Summer desceu do taxi visivelmente chateada. Não foi um pensamento remoto, era algo possível para ela: encontrar um príncipe encantado dando sopa em Londres e ter um romance passageiro e tórrido que guardaria na memória para sempre. E realmente encontrou: Richard era quase um príncipe de tão fofo e atraente que era. Mas por que ele desconversou sobre saírem depois do café, depois das indiretas? Por que a deixou no hotel, sã e salva? E a ação? E a aventura? E a noite enluarada às margens do Tâmisa?

No final, ela ficou sem o passeio emocionante, sem o bonitão e sem o encontro…

– Esse foi o encontro mais interessante que eu já tive. – Richard disse ao descer do taxi, depois de pagar a corrida. Ao fundo, deu para ouvir o taxista resmungar um “com uma japinha linda dessas, até eu”.

– Hein? Encontro? – Summer não entendeu.

– É, foi um encontro, não foi?

– Não, você escolheu me deixar aqui no hotel e não saiu comigo, nem me mostrou a cidade…

Summer parou alguns segundos para tentar entender. Richard continuou sorrindo, esperando a ficha cair.

– Você está considerando a nossa correria toda? Nosso encontro na árvore, nosso toscosplay, nossa dança e cafezinho…? Como um encontro? – Summer coçava a cabeça, confusa.

– E para você não foi um encontro? – Richard pôs as mãos dentro dos bolsos da jaqueta.

– Não, foi uma maneira de fugir um pouquinho dos nossos fãs… Hum… E uma maneira de grudar em você, sabe como é… Eu queria uma pessoa para me guiar pela cidade… – Summer não sabia explicar direito em inglês o que sentia.

– Bem, eu considerei como um encontro. E eu gostei muito, mesmo estando cansado de tanto correr… – Ele disse rindo, timidamente.

“O que nós passamos não foi um encontro”, pensava Summer, fazendo bico.

Os dois se encararam por alguns segundos em silêncio. A decepção de Summer estava estampada em seu rosto, deixando Richard um pouco chateado.

– Tchau, Sr. Richardson. Muito obrigada por ter me deixado em meu hotel e ter comprado um café para mim. – Summer se virou, falando enquanto entrava do saguão do hotel, errando o nome de Richard e esquecendo-se de agradecer pelos muitos salgadinhos e docinhos que ele também pagou para ela.

– Se quiser um encontro formal, eu topo, é claro… – Richard disse sem pensar.

Summer virou-se e voltou para perto dele apressada.

– Nossa, você é lerdo, hein! Já estava pensando em desistir de você! Amanhã mesmo? – Summer colocando as mãos sobre os ombros dele, como uma mafiosa que saúda seus subordinados.

– Amanhã não poderei. Mas hoje é Sexta ainda… O que acha de Domingo pela manhã? Podemos almoçar juntos, conhecer bons lugares, claro, se não chover…

– Ok então. Aqui, pode ficar com esse papel de endereço.

– Ótimo, assim eu finalmente decoro seu nome, heheheh…

– E o meu beijo?

– Oi?

– E o meu beijo?

– Que beijo? Não tem beijo nenhum. Já dancei Tango contigo hoje. Dançar Tango é praticamente fazer amor com quem se dança. Considere-se beijada e muito mais para um primeiro encontro. – Richard com as sobrancelhas arqueadas, fazendo cara de mau.

– Quê?! Mas que coisa de Tango-fazer-amor-o-quê!? E NÃO foi um encontro! – Summer puxando com raiva as bochechas de Richard, que agora olhava para o lado, envergonhado.

– Até Domingo, Summer. Eu tenho que ir. Minha cama me chama para uma noite intensa de sono.

Richard acenou e pegou rapidamente outro taxi.

Summer retribuiu com um tchau amuado.

No quarto do hotel, Summer se espreguiçava em sua cama depois do banho. Encolheu-se no edredom, deixando apenas o rosto do lado de fora. Suas amigas cochicharam a tarde toda sobre seu sumiço, especulando em quais restaurantes deveriam procura-la. Muitos fãs malucos estavam rondando o hotel, deixando-as preocupadas.

Então perguntaram finalmente para onde Summer tinha ido e o que tinha feito durante aquelas 7 horas.

– Ah, eu tive um encontro formal, nada muito empolgante. Bem paradão… – Disse Summer, sorridente.

Fim