O Homem De Preto escrita por RafaRock


Capítulo 9
Capítulo 9 - A Culpa de Um Sonho


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, vou voltar a postar agora com mais frequência. Fiz algumas mudanças em alguns capítulos da história, acrescentando mais detalhes e mudando o que precisava, espero que gostem!



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Levantei-me do chão limpando as lágrimas, não podia me deixar abalar agora. Ergui a faca que estava em minha mão em direção ao homem:

–-- Deixe minhas amigas em paz – tentei deixar a minha voz o mais firme possível - elas não tem nada a ver com isso!

O homem nada respondeu, apenas andou até a escrivaninha e abriu algumas das gavetas procurando por algo, após alguns minutos ele virou-se em minha direção com uma pequena caixinha prateada, com detalhes na tampa que eu não conseguia identificar. Na parte da frente da caixa, havia um símbolo tão gasto e desbotado que mal dava pra ver, mas consegui identifica-lo, pois era o mesmo símbolo gravado nas coisas de meus pais. Este, estava gravado também em um pequeno cadeado que lacrava a caixa.

–-- Eu venho tentando abrir esta caixa há muitos e muitos anos, uma coisa foi tirada de mim e eu a quero de volta, e a única maneira de eu conseguir isso é com você.

–-- Comigo? Do que você está falando? Eu não sei de nada disso!

–-- Mas seus pais sabiam, e fizeram de tudo pra me derrotar! Você não é comum como qualquer outra garota, tem poderes que você nem sonha serem reais.

Neste momento, dois homens altos e muito fortes passaram pela porta e me agarraram um em cada braço. Deixei a faca que estava segurando cair no chão, assim como a sacola que havia pegado nos fundos da casa. Tentei me debater e fazer com que eles me soltassem, mas quanto mais eu tentava, mais fortes eles me seguravam, e não havia nada que eu pudesse fazer. O homem de preto riu.

–-- Nem tente, você não é forte o suficiente para se livrar deles.

–-- O que você quer de mim? – O pânico estava novamente começando a me invadir

–-- Ah menina, logo você vai ver, tenho grandes planos para você! Por enquanto, só o que preciso é de você aqui... Podem levá-la!

Os dois homens me levantaram do chão e começaram a andar em direção à porta. Tentei mais uma vez me libertar com chutes e socos, mas nada deu certo. Logo estávamos fora da cabana novamente. O céu estava escuro, já havia anoitecido, estava chovendo fortemente e o vento constante me fazia tremer de frio. Ao olhar para cima, nenhuma estrela aparecia, só o que dava para ver eram diversas nuvens em volta de uma lua cheia e aterrorizante.

Fui carregada por um caminho estreito, ao lado da cabana, que ia mais adentro da floresta. Eu estava encharcada, pareceram horas de tortura, com espinhos me arranhando, folhas voando na minha cara e galhos de árvores que ocasionalmente batiam em mim, até que finalmente paramos e os dois homens me largaram no chão. Um deles continuou me segurando pelo braço esquerdo, enquanto o outro ia um pouco mais a frente e limpava um pouco da terra molhada com os pés e dava vista para duas portas de metal no chão... uma espécie de escotilha. Ele pegou uma chave em seu bolso, e a colocou na grande fechadura no meio das duas portas, que automaticamente se abriram, revelando uma enorme escadaria.

Os degraus estavam úmidos e parecia que aquilo não tinha fim. Levara cerca de 5 minutos até que finalmente chegaram a uma base plana, revelando um túnel de ferro, não muito grande a nossa frente, revelando diversas portas nas laterais. Andamos mais alguns minutos quando por fim, o mesmo homem que abriu a porta que levava ao túnel parou em direção a uma porta à direita. Abriu-a, e me atirou lá dentro como se eu fosse um objeto velho, logo em seguida, fechou a porta e a trancou.

O quarto tinha paredes de ferro, completamente resistentes. Havia uma cama pequena no canto com apenas um lençol e um travesseiro surrado em cima. Era só o que havia ali, como se fosse a solitária de algum hospício ou coisa do gênero. Eu estava com frio, tremendo, e completamente molhada. Minha mochila fora tirada de mim antes de sairmos da cabana, e a sacola que fora entregue a mim havia sido deixada no chão no momento em que me prenderam, então eu não tinha nenhuma roupa que eu pudesse me trocar, não tinha comida, e não tinha nada com que eu pudesse me defender.

Sentei no chão com as costas apoiadas na parede e abracei meus joelhos. Como aquilo podia estar acontecendo? Três dias atrás eu estava em casa, vivendo normalmente e curtindo as férias como qualquer adolescente normal. Tudo aconteceu tão de repente. Eu ainda não fazia ideia do que aquele homem queria comigo ou do que ele sabia sobre a minha vida. Minhas amigas ainda estavam perdidas e na única chance que eu sequer tive de tentar salvá-las eu acabei ficando presa aqui nesse fim de mundo! Tantas coisas que eu queria saber, que eu queria mudar.

Desde o dia em que meus pais morreram, passei anos e anos vivendo sob uma espécie de culpa e remorso. Sim, sonhei com a morte de meus pais, exatamente como aconteceu, um dia antes de irmos ao parque. Eu estava assustada, nunca havia tido um sonho como aquele antes, mas decidi não contar a eles porque eles estavam sempre tão preocupados e estressados com o trabalho que eu não queria incomodar mais. O tempo que passávamos juntos e saíamos pra nos divertir eram raros, e eu não queria estragar aquilo com um sonho bobo, então deixei isso pra lá. Logo depois do que aconteceu eu voltei pra casa correndo, sabia onde meus pais guardavam a chave, e fiquei dias no meu quarto chorando, e me culpando pelo acontecido. Depois que meus tios vieram me visitar e disseram que iam me ajudar com tudo isso, contei a eles desesperada sobre o meu sonho, e eles me confortaram dizendo que não era culpa minha.

Desde então segui minha vida assim, tentando me convencer de que não havia sido minha culpa, de que mesmo que eu os avisasse, eles não iam acreditar em mim. Mas no fundo eu sempre soube que era, pelo menos parte disso, era culpa minha. Esperava que nunca mais esses pesadelos acontecessem, e por um tempo realmente tudo ficou calmo, achei que pudesse ter sido apenas coincidência... Até hoje. Fiquei ali sentada chorando, até que finalmente caí no sono.

Acordei na manhã seguinte com dor nas costas, devido ao fato de eu ter dormido no chão, e molhada de suor. Mais um pesadelo. Demorei alguns minutos até perceber que havia alguém parado no canto mais escuro do quarto, apoiado de braços cruzados na parede. Não consegui conter o grito e atravessei de costas correndo até o canto oposto do quarto, ficando de frente para a pessoa.

–--Está na hora! – disse a voz grave e rouca do homem de preto.


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