O Homem De Preto escrita por RafaRock


Capítulo 8
Capítulo 8 - Revelações




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Fiquei ali parada, em choque por alguns instantes. Não podia acreditar que aquilo estava acontecendo novamente. Era exatamente a mesma casa que aparecia em meus pesadelos. Mesma madeira velha que rangia a cada movimento e o mesmo cheiro insuportável de mofo que invadia o lugar. Estava tudo escuro, o lustre enferrujado estava apagado; procurei por um interruptor mas não consegui encontrar nada. Havia uma escada no final do corredor que virava à esquerda, dando acesso ao segundo piso da cabana, e logo em frente a ela havia uma porta semi-aberta. Andei até lá cautelosamente, ainda com a faca empunhada na mão, e empurrei a porta para trás.

O cômodo era escuro, e a única luz que havia era a pouca claridade de fim de tarde que entrava pela janela na parede lateral. Com os olhos já acostumados à escuridão, consegui identificar um sofá velho e mofado ao meu lado direito com uma mesinha de centro em frente a ele. No canto esquerdo, havia uma escrivaninha marrom com um antigo computador em cima e algumas pilhas de papéis. Logo ao seu lado se encontrava uma enorme estante cheia de livros antigos e empoeirados.

Caminhei até a estante e passei meus dedos em alguns deles para tirar a poeira que os cobria. Havia de tudo ali, enciclopédias, clássicos, livros de romande, suspense, terror, drama e diversos outros. Peguei com a mão livre o livro “Romeu e Julieta”, de Sheakspeare. Já o havia lido diversas vezes. Era um dos meus favoritos... e de meus pais também.

–---­­Ah! Romeu e Julieta, meu livro favorito de Sheakspeare! --- dissera uma voz grave e rouca atrás de mim --- o trágico modo com que o homem se mata ao ver sua amada envenenada. Seus pais o achavam comovente, já eu, acho tão... patético!

Me virei assustada deixando o livro cair no chão. Apoiado na porta, de braços cruzados, se encontrava um homem alto e corpulento, vestindo uma túnica preta com um grande capuz cobrindo o seu rosto.

–--- O que você quer de mim? – Perguntei-lhe tentando não parecer tão assustada quanto eu realmente estava – Onde estão minhas amigas?

–-- Calma, suas amigas estão a salvo... por enquanto. Contanto que você colabore comigo, poderá vê-las!

–-- Colaborar com o que? O que você quer?

–-- Tudo ao seu tempo menina! Você não faz ideia do poder que tem não é? Não sabe de nada dobre o trabalho de seus pais e sobre quem você realmente é!

–-- Meus pais eram arqueólogos e eu não tenho poder algum! Me deixe em paz!

–--Você não sabe nada sobre sua vida, todos esses anos foram apenas uma grande mentira! Agora me diga, andou tendo pesadelos ultimamente?

Fiquei paralisada. Seria possível que ele soubesse?

–-- O-o que você sabe sobre meus sonhos? – Gaguejei

–-- Sei de muita coisa sobre você, mas acho que você já sabe a resposta para essa pergunta... não sabe? Além do mais, não é de hoje que você está tendo estes pesadelos.

Não consegui falar nada, o peso da morte de meus pais estava desabando sobre mim. Como ele poderia saber? Não suportava lembrar daquilo, fora apenas uma coincidência, não foi culpa minha!

–-- ME DEIXE EM PAZ! – Gritei, a raiva e a mágoa estavam tomando conta de mim.

O homem riu.

–-- Pobre criança, sonhou com a morte dos próprios pais e mesmo assim foi ao parque com eles... tão inocente!

–-- CALE A BOCA! Foi apenas um sonho! Eu amava meus pais e nunca faria isso com eles!

–--Mas mesmo assim não fez nada para impedir, nem ao menos contou a eles o sonho que teve. A culpa está estampada em seus olhos, nada que você disser irá mudar isso.

–--VOCÊ OS MATOU!

Sem conseguir mais me segurar, desabei no chão atordoada demais para ficar de pé. Era tudo culpa minha e eu sempre soube disso. Passei minha vida inteira buscando por justiça e tentando me convencer de que eu era inocente, mas no fundo eu sabia que parte da culpa era minha. Ele estava certo. Se ao menos eu os tivesse avisado, ou pedido para irmos à outro lugar tudo poderia ser diferente. Eu poderia ter meus pais.


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