O Filho Do Olimpo E A Faca Da Noite escrita por Castebulos Snape


Capítulo 8
Recebo Os Presentes Mais Difíceis Do Mundo




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– Convidados – disse Zeus em cima do palco, formalmente. Como ele foi parar ali? Nem me pergunte, e ainda estava pensando em algo mais interessante – por motivos oficiais dos Olimpo, vou pedir com educação que se retirem; a festa esta oficialmente encerrada.

Todos pareceram estranhar como se achassem que a festa nunca fosse terminar e o dia fosse nascer feliz, mas obedeceram prontamente. Imaginei que todos perceberam a ameaça sutil lá no fundo. Era como se ele dissesse: “Vou pedir com educação, desobedeçam e terei que deixar de ser educado e transformá-los em pó, e tenham um bom dia”.

Eu não sabia exatamente o que fazer então tentei encontrar minha mãe por entre as pessoas cambaleantes e que arrastavam alguém com elas.

Quando finalmente a encontrei o salão estava quase vazio e nos fomos ao encontro dos outros deuses a frente do salão, bem perto do palco. Todos nos esperavam o que era estranho.

– Jack, hora dos presentes! – anunciou Hera, que mais me pareceu desinteressada do que entusiasmada, sentada no colo de Zeus que se apressou em dizer:

– Vou ser o ultimo.

– Só para se sentir importante – resmungou Hades revirando os olhos – Bem a sua cara, Zeus. Sempre se achou o tal por causa da mamãe. Como se alguém aqui estivesse interessado no que você vai dar ao menino.

– Se está tão desinteressado no que vamos dar, Hades – retrucou Zeus rangendo os dentes –, por que não dá logo o seu e vai embora de uma vez? Seria muito cômodo para todos; nos ver livres de você. E não meta a mamãe em suas implicâncias infantis.

– Implicâncias infantis, é? Ah, então é isso que quer? – murmurou, me olhou de soslaio (eu devia estar com uma cara horrível, não queria que fosse embora), depois anunciou a todos: – Penúltimo!

Zeus revirou os olhos, zangado. E eu me segurei para não rir como a maioria ali, menos Poseidon pareceu um pouco infeliz, talvez por não participar daquela discussão.

Será que depois de três mil anos, perguntou Vox, eles não deixaram a discussão sobre a mamãe deles de lado? Sinceramente, eles já são bem grandinhos para isso não acha?Quatro mil anos!

Pelo menos, eles têm motivos para não usar o pai como motivo de briga, senão, seria bem pior.

Bons motivos, murmurou ele sonhador, Já tentou imaginar como Cronos os devorou?

Não. E nem quero. Deve ser nojento. Fique quieto!

Depois que Hades se sentou a duas cadeiras de distancia do irmão mais jovem que, para seu completo descontentamento e o de Hera, foram preenchidas por Deméter e Perséfone, Apolo deu alguns passos até mim sorrindo como se não conseguisse segurar a própria alegria.

– Como nunca me disseram que eu não podia te dar mais de um dom em uma bênção então... – ele estalou os dedos em meu ouvido – Agora você é ótimo no arco e nas artes. Não é legal? – assenti bem devagar aturdido; era estranho demais. Ainda hoje é. Piorou, na verdade, com o passar dos anos, velhice é uma desgraça – Depois disso vai precisar de alguns instrumentos, não? Então pedi para Hefesto fazer isso.

Ele me entregou uma pequena gaita de ouro, com um botão do lado e FEBO escrito na lateral. Senti uma coisa estranha quando a toquei como se tivesse muito mais nela, mais poder envolvido. Eu, não sei como, sabia como usá-la e acho que toquei “Highway to hell” bem, pelo menos para quem nunca nem tinha visto uma gaita.

Apolo me pareceu, ao mesmo tempo: animado, orgulhoso e desapontado.

– Aperta o botão – disse bem lentamente – E pensa em algum instrumento. Pelo menos um melhor que esse.

Eu obedeci e pensei em um baixo elétrico. Em segundos eu estava segurando o instrumento em ouro maciço. Olhei para Apolo boquiaberto e tudo que vi foi um sorriso enorme e ofuscante.

– O-obrigado, senhor.

Voltei a transformar o baixo em gaita sem conseguir acreditar no que via e coloquei-o no bolso.

Hefesto, que estava parado a poucos metros de distancia de onde eu estava, mancou até mim e estalou os dedos do mesmo jeito que todos tinham feito. Eu senti minha pele formigar olhei minhas mãos ficarem vermelhas.

Ouvi outro estalar de dedos e uma chama se aproximou das minhas mãos. Por incrível que pareça não senti medo, mas fascinação pela chama, sempre adorei fogo. Quando ela encostou-se à minha pele não doeu nem sequer incomodou, senti como se fizesse parte do meu corpo, como se meus nervos se prolongassem com ela.

Movi os dedos e a chama aumentou mexendo-se de acordo com o que eu estava pensando.

Olhei para Hefesto, completamente maravilhado, que retribuiu o olhar calmamente como se não estivesse nem um pouco surpreso.

– Acho que já entendeu. Não pode reproduzir fogo, mas pode usá-lo e ser imune a ele – seu olhos saíram de foco – Alguns dos meus filhos semideuses eram assim, eles podiam criar fogo do nada, muito poderosos – seus olhos voltaram ao normal –, mas depois de alguns incidentes não pude mais fazer isso com tanta frequência. Uma pena – disse o deus calmamente – Agora seu presente...

Ele tirou uma calculadora preta do bolso e colocou na minha mão.

Era bem comum, preta. Não tinha qualquer coisa de especial só os clássicos botões com os números e símbolos. Passei os dedos pela lateral e senti a mesma coisa quando Apolo colocou a gaita na minha mão: o poder. Hefesto que tinha feito.

– Aperte um número – disse o deus ignorando totalmente meu gesto de completa devoção.

Respirei fundo e soltei o ar pela boca, inseguro. Apertei o numero um e uma espada de pouco mais que um metro, lamina dupla e tão afiada que parecia doer olhá-la diretamente surgiu no lugar da calculadora mesmo que os números e o símbolo de subtração continuassem no cabo.

Apertei o dois. A espada se transformou em um arco de prata sem corda então toquei a ponta de onde naturalmente ela sairia e senti um cabo muito fino e o puxei quando fiz isso uma flecha prata que brilhava mais que qualquer coisa que eu já tinha visto apareceu entre meus dedos.

Voltei lentamente a corda para o ponto inicial e ela desapareceu junto com a flecha.

– Legal.

– O três é uma lança – disse Hefesto revirando os olhos – o quatro uma faca, o cinco um isqueiro, não vai ficar com uma caixa de fósforos por ai, vai? O de subtração é uma corda com gancho na ponta, acredite é muito útil. Os outros números estão ai só de enfeite.

– Pode transformar uma arma na outra durante uma batalha. – conclui. – Impressionante. Qual o nome dela?

– Me diga você, menino. É dono dela.

Eu, eufórico, pensei em nomes gregos. Argos já tinha sido usado em tanta coisa que seria quase ridículo, Creta não era legal, Minos... ná, nunca usaria o nome de ninguém, principalmente esse, mas tinha um nome...

– Eu poderia usar Kroboros?

– Vai batizar sua arma de comedor de carne? – perguntou Hades – Que raio de nome é esse, garoto?

– Não sabia que significava isso – admiti deixando com que a novidade me abatesse um pouco – Mas eu acho o nome legal.

Hades concordou em chamar minha espada de Cérberos, depois de resmungar que eu não era nem um pouco normal, que não é uma novidade, o arco voltou a se transformar em calculadora com um passe de mágica e o nome apareceu na lateral da calculadora:


Kroboros


E eu a enfiei no bolso junto com a gaita.

Ares olhou de lado para Atena com uma das sobrancelhas erguida e ela andou até mim.

– Qual a importância de um escudo?

– Defesa – respondi automaticamente –, mas ele pode ser usado em ataques também. É considerado um item essencial em batalha por assegurar a sobrevivência e ajudar em qualquer missão. Mais opções de ataque, mais confiança, liberdade, mais modos de matar. Certo?

– Certo – ela riu – Me de o esquerdo. – estiquei o braço esquerdo e ela colocou nele uma pulseira de roqueiro preta com um pingente de caveira e apertou o pingente. Um disco de bronze surgiu em meu braço e tiras de aço prenderam-me a ele. Inclinei-me para frente tentando ver a parte da frente e percebi que tinha uma caveira negra lá como se fosse Aegis, o escudo de Zeus com a cara da Medusa.

– Já ouviu falar do escudo de Aquiles?

Ergui meus olhos do metal e a encarei com minha melhor expressão de: Por favor, diga que não é o que eu estou pensando. Eu imploro.

– Não. Não é este, relaxe – resmungou – O escudo que Aquiles usou na guerra de Tróia depois da morte de Pátroclo tinha três tipos de metal: ouro, estanho e bronze. O seu só tem uma diferença, em vez de estanho ele é feito de prata.

“As duas primeiras que revestem o resto”, ela tocou a parte da frente e a parte de trás do escudo, “São de bronze. As que se seguem prata. E bem no centro ouro. É um ouro muito raro...”, Zeus pirateou, “bem, não importa agora.

“Tem um acabamento muito melhor que a de Aquiles e olha que não é comum alguém superar Hefesto, nem ele mesmo.”, o peito largo de Hefesto se expandiu de orgulho e Ares revirou os olhos. Impaciente.

“Bem, Ares...”, a ponta de enorme espada surgiu acima da minha cabeça.

– Ai – murmurei antes mesmo de olhar direito para aquilo.

Senti meus ossos temerem com impacto da espada no escudo. As faíscas voaram para todos os lados. Os golpes vinham de todos os lados. Eles faziam minhas pernas tremerem e ameaçarem vergar.

Eu tentava desviá-los ou simplesmente deixava com que me jogassem para trás. Todo meu corpo implorava para que eu parasse de resistir e me jogasse logo no chão.

Ares não iria me matar, certo?, pensei evitando outro ataque, Hera não iria querer meu sangue em seu lustroso e brilhante chão. Mas se eu recuar como poderei saber qual meu limite?

Deixei que um dos golpes me derrubasse de joelhos. Meu corpo agiu sozinho como quando matei Píton. Eu, meio agachado sob o escudo, firmei meus pés e, quando ele se preparou para dar o golpe que me faria despencar completamente no piso, elevando a espada acima da cabeça, dei o impulso batendo com o escudo em seu peito.

Ele soltou a espada e eu cambaleie para o lado quanto forcei meu corpo a ficar de pé invés de cair em cima do deus, esse foi parar no chão com costas estiradas contras os azulejos bancos.

Imaginei que ele ficaria zangado. Com certeza. Como eu ia explicar aquilo? Não tinha explicação eu não estava pensando no que estava fazendo quando o fiz. Talvez aquilo tudo fosse só um teste de resistência para o escudo que eu tinha levado a serio demais, mas eles, Atena e Ares, estavam com a mesma mascara de surpresa.

Daquele ângulo pude ver a semelhança sutil entre os dois. A semelhança que eu tinha com meus meio-irmãos mortais. O modo em que os dois moviam as sobrancelhas, mesmo que ela se mostrasse muito menos brutal que ele, era exatamente o mesmo. Suas bocas, mesmo diferentes na forma, se mexiam e expressavam sentimentos com os mesmo movimentos.

Era como Ártemis e Apolo só que ao contrario. Eles eram parecidos em praticamente tudo exceto, é claro, que ele era um homem e ela uma mulher e na cor dos cabelos e dos olhos, mas mesmo parecidos agiam de forma completamente diferente. Ele era mais infantil e animado e ela era séria, decidida e determinada.

Todos ali tinham traços e jeitos parecidos. Principalmente Hades, Poseidon, Zeus, Hera, Deméter e Hestia, que eram irmãos legítimos. A genética de Zeus me pareceu um tanto marcante nos filhos. E ele era igualzinho a Hades no modo de agir. Ele vai odiar ler isso aqui, os dois vão.

Considerando que todos ali eram parentes próximos, chegava a ser aceitável, mas ninguém demonstrava isso, todos estavam próximos e distantes. Imagino que depois de três mil anos de convívio, uma família, devia ficar assim mesmo.

Principalmente, refleti, quando ninguém na família se entende de verdade.

– Como foi que fez isso? – perguntou Atena desativando o escudo apertando um botão nas tiras de aço presas em meu braço.

Ares nem se moveu, ficara no chão me encarando um pouco irritado, um pouco impressionado, mais irritado do que impressionado com toda certeza. E com mais desejo de vingança ainda.

– Auto-preservação? – chutei – Acho... Ah, eu não sei. Foi quase um impulso. – Ares me estendeu a mão e eu o levantei, com muito esforço, só para constar – Sinto muito. Talvez um instinto?

– Já ativou sua bênção..., espertinha? – perguntou a Atena sem tirar os olhos de mim. Não pude deixar de notar que tinha um brilho de divertimento em seus olhos quando disse a ultima palavra.

Atena estreitou os olhos para ele e serrou os dentes. Pude ver o ar em torno de sua mão tremular, mas ela pareceu mudar de idéia e apenas cruzou os braços, fulminado a cabeça do irmão com o olhar.

Não pude deixar de admirar a coragem de Ares. Se Atena me olhasse daquele jeito eu começaria a rezar para Hades.

Ares não esperou sua resposta, não que essa viesse. Ele tocou em meu peito e cai para frente, não sei por quanto tempo fiquei apaga ou se realmente fiquei apagado.

Meu único pensamento foi: Ai. E alguns xingamentos, mesmo que não tenha doído de verdade. Tudo que eu pude esperar de Ares foi uma coisa bem cruel e dolorosa.

Quando voltei a abrir os olhos estava de pé, ainda de frente para Ares e ele me apoiava com uma mão aberta no meu peito e outra no meu ombro. Mão enorme, aliás.

– Força, coragem e habilidade em batalha. A musculatura vai aumentar proporcionalmente ao tamanho do seu corpo.

Essa é uma bênção das minhas!, exclamou Vox.

Parabéns!

Não roube minhas ironias.

Nossas ironias...

Recuei e olhei para mim mesmo. Meu corpo tinha mudado. E muito. Se eu ainda não comentei, meu corpo não era exatamente um conceito de beleza. Sempre fui muito magro e nunca fui muito forte, ágil tá, mas eu parecia um graveto. Vocês não fazem idéia o quanto era fácil para meus primos me quebrarem. Normalmente eu tinha medo de ventanias.

Mas agora, depois de Ares, eu estava irreconhecível. Meus braços, tórax e abdômen estavam mais musculosos. Não como os de Ares e chegavam a ser muito exagerados eram músculos naturais, definidos, só músculos em seu lugar de direito. Em boa forma. Mas não era só isso que ele tinha feito. Eu me sentia mais forte, como se pudesse erguer uns trezentos quilos com uma só mão.

– O presente – ele colocou na palma da minha mão uma moto de brinquedo.

Olhei, com um sorriso irônico, para a moto depois para o deus. Ele suspirou e deu uma batidinha e a coisa começou a tremer, larguei-a no chão. De repente tinha uma moto simples em tamanho real bem na minha frente.

– Que modelo quer?

Olhei para a moto e lembrei-me das conversas chatas com meu vizinho sobre motos e só teve uma que realmente me impressionou.

– Harley-Davidson FL1200.

– 1973 – completou com um sorriso orgulhoso como se dissesse: “Agora, se te perguntarem, pode confirmar que sou seu pai.” – Você tem bom gosto, garoto. Tome.

Em outra batidinha animada meu pai me deu uma Harley-Davidson novinha, preta, perfeitamente... Perfeita. A moto voltou a ser a ser um brinquedo e eu o pequei. Ele me entregou duas luvas de couro comuns para quem pilota motos.

– Vou saber dirigir isso? – perguntei inseguro.

– É claro que vai! E sem problemas com a polícia mortal eles simplesmente vão te ignorar. Pode se transformar em qualquer coisa é só se concentrar. Muito.

Enfiei-a no bolso, que, só para constar, estava ficando pequeno demais. E coloquei as luvas.

Meus dedos bateram em minha perna varias vezes e por mais que eu tentasse parar não conseguia. Tentei aliviar a energia e comecei a bater o pé no chão. Por fim cocei meu rosto e resolvi ficar daquele jeito mesmo.

– Você não vai conseguir ficar parado – afirmou Ares depois de se divertir me observando – Acaba de desenvolver TDAH. Ajuda em uma luta.

– Que legal – murmurei olhando para meus pés.

Olhei para cima e Ares havia desaparecido, Ártemis me olhava de um jeito muito estranho.

– Bem, já que tenho mais de você que os outros – disse Ártemis – Não acho que é problema melhorar você do meu jeito, não é?

Senti um sorriso mais largo surgir no me rosto. Ela também sorriu e me tocou no rosto. Um choque percorreu meu corpo e eu pisquei me sentindo estranho.

Senti as pupilas dos meus olhos se dilatarem e pude ver cada detalhe do rosto de Ártemis. Minha mãe, que já era bonita, ficou ainda melhor. Aquilo provavelmente faria meu coração acelerar ao máximo, mas ele estava calmo, no ritmo normal. Senti-me mais leve. Dei um passo pro lado e me impressionei em ouvir meus tênis tocarem o chão.

– Uau – sussurrei

– Habilidades sensoriais melhoradas e instintos apurados. – disse ela. – O presente é meio difícil de controlar e causa mais problemas do que os resolve, mas ele nasceu com você acho muito justo que ele seja assim.

Nasceu comigo?, pensei, Todos esses foram criados para mim, não é? É modo de dizer, certo?

É... Ahn... Espero que sim... Boa sorte.

Valeu, Vox.

De nada. Estou na torcida. Apoio moral.

Depois que ela disse isso seu ombro começou a brilhar e nele surgiu um falcão negro com olhos dourados bem maior que um falcão normal. Ele me encarou por alguns segundos como se me reconhecesse, de algum modo.

Ele piou de alegria e indignação, eu também senti alguma coisa se mexer dentro de mim.

Taí uma lembrança realmente antiga.

O sitio da minha tia. Eu tinha três anos, sai andando desenfreado, sabia lá no fundo que meus tios e amigos dos meus pais estavam de olho em mim, mas já que não me impediram... Devo ter gritado: “Liderbade!” (ridículo!) como fazia toda vez em que conseguia ficar sozinho. Vergonhoso eu ter escrito isso. Parei debaixo da mangueira que subiria para fugir dos meus primos alguns anos depois e ouvi um pio. Aquilo tinha me deixado tão feliz naquela época que só a mera lembrança me aquecia por dentro.

– Era você? – murmurei para o pássaro – Você estava me vigiando?

Ele piou como se fosse óbvio. Era óbvio. Atenção, revelação do século: Eu sou um idiota.

Minha mãe riu, de mim e do falcão.

– Este é Falcon – esses nomes me matam, é sério –, ele saiu do ovo algumas horas depois de você no seu berço do hospital e te espera há uns doze anos. Já estava ficando bem impossível controlá-lo. Entrou na adolescência. De vez em quando ele ia checar você, ver como estava crescendo. Ele caça o próprio alimento e vai te obedecer em tudo. Bem, a maior parte do tempo para falar a verdade. É bem parecido com você.

Tive a impressão que Falcon não era o único me vigiando por todos esses anos. Sorri para Ártemis e ela sorriu para mim da maneira estranha de antes.

Instintivamente levantei meu braço dobrado e Falcon voou até ele ainda me olhando nos olhos. Ele me deu uma picada na ponta do nariz, acho que era para ser carinhosa, mas doeu bastante.

– Ai! Seu...

Olhei Ártemis procurando um motivo lógico para que ele fizesse aquilo passando os dedos pelo nariz, mas ela sorria como se nunca tivesse visto algo mais engraçado.

Escorreguei meus dedos da cabeça do pássaro até a cauda para fazê-lo piar de novo.

Você é bonzinho, não é seu... abutre melhorado?, pensei.

Falcon levantou vôo e parou em cima de uma das mesas ainda me encarando como se eu fosse fugir e deixá-lo ali, sozinho, como fiz quando era apenas um bebê.

Minha mãe, percebi, já estava encostada na parede mais distante com Apolo. Engoli seco e voltei a olhar para os deuses esperando o próximo.


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Notas finais do capítulo

serio, comentem!
próximo tem Poseidon!



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