A Chave Do Segredo - Dark Mystery escrita por Cristina Abreu


Capítulo 16
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeey!
Nem demorei dessa vez, né? LOL
Espero que gostem do capítulo, mas algo me diz que vocês vão *querendo fazer curiosidade* kkkkkk
Boa leitura!



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Capítulo 15

Londres, Inglaterra.

Dias atuais.

Lauren.

Acariciava Brooke, perdida em meus pensamentos naquela tarde, quando a campainha tocou. Suspirei, já imaginando quem era. Megan estava brava comigo, terminara com Cameron, então só podia ser...

— O que faz aqui? – perguntei a Derek, abrindo a porta em um rompante. O crepúsculo como pano de fundo lhe dava um ar ainda mais sombrio, como se isso fosse possível.

Ele sorriu, puxando-me pelo passador da calça.

— Estava com saudades, docinho. – disse. – Você não foi à aula hoje.

— Brilhante observação. – comentei, sarcástica.

— Hm... Mordaz. – Derek riu-se. – Gosto disso, docinho.

Bufei.

— Fale logo o que quer e vá embora. – falei.

— Que tal eu demonstrar? – e sem esperar pela minha resposta, seus dedos em minha cintura me trouxeram para seus braços, e logo seus lábios estavam grudados nos meus.

Primeiramente correspondi, mas então, algo dentro de mim mudou e o afastei, surpreendendo-o.

— Docinho?

Deixei-o no batente da porta de entrada e voltei para o meu quarto, chorando. Esperei que Derek não me seguisse, mas logo ouvi passos pelo corredor. Céus, como estava exasperada! Fechei a porta do quarto, mas não me incomodei em passar a chave. Ele a arrombaria de qualquer jeito.

— Por que está chorando, Lauren? – Derek estava com a testa franzida. Devido às minhas lágrimas, seu rosto belo era embaçado.

— Porque você apareceu! – gritei, não aguentando mais. – Você apareceu e meus pais estão mortos, meu namoro está de pernas para o ar, e minha melhor amiga está brava comigo! Tudo deu errado depois que você entrou na droga da minha vida!

Ah, estava tão cansada por ter segurado aquelas palavras por tanto tempo. Mas não me senti melhor as dizendo. E minha vida sem Derek, como seria? Melhor? Algo me dizia que não, mas eu calava essa parte de mim.

— Por que não vai embora? Não digo da minha casa, mas da minha vida. Suma, quem sabe assim as coisas não melhoram?

— Não posso. – respondeu, simplesmente. Adiantou-se para me abraçar, mas ergui um dedo, o avisando para não se aproximar.

— Como não pode? – explodi. – É óbvio que você pode desaparecer para sempre! Olhe, arrume outra para encher e estragar a vida, só me deixe em paz!

— Já disse que não posso! – ele também gritou, passando as mãos pelo cabelo, desesperado. – Não posso ir embora!

— Diga-me o motivo então, Derek. – abaixei o tom de voz. – O que te prende aqui?

— Você. – sussurrou.

— Eu sei que você quer me matar, Derek. Isso não é novidade para mim. – observei.

— Não... Você. Não posso deixá-la. – ele tentou explicar, mas ainda hesitava. Respirei fundo e prendi a respiração. As lágrimas já tinham deixado meus olhos. Agora eu prestava atenção naquele garoto confuso – onde estava aquele maldito sorrisinho? -, sem vontade de desviar os olhos enquanto ele lutava contra si mesmo.

— Por quê? Fale, Derek. – tentei ajudá-lo.

— Porque...

Fez uma pequena pausa para respirar fundo e depois soltou de uma vez:

— Eu te amo.

Não pude dizer nada. Antes que sequer percebesse, meus lábios pressionavam os seus, colando-o a mim. Estremeci e ele me segurou pelos quadris, levantando-me. Enganchei minhas pernas envolta da sua cintura e ele me apertou contra a parede.

Sorri, respirando com dificuldade, enquanto Derek beijava-me o pescoço, o ombro...

Olhamos para cama e eu assenti. Ele me colocou delicadamente no colchão, deitando-se em cima de mim em seguida. Mordi o lábio e puxei sua camiseta, tirando-a. Ah, seu cheiro me embriagava.

— Tem certeza? – perguntou, sussurrando e me beijando o colo.

— Sim. - sussurrei também, e inclinei meu pescoço para trás, deixando que seus lábios voltassem para ele, e seguissem para o lóbulo de minha orelha, onde deu pequenas mordiscadas.

Meu coração batia rapidamente, se comparado aos movimentos lentos das mãos de Derek.

Passei minha mão por suas costas, apertando-o mais sobre mim, enquanto ele continuava com as carícias e beijos.  Abri e retirei sua calça, com sua ajuda, e ele minhas muitas peças de roupas. Depois, deixamos nossos corpos nos guiarem um para o outro, em uma série de movimentos coordenados.

Entreguei-me.

***

Londres, Inglaterra.

Dias atuais.

Derek.

Ele a via dormir tranquilamente em seus braços. Um pequeno sorriso despontava de seus lábios.

Derek sabia que quando ela acordasse, se sentiria culpada. Bem, cabia a ele a fazer esquecer-se do que estava lá fora. Esquecer-se do ex-namorado, Cameron.

Deixou escapar uma risada silenciosa. Adoraria ver a cara do garoto, com o qual disputava a amada.

Infelizmente, seria uma disputa. Lauren também amava Cameron, e isso era inegável. Não sabia se ela o amava, mesmo tendo se entregado daquela forma... Bem, isso não significa que ela sentisse alguma por ele, além de desejo.

Mas tiveram uma ótima noite. Nenhum momento pelo qual passou antes pode se comparar com Lauren. Ela era magnífica. Única. E Derek a queria para si.

Apertou-a mais contra ele, e deixou o rosto descansar nos cabelos emaranhados dela, sentindo o cheiro de rosas e seu próprio cheiro incrustado nela. Beijou-lhe o pescoço e deu um selinho em seus lábios.

Continuou lhe fazendo carícias, até que a garota começou a ficar mais desperta. Suas pálpebras tremeram e depois se abriram, revelando maravilhosos olhos castanhos claros e brilhantes.

— Olá. - disse ele, e beijou a base de seu ombro.

Lauren o olhou com amor, até que esse sentimento foi substituído por outro. Fúria.

— Ah, meu Deus! - gritou e o afastou a tapas. - Por favor, não me diga que...

— Sim. - Derek afirmou e tentou voltar a abraçá-la, mas ela se afastou mais, puxando o lençol para cobrir-lhe a silhueta.

— Não! – negou, gritando.

Mesmo nervoso, Derek riu.

— Acredite, aconteceu. - falou. - E você foi maravilhosa...

— Céus! O que eu fiz?! - continuou gritando.

— Acho que você sabe, mas se quiser que eu diga...

Laury o calou com o olhar. Estava verdadeiramente brava.

— Fique quieto. Isso não devia ter acontecido! - falou.

— E por que não? - Derek retrucou, ansiando para puxá-la para si.

— Porque eu não te conheço! Deus, nos conhecemos há pouco tempo... E já quando acordo, você está em minha cama! - fez uma pausa. - E porque você quer me matar.

Ele lembrou-se daquela mesma afirmação feita mais cedo, antes que o desejo os tomasse. Agora, poderia ter rido e falado que ela estava louca. Que ele nunca desejara a matar, mas continuou sério, sem nenhum resquício do sarcasmo.

— Está certa. - Derek assentiu. - Mas não a matei. Tive a oportunidade, sabe, aquelas sombras lhe sufocariam, mas eu a ajudei.

— Sim, você me ajudou. - sussurrou Lauren. - E depois me levou para o hospital.

Novamente, ele meneou que sim.

— Se a tivesse deixado na floresta... Bem, você só voltaria à vida se o Julgamento a declarasse viva. Mas, eu não poderia a abandonar ali.

— Mas meus pais...

— Precisei deixá-los lá. - Derek aproximou-se. - Desculpe se os matei, mas... tinha que ser naquele dia, ou então a Morte...

— O que ela fez com você? Ela disse que você teria uma punição, qual foi? - perguntou ela. Seus olhos demonstravam preocupação.

Ele sorriu. Lauren o podia crucificar, mandá-lo embora, mas estava preocupada com ele.

— Nada demais. - respondeu. - Só ralhou comigo, nada mais.

Sua voz não entregava o que sabia. Definitivamente, Lauren não descobriria o que Death falara com ele. Derek não deixaria.

— Ela não... te bateu?, sei lá. - perguntou a menina aproximando-se um pouco mais do corpo de Derek.

— Não. - ele riu e tentou não estremecer.

— Ótimo. - disse ela. - Fico feliz por você.

Laury se levantou da cama, cobrindo-se com o lençol e apanhou a combinação que estava no chão. Seu rosto estava em brasa.

Derek riu e se refestelou mais na cama, deleitado.

— Não precisa ficar com vergonha. - ele falou. - Não há nada do que se envergonhar. Eu já vi todo o seu corpo, Laury.

Ela o olhou de cima, mas o rosto estava cada vez mais vermelho, um misto de vergonha com raiva.

— Cala a boca. - falou e foi para o banheiro, antes jogando os trajes de Derek em cima da cama. - E se vista! - gritou do banheiro.

Ele riu novamente.

***

Londres, Inglaterra.

Dias atuais.

Lauren.

Não podia acreditar no que aconteceu.

Como fui tão fraca? Como me deixei levar para a cama, por um garoto praticamente desconhecido, se nem permiti a Cameron? O que me ocorrera?

Ralhei comigo mesma, nervosa e com raiva de mim. Lembrei-me de minhas palavras e dos momentos passados com Derek. Eu ansiara por seus toques e beijos. Ansiara para tê-lo só para mim.

E não sei se agora o que sentia era arrependimento. Sim, eu estava me sentindo culpada por ter traído Cameron desse jeito (tudo bem que eu havia terminado com ele, mas... Ontem! Fazia apenas um dia!). Eu me odiava por isso, mas eu também amava o outro.

Mesmo não o conhecendo direito - mesmo sabendo que ele foi feito para me matar -, meu coração havia se decidido. Já estava perdidamente apaixonada por ele. E ele nem tentou negar, assumiu tudo; que de fato fora ele na floresta. Que era esse o nosso destino: caçador e presa.

Não sabia o que faria quando saísse do banheiro e tivesse que encará-lo. Mas o que mais queria fazer era sair de lá agora mesmo e cair nos braços e encantos de Derek. Queria apertar meu corpo contra o dele e me fundir completamente nele.

E não podia fazer isso.

Vesti a lingerie e encontrei o suéter de Derek jogado no chão. Coloquei-o por cima - que chegava até meus joelhos - e sai do banheiro, sabendo que não poderia ficar lá para todo o sempre.

Esperei que ele estivesse em minha cama, mas ela jazia vazia. Franzi a testa e fui até o corredor, esperando que Derek estivesse em alguma parte. Mas esse também estava vazio.

Onde ele estava? Será que já tinha ido embora?

A resposta veio da respiração em meu pescoço.

— Procurando alguém? - perguntou.

Afastei-me e lhe dei um olhar frustrado. Pelo menos estava vestido. Só faltava o suéter, que se encontrava em meu corpo.

— Vendo se alguém já tinha ido. - retruquei.

— Acho que ninguém foi. - falou ele, fingindo-se de bobo. - E que ninguém irá.

— Sério, você precisa ir embora. - reclamei.

— E por quê? Foi tudo tão maravilhoso, por que não repetir? - Derek sorriu. – Sou todo seu, Lauren. Que parte vai querer de mim?

Revirei os olhos, mas corei.

— Nenhuma. - respondi sem jeito. - Só quero que vá embora.

— Você sabe que isso não é bem verdade. Você quer que eu fique, que te pegue no colo e te jogue na cama. - Derek se aproximou. - Você quer que aconteça tudo de novo.

Antes que eu pudesse fugir, seus braços longos e fortes me agarram. Nossos lábios se encontraram e suas mãos espalmaram-se por minhas coxas. Eu mal podia respirar normalmente, toda a minha mente se enchia com Derek.

Mas, assim como fiz uma vez com Cameron, fiz com Derek. O afastei e me recompus.

— Por favor, saia. - pedi.

— Responda-me por que, então. - ele bufou, frustrado. - Lauren, já fizemos amor uma vez...

— E não vai acontecer de novo. - o interrompi.

— Laury, não tem porque não acontecer de novo. - Derek tentou se aproximar, mas não permiti.

— Tem um monte de razões, Derek. E você já as conhece. - disse.

— Não me importa as razões, meu docinho. - disse ele chamando-me por meu mais novo apelido carinhoso.

— Não importa para você. Para mim, sim. - ralhei. - Quero fazer o que é certo.

— Às vezes fazemos o certo, fazendo o errado. - Derek deu de ombros. – Achei que você já tivesse descoberto isso.

— Boa tentativa, mas não. Fora. - indiquei a porta de entrada.

— Lauren, por favor... - tentou pedir.

— Fora. - repeti sem paciência alguma.

Olhei para meu corpo, onde o suéter dele estava me aquecendo. Corei e pigarreei.

— Te devolvo isso daqui amanhã. - falei. - Passe aqui depois da escola, e vai estar na varanda.

— Tenho uma ideia muito melhor. Eu passo a noite aqui e visto amanhã. - propôs.

Já abria minha boca para acusá-lo, quando ele levantou as mãos, com as palmas viradas para mim.

— Calma. Eu não digo que vamos transar de novo. Só queria dormir com você. Dormir. - enfatizou.

Corei e desviei o olhar, não querendo me focalizar em seus olhos cor de ônix tão convincentes.

— Só dormir? - falei por fim. Segundos depois, reclamava comigo mesma. Deixava-me ser convencida tão facilmente que parecia uma marionete.

— Só dormir e lhe proteger. - Derek respondeu.

Dei uma risada nervosa e voltei meu olhar para o rosto dele.

— Proteger? - caçoei. - Você quer me matar, como vai me proteger?

— Não quero lhe matar agora. Por enquanto, nada mais de bizarrices. - prometeu.

— É meio difícil, quando se tem um dom para matar ou ressuscitar pessoas. - ironizei.

— Concordo, mas podemos tentar. - Derek esticou a mão e eu a peguei.

Deixei-me abraçar e recostar meu rosto em sua omoplata.

Ainda não estava satisfeita com o que tinha feito. Fora muito errado, e não sabia como poderia olhar na cara de Cameron algum dia de novo. Afinal, eu havia terminado com ele por causa de Derek.

Mas... Ele me amava. E eu também o amava.

Derek tomara meu coração muito antes de eu sequer conhecê-lo. E Cameron... Ele foi perdendo espaço para este novo amor com o passar dos dias.

Tinha certeza que se pedisse ajuda para Megan, ela reviraria os olhos. Odiava a ambos, um mais do que o outro. Não forneceria qualquer tipo de conselho, a não ser: “— Desista dos dois e arrume alguém que preste.”

Desisti de tais pensamentos, e aconcheguei-me mais. Agora não queria pensar em mais nada, queria apenas sentir uma única coisa: o amor.

Os olhos negros me fitavam, divertidos. Suas mãos tocavam minha garganta, exercendo pressão. Uma pressão que não me deixava respirar.

Lutei para me libertar, mas as mãos eram fortes de mais. Não tive mais chances, o ar esgotou-se.

Morri. E acordei.

Acordei de supetão. Estava suada e esgotada. Braços fortes e morenos ao meu redor me acalentavam.

Empurrei o peitoral de Derek e sentei-me na cama, sentindo um pouco de medo do corpo que jazia perto de mim. Fora ele que me estrangulara em meu sonho. Mas foi apenas um sonho.

— Docinho? - falou com a voz áspera de sono. - O que foi?

Seus braços procuraram por meu corpo e me puxaram para si. Mesmo ainda tendo o sonho como lembrança, deixei que ele me abraçasse e me beijasse o topo da cabeça.

— Um pesadelo. - murmurei escondendo meu rosto em sua omoplata.

Derek riu e me apertou mais, beijando agora meu pescoço.

— Hm... qual foi? - perguntou. Notei uma ponta de curiosidade em sua voz.

— Não foi nada. - dei de ombros. Bocejei e inspirei o aroma de Derek.

— Então, durma. - sussurrou me dando um selinho.

Não falei mais nada, fechei os olhos e esperei que o sono novamente viesse até mim. Mas os minutos foram passando e estava completamente desperta, e totalmente consciente do corpo de Derek perto do meu.

Suspirei e reabri os olhos. Ele me fitava com os seus negros, e sua mão direita acariciava meus cabelos.

— Não consegue dormir?

Balancei a cabeça e me virei para saber que horas eram. Logo estaria na hora de ir para o colégio. E na hora de encarar as pessoas. Megan... Cameron...

— Não se preocupe. Eles não têm que se intrometer. - Derek falou, adivinhando meus pensamentos.

Sua voz raivosa também me deixou com um pouco desse sentimento.

— Olhe... eu era a namorada dele...

—... que está dormindo com outro. - interrompeu-me.

—... e ele merece saber o que eu fiz. Eu gosto dele, Derek. - falei, continuando como se ele nada tivesse dito. - E terei que contar para ele, mesmo que isso acabe comigo.

— Você terminou com ele. – nem perguntei como ele já sabia disso. – E, além do mais, se o amasse não estaria aqui comigo, em meus braços. - disse, com sua voz baixa.

Suas mãos passaram por meu corpo sob o lençol, com luxúria. Seus lábios roçaram os meus, e seu corpo prensou o meu contra o colchão.

— Não ficaríamos assim. – acrescentou, correndo os lábios em minha clavícula.

Afastei-o rapidamente, e o fuzilei com o olhar. Ele simplesmente riu.

— A culpa foi sua. – acusei, mas fora eu quem o beijara.

Riu.

— Bem, foram seus lábios que pressionaram os meus, senhorita Lauren. Eu estava abrindo meu coração e você praticamente grudou-se em mim.

— Eu não queria que tivesse acontecido. – murmurei, corando.

— Ah, não?! - perguntou. Seus olhos brilhavam, divertidos. – Não minta para si mesma, meu amor. Você me quis.

Corei ainda mais.

— Não é verdade. - sussurrei, mas minha voz saiu fraca e nem eu mesma pude escutar.

Porque era verdade. O que ele falava era uma verdade incontestável. A única culpada fora eu.

Derek aproximou-se e me abraçou por trás, dando pequenas mordidas no lóbulo de minha orelha. Suas mãos correram para a barra de meu suéter – bem, seu suéter -, tentando arrancá-lo. Mas não deixei, saí de seu abraço e afastei-me na cama.

Não. - falei com ferocidade.

Derek cruzou o olhar com o meu. Seus olhos cor de ônix estavam flamejantes e desejosos enquanto passavam o olhar por meu corpo. Meu rosto ficou vermelho como pimenta.

Uma névoa encobria minha mente. Tive a sensação de um dejá vù. Já vira aqueles olhos antes, e não foi ontem enquanto nos perdíamos um no outro. Não conseguia lembrar com exatidão, mas aqueles olhos me eram familiares, ao que parecia de outra vida.

Inspirei e expirei, repetindo o processo, até que minha mente voltou ao normal.

— Lauren, o que foi? - perguntou uma voz próxima.

— Nada. - respondi e me levantei, mas acabei tropeçando e quase cai. Por que eu era tão desastrada?

Derek me ajudou e voltou a me deitar na cama.

— Pensei que ia desmaiar. - falou ele, me beijando na bochecha. - Talvez seja melhor você descansar.

Neguei com a cabeça.

— Logo já é hora de irmos para a escola. – falei, arrastando a voz. - Aliás, tenho que me arrumar...

— Porque não faltamos hoje às aulas? Poderíamos ficar aqui...

— Você gosta de perder aula, não é? – perguntei, brava. - Pois eu não... se você não for, tudo bem. Só sei que eu vou.

Afastei sua mão - que fazia movimentos circulares nas minhas - e me levantei da cama, conseguindo desta vez.

Fui até o armário e peguei uma calça jeans de cós baixo, uma tomara que caia rosa e All Stars brancos. Depois me troquei ali no quarto mesmo, com o olhar de Derek em mim.

— E você, vai ou fica? - perguntei enquanto ajeitava a camiseta.

— Vou ir. - falou. Sua imagem apareceu no espelho, e ele já se trocava também. Ou apenas, colocava seu suéter.

— E vai passar na sua casa para se vestir? – perguntei, nervosa. Todo mundo perceberia se ele não se trocasse.

Derek riu.

— Sim. Aliás, quando posso trazer minhas malas para cá? – perguntou, sorridente.

Revirei os olhos e penteei o cabelo rapidamente, logo após escovei os dentes.

Meu estômago se revirava de ansiedade e nervosismo. Não sabia como Cameron reagiria quando eu contasse tudo, e eu não sabia como ia fazê-lo. Mas seria difícil. Aliás, se eu contasse, afinal, eu tinha terminado com ele. Não devia mais satisfações a ninguém.

Algo me dizia que era exatamente por isso que eu o devia fazer.

Encarei meu reflexo no espelho, não reconhecendo aquela que ali se refletia. Aquela garota com um ar de malícia não era eu. Aquela garota que traíra o namorado não era eu.

Era no que me transformara com Derek, em apenas um dia.

Olhei em volta nervosamente, esperando que os rostos que passavam por mim soubessem o que tinha feito noite passada, que seus olhos frios me julgassem. Era paranoia, eu bem sabia, mas não conseguia deixar de me sentir ansiosa, como se tivesse cometido um erro. E não fora um erro... Não um muito grave, ou fora?

Hm... Dormir com Derek, de conchinha e acordar com seu sorriso, foi ótimo. Perfeito. Corei. Culpada novamente.

— Aja normalmente. – uma voz risonha falou em meu ouvido. – Você parece culpada.

Derek estava de volta, vestido e banhado. Mordi meu lábio inferior. O cheiro dele sempre foi maravilhoso.

— Estou nervosa. – revirei meus olhos. – Sinto como se tivesse feito uma blasfêmia.

Derek me olhou soturnamente, claramente não gostando das minhas palavras. Oh, eu o tinha magoado? Franzi a testa e respirei fundo. Ele tinha razão, eu estava agindo como uma criminosa, e o que havíamos feito nem era um crime. Só uma traição, meu subconsciente irônico falou, mas fiz esforço para ignorá-lo.

Eu não acho que tenha sido algo horrível. – e lá estava, o maldito sorriso malicioso de volta em seu rosto. – Aliás, para mim foi bom.

— Só bom? – brinquei.

— Ah, docinho. – ele riu e passou o braço por meus ombros. – Só uma noite comigo e olha no que consigo transformá-la! Está ficando metida, hein?

Nós dois concordávamos nisso, então. Digo, com a primeira parte.

— Faça-me um favor e cale a boca. – falei, mas meu estômago estava cheio de borboletas. Havia sido bom para mim também, errado, mas bom. Muito melhor do que “bom”, aliás.

— Mas não se preocupe, querida; eles não vão descobrir o que fizemos... Sabe, geralmente os humanos não conseguem ouvir pensamentos, por mais que eles sejam gritantes.

Você pode? – perguntei, curiosa.

— Não, mas sei que você tem uma cacofonia dentro dessa sua cabecinha. – Derek sorriu e afastou uma mecha de meu cabelo da testa. Suspirei. – Lauren, querida, eu sempre posso descobrir o que você está pensando.

Em outras palavras: eu era previsível; e ele não podia ouvir pensamentos, mas projetá-los já era outra história.

— O que vamos fazer, Derek? – perguntei, sentindo-me fraca. Instantaneamente, ele passou o braço pela minha cintura, aproximando-me dele. Isso era... Estranho.

Ele deu de ombros.

— O que você quiser que façamos. – havia um brilho de diversão em seu olhar. – Tenho algumas ideias bem interessantes...

— Falo sério. – o interrompi. – É como se eu tivesse traído Cameron, Derek. E ainda com você!

— Vocês já tinham terminado. – repetiu. Eu também vivia repetindo isso para mim, mas do mesmo jeito me parecia errado. Um dia. Eu apenas pude aguentar por um maldito dia.

— Como soube disso? – irritei-me. Era impossível esconder alguma coisa dele?

— Eu sei de tudo sobre você, Laury, baby. – ele suspirou e sorriu.

Controlei-me para não gritar. Tudo o que eu não queria era uma cena no pátio do colégio, principalmente envolvendo uma traição. Não queria que isso chegasse aos ouvidos de Cameron antes que eu pudesse falar com ele.

Oh, eu merecia ir para o inferno.

Afastei-me de Derek, preocupada que Cameron e/ou Megan, poderiam estar olhando. Corei e mordi o lábio.

— Ele não está aqui. Megan está no Colégio, mas não por perto. – Derek falou, percebendo o porquê de me afastar. Assenti, um pouco mais aliviada. Ele também era sensitivo? Acreditei que sim. – E não posso dizer que estou arrependido pelo que fiz. Você está?

— Óbvio que estou! – sussurrei. – Não deveria ter feito o que fiz. Não quando fazia apenas algumas horas desde que Came e eu acabamos...! Antes de você chegar, eu o havia acusado de beijar outra garota, mas olha o que eu fiz!

Os olhos escuros de Derek me fitaram com intensidade, fazendo meu estômago se apertar. Eu queria beijá-lo, naquele instante. Mas não o fiz.

— Você se arrepende de ter feito amor comigo? – ele me perguntou. Neguei com a cabeça e sua expressão amoleceu um pouco.

Como poderia ter me arrependido disto? Era a única coisa da qual eu nunca me arrependeria na minha vida.

Dei-lhe um pequeno sorriso.

— Eu só esperaria mais antes de, bem, você sabe. Não foi justo com Cameron. Ele estava sofrendo... Oh, se você o tivesse visto, Derek! Fora que eu mal te conheço. Esses foram os erros, e não você.

Derek relaxou e se aproximou mais de mim, mas manteve-se quieto, contentando-se de estar ao meu lado, mesmo sem me tocar. Ampliei meu sorriso e estiquei minha mão, pegando a sua. Surpreso, ele a apertou.

— Então, o que você vai fazer, Laury? – perguntou-me, encolhendo os ombros.

— Nada. Vou deixar que ele siga em frente – mordi meu lábio até sentir que doía. – Afinal, eu o amo, mesmo que as coisas tivessem começado a mudar para nós há algum tempo. Não posso prendê-lo.

— Por minha causa as coisas não iam bem? – Derek não escondia sua satisfação, porém segurava o sorriso que queria lhe escapar.

Estreitei os olhos, brincando com ele. O que estava acontecendo entre nós? Meu coração bateu descompassado, dando-me a resposta. Eu estava... gostando dele. Ou algo assim.

Esse “algo assim” representava amor.

Desviei meus pensamentos e lhe dei a resposta.

— Em grande parte, sim, foi você.

— Ótimo! – Derek sorriu. Corei intensamente e revirei os olhos para mim mesma. Besta.

— Vamos entrar? Logo irá bater o sinal... – e Cameron ainda não havia chegado. Hm.  E esperava que Megan não mais estivesse nervosa comigo; eu precisaria da minha melhor amiga depois de ter coragem para encará-lo.

Soltei minha mão da de Derek e andei na frente. Antes, estávamos parcialmente escondidos atrás de uma grande árvore, na qual eu costumava ler em tempos mais tranquilos, porém agora teríamos que manter certa distância.

— Docinho? – ele me chamou quando eu passava pela porta do Colégio. O sinal bateu e eu me virei para ele, apressada.

— Sim? – perguntei, ansiosa.

— Não fiquei assim. Cameron vai seguir em frente. Ele saberá que você é minha, e somente minha.

Arqueei uma sobrancelha para ele e meneei com a cabeça. Sim, eu tentaria tirar aquilo da minha cabeça, como se fosse possível. Suspirei e corri para a aula.

Meu sistema nervoso estava em frangalhos.


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Notas finais do capítulo

E então, amores?! O que acharam? Gostaram? Não? Aconteceu muito rápido? Enfim... Comentem!
Não vou me estender por aqui porque estou com soninho, mas nos vemos nos reviews, hein?
Beijinhos :*



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