, aconteceu alguma coisa? - ele perguntou e sua expressão era de procupação.

- Nada. Esta tudo bem!

- Ta bom, vem. - ele me puxou para perto da mesa.

- Bom dia gente! - falei olhando pro João e para Claúdia que estava ao seu lado.

- Bom dia Bia! - eles falaram em coro e riram com isso. Eu olhei pro Rick e ele sorriu e deu uma expressão de confuso.

- Bom, eu já expliquei tudo para o Rick, vocês voltam amanhã, mais antes de irem acho melhor você ir tomar café.- o João falou sorrindo educado para mim.

- É. mais é que eu não estou com fome, nos podemos parar numa lanchonete quando estivermos indo. - falei

- Você que sabe. Bianca fale sempre da família Aguiar que as pessoas de lá devem conhece-lo. - o João falou de novo.

- Esse é o sobrenome dele? - perguntei confusa.

- Sim. - ele respondeu.

- Então ta, eu só vou pegar umas coisas e a gente já pode ir. - falei.

- Vocês não vão? - o Rick perguntou pro João.

- Vocês vao sozinhos dessa vez. - o João respondeu.

- Tudo bem. - o Rick falou com um sorriso.

- Boa sorte então! - o João falou sorrindo.

- Valeu! Vamos Bia? - o Rick falou para mim.

- Vamos. Tchau pessoal! - falei olhando para eles.

- Tchau querida! - foi a Claúdia que respondeu.

Eu e o Rick saimos de mãos dadas e ele me olhou preocupado outra vez e perguntou:

- Tem certeza que não quer comer nada?

- Tenho amor, obrigado. - respondi.

- Tudo bem.

Entrei no meu quarto com ele e a Jullya estava la sentada na cama com um livro nas mãos, ela sorriu para ele e me lançou um olhar frio, eu a ignorei e peguei uma bolsa e comecei a colocar umas trocas de roupa.

- Vai viajar? - ela perguntou com uma cara sínica.

- Trabalho para o João. - respondi com frieza.

- Sempre a queridinha! - ela falou num sussuro, mais se esqueceu que eu e o Rick podiamos ouvir. Ele me olhou e revirou os olhos. Eu nem respondi o que ela disse, simplesmente peguei minha bolsa e fui pegando a mão do Rick e puxando ele.

- Tchauzinho Rick! - ela falou dando um sorrizinho e acenou para ele e depois mandou um beijo. Meu sangue ferveu e eu engoli minha raiva.

- Vamos amor! - eu fiz questão de falar amor só para provocar ela. Ele imediatamente me olhou e deu um sorriso enorme pegando minha mão e nos saímos. Ele foi no seu quarto e pegou uma mochila e colocou umas trocas de roupa dentro, eu observava em silêncio.

- O que foi? - ele perguntou de repente.

- Nada, é só aquela vaca! - respondi mau humorada.

- Você esta falando da Ju?

- Ju? - preguntei indignada.

- Quer dizer, Jullya! - ele sorriu tentando disfarçar.

- É sim. Se não percebeu ela esta dando em cima de você! - falei com raiva e ele soltou uma gargalhada.

- Qual é a graça? - preguntei lhe encarando.

- Não acredito! - ele falou e se aproximou de mim passando a mão no meu rosto.

- O que? - perguntei com raiva.

- Você esta com ciúmes! - ele deu um sorriso enorme.

- Não estou não! Só estou te avisando.

- Não, você esta com ciúmes e isso é otimo! - ele falou com satisfação.

- Para! - eu falei com raiva.

- Sabe você fica tão linda quando esta bravinha! - ele me puxou e me deu um beijo, eu parei o beijo e falei entre seus lábios.

- Para com isso! - ele continuou e seu beijo era tão quente e bom...  eu não resisti mais, puxei ele e passei os dedos nos seus cabelos.

- Linda!

- Lindo! Vamos?

- Vamos. - mais um beijo e outro e eu lhe puxei para fora e nos fomos andando pela rua ate pegar um ônibus. Fiquei olhando a paisagem e suas mãos desmanchando meus cachos que quase não se formavam mais. Descemos num bairro com pouco movimento e agora eu sentia fome e então pedi para que nos passassemos em uma lanchonete. Ficamos sentados esperando o garoto que servia o lanche.

Lanchamos rapidamente e saimos para pegar outro ônibus logo. Foi um pouco demorado ate chegarmos em uma cidadezinha pequena do Rio de Janeiro, era bonita e quase como das histórias. Nos achamos um pequeno hotel e fizemos nossa ficha por la mesmo, deixamos as bolsas no quarto e saímos a procura da família Aguiar. Perguntamos para moça da portaria do hotel se ela conhecia e ela disse que não, mais para mim ela ficou intessada mesmo foi no Rick.

Andamos um pouco perguntando para várias pessoas e nenhuma delas sabia. A tarde já tinha ido embora e já começava a escurecer e nos voltamos para o hotel. Fui a primeira a tomar banho e vesti ums blusa e uma calça, porque estava frio por aqui, me deitei e fiquei ali enrolada no cobertor esperando ele terminar o banho e vir se deitar comigo e me esquentar. Não demorou muito e ele chegou e se deitou ao meu lado me abraçando, eu já estava com muito sono, a viajem tinha sido cansativa. Ele me beijou na testa e falou baixo:

- Bons sonhos!

E eu adormeci. Acordei e abri os olhos e vi seu rosto perfeito num sono sereno, ele era lindo, um verdadeiro sonho para qualquer mulher, um verdadeiro deus grego, eu sorri com meus pensamentos e fiquei admirando ele dormir.

Resolvi levantar e vesti uma calça jeans branca e uma blusa lilás com um bolero branco e calcei uma sapatilha. Arrumei os cabelos e fiz um coque, fiz também uma maquiagem leve. Me virei e ele estava ali, já de pé com uma camisa azul na mão e já tinha vestido uma calça e me olhava.

- Bom dia! - falei correndo e beijando sua boca quente.

- Bom dia linda!

Tomamos café e saimos em seguida, dessa vez fomos ate uma vila ali mesmo na cidade. Tinham varias casas unidas como naqueles filmes e muito bonitas, paramos numa casinha pequena onde um casal estava sentado.

- Bom dia! Vocês podem nos dar uma informação? - o Rick falou com uma voz educada. A senhora olhou para nos e respondeu com uma voz baixa e delicada.

- Claro meu jovem!

- Será que a senhora conhece a família Aguiar? - ele perguntou.

- Não que eu me lembre! - ela respondeu.

- A gente esta procurando desde ontem e não encontramos nada! - eu falei tentando ser educada e ele me olhou.

- Talvez se forem um pouco mais para a frente podem encontrar, tem moradores mais antigos ali pra baixo! - desta vez que falou foi o senhor.

- Estão no lugar errado meus jovens! - uma senhora que estava do outro lado da rua foi quem falou. Nos três olhamos pra ela, que usava um vestido florido e com uma bengala.

- A senhora conhece? - o Rick perguntou andando ate ela.

- Conheci belo jovem! - ela respondeu.

- E sabe onde eles moram? - eu perguntei ainda parada.

- Não moram mais aqui! - ela exclamou e o Rick me olhou desapontado.

- E sabe onde foram? - ele perguntou.

- Não falaram pra ninguém, porque perderam um filho e então decidiram sair da cidade. - ela afirmou.

- Perdeu um filho? - perguntei com os olhos arregalados.

- Sim.

- Que ótimo, viagem perdida! - O Rick exclamou.

- Muito obrigado, e a propósito adorei que me chamou de belo! - ele falou sorindo para senhora que se levnatou e foi em sua direçao.

- Tenho certeza que voce é. - ela falou.

- Como assim tem certeza? - ele perguntou.

- O som são os meus olhos! - ela falou e senti o Rick ficar sem graça.

- Me desculpa eu não sabia!

- Tudo bem querido e boa sorte em sua busca.

- Obrigado! - ela falou e agradeceu ao casal e pegou minha mão saindo.

- Vocês vão encontrar o procuram! - a senhora exclamou de longe.