O Filho Do Olimpo E A Faca Da Noite escrita por Castebulos Snape


Capítulo 33
Encontro Alguns Mortos


Notas iniciais do capítulo

sinto muito pela demora! de verdade! meu computador deu um bug legal aqui e eu fiquei de recuperação em duas matérias... ai está, comentem!



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Andei até a beira do Estige, imaginei que Cérbero poderia me animar um pouco, um cão de três cabeças,gigantesco, preto e babão pode melhorar seu dia. Quando cheguei perto o bastante reparei que ele estava brincando e latindo alegremente.

Sabe; o cão de guarda do inferno não devia brincar enquanto os mortos simplesmente passavam por ele.

A primeira coisa que eu vi foi Lóki saltitando de um lado para outro e abanando o rabo muito feliz. Sua asa estava amarrada ao corpo, mas ele não pareceu ligar para isso, mesmo que tentasse bater a outra inutilmente. Cérbero latia e brincava uma bola cor de rosa com bolinhas verdes enorme de plástico.

À medida que me aproximei reparei em Marcus e Lya sentados em uma pedra olhando para os cães.

Parei logo atrás deles e observei aquela sena dantesca: um cão do tamanho de um carro, outro com três cabeças do tamanho de um tiranossauro rex e dois adolescentes assistindo a brincadeira como se aquilo fosse a coisa mais chata do mundo, só eu continuei “normal” com os anos?

– Que tipo de amigos não ficam ao lado do leito de um colega quase morto? – perguntei em voz alta. Marcus pulou com o susto e caiu da pedra. Lya soltou um gritinho. Lóki parou de brincar, se virando completamente para mim, e Cérbero latiu batendo a calda no chão.

– Jack! – exclamaram meus irmãos e me abraçaram ao mesmo tempo. Segurei a exclamação de dor que veio em minha garganta, mas não agüentei quando Lóki pulou em cima de nós. Soltei um grito rouco e estranho que arranhou forte minha garganta.

Eles se levantaram e eu não consegui me mover.

– Ai – foi a única coisa que minha mente conseguiu interpretar para colocar para fora...

Depois de alguns minutos eles conseguiram me sentar em uma pedra, eu estava com a respiração superficial e meio que em estado de choque. Pode ser coisa da minha cabeça, mas Loki e Cérbero pareceram trocar um olhar divertido.

– Cara nós teríamos ficado com você – disse Marcus com sua expressão mais sincera – Eu ficaria com muito prazer, mas não consigo ficar com o papai na mesma sala nem morto! E olha que estamos no Mundo dos Mortos.

– Eu também, Jack – disse Lya –, meu pai é grudento demais. É estranho ficar perto dele. Chega até a ser nojento!

– Eu só estava brincando, é melhor mesmo, os deuses são estranhos, podem ser bem perigosos... Imagino que querem saber o que me aconteceu lá dentro – eles assentiram com entusiasmo – Perfeito!

Repeti monotonamente o que disse aos deuses. Eu nunca fui muito fã de me repetir, mas valeu a pena, não porque Lya me abraçou com força quando eu terminei, o que foi uma delicia, é que quanto mais você fala de alguma coisa ruim ela parece banal.

– Vamos voltar para o palácio – convidei – Quero saber se os deuses ainda estão falando de guerra.

Nós caminhamos calmamente de volta em silencio. Aquele foi o ultimo momento em paz que nós três tivemos juntos. A tensão não se desfez quando entramos no palácio.

Todos estavam ficando de pé e discutindo as prioridades. Ares iria reunir os exércitos. Atena iria ficar para ver se eu me lembrava de alguma coisa. Apolo e Ártemis também ficariam para cuidar de mim (aparentemente eu iria ficar também e isso já estava decidido. Pediram minha opinião? Claro que não! Eu era apenas o menino que caiu no Tártaro e voltou). Poseidon iria atrás de Tálassa. Dionísio mobilizaria os espíritos da natureza. Hermes e Afrodite já tinham desaparecido então eu não sabia exatamente o que iam fazer. Hera iria procurar Reia, Deméter iria ajudar. Hefesto iria começar a trabalhar em alguns planos para monstros de metal. Procurei Hestia, mas não a achei em lugar algum provavelmente saiu dali o mais rápido possível para um lugar quente.

Todos se despediram de mim. Hefesto me deu uma bola de aço oca para que eu pudesse brincar com Lóki, ela quica. Ares levou Marcus para uma conversinha em particular (Estranho) e Apolo começou a discutir com Lya em publico (zero descrição).

– Eu não vou embora, pai. Quero ficar com Jack, ele é meu melhor amigo e único graças a você.

– Graças a mim?! Com o assim graças a mim?... – É, como assim graças a ele? – Não me importa. Você vai sair daqui agora, Lya Raidel. Jack esta bem. Vou cuidar dele pessoalmente, você tem minha palavra, mas não te quero no Mundo Inferior.

– O senhor Hades parece não ligar para minha presença, nem para a de Marcus. Não é senhor? – ele fez sua cara fofa.

Hades, que estava entretido em uma discussão, que aumentava de volume a cada minuto, com Zeus, deu um salto ao ouvir seu nome dito com tanto respeito e olhou em nossa direção.

– Senhor Hades – começou ela com um tom meloso, os olhos azuis ficaram brilhantes – podemos ficar aqui? Jack precisa de nós! Por favor!

Hades examinou minha amiga, por um instante achei ter visto um biquinho surgir em seus lábios e sua expressão furiosa suavizar, mas isso passou quase tão rápido que eu não tenho absoluta certeza e realmente aconteceu. Ele se endireitou.

– É claro que pode ficar aqui! Os dois, você e o menino que matou uma de minhas fúrias – Marcus não era exatamente alguém marcante né? – Jack vai precisar de uma boa companhia, coisas que meus outros parentes não podem proporcionar.

– Obrigado, Hades. Grande tio-avô, você! – rugiu Apolo – E não se esqueça que seus parentes estão ouvindo.

– Meu reino. Meu filho. Minha Fúria. Meu palácio. Minha decisão. E é para você ouvirem. Você não se importam mesmo!

– Minha filha! – o deus do sol ficou púrpura, mamãe sorriu sendo ignorada – E o filho de Ares, você não tem direito sobre eles.

– Continua sendo meu reino, meu palácio, minha fúria, minha decisão e meus parentes.

Lya já estava com uma cara de que, se pudesse explodir, abraçaria Apolo e o mandaria pelos ares. O que seria uma cena até engraçada

– Eu vou ficar – afirmou e deu um passo em minha direção pronta para ficar atrás de mim, como se eu, no estado em que me encontrava, pudesse ajudá-la em alguma coisa.

– Não vai, não.

Ele a pegou pelo braço e os dois desapareceram. Eu suspirei e ouvi Hades suspirar e voltar a gritar com Zeus enquanto os dois desciam as escadas para fora do palácio:

– Vai fazer bem para ele, o passado sempre é melhor! – Acho, só acho, que estão falando de mim...

Arrependi-me de não implorar para que Apolo a deixasse ficar quando Ares voltou sem Marcus. Expressão dura e profissional.

– Onde esta meu irmão? – perguntei tentando parecer irritado, talvez até ameaçador, mas não serviu de muita coisa, eu me sentia cada vez mais fraco e tudo o que consegui parecer foi um gatinho nervoso e reclamão.

– De volta à escola – respondeu sem se deixar ameaçar – Jack, o Mundo Inferior não é lugar para gente viva. Nisso eu concordo com meu meio-irmão. Boa sorte, garoto – e desapareceu.

– Ah, claro! Tchau, papai guerra!

Virei-me para Atena e Ártemis as únicas deusas comigo no momento, Perséfone parecia ter desaparecido junto com Poseidon, Hades e Zeus.

– O que fazemos agora?

Mas entendi que eu era o único que não tinha nada para fazer: Apolo, percebi, estava deitado no sofá mais próximo fora das minhas vistas, eu sinceramente achei que ele merecia um pouco de descanso, devia ter passado um bom tempo cuidando de mim, mesmo que, lá no fundo, eu quisesse dar-lhe uma boa surra por ter tirado Lya de perto de mim. Ártemis estava deitada em outro sofá limpando seu arco e checando a corda, distraidamente. Atena, sentada a mesa redonda, parecia entedia com o livro negro que ela tirara não sei de onde.

Aproximei-me de Ártemis que, mesmo tendo o arco em mãos parecia menos ameaçadora que Atena. Eu levante sua cabeça delicadamente, sem falar nada, e me sentei pondo-a em meu colo. Ela me olhou com um sorrisinho tentando aparecer nos lábios, mas logo voltou sua atenção para seu arco. Comecei a cuidar de seus cabelos com todo o cuidado, o cobre brilhava entre meus dedos, o mesmo cobre dos meus cabelos, mas sem as manchas que os meus tinham, os dela eram imaculados...

Olhei Atena, um sorrisinho sínico brincava em seu rosto, era como se estivesse gritando: que lindo! Fechei a cara para ela, sua gargalhada ecoou pelas paredes, fazendo Ártemis virar o rosto para ela, curiosa e Apolo se mexer em um sono agitado.

Hades, acompanhado de Perséfone, entrou na sala alguns minutos depois, com uma expressão dissimulada no rosto. Achei estranho afinal normalmente ele não demonstra nenhuma expressão a não ser irritação ou chateação ou nada mesmo. E o pior: ele olhava para mim como se fosse disser para o sofá sair voando.

– Jack, preciso falar com você – olhei os outros deuses, nenhum nem se mexera, o amor é algo sensacional – Preciso mostrar algo, ande!

Dei de ombros, coloquei a cabeça de Ártemis em uma almofada, ela olhou bem Hades, uma ameaça silenciosa. Ele ergueu a sobrancelha, como se não entendesse qual a dela, mas não se importou muito.

Acompanhei-o porta a fora, descendo escadas e caminhando por uma grama acinzentada, varias árvores se erguiam a nossa volta... O Jardim de Perséfone, as romãs mais lindas, atraentes e possivelmente saborosas do mundo... Era só esticar a mão... A casca era tão vermelha... O caule se partiu com tanta facilidade... Só mais alguns centímetros, e minha estadia no Mundo Inferior seria para sempre... Parei, olhando bem a fruta em minha mão, tremendo um pouco. Eu queria ficar no Mundo Inferior para sempre? Queria, muito, demais, mas não podia, eu tinha tantas coisas para fazer lá fora, não podia simplesmente me esconder ali e desistir, não era certo, era fácil.

Olhei Hades ele me observava, sem nenhuma expressão no rosto, tudo aquilo era um teste? O que ele queria que eu devorasse a fruta até as sementes? Que eu resistisse e fosse forte? Olhei a fruta e a joguei longe, na direção dos campos de punição, o máximo que eu conseguia com o corpo doendo. Então me virei para Hades, seus lábios se contorciam levemente em um sorriso.

– Bom garoto.

Ele passou o braço por meus ombros e deus mais alguns passos comigo. Mesmo que a distancia não fosse lá essas coisas percebi que aquele lugar não era como o anterior... Parecia mais frio e escuro. Estremeci e me encolhi em Hades.

– Achei que isso pudesse te ajudar com tudo o que aconteceu – ele deu alguns passos para trás – Zeus não gostou muito da idéia, a gente brigou, como sempre, mas eu não estou não lista das pessoas que ligam para o que Zeus pensa – e foi embora.

Ajudou muito!

Não consegue sentir? É tão familiar!

– E você também ajuda demais nisso!

– Sempre falando sozinho! – disse ma voz atrás de mim, rindo. Congelei, cada fica do meu corpo se contraindo, como se houvessem levado um soco –Não vai virar, Submundano?

Gemi, me virando para ela. Estava exatamente como me lembrava, cada colar, cada sarda... Apenas mais pálida, meio enevoada, mas a mesma Amanda dos meus sonhos e dos meus pesadelos... Minha Amanda.

– Eu te deixo sem palavras, não é? – e fez uma pose se diva.

– Amanda. – Hodor!, meencheu Vox, rindo. Ela sorriu, revirando os olhos para minha lentidão – Você... Não mudou muito.

– Não! – as voz estava um completo “Dã!” – Só to verde e flutuo! Idêntica!... Tudo bem... Como é que tá?

– De boa! Acabo de sair do Tártaro, mas todo bem! – exaspero, fazendo-a cobrir o rosto com a mão – E você? Como vai a... – Figura de expressão? – Morte?

Ficou seria estreitando os olhos... a velha mal humorada de sempre.

– De boa! Conheci Teseus, ele é um tesão! – minha boca caiu. O que? – Ele acreditou! – riu que nem a louca!

– Sem graça, Marciana!

Aconteceu rápido demais, ela saltou em mim, dando a sensação de estar mergulhado em um lago congelado e me atravessou, me lançando para trás com toda a força. O ar se foi dos meus pulmões em um som estranho. Ela caiu ao me lado, não tocando no chão, mas, pelo som que ela fez, não foi uma situação agradável.

– Ai... – afirmei, me pondo de pé. Seus olhos estava irritados, mas sua boca não obedeceu os olhos e explodiu em uma sonora gargalhada. Sentei ao seu lado, observando sua risada, sentindo-a, meu peito desceu, dolorido, tudo tinha acontecido tão rápido, senti que não aproveitei nada dela, do que éramos.

Ela parou de rir e me olhou, não infeliz, não zangada, talvez até orgulhosa...

– Você foi muito corajoso sobrevivendo ao Tártaro, Submundano – sorriu levemente – vai ajudar você nessa guerra que vem vindo. Algum dia vai ter valido a pena. Na verdade você foi mito corajoso sobrevivendo a tudo isso, acho que eu enlouqueceria! Estive assistindo sabia?

Corei um pouco pensando em tudo o que tinha acontecido, no que ela poderia ter visto, bem, ela e o resto da população que assiste TV Hefesto!

– Uma guerra – comentei, observando as árvores – Quando foi que a gente imaginou que estaria em uma guerra?

– Todos os dias dos últimos dez anos? – sua cabeça caiu no ombro para me olhar melhor e riu – Jack, esse é nosso sonho! Eu estou aproveitando do jeito que e posso, tenho seguido Hades para cima e para baixo, as Fúrias estão aprendendo a gostar de mim, já andei por cada centímetro de pedra disso aqui e é maravilhoso! Você pode aproveitar mais do que eu até! Não consigo nem imaginar o quanto é incrível correr por ai lutando com monstros e brigando com deuses! Você tem sorte!

– Não tenho, não! – me virei para ela, sério – Você não sabe como é! Quase morrer a cada passo, quase ver quem se ama morrer! Ver alguém morrer! Você se foi nos meus braços, Amanda! Dói! É o mundo real!

– Mas nós dois já esperávamos por isso! você é capaz de proteger e de cuidar, eu escolhi morrer! Morri por você, mesmo se você tivesse morrido eu morreria do mesmo jeito, Erebus nunca permitiria que eu sobrevivesse! Jack, seu papel nessa guerra será... Você é capaz, Submundano! Você salvou minha vida, tornou o tempo que eu tinha no mundo dos vivos, o melhor de todos. Adeus!

– Espera! – mas ela já tinha desaparecido. Senti como se minha alma também houvesse se desfeito em nevoa.

Eu não me animei nem quando Hades me convidou para uma volta pelos Campos de Punição, nem argumentei quando Atena, Ártemis e Perséfone soltaram um sonoro e incisivo “não”, Hades até pareceu ficar triste, mas não argumentou, apenas me deu um tapinha no ombro e saiu para seus afazeres.

Perséfone se sentou ao meu lado e deixou eu deitar a cabeça em seu colo. Ártemis mirou uma de suas flechas para o teto e a fincou em uma das estalagmites que caiu do lado de fora do palácio, ela murmurou um “Perfeito”, então deixou o arco de lado. Eu podia ouvir Apolo roncando e resmungando em se sofá. Loki estava lá fora, latindo com Cérberos. Atena me observou um pouco, mas logo se voltou para seu livro.

Os segundos foram passando devagar, meus olhos foram ficando pesados e eu só me lembro de Atena acariciando minha bochecha para me acordar.

– Ei, sono, você precisa falar uma pessoa muito importante!

– Quem?

– Vai valer a pena! – segurou minha camiseta – De pé!

– Tá, já vai!

Me pus de pé, Perséfone riu da minha cara, Apolo, bem mais descansado, que estava conversando com Ártemis, apontou para mim e gargalhou. Bufei se segui Atena, me arrastando um pouco, enquanto em espreguiçava, que eu também sou filho de Deus (essa foi forçada!).

Atena me guiou para a mesma sacada em que Apolo e Ártemis conversaram antes, eu mal olhava por onde andava. Se sorriso resplandecia como nunca, parecia estar brilhando.

– Atena, faço o que quiser, com a condição de que me deixe dormir depois!

– A culpa não é minha, eu sei que precisa descansar depois do que aconteceu, mas ele não queria esperar, nem Hades queria que você esperasse, mas não acho que isso faria alguma diferença para você.

– É claro que faria diferença para ele! – disse uma voz vinda de trás de Atena. Depois de falar co Amanda, eu achei que nada me faria congelara daquela forma, mas aquela voz fez bem mais que isso, mexeu com meus sentimentos mais profundos, minhas lembranças mais antigas. Me estiquei para olhar por cima do ombro da deusa. O homem baixinho, vestido com um terno marrom, cheio, de olhos azuis e cabelos brancos...

– Vovô.

Ele sorriu para mim e olhou Atena.

– Sei que não quer ficar aqui, querida, que não quer ver isso.

– Ainda me chamando de querida, Lucas? – ela se escorou na murada. Eu ainda não conseguia me mexer – Já fazem tantos anos e você ainda consegue me chamar assim?

– Parece que foi ontem.

Ela sorriu, infeliz, e saiu.

Eu ainda não conseguia raciocinar bem.

– Vovô.

– Sim, Jack, sou eu. você cresceu!

– Vovô – Hodor!, riu-se Vox. ­

– Você já disse isso.

– Vovô.

– Jack! – o tom serio me trouxe a realidade, sim, era meu avô, o pai da minha mãe o meu segundo pai. O que estava morto. Percebi que seu corpo era formado por uma nevoa azulada, diferente da de Amanda.

– Vovô, o que faz aqui?! Por que veio para o Mundo Inferior? Como assim? – Hodor! – Cala a boca, Vox! – Tá, parei, extressado! – Vovô?

Ele riu, foi um do primeiros a saber sobre Vox.

­– Eu sempre quis saber porque tinha vindo para cá, e não para qualquer outro lugar, creio que seja por causa de sua avó e sua mãe – Tentei entender como assim, minha avó, a mãe de minha mãe, era a ultima pessoa quer se ligaria à mitologia grega, ela odiava os deus, o assunto, as historias, e devia ser por isso que me odiava também. Ele riu de minha expressão de confusão – Acho que você está pensando na pessoa errada. Não é de Isabel que estou falando.

– Então de que é? Ela é a única avó que eu tenho, pelo menos a única que tem alguma relação com você, eu acho... – depois de tudo que tinha acontecido eu não tinha mais certeza de nada!

Ele indicou que eu me juntasse a ele. Andar com meu avô depois de tanto tempo... Era maravilhoso, mas não o bastante para não me sentir fraco, acho que já tinham sido muitas emoções para alguém que já não esta em seus melhores dias... Paramos de frente para os campos, era lindo, jurei a mim mesmo que algum dia eu iria morar ali, antes de morrer.

– Há muitas coisas ainda que você não sabe sobre si mesmo – fiz um muxoxo, eu, obviamente não sabia nada sobre mim, só faltava dizer que agora eu era ET – É uma das descobertas que você precisa para agora.

Vai ter mais?

Claro que vai ter mais, é você!

Cala a boca, Vox!

– Comece do começo, eu tenho todo o tempo do mundo –, mas eu podia sentir a energia se esvaindo do meus corpo.

– Ninguém tem todo o tempo do mundo em uma época de guerra, nunca. Mas eu posso começar do começo... Creio que, quando falamos de sua avó, não estamos falando da mesma pessoa. E cometi um erro, fiz algo que nenhum homem correto deve fazer... Quando sua avó estava grávida de sua tia, e eu era jovem e disposto, vim para os EUA para um congresso de física quântica, em Nova York. Com você sabe nos temos parente aqui na América do Norte – assenti –, e um primo meu me apresentou a uma mulher. Ah, Jack, ela era linda, inteligente, sabia se impor, conseguia se colocar perfeitamente bem em qualquer discussão... Ela era perfeita, a mulher que um homem com eu sempre quis – senti a reverencia em sua voz e senti pena de minha avó – Nós só andávamos juntos, conversávamos sobre tudo, me apaixonei por ela – seus olhos se voltaram para mim – Eu a amava, ainda amo, amo muito, mesmo depois de tantos anos. Olhei para dentro, lembrando do que Atena tinha dito.

“Nós ficamos juntos, foi-se uma semana, duas, três... Um mês e eu tinha que voltar para casa. Sua tia estava prestes a nascer e eu tinha que ver o nascimento de minha filha. Mas eu estava indo com a intenção de voltar para a mulher que eu amava, talvez trouxesse o bebê comigo, talvez a deixasse com a mãe, eu não sabia, mas era mais do que certo para mim que eu ia ficar com ela. Eu era jovem e tolo, Jack, não vi os sinais, não reparei bem nas pessoas com quem conversava, no irmão que ela me apresentou...

“Ela estava diferente um dia antes do vôo, distante, mas e não notei, estava tão feliz por estar ali com ela que não me importei. Quando ela começou a falar sobre mitologia eu não entendi onde queria chegar, mas ela logo soltou a bomba... bem, acho que não a forma delicada de dizer isso...”, me inclino para à frente. Quem era essa mulher do passado do meu avô? Como você é lento, Hodor!, disse Vox., “Ela é Atena.”

... Minha mente fica vazia... Levo alguns segundos para raciocinas, mas minha mente está lenta... Por algum motivo, que eu não sei qual é aquele nome me faz ficar nervoso... Atena, e conheço uma Atena... Quem é Ate...?

– Atena?! – grito. Sua expressão está preocupada.

– Ainda bem, eu achei que você fosse entrar em choque, ficou sem se mexer por um tempo! Sim, ela é Atena. Atena é sua mãe, sua avó, sua irmã e sua prima... Eu a amava, tive uma filha com ela e por isso eu vim para cá. Por Atena você não precisava saber, mas Hades insistiu dizendo que era necessário – Minha cabeça ainda estava meio que o Tártaro, apenas ouvia sua voz, mas meus olhos estavam no chão. Eu vou parar de acreditar em coincidências, alguém, não sei bem quem, não gosta nem um pouco de mim – Quer ouvi o final da história? – eu acho que assenti porque ele continuou.

“Um ano depois de ir embora, de deixar minha garota”, um sorriso bobo surgiu em seus lábios, como se o apelido trouxesse boas lembranças, “para trás, eu tinha me tornado um homem horrível, entendo porque a mãe de sua tia”, percebo que ele não disse seus nomes nem uma vez naquela conversa, “me odiou tanto, sua mãe surgiu, linda, em um cesto dourado os cachos perfeitos, os olhos da mãe, meu bem mais precioso...”

Ele se deixou cair em silêncio. Agora eu entendia porque minha avó, que não era minha avó, odiava tanto minha mãe, porque sempre me detestou... Meus deuses do Olimpo, porque tudo eu?

Sei lá, é uma boa pergunta... isso quer mesmo dizer que você é mais imortal do que dizem?

Você está realmente pensando nisso? Minha mãe é uma semideusa e você está pensando nisso? Meus Deuses, Vox, para com isso.

Para com isso você! Não pira, não é tão grave assim!

Mentiram para a mamãe a vida toda e não é tão grave? Nem me contariam se n]ao fosse por Hades!

Você vai ficar irritado com Atena?

Não.

Então cala a boca!

– Mas acho que só vim para cá porque Atena teve que intervir para que eu saísse do mundo dos vivos... – ele não parecia estar falando para mim – A sensação de morrer foi fantástica! – olhei-o, incrédulo – Pela primeira vez me senti realmente leve. Eu estava morto! Não tinha uma mulher que me odiava e que odiava minha filha mais amada, não tinha outra filha que me odiava e não sentia nada de humano. Eu estava morto, mas mesmo assim eu não queria morrer deixar vocês seria a pior coisa de todas. Eu resolvi ficar, morto ou não.

“Atena me mandou ir para o Mundo Inferior, autoritária como sempre foi, disse que eu devia ficar lá, ser julgado, eu era um bom homem, iria conseguir os Elísios. Eu disse não. Pela primeira vez discordei dela, sempre a obedeci sabia que ela nunca faria nada que me deixasse infeliz, mas deixar minha filha, meu neto... não pareceu certo.”, eu não sabia se ficava feliz ou triste.

“Fui à meu próprio enterro não esperava ser visto e não ia ser. Eu teria ficado ali vendo vocês chorando sofrendo por minha causa sentindo dor por isso se não tivesse visto você. Tão pequeno, tão imóvel, tão parecido com sua mãe. Com Atena... Você estava parado não chorava, parecia profundamente magoado por eu ter te abandonado, mas apenas segurava a pulseira e olhava para o tumulo de maneira tão desolada que parecia que era sua própria cova.

“Eu podia ver sua mente trabalhando, pensando na vida após a morte, na minha perda, na tristeza e de repente você chorou baixinho como se para ninguém ver, sua realidade era tão fascinante e estava desmoronando. Nossas discussões pareceram tão distantes, eu senti tanta falta sua, mesmo vocês estando bem ali

“Depois de terminar de chorar você limpou as lagrimas e correu para sua mãe. Vitor Hugo a abraçava e dizia coisas que nunca adiantariam: ‘Ele esta em um lugar melhor, não esta mais sofrendo’ eu nunca sofri, não me lembro de sofrer ‘Lembre-se dele vivo, bem e feliz, brincando com nosso Jack’. Você correu até ela com um olhar decidido e a abraçou empurrando seu pai, você disse uma coisa que me trouxe para a minha realidade: eu era um morto entre vivos, um estorvo. Então fui embora.

“Atena sempre esta certa.”

Ele me olhou aqueles olhos azuis sinceros e profundamente infelizes me fizeram sentir vazio como se o Tártaro estivesse dentro de mim.

– Você se lembra do que disse baixinho para ela naquele dia? – perguntou lentamente, sorrindo, orgulhoso. Eu, que já estava soluçando, neguei com a cabeça – ‘Vai ficar tudo bem, mamãe. Acabou. Esta tudo bem. Eu estou aqui com você’. Meu menino. Você foi mais forte do que eu mesmo teria sido e precisa ser de novo agora. O que você passou no Tártaro não foi pouco, nem nunca será, mas você está aqui, não pode deixar o que passou estragar tudo o que tem pela frente... Tenho orgulho de você e sei que pode ganhar essa guerra. Vai tudo depender de você, Jack.


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Notas finais do capítulo

desculpem os erros, não tive tempo de corrigir.



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