Capítulo 14

POV Elena Gilbert

Lexi abriu a porta da cave e Stefan estava lá dentro, acorrentado a uma cadeira e inconsciente.

-Klaus realmente acertou em cheio, não foi?

-Ele compeliu-o a desligar a sua humanidade.

-Bem, só temos que o convencer a voltar a ligá-la – Lexi olhou para mim, muito séria. – Vou avisar-te, isto não vai ser bonito.

-Eu aguento – afirmei. Tudo por Stefan. Não podia deixá-lo com a humanidade desligada.

Ela deu um chuto no pé dele.

-Acorda, dorminhoco – Stefan ergueu o rosto, confuso. – Como te sentes?

Ele olhou para os braços, que estavam presos com correntes de aço. Tentou libertar-se, mas as correntes não cederam.

-O que é isto? – voltou a tentar libertar-me. – Deixa-me sair daqui!

-Shhh, vozes interiores, por favor. Estou a tentar entrar na tua cabeça.

-Elena – Stefan virou-se para mim. – Livra-te dela, por favor.

-Não – afirmei, determinada.

-Primeiro passo: vamos drená-lo. Livrarmo-nos da sede de sangue, livramo-nos da tentação.

Stefan riu. Um riso demoníaco.

-Isto não vai resultar, Lexi. Tu não podes fazer isso – disse ele, como se estivesse a corrigir uma criança com uma paciência calculada.

-Sabes a parte do “isto não vai ser bonito”? – indagou ela.

-Eu ouvi-te – respondi.

Lexi inclinou-se para Stefan.

-O que estás a fazer? – indagou ele, mas logo de seguida ele começou a revolver-se na cadeira, tentando libertar-se. Lexi estava a mexer com a cabeça dele.

-A fazer o que faço de melhor: a salvar a tua vida.

-Estou faminto… Estou faminto… Deixem-me ir… Deixem-me ir! – disse ele, enquanto Lexi andava à volta dele, concentrada no que estava a fazer, fosse o que fosse.

-O que está a acontecer? – indaguei.

-Está a alucinar – respondeu Lexi, calmamente. – São três meses sem sangue...

-Deixem-me ir! – voltou a implorar.

-Nova meses… Dois anos… Cinco.

-Alguma vez te disse o quanto feliz estou por teres morrido? – rosnou ele.

-Awn, eu também senti a tua falta, amigo – respondeu Lexi e o meu telemóvel tocou, dando-me a hipótese de tirar uma pausa desta tortura toda.

-Sim?

-Então, o colar não está onde o Damon disse que estava e agora não consigo contactar com o Damon – disse Caroline, do outro lado da linha.

-Ouve, preciso que peças à Bonnie para ela adiar um pouco o feitiço dos fantasmas.

-O quê? Mas tu disseste que estavas a apoiar 100%!

-E estava. E estou – corrigi. – Ouve, Lexi está aqui e está a ajudar-me a trazer o Stefan de volta.

-OK, vamos encontrá-lo primeiro e depois escolhemos entre os dramas dos namorados fantasmas.

Desligou o telemóvel. Eu precisava de mais tempo com Lexi para trazer Stefan de volta, só esperava que Caroline entendesse o meu lado.

POV Demi Gilbert

-A primeira coisa que tens que fazer é saberes o ponto de vista do Damon – disse Melinda, passados alguns segundos de eu ter falado. Tinha-lhe explicado tudo o que se tinha passado desde o momento do ritual, apesar de não ter explicado muita coisa, afinal, ela tinha assistido tudo estando do Outro Lado.

-Porquê? Eu vi! Os dois estavam na cama e beijaram-se!

-Demi, só estás a ver a tua perspetiva. Até percebo que não queiras falar com a Elena, mas fala com o Damon. Alguma vez ele te mentiu?

-Várias vezes – admiti, lembrando-me de que, quando tinha chegado a Mystic Falls, ele atacou-me, apagou a minha memória e negou que tinha sido ele. Posteriormente, acabei por tirar as minhas próprias conclusões.

-Tens que saber ouvir com o teu coração também – continuou ela. – Os olhos podem ver e não observar o que está mesmo à frente deles.

-Eu sinto-me tão perdida – deitei a cabeça no seu colo e ela começou a alisar os meus cabelos com os seus dedos suaves.

-Adoro o teu cabelo loiro, mas o castanho era tão bonito.

-Eu estava numa fase rebelde – justifiquei. – Estava zangada com o Mundo.

-Eu sei – respondeu ela. – Conversa com o Damon. Antes que seja tarde demais e o que julgaste ver se torne realidade.

-Então eles estão juntos?

-Eu não disse isso – negou ela. – Foi só um conselho.

Suspirei e levantei-me do sofá. Peguei nas canecas já vazias e fui até à cozinha. Estava fria.

-Esta casa não é habitada há muito tempo – Melinda veio atrás de mim. – Onde está o Buddy?

Virei-me rapidamente, arregalando os olhos.

-Nem me lembrei mais dele.

Ela sorriu, condescendente.

-Imaginei que não. Pode ser que Damon saiba.

-Parece que Damon sabe muita coisa estes dias – rosnei, voltando a virar-me para o lava-loiças e lavando as canecas.

-Tem cuidado com o Klaus – avisou ela. – Ele é um híbrido agora. Nada o consegue parar.

-Eu sei – murmurei. – Foi por causa disso que eu me afastei um pouco dele.

-Não me mintas, Demi. Eu sei que tu não te afastaste dele. Foi ele que saiu da cidade.

-Sim, tens razão. Mas eu não lhe telefonei para saber onde é que ele estava – retorqui. – Não sou burra, sei que vou ter que fazer muita pressão para saber mais sobre o meu passado. Não me queres ajudar nisso?

-Mesmo que eu pudesse, não sei de nada. Apenas sei algumas coisas pelos diários da nossa família. Contudo, também eles foram inconclusivos.

-Sim – murmurei, cansada de falar dos meus problemas. – O que é que Bonnie fez de tão mal, afinal? E qual é a nossa posição em relação a isso?

Melinda sorriu e ajudou-me a secar as canecas.

-Bonnie, sem querer, deixou a porta aberta para o Outro Lado e desta forma todos os seres sobrenaturais com assuntos inacabados deste lado voltaram.

-Isso é grave – enruguei a testa, pensando melhor. – Porque é que tu estás aqui? Qual é o teu assunto inacabado?

-O meu assunto inacabado és tu – respondeu ela, com um simples sorriso.

O meu telemóvel tocou, impedindo-me de perguntar mais coisas. Era Bonnie.

-Venham ter comigo. Já tenho o colar.

POV Bonnie Bennett

Comecei a fazer encantamento e Demi deu-me a mão. Olhei para ela, que sorriu levemente para mim. Era bom tê-la de volta a Mystic Falls. Do outro lado, a minha avó deu-me a mão. Melinda estava de mão dada com Demi e as quatro começámos a fazer encantamento.

-Tu és mais forte do que tudo isto. Estou muito orgulhosa de ti – disse a minha avó e deixei de sentir o seu toque.

Olhei para Demi, que também estava a chorar. Acabámos o encantamento e abraçámo-nos a chorar.

Quando nos afastámos uma da outra, faíscas começaram a sair da lareira. Dei um salto para trás, mas Demi avançou, determinada. Aproximei-me devagar das chamas e foi então que notei.

O colar, que devia de estar eliminado, derretido, estava como novo, como se nada se tivesse passado.

-Que raios…?

©AnaTheresaC