Capítulo 16

POV Demi Gilbert

–Tens uma visita – avisou Mindy, uma das híbridas do Klaus.

–Podes dizer à minha visita que eu estou à beira da vitória.

–Disse que o nome dele era Mikael.

Um arrepio percorreu a minha espinha. Não era suposto Mikael estar empalado? Klaus atirou a bola de ping-pong para um copo vazio. O seu humor tinha ido todo embora.

–Então não o vamos fazer esperar. Move todos para o jardim das traseiras. Eu e o meu pai vamos ter uma conversa. Tony, tu sabes o que fazer.

Tony pegou no meu braço e começou a afastar-me de Klaus.

–Não… Klaus! – exclamei.

–É para o teu bem, Demi – garantiu ele.

–Para o meu bem o tanas! Tony, larga-me! Klaus! – começámos a subir as escadas. – Klaus!

Tony trancou-me num dos quartos da mansão e ficou lá dentro comigo. Cruzou os braços á frente do corpo, como se fosse um guarda-costas.

–Sabes que eu sou uma ninfa muito poderosa, não sabes?

Ele encolheu os ombros.

–São ordens do Klaus.

–E o Klaus pode ir para um sítio que eu cá sei – bati com o pé no chão, à procura de um plano. – Tenho sede. Podes ir lá abaixo buscar algo para eu beber?

Ele olhou para a porta da casa de banho.

–Está bem – falei, zangada.

Fui até à casa de banho e lembrei-me de como Bonnie tinha feito água virar fogo quando tínhamos sido raptadas por dois vampiros. Peguei no copo que estava no lavatório e enchi-o com água. Voltei para o quarto.

–Sendo uma ninfa muito poderosa, eu posso transformar os elementos. Como… água em fogo.

Atirei a água para cima dele e concentrei-me. As chamas começaram logo a aparecer e Tony ficou em pânico, andando de um lado para o outro no quarto, tentando apagar as chamas. Isso deixou-me uma brecha, para eu sair. Destranquei a porta e olhei para Tony, que ainda se debatia. Coitado, não sabia realmente o que fazer.

Saí do quarto, deixando Tony morrer. Se havia algo que Klaus e Stefan me tinham ensinado ao longo deste verão era ser apática em relação à Morte e tortura.

Desci as escadas a correr e fui encontrar Klaus dentro de casa, com Mikael á porta e com Elena ao seu lado.

–Vou ter que dizer que estás a fazer bluff, Pai. Mata-a.

–Vem cá fora e enfrenta-me, seu cobardezinho, e não terei que o fazer.

–Toda a minha vida tu subestimaste-me. Se a matares, perdes a tua vantagem, por isso mata-a. Vai em frente e mata-a. MATA-A! – gritou ele e por momentos nem os mosquitos se ouviam. Eu estava totalmente arrepiada.

Mikael riu, o que gelou os meus ossos. Era um riso demoníaco.

–O teu impulso, Niklaus. Sempre foi e sempre será a única coisa que te impede de seres verdadeiramente grande.

O Original desferiu um golpe nas costas de Elena.

–Não! – gritei e avancei para eles, mas Klaus parou-me, colocando um braço à minha frente e impedindo-me de avançar. – Não! Não, não, não! – gritei e chorei.

Elena caiu no chão, morta.

–Não! N-N-Não! – Klaus abraçou-me por trás e as minhas forças começaram a faltar.

Alguém me tirou dos braços dele, lançando-me para o chão. Klaus gritou e eu vi quem era: Damon. Ele tinha colocado uma estaca bastante elaborada no estômago de Klaus. Os dois caíram no chão.

Elena levantou-se no chão e ouvi Mikael a murmurar:

–Katherine.

Ela sorriu, triunfante.

–Kabum – e atirou duas granadas de wolfsbane para os híbridos de Klaus que estavam do lado de fora.

Damon tirou a estaca e preparou-se para a desferir no coração de Klaus, mas eu atirei-me contra ele e rebolámos no chão.

–Tu não o vais matar! – gritei, com lágrimas ainda a correrem pelo meu rosto.

Stefan apareceu e tirou Damon de cima de mim. Klaus levantou-se e pegou na estaca, atacando Mikael logo de seguida.

O grito de horror de Mikael foi ensurdecedor. Tive que tapar os ouvidos, mas mesmo assim não deixei de ouvir o seu grito. Um grito desesperado, assustado e de quem estava a morrer.

Levantei-me e corri até Klaus. Ele estava a chorar, com o corpo de Mikael á sua frente, no chão, a ser queimado. Coloquei uma mão no ombro dele e Klaus olhou para mim, perdido.

–Obrigado – murmurou ele.

–Tony morreu – engoli em seco. – Eu… acho que o matei.

–Não faz mal. Ele era inútil, de qualquer maneira. O que importa é que estás bem.

Limpei as lágrimas, que estavam negras devido ao rímel.

–É, eu acho que estou.

–Vai para o carro. Eu levo-te a casa. Só preciso de fazer uma coisa primeiro.

Acenei com a cabeça.

–Está bem – e dei-lhe um beijo no rosto.

Segui para o carro dele e fiquei à sua espera, o que não demorou muito. Ele abriu-me a porta, como costumava fazer, cavalheiro como sempre. Seguimos para a minha casa.

–Onde está Rebekah? – indaguei.

–Não sei – o seu queixo tremeu levemente. – Só espero que eles não lhe tenham feito nada.

POV Klaus Mikaelson

Ela olhou para mim, desolada.

–O que foi?

–Eu… eu vi Elena morrer. Eu sei, afinal não era a Elena, mas sim a Katherine. Mas… eu fiquei… eu senti-me…

–Está tudo bem, agora – falei.

–Eu sei. Eu acho – Demi enrugou a testa, confusa. – Foi uma noite muito longa.

–Sim, foi.

–Eu… eu já passei por tanta morte que eu… eu juro que… - ela soluçou alto e olhou para o fundo da rua. – Eu não quero que mais ninguém morra.

–Compreendo – acenei.

–Não, não compreendes. Tudo o que fazes é para desmoronar algo. Não sabes o que é a perda – abriu a porta do carro. – Obrigada pela boleia.

Saí do carro e fiquei de frente para ela. Demi ofegou, surpreendia pela minha rapidez.

–Achas que eu gosto de matar? – tinha que admitir, ás vezes dava um certo gozo. – Eu penso em cada uma das pessoas que matei e não gosto do que fiz ou do que terei que fazer, mas tenho escolha? Não. Porque eu sou o Híbrido Original do qual todas pessoas têm medo e tremem cada vez que ouvem o meu nome.

–Elena teria morrido hoje á noite se aquela não fosse a Katherine – retorquiu ela. – Tu não queres saber das vidas que se perdem, tu só olhas para o teu umbigo. Tu não irias chorar a morte dela! Tu irias ficar chateado e chacinar Mystic Falls inteira porque a tua preciosa doppelganger morreu!

–Tu és uma doppelganger – afirmei, abrindo finalmente o jogo. – Porque é que achas que te mantive este tempo todo ao meu lado?

Ela levantou a mão e deu-me um estalo na cara. Deixei.

–Seu bastardo.

–Em todos os sentidos, sweetheart.

–Argh! – grunhiu ela e correu para dentro de casa, fechando a porta de casa com um estrondo propositado.

POV Stefan Salvatore

Liguei para Klaus.

–Stefan! Sentes já a minha falta? – indagou ele.

–Só liguei para agradecer por me teres dado a minha liberdade – na noite anterior, quando tirei Damon de cima de Demi, provei o meu valor, ao preservar a sua ninfa e impedindo o meu irmão de fazer mais alguma asneira.

–Bem, eu gosto de acreditar que sou um homem de palavra. Mais ou menos.

–Acontece que isso veio com um preço muito alto. Tiraste tudo de mim, Klaus.

–Deixa o passado ficar no passado. Acredita em mim, o ressentimento envelhece.

–Sabes o que nunca envelhece? Vingança – afirmei e ouvi ele abrir o camião que tinha os caixões da sua família.

–Não – rosnou.

–O que se passa, Klaus? Falta-te alguma coisa? – indaguei, irónico.

–O que estás a fazer?

–A aproveitar a minha liberdade.

–Eu vou matar-te e todos os que já conheceste – ameaçou ele.

–Faz isso e nunca mais verás a tua família de novo. Pergunto-me, Klaus, para quem esteve sempre um passo á frente durante mil anos, será que estavas preparado para isto?

©AnaTheresaC