A Terra Dos Mortos escrita por Lucas ART
Notas iniciais do capítulo
Continuando a fanfic, dando ares novos e seguindo com a trama. Espero que gostem.
COMO você se sentiria se descobrisse sua cidade completamente deserta? Antônio sentiu-se ainda mais desesperado.
Quando ele esmurrou a porta da saída do hospital foi tomado pela terrível visão do estacionamento do local, nada além de alguns carros abandonados; em sua maioria destruídos. Mais além, na rua, não havia ninguém. E para completar o terror, a cidade estava quieta. Não haviam pássaros, nem conversas, nem buzinas ou motores roncando. Apenas um mórbido silêncio aterrador. Antônio sentiu-se totalmente sozinho e seu coração continuou acelerado, a angústia dentro de si quase palpável. Ele lembrava-se da enfermeira ensanguentada e como a cabeça dela voou para longe. Sentia-se imundo e com vontade de acordar daquele terrível pesadelo, mas a brisa do vento frio da manhã lhe dizia que estava vivendo a realidade.
Ele decidiu partir. Tomou seu rumo por entre os carros abandonados e correu para fora do estacionamento, para observar a rua. O lugar estava definitivamente vazio, sem nenhum som proferido de direção alguma. Assustado, Antônio correu de lá com pisadas tortas e dificuldade para equilibrar-se, obrigando-se à seguir em frente sem jamais olhar para trás.
Viu a primeira pessoa na rua depois de correr por vários quarteirões, mas pode-se dizer que não estava viva. Era um homem alto e magrelo, com um buraco tão profundo no peito que era possível ver o outro lado. Seu coração estava claramente destruído, assim como as vísceras internas pútridas e necrosadas. Antônio resistiu a vontade de gritar assim que o viu e evitou o sujeito, os olhos fugindo da nojenta visão de seu corpo. Esquivou-se dele e correu ainda mais rápido.
Após deparar-se com mais algumas pessoas caindo aos pedaços, chegou em casa. O portãozinho de madeira estava destruído, assim como a maioria das casas da vizinhança; outrora uma vizinhança calma e amigável.
Temendo por outras pessoas tenebrosas, ele entrou em casa com todo o cuidado do mundo. Passou pelo jardim de sua mãe, agora um amontoado de flores podres e fedidas, subiu as escadas e girou a maçaneta da porta lentamente. Quando ela abriu-se, viu que o local estava tremendamente escuro e abriu-a por completo, adentrando com um passo lento.
Um ruído estendeu-se por poucos segundos e, imergindo das sombras, um cano longo de um rifle toca sua testa, extremamente gelado. Antônio sente o coração disparar e instintivamente ergue as mãos, fechando os olhos para o tiro. Mas ele não veio.
- Pra trás. - Falou-lhe uma voz de homem, porém aguda.
Ele recuou devagar, quase caindo nos degraus. Parou no meio deles, ciente de que ainda tinha a arma mirada entre os olhos. Tomou a coragem necessária para abrir os olhos e enxergou apenas uma das mãos do sujeito; pálida e gorda.
A arma que ele portava era enorme, toda preta e com uma mira acoplada em seu topo; um rifle de atirador de elite.
Antônio engoliu em seco, sem saber como reagir à aquele tipo de situação.
- Escolheu a casa errada pra invadir, vá embora. - O sujeito lhe falou.
- Essa casa é minha... - Antônio respondeu automaticamente, sua coragem voltando lentamente.
- Não, não é. Vá embora antes que eu estoure seus miolos. - Ele ameaçou, a mão segurando o rifle com mais firmeza.
- Sim, ela é - Antônio insistiu, deixando a voz mais firme. - Você que é o invasor aqui.
O sujeito mostrou a outra mão, que deslizou pelo rifle e destravou a arma, preparada para atirar. Antônio sentiu a tensão do momento e soube que precisava fazer algo antes que ele realmente lhe matasse. Se perdesse tempo estaria com os miolos espalhados pela escadaria num piscar de olhos.
- Escuta! Eu acordei hoje no hospital e não sei o que diabos está acontecendo, mas eu sei que eu moro aqui. Não sou perigoso, então por favor não atire! - Ele falou rápido devido ao medo repentino, mas pareceu compreensível.
Por alguns segundos de terror nada aconteceu. Então o sujeito nas sombras da casa abaixou lentamente o rifle e acendeu a luz do lugar, mostrando-se. Ele era baixinho, gordo, com uma barba grossa no queixo, cabelos castanhos desgrenhados e olhos apertados. Vestia-se com uma camiseta suja de ketchup e um bermudão largo. Tinha uma aparência tão perigosa quanto um poodle.
- Desculpe por isso, preciso evitar os bandidos. - Explicou-se rapidamente, logo colocando o rifle de lado.
Ambos viram no outro um homem não maldoso e ali eles expressaram uma rápida confiança. Antônio sentiu o ritmo do coração descer lentamente, assim como o outro, com medo de precisar matar alguém; mas ele sabia bem que não tinha coragem pra tal coisa.
- Eu me chamo Túlio. - Cumprimentou o gordo, estendendo a mão para o recém-conhecido.
- Antônio. - Cumprimentou de volta, apertando sua mão.
E por ali começava algo. Mas ares duvidosos perguntavam para ambos; algo bom ou ruim?
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Gostaram do novo capítulo? Deixem comentários, ficarei feliz em respondê-los. =D