Capítulo 12

POV Elena Gilbert

-Afastarei o Stefan da festa da fogueira – expliquei o plano. – Depois, quando ele estiver distraído…

-Eu atiro nele – completou Alaric.

-A Bonnie não pode fazer o seu juju ou qualquer coisa assim? – sugeriu Damon.

-Estou a tentar manter a Bonnie fora disto – respondi. – Não confio no Stefan, ele pode tentar magoá-la. Caroline, está tudo pronto?

-Sim – respondeu. – Vou garantir que a antiga cela dos Forbes esteja preparada.

-Estamos a esquecer-nos de uma peça fundamental: Rebekah. Onde quer que Stefan vá, um rabo-de-cavalo loiro segue-o.

-É por isso que é o teu trabalho mantê-la afastada – disse para Damon.

-Como? Ela é uma Original! Segundo me lembro, nós estamos sem adagas – retorquiu.

-Então ocupa-a com o teu charme – sugeri.

-É, vai ser mais fácil encontrar uma adaga – comentou Alaric.

-Alguma vez vais voltar a tratar-me bem, Ric? – indagou Damon. Revirei os olhos. Damon tinha estalado o pescoço dele na festa dos Fundadores há alguns dias atrás. Não era de se espantar que Alaric estivesse tão zangado com ele.

-Duvido – respondeu ele.

-Desculpem o atraso. O que se passa? – Tyler entrou na sala.

-Preciso que nos dês o abastecimento de verbena da tua mãe – pedi. – O suficiente para deixar Stefan apagado por um tempo.

-Não podem fazer isso ao Stefan – falou.

-Porque não? – perguntou Caroline.

-Acredita em mim, Tyler, é para o bem de Stefan – assegurei.

-Mas não é para o de Klaus.

-Mas Klaus é o mau da fita, Tyler – afirmou Caroline. – Porque é que estás a agir como um escravo híbrido maluco?

-Oh-ou – murmurou Damon.

-O que foi? – perguntou Alaric para Damon.

-Klaus fez quem eu sou, Caroline. Eu devo-lhe tudo.

-Oh, céus – continuou Damon.

-Podemos parar com os comentários? – disse Caroline, irritada.

-O que se passa? – perguntei a Damon, que pegou numa seringa de verbena discretamente.

-Eu vou-me embora – disse Tyler, virando-nos as costas e então Damon correu até ele e espetou-lhe a seringa nas costas. Tyler caiu no chão, imóvel.

-O que fizeste?! – interrogou Car, agachando-se ao pé do namorado.

-Ele foi ligado – respondeu Damon.

-O quê? – falou Ric.

-Ligado. Ele sente-se leal ao Klaus porque o sangue de Klaus criou-o.

-Leal como?

-Ele procura aceitação pelo seu Mestre. É muito raro, talvez mais comum em híbridos.

-Então como é que eu trato dele?

-Arranja um novo namorado – respondeu Damon para Caroline, com aquele sarcasmo patente.

POV Demi Gilbert

Eu sabia que havia uma possibilidade de o encontrar, já que ele ia para onde quer que Elena fosse. Mas não esperava que o visse, mais uma vez, a trair-me.

Certo, nós já tínhamos acabado, mas primeiro a minha meia-irmã e depois a minha mais recente amiga?! Sério?!

Sentei-me ao lado dele no banco.

-Cuidado, Rebekah. Não te aproximes muito deste Salvatore, porque ele vai partir-te o coração – falei, com a amargura na minha boca.

-Oh, eu sei disso – ela sorriu para mim. – Mas eu estava a pensar em partir-lhe o coração primeiro. O que achas?

O sorrisinho convencido do Damon desapareceu logo.

-Mas será que eu sou o único que não sabe o que fez para merecer tanta vingança de mulheres tão bonitas?

-Digamos apenas que tu foste o mesmo mulherengo de sempre – forcei um sorriso para ele, mas ele teve uma ponta de escárnio e desprezo. – Vamos, Bex? Estou farta desta estúpida festa.

-Claro que sim – ela levantou-se e Damon também.

-Espera… - pediu ele, pegando no braço dela, mas Rebekah enfiou-lhe o ramo da árvore que ela estava a usar para assar marshmallows, mesmo no seu estômago.

-Nunca haverá uma luta justa entre nós os dois, Damon. Lembra-te disso.

Ela virou-nos as costas e eu comecei a segui-la, mas Damon segurou-me o pulso.

-Larga-me! – exclamei. – Larga-me ou eu farei um escândalo aqui e agora.

-Tu não farás escândalo nenhum – assegurou. – Eu só quero falar contigo.

O seu olhar implorava e eu odiava isso. Não conseguia suportar nem mais um segundo a olhar para aqueles olhos azuis, para aquelas feições tão marcadas. Baixei o olhar.

-Então fala.

-Não aqui – afirmou. – Anda dar uma volta comigo. Por favor. Prometo que te levo de volta para casa, só preciso de falar contigo. Mais nada.

Assenti, ao fim de alguns segundos. O que eu podia fazer, afinal? Quanto mais o afastava, mais ele se queria aproximar de mim, pelo que talvez fosse melhor esclarecermos logo as coisas para ele depois me deixar em paz.

Segui atrás dele até ao seu carro. Ele abriu a porta para eu entrar e não resmunguei nem teci nenhum comentário. Coloquei o cinto de segurança enquanto ele ligava o carro. Ele começou a guiar pela cidade, sem pressa alguma.

-Vamos recuar uns meses atrás – pediu. – A tua tia morreu. Ela está enterrada numa campa ao lado dos Gilbert.

Acenei.

-Obrigada.

Ele ficou rígido e eu percebi o que se estava a passar: ele não queria mostrar que ainda se importava comigo e que podia ter sentimentos por outras pessoas que, à primeira vista, não eram assim tão importantes para ele.

-Eu não te vi mais desde aquela noite. O que aconteceu? – perguntou.

Respirei fundo, procurando sintetizar as coisas dentro da minha cabeça.

-Eu fui com Elijah e Klaus.

-Isso eu já sei. Stefan contou-me que estavas com eles quando ele foi pedir o meu sangue.

-Sim, verdade. Acontece que Klaus tem informações sobre os meus ancestrais, então eu juntei-me a ele e Stefan durante este verão todo. Foi uma aliança necessária.

-E Klaus deu-te as informações que precisavas?

-Não – afirmei e ele ergueu uma sobrancelha. – Ele disse que mas daria assim que já não precisasse de mim.

-Então ele precisa de ti para quê, exatamente?

-Nem eu sei – encolhi os ombros. – O importante é que ele mas irá dar. E depois eu saberei o que fazer.

-Não acredito muito nisso – preparei-me para ripostar, mas ele continuou: - Não acredito na palavra dele por um só segundo.

-Isto não tem nada a ver contigo. Não podes interferir em algo que não te diz respeito.

-Tu dizes-me respeito – ergui uma sobrancelha. – Nós estávamos bem antes do sacrifício. O que mudou, Demi? E, para além disso, podias ter ido despedir-te de todos nós, mas não o fizeste.

-Eu fui até á tua casa – as lágrimas ameaçaram brotar dos meus olhos e Damon parou num semáforo vermelho. – E sabes o que eu vi? Tu e Elena. Beijando-se na tua cama! Como é que achas que fiquei?

Ele abriu a boca de espanto, sem emitir qualquer som.

-Esquece. Não vale a pena tentares justificar o que eu vi. Se alguém me tivesse dito… mas não, eu vi pelos meus próprios olhos.

Abri a porta do carro e saí disparada para o passeio, caminhando depressa.

-Demi! – chamou ele, mas recusei-me a virar para trás. Abracei o meu corpo com os braços e baixei o rosto, deixando as lágrimas correrem livremente.

POV Elena Gilbert

O fogo estava a deixar-me cada vez mais fraca. Fui para o banco de trás, onde Stefan estava confuso com o que estava a acontecer.

-Stefan… - tossi e ele deu um pontapé na porta do porta-bagagens, partindo-a.

Consegui arrastar-me até lá fora e Alaric ajudou-me a sair do carro.

-Depressa. Antes que expluda – falou ele, com urgência na voz.

-Espera, espera!

Peguei no braço de Stefan, tentando trazê-lo para fora do carro em chamas e Alaric ajudou-me. Stefan abriu os olhos de novo, ajudando a nossa tarefa de o tirar dali. Começámos a cambalear e quando nos afastámos um pouco mais, o carro explodiu. Cobri os meus olhos com o braço e quando a luz se tornou suportável, olhei para Alaric. Partilhámos um olhar que não era necessário palavras: ainda bem que conseguimos salvar Stefan a tempo, ou então, não seria só centelhas a sair daquela explosão, mas também pedaços dele.

A questão agora era: quem é que iniciou o fogo?

©AnaTheresaC