O Filho Do Olimpo E A Faca Da Noite escrita por Castebulos Snape


Capítulo 20
Descubro Uma Possível Filha de Apolo


Notas iniciais do capítulo

oi, comentem! leiam Ceu de outono e O filho do lorde!



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Dois dias depois, dia Treze no dia do meu aniversario, eu estava me arrumando para ir à casa de Lya. Marcus me observava mal-humorado sentado em uma das camas. 

– Marcus, eu já disse para não ficar assim – resmunguei arrumando a mochila – É só uma tarde, tudo bem rápido, e é por causa da escola.

– Você nem conhece essa garota– contestou ele – Pelo que sabemos, ela pode ser um monstro ou pior.

Revirei os olhos e coloquei a mochila no ombro.

– Mac – coloquei minhas mãos em seus ombros que estavam muito arriados –, meu irmãozinho amado, ela não é um monstro. Vão ser só algumas horas. Quando eu voltar, vou te dar toda a atenção que deseja.

Apertei sua bochecha e sai. Quíron tinha me chamado um táxi, “Loki pode chamar muita atenção”. No caminho para o Bronx chequei os livros. Eram dez livros que incluíam a historia, o significado, a localização dos templos, as hipóteses, tudo.

Paguei ao taxista e olhei bem o lugar. Não era bem o que eu esperava, apenas uma escadaria com uma porta no final. Em cima lia-se: A Lira de Apolo.Sorri com aquilo, coincidências, coincidências, adoro coincidências.

Por dentro era um pouco melhor. Grande, com varias mesas com cadeiras, um palco com um piano de armário, e um bar onde dois caras e o barman conversavam animadamente. Não pude ver bem os dois caras, mas o barman me assustou. Era um cara grande, usava uma camiseta preta que realçava seus músculos, cabelos negros curtos e olhar mal-humorado.

– Ei, garoto! – chamou. Apertei a alça da mochila com força – Menores não podem entrar aqui.

Os dois caras se levantaram e se viraram para mim. Os dois tinham armas nos coldres e distintivos da nypd presos no cinto.

– Policiais – murmurei interessado – A mãe de Lya é dona de um bar freqüentado por policiais. Legal. Hã... Eu sou Jack... – engoli as palavras Tenório Leal – St. James, vim fazer um trabalho de escola com Lya.

Os dois policiais se sentaram e sorriram para mim. O barman me analisou como se ainda achasse que eu era sei lá um gângster ou coisa parecida. Por dois segundos achei que era o pai de Lya, mas Peter tinha dito que ela não conhecia o pai...

– Ela esta lá em cima – disse ele apontando para escadas no fim do bar.

– Valeu.

No fim da escada tinha um corredor e no fim deste uma porta de madeira. Ergui minha mão e bati duas vezes. Quando a porta abriu uma mulher morena, com olhos castanhos, pele com café com leite, e cabelos caindo em cachos pelos ombros.

– Você deve ser o Jack – adivinhou ela sorrindo, assenti inseguro – Eu sou Rebecca Knight, mãe de Lya.

– Jack... St. James. É um prazer.

– Nós já não nos conhecemos? – ela inclinou delicadamente a cabeça para o lado.

– Tenho certeza que me lembraria, senhora, mas não.

– Que menino educado! Ela esta no quarto. Terceira porta à esquerda.

– Obrigado, senhora.

Era um quarto comum, pequeno, sem muito enfeite com uma cama, um armário, uma estante com alguns livros e uma mesa para estudo. Ela estava sentada na cama lendo uma revista e, quando me viu, sorriu como se eu fosse um herói nacional.

– Oi, Jack!

– Oi – disse sonhador – Acho que e acabo de ser quase preso. Isso nunca aconteceu comigo. E eu já passei por muita coisa estranha.

Ela riu e me fez sentar.

– RyanWister e Jim Skewering. São os policias que normalmente freqüentam isso aqui. Normalmente nosso bar é freqüentado por namorados e essas pessoas que querem ouvir boa música, ele só gostam de ficar por aqui de vez em quando.

– Ah!... – meus olhos pararam em uma foto em cima da estante com livros. Era um homem e a mãe de Lya, essa estava segurando um bebê, provavelmente Lya, mas não foram elas que me chamaram atenção. Levantei-me para olhar o homem mais de perto; era um cara alto de vinte e poucos anos, loiro como Lya, de belos olhos azuis e um sorriso radiante.

Apolo, disse Vox tão surpreso quanto eu, Por que Lya teria uma foto de Apolo em seu quarto?

Eu tenho um palpite.

– Esse aqui é seu pai? – perguntei como quem não quer nada, apontando para a foto – Vocês são bem parecidos.

Ela se levantou e observou o homem com carinho.

– É. Ele morreu pouco depois de tirarem essa foto. Um acidente com o carro, mamãe diz que ele gostava de correr, do calor do momento. Seu nome era Apolo – senti meu estomago dar uma completa para cambalhota para trás – Mamãe não fala muito dele e depois que conheceu Jonathan nossas conversar sobre ele praticamente não existem mais.

– Jonathan é o cara do bar – afirmei e ela concordou com a cabeça – Ele me deu uma olhada...

– É, ele tenta sempre ser quase um pai para mim, acho que se vê como meu pai, mas não é a mesma coisa, entende? – assenti me lembrando de Ares – Ele é legal, deixa minha mãe feliz e sempre foi gentil comigo. Sei que fica magoado por eu ter essa foto, mas me entende.

Nós fizemos o trabalho não ficou tão bom quanto podia, minha mente não estava ali, estava em Apolo. Seria uma coincidência bárbara ou Lya era mesmo minha irmã?

Depois do jantar (a Sra. Knight insistiu para que eu jantasse lá, não discuti), de assistir o show da noite sob os olhos atentos de Jonathan, resolvi voltar para o colégio. Já passava da meia-noite então chamei Loki.

Quando cheguei eu estava tão preocupado com outras coisas que nem reparei em Pinha. Bem, ela nem devia estar ali então eu nem teria notado se ela não me chamasse.

– Zack disse para mandar para a quadra de treinamento quando chegasse.

– Tá bom então – respondi vagamente – Ele disse o que queria?

– Não para mim.

Suspirei, cansado.

– Obrigado, Pinha.

Quando as portas do elevador se abriram na quadra, dei de cara com uma escuridão total. Por dois segundos achei que tinha dormido e estava sonhando com o Maquiavélico, mas tudo parecia ser verdade.

– Ahn... Olá?

As luzes se acenderam de supetão e dezenas de vozes gritaram:

 – Feliz aniversário!

Todos do colégio estavam ali. Instrutores, alunos, Quíron...

Não lembro bem daquela noite, mas lembro das partes mais importantes. Como Marcus ficou feliz com tudo aquilo, como Zackary pareceu esquecer o que o deixava triste, como eu recebi toda a atenção dos meus novos amigos, como Quíron sorriu quando lhe dei o primeiro pedaço do bolo...

Cada dormitório ocupado me deu um presente. Hermes me deu um livro sobre como trancas, cadeados e cofres. César também me deu um livro só que com tudo sobre vinhos. O pessoal de Afrodite me um espelho cumprido, quase do meu tamanho para colocar no meu quarto. Os de Atena um livro com as melhores estratégias para o xadrez. Meus vizinhos de andar também deram um livro o “História da música desde a antiguidade – das musas à guitarra elétrica”. Marcus me deu um óleo para polir minhas armas e deixá-las mais brilhantes e mais residentes. Os filhos de Hefesto instalaram uma pequena forja em meu dormitório o que o deixou um pouco mais perecido comigo (eu duvidava muito que as Caçadoras fossem gostar se me visitassem, mas quem liga?). O pessoal de Deméter me deu uma camiseta com os dizeres: “País Tropical” (em português!) onde eles arrumaram aquilo?

Depois de voltar para o dormitório para dormir (eram quatro da manhã e Quíron não achou uma boa idéia ficarmos acordados por tanto tempo), eu pensei em meus pais, meus amigos, em Amanda, em como eles ficavam felizes quando saiamos juntos no me aniversário, em tudo que fazíamos juntos... Não pude deixar de ficar triste e de me sentir um pouco sozinho.

Ainda não tinha me acostumado com a idéia de que aquele tempo tinha acabado.

No dia seguinte todos estavam com sono, mas eles não tinham que ir para uma escola que era mais longe impossível.

Lya estava me esperando na porta do colégio.

– Bom dia! – cumprimentou animada.

Dei-lhe um meio sorriso sonolento.

– Olá!

– Nossa! – ela colocou as mãos nos meus ombros e olhou minhas olheiras – Você andou bebendo?

– Não. Acho que foi a única coisa que eu não fiz ontem. Acho que não tinha bebida ontem – comecei a acompanhá-la bem lentamente – Depois que voltei da sua casa, descobri que fizeram uma festa surpresa para mim. Fomos até três horas da manhã muito felizes, mas Qui... meu tio disse que era melhor pararmos.

– Por que te fizeram uma festa surpresa?

– Era meu aniversario, ora bolas!

Ela se virou para mim e me deu uma bofetada no ombro com mais força do que o necessário.

– Ai! Por que fez isso?

– Por que não me disse que era seu aniversario? Você estava na minha casa eu podia ter, pelo menos, cantado algo de especial.

Abri a boca por entre o sorriso para responder.

– Eu ouvi direito, Lya? – perguntou alguém atrás de mim.

Me virei para Peter com meu melhor sorriso de escárnio.

– Esse idiota foi até sua casa e, se não fosse o bastante, assistiu você cantar?

Sua magoa era mais que obvia. Será que era verdade? Ele gostava mesmo dela? Não. Se gostasse de verdade não afastava as pessoas dela. Não faria com que ela sofresse daquele jeito se realmente gostasse dela.

– Não vejo onde isso é da sua conta, Western – afirmei.

– Não falei com você. Lya, isso é verdade?

Lya olhou para ele completamente magoada.

– Concordo com Jack. Não é da sua conta, P..., Western.     

Ele a encarou com as sobrancelhas unidas no centro da testa. Nunca vi ninguém tão... Desapontado. Era isso. Ele estava profundamente desapontado com ela. Por dois segundos pensei que ele fosse chorar, mas ele apenas endireitou as costas e se preparou para dar sua melhor resposta.

– Leal?

O mundo pareceu parar. Expulsei o ar de meus pulmões e quando voltei a puxá-lo um barulho esquisito saiu pelo meu nariz. 

Resisti ao máximo à tentação de olhar para trás e continuei a encarar Peter sem realmente vê-lo.

Eu conhecia aquela voz. Aquela maldita voz.

O que ele estava fazendo ali?

– Leal! – uma mão dura como chumbo segurou meu ombro, me virou e começou a falar em português – Você não escutou quando falei com você, moleque?

Ele era uns dez centímetros mais alto que eu e um metro mais largo. A gordura formava uma papada enorme embaixo do seu queixo, o que ficava mil vezes mais ridículo porque ele não fazia a barba preta, os olhos cor sebo cintilavam de ódio.

O Linha de Partida. O desgraçado que começara toda aquela confusão com Martins.

– Sinto muito, senhor – respondi com todo o respeito em inglês – O senhor não falou comigo.

– Não se faça de sínico, rapaz – ele continuou a falar em português – Sei que me entendeu porque respondeu – Droga! – Vamos lá, Leal, é melhor parar logo com isso. Não estou louco, não posso estar.

 – Senhor, eu cresci no Brasil, por isso eu sei falar português – respondi falando em português – Mas não o conheço. Muito menos um Leal. Sinto muito – sorri tentado parecer simpático – Eu era de São Paulo, de onde o senhor é?

Ele semi-serrou os olhos. Olhou meu peito mais largo (por sorte minha camiseta nova dava volume aos novos músculos), pareceu medir minha altura e olhou minha cicatriz.

Largou meu ombro que já estava dolorido.

– Você é bastante parecido com ele – disse em inglês ainda desconfiado – Se bem que ele não tinha essa cicatriz, ou esses músculos. Eu sou o novo professor de geografia de vocês. E, respondendo sua pergunta, sou do Piauí, Teresina.

– Legal – forcei um sorriso muito sofrido.

Deuses, por que eu?

O resto do dia foi bem normal. O meu normal, ou seja, completamente anormal. O Linha me encheu o saco o dia inteiro, Peter ficou bastante desconfiado com aquela história toda, Lya ficou sem entender, mas era melhor assim. Eu ainda não tinha esquecido aquilo de Apolo ser seu pai, mas ainda não tinha tido tempo para pensar melhor sobre aquilo.

Mais tarde eu penso nisso, disse a mim mesmo durante a aula de redação.

Bem, o mais tarde chegou e eu fui falar com a pessoa que eu considerava mais bem informada que eu.

– Marcus, eu acho que Lya é filha de Apolo.

Ele, que estava limpando sua espada, levantou o olhar por dois segundos, mas voltou a se concentrar na arma sem falar nada.

– Olha, eu sei o que está pensando. Mas é serio, sei que não gosta dela, mas tem uma foto do Apolo no quarto. Acha que o pai morreu em um acidente de carro, mas tenho certeza que é Apolo. Como eu confirmo isso?

Ele suspirou, não nos conhecíamos há muito tempo, mas eu sabia que quando ele suspirava daquele jeito eu já tinha ganhado a discussão.

– Não confirma.

Fiz um muxoxo de impaciência. Ele parou de limpar a arma (que já estava mais limpa que um diamante) e me encarou mais adulto do que devia parecer.

– Só confirmaria se conseguisse falar com Apolo e eu sei que ninguém te ensinou à... – ele voltou a dar atenção à espada sem terminar a frase.

– À... – ele me ignorou e voltou à sua tarefa – Marcus...?   

– Mensagem de Iris – resmungou.

– E isso é...?

– Iris sempre transmitiu as mensagens para os deuses, não é? – assenti – Peça com jeitinho que ela pode atender um pedido seu. Acontece a maioria das vezes.

– Como eu faço?

Meia hora depois, de pé no meu banheiro de mármore negro, eu me sentia um completo idiota. Meu chuveiro estava ligado e eu coloquei uma sandália de plástico no ralo, o que fez meu banheiro ficar completamente inundado. O respingar da água na poça fazia surgir arco-íris quase invisível a minha volta. Lancei o dracma de ouro (moeda de ouro puro do tamanho da palma da minha mão) na água.

– Íris, mensageira dos deuses, senhora do arco-íris, por favor aceite minha oferenda, me conecte com Apolo.

A água tremulou e Apolo me apareceu, ele estava deitado, sem camiseta e com cara de idiota, em uma cama enorme e dourada.

– Sobrinho! – cumprimentou – Como posso ajudá-lo?

– Oi, tio. Como é que vai? Ah... Bem, a mamãe me botou para estudar em um colégio mortal, não sei se o senhor soube.

– Primeiro; corta o senhor, eu não sou velho. Segundo; é eu fiquei sabendo. Qual o problema? Ah! Já vou avisando que se quiser sair do colégio vai ter que fazer isso sozinho sua mãe me enforca se eu tocar nesse assusto perto dela.

– Não! Não é isso. É que eu fiz uma amiga...

– Ah, saquei! – ele se sentou parecendo mais interessado – Afrodite e Eros foram bem rápidos...

– Também não é isso – ele pareceu bem decepcionado e voltou a se deitar – Seu nome é Lya Raidel.

O sorriso orgulhoso desapareceu do rosto de Apolo e seu olhar ficou frio.

– O que tem ela?

– Ela é sua filha, não é?

Ele me encarou por uns segundos, sério. Nunca vi Apolo olhar intensamente para alguém, mas aquele olhar foi o mais intenso que já me lançaram.

– E se for?

– “E se for?” Ora, vamos tio. Meu cheiro, como já me disseram, é bastante forte e o dela também deve ser. Eu preciso estar pronto para protegê-la se precisar. E, se for, se ela é mesmo minha irmã, eu preciso saber.

Eu sabia que colocar ênfase na palavra irmã ai fazer com que Apolo me falasse a verdade. Quando ele suspirou derrotado não pude evitar um sorriso irônico. 

 – Já fiz com que Rebecca sofrer muito, Jack, mas se você acha que é o melhor... Sim, Lya é minha filha. Rebecca e Jonathan sabem quem sou, e sabem o que pode acontecer se um monstro localizar Lya. Se algo acontecer, leve-a para casa Rebecca vai te ajudar a explicar tudo. Proteja-a. Não faça com que eu me arrependa de ter contado sobre isso – ele moveu a mão com uma tremenda cara de depressão e a mensagem se desfez me deixando sozinho com a novidade em um banheiro completamente inundado.    


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Notas finais do capítulo

meu aniversario é o mesmo que do jack



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