''Wherever you go [Aonde quer que você vá]

Whatever you do [O que quer que você faça]

I will be right here waiting for you

[Estarei bem aqui esperando por você]

Whatever it takes [Seja lá o que for necessário]

Or how my heart breaks [Ou como meu coração fique partido]

I will be right here waiting for you''

[Estarei bem aqui esperando por você]

Right Here Waiting For You - Richard Marx

Deitado em sua cama, Renji fitava o teto, um pedaço de papel entre os dedos. Um bilhete, alias, um comunicado. Após meses que a guerra contra os Quincy terminou, seu querido Taichou havia reagido pela primeira vez, o que indicava que a pior parte do coma já havia passado. Mas ele ainda estava fraco, segundo o comunicado enviado por oficial do quarto esquadrão. Não sabia se deveria visitá-lo. Poderia não ir e evitar a cena tristonha. Mas a verdade é que o ruivo nem sabia quando o veria de novo, afinal, sabia que Byakuya não retomaria seu posto, mesmo se ele se recuperasse. Seu reiatsu foi muito atingida, quase suprimida e seu poder totalmente aniquilado. E não se precisava de muitos conhecimentos para saber disso. Mesmo assim ainda tinha uma esperança.

Iria visitá-lo. Era o que pensava enquanto seus pés faziam o trabalho de levá-lo até o quarto esquadrão. Assim que chegou, foi recepcionado por um dos oficiais, que esperava pelo ruivo, aguardando sua vinda, mais cedo ou mais tarde. Seguiu-o em direção á ala em que seu Taichou estava internado. Seu coração estava acelerado, suas mãos tremiam. A cada passo sentia um aperto no peito, o nervosismo avançando para cada parte de seu corpo.

Sentiu um calafrio ao parar a frente da porta do quarto. O homem abriu a porta e em seguida se retirou, deixando-o ali sozinho, naquele lugar silencioso. O ambiente lhe gerava desconforto. Tudo parecia tão triste e sem vida, sentia uma angustia tomar conta de si. Sabia que não ouviria a voz grave do Taichou soando pelo cômodo, sabia que ali, naquele mesmo quarto Rukia estivera chorando mais cedo, angustiada, como ele se sentia agora. Ele seria o próximo a se desmanchar em lágrimas?

Mesmo se sentindo mal,adentrou o quarto, encostando a porta atrás de si. Deu alguns passos em direção a cama, sozinha na penumbra do quarto. Ele estava lá, deitado, tão solitário. Não deveria demonstrar tristeza, achava que ele não merecia isso. Sabia que quando o moreno acordasse não iria gostar de saber disso. Se aproximou, parando a lado da cama, observando-o. Estava magro, mais pálido que o normal, até mesmo seus cabelos negros tão brilhantes estavam sem vida. Tinha alguns aparelhos ligados ao corpo, mas persistente como sempre, respirava por si só e o ruivo achava que isso era bom. Era uma cena deplorável. O enfermeiro dissera que ele abriu os olhos alguams vezes e que isso era um avanço muito grande.

Mas agora ele estava dormindo. Renji desejava tanto encarar aqueles olhos cinza autoritários outra vez. Tocou em um de seus braços suavemente com as pontas dos dedos, enquanto o encarava, verificando se teria alguma reação. Sem resposta. Então fi mais além, tocando o rosto, deslizando as pontas dos dedos, num carinho leve, descendo em direção ao pescoço, esperando que ele acordasse e contestasse seu ato. Deslizou a mão pelo ombro, em seguida se dando a ousadia de segurar em uma das mãos pálidas. Admirava-a, encantado com a delicadeza, sentindo a palma gélida. Passou-se meio segundo. Byakuya abriu os olhos.

Renji não sabia se seu coração estava batendo mais forte pelo susto ou pela emoção de poder encarar aqueles olhos outra vez. Conseguiu esboçar um pequeno sorriso diante da situação. Observou-o por alguns instantes. Os olhos do Taichou pareciam ver além da parede á sua frente, como se avistasse algo deslumbrante e infinito, sembre buscando ver mais e mais. O olhar não parecia triste e sim sereno.

– Taichou ...- o ruivo arriscou chamar baixinho. Nem sabia se ele poderia escutá-lo. Não sabia nem o que dizer.

Na verdade sabia sim. Mas não poderia dizer o que seu coração tanto anseava. Ou poderia? Segurou a mão de Byakuya um pouco mais forte, escolhendo algumas palavras. Talvez não o visse mais quando ele tivesse alta. Se tivesse. Então precisava saber bem o que falar, pois não teria alguma manhã fria no esquadrão para dizer o que desejava.Mas queria ter. Não queria vê-lo ali naquela cama, e sim em pé, ativo, cobrando o trabalho acumulado.

– Eu nunca vou abandoná-lo... - Renji susurrou mais próximo do Taichou.

Fez uma pausa. Não poderia continuar, estava perdendo o controle.Encarava aquele típico olhar sereno, com uma ponta de impaciência, enquanto esperava uma resposta vinda dele, para que pudesse voltar ao trabalho. O coração estava apertado, sufocado, pedindo um socorro. Não poderia perder a razão naquele momento tão angustiante, que passava vagarosamente. Estavam sozinhos naquele quarto de hospital mal iluminado. Aquele momento era deles. Só deles. Mas por diversas vezes era divido com o silêncio. Renji tentava conter os lábios, que ameaçavam entregá-lo, querendo sibilar tudo o que sentia. Ele relutava contra seus sentimentos e cada vez ficava mais difícil. Sentia os olhos marejarem. O silencio se fez mais presente.

– Eu te amo...- os lábios tremulos, quase cerrados, deixaram o sussurro escapar, enquanto uma lágrima teimosa ameaçava escapar a qualquer momento. - Eu só quero que volte pra mim...

O segundo se passou devagar. O silêncio tomou conta do ambiente, se alastrando cada vez mais. Torcia para que o tivesse escutado e ao mesmo tempo torcia para que não houvesse. Sentia medo, ansiedade e uma dor no peito que não o deixava em paz. Só esperava uma reação, por menor que fosse. Mas nada. Só o silêncio de sempre. Soltou a mão alva, agora aquecida. Desejava que de alguma forma ele o respondesse ou que pelo menos soubesse que ele esteve ali. Baixou o olhar, dando as costas para a cama, se lamentando por ter de dizer adeus. Ficaria ali o dia todo, capturando cada nova reação. Mas não podia. Se aproximou da porta. Olharia para trás? Sim,olharia. Precisava encarar aqueles olhos mais umja vez. Se virou devagar, para observá-lo só por alguns instantes. Seu coração deu um salto.

Encarou o Taichou, surpreso. Os cantinhos da boca dele estavam suspensos, quase imperceptívelmente, num pequeno sorriso, como quando ele queria sorrir discretamente, sem perder suas feições autoritárias. Renji conseguia ver, mesmo a meia-luz. Então ele o ouvira? Não sabia ao certo. Havia dito o que sentia e pelo menos, ele sabia de sua presença ali. E ele estava reagindo a isto, sorrindo para ele. Isso era o que realmente importava agora.

Ao sair daquele quarto o deixaria, mas sairia feliz, com a lembrança do brilho sereno nos olhos de Byakuya e seu sutil movimentar de lábios num sorriso singelo, na penumbra daquele quarto tristonho de hospital. Sua visita acabara, mas teria apenas boas lembranças dela. E isso era o que desejava desde o começo.

''I've never had a dream come true

[Eu nunca tive um sonho realizado]

 Until the day that I found you

[Antes do dia que te encontrei]

 Even though I pretend that I've moved on

[Embora eu pretenda mudar]

 You'll always be my baby

[Você sempre será o meu querido]

 I never found the words to say

[Eu nunca encotrei as palavras para dizer]

 You're the one I think about each day

[É em você que eu penso todos os dias]

 And I know no matter where life takes me to

[E eu sei que não importa para onde a vida me leve]

 A part of me will always be with you

[Uma parte de mim sempre estará com você]

Never Had A Dream Come True - S Club 7