Hopeless escrita por Anne Avlis


Capítulo 12
Tarde demais.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, está ficando cada vez mais dificil para mim escrever e postar. Tenham paciência comigo.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/350758/chapter/12

Annabeth ligou a torneira, inclinou o corpo e jogou a água fria em seu rosto. Ela respirou fundo e endireitou o corpo, fitando seu rosto no espelho. A pessoa que ela viu era a verdadeira Annabeth. Sem máscaras. Uma Annabeth de olhos vermelhos, rosto pálido e lábios tremendo. Uma Annabeth culpada e assustada. Uma Annabeth doente.

— Eu estou ficando louca — murmurou, sua voz estava fraquejando.

Ela sabia que havia sido real, todas as alucinações. Ela acabara de limpar seu próprio vomito no carpete.

— Isso não pode estar acontecendo.

Pesadelos eram comuns. Eles faziam parte de sua rotina, mas aquilo era diferente. Seus pesadelos agora estavam na vida real. Ela já não sabia discernir sonhos da realidade.

Ela olhou para o seu quarto pela porta do banheiro e pensou vislumbrar uma mancha de sangue em sua cama. Ao olhar novamente não viu mais nada.

— Não não não não não — Annabeth fechou os olhos com força, quando abriu pensou ter visto alguém atrás dela pelo reflexo do espelho, mas quando se virou não viu nada.

A garota se sentou no toalete e enterrou o rosto nas mãos, tentando controlar sua respiração. Ela precisava falar com alguém. Contar alguém.

Percy.

Com tudo acontecendo ela se esquecera de Percy. Esquecera sua doença. Esquecera sua morte eminente.

Sua respiração voltou a ficar acelerada. Annabeth se levantou de súbito. Percy estava na UTI, o horário de visita seria dali a duas horas. Não importava. Annabeth não podia ficar ali parada.

...

Mesmo sendo de manhã, o hospital estava movimentado. Annabeth andou apressadamente pelo corredor, se desviando de pessoas e macas, tentando ignorar os choros, os gemidos, o sofrimento. Ela ouviu o barulho de uma maca atrás de si e deu um passo para a direita. O homem com a maca a ultrapassou apressadamente e Annabeth podia jurar que a paciente semi-morta era Atena Chase.

Finalmente ela chegou até a mesma cadeira que havia sentado com Rachel. Quando todo o pesadelo com Percy apenas começara. Ela se sentou e enterrou o rosto nas mãos.

Bebês berrando. Famílias se lamentando, outras comemorando. Gritos. Gemidos. Sons de macas. Respirações aceleradas. Seus batimentos cardíacos estavam pulsando em seus ouvidos. Suas mãos deslizaram até seus ouvidos, tremendo.

— Você parece horrível. — era Thalia.

Annabeth levantou a cabeça. E analisou a punk a sua frente.

— Eu.

Thalia suspirou e se sentou. Parecia que ela não dormia há semanas. Tinha olheiras fundas, suas roupas estavam esfarrapadas, seu cabelo bagunçado, sua boca se repuxava para baixo e seus olhos estavam caídos.

— Tem sido uma semana… um ano difícil. Para nós duas, eu aposto.

— Parece que nunca vai acabar — a voz de Annabeth falhou. Ela sabia que nunca iria acabar. Só havia um jeito de escapar.

Thalia abaixou a cabeça. Chegando a mesma conclusão que a amiga.

— Mas você não usa mais, não é? Porque… bem, você consegue andar, falar, comer — Annabeth reparou na magreza da morena — ou não.

— Eu… eu uso outra coisa agora. Larguei a sarjeta, e-eu procurei ajuda. Tem sido tão difícil…

Num impulso, Annabeth abraçou a amiga com força, Thalia soluçava contra seu ombro e parecia fraca demais para retribuir o aperto de Annabeth, mas não importava. A loura enterrou o rosto nos cabelos de Thalia, mesmo esta cheirando a lixo e a sarjeta. Ela só queria alguém para abraçar. Alguém. Desde o ultimo ano, ela nunca tivera nada além de um pai que a batia, uma amiga viciada que ela raramente via, o fantasma da mãe, um grupo de pessoas na escola que zombava dela. Um suéter. Alguns hematomas.

Antes de Percy nada valia a pena.

Agora ela estava para perder tudo de novo.

— Nós estamos parecendo duas velhinhas — Thalia fungou se afastando — reclamando da vida.

Annabeth se separou da morena.

— T-Thalia, e-eu — sua voz falhou, ela pretendia contar das alucinações, mas mudou de idéia — eu não quero perdê-lo.

A morena suspirou:

— Nem eu, nem eu. Você descobriu não foi? Você pode vê-lo, na verdade.

— Mas o horário de visita…

— Ele não está mais na UTI.

— Ah.

— Primeira à esquerda.

— Obrigado. Nós… nos vemos depois — a verdade é que Annabeth sempre tinha medo de estar vendo a amiga pela ultima vez.

O caminho até o quarto era curto, mas pareceu durar uma eternidade. Cada passo parecia ecoar pelo corredor. O que era impossível, pois aquele parecia ser o lugar mais barulhento do planeta.

A porta do quarto estava aberta. Vários adolescentes rodeavam o leito do moreno. Annabeth reconheceu os jogadores de basquete, as lideres de torcida e as pessoas consideradas “legais” na escola. Os jogadores de basquete falavam animadamente, alguns davam pequenos socos no braço de Percy, dizendo que ele iria melhorar.

O moreno sorria sem mostrar os dentes e abanava a cabeça. Mas Annabeth sabia que ele odiava o fato de aquelas pessoas estarem ali. Ninguém ali se importava realmente com ele.

Ela se encostou no batente e cruzou os braços.

Finalmente os olhos verde mar se fixaram nos cinzentos. Um sorriso verdadeiro se desenhou involuntariamente em seu rosto. Annabeth sorriu e desviou os olhos para as lideres de torcida que pareciam… peraí, elas estão chorando?

A loura revirou os olhos e olhou para Percy novamente. Seu sorriso se alargou ainda mais. As visitas se viraram, acompanhando o olhar do garoto e se calaram quando perceberam a presença de Annabeth. Um silêncio desconfortável se instalou.

— Você está atrasada para festa.

A loura endireitou o corpo e descruzou os braços.

— Não recebi o memorando.

— Meu sistema é falho. — disse ele ambíguo.

Annabeth estremeceu. Humor negro.

O sorriso de Percy desapareceu.

— Mas não é tarde demais.

O coração de Annabeth se apertou. Ela mordeu o lábio inferior, ergueu os olhos, trincou os dentes e olhou para o garoto novamente.

O moreno não tinha noção do que acabara de dizer, e em como aquilo influenciara a garota em seu próximo passo.

— Tem razão. Não é tarde demais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários? Sugestões? Críticas?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Hopeless" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.