Boys And Girls escrita por Rogie


Capítulo 11
Capítulo XII. Chegando ao Fim (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Todos os personagens, lugares e situações citados em 'Boys & Girls' são de minha autoria.



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Os pés batiam, inquietos, encostados no sofá. O lábio inferior, nervoso, era mordido após uma unha ser roída. As unhas roídas se encontravam com o couro cabeludo e coçava a cabeça preocupada. Rachel olhou para o relógio de parede e entendeu que eram dez e dezessete e decidiu que não podia aguentar mais. Ela levantou-se do sofá e se direcionou à cozinha, onde a Sra. Breeman já se encontrava e preparava o café.

- Então? Resolveu finalmente tomar café? - perguntou ela ao avistar a filha.

Rachel sorriu, baixando a cabeça.

- Você sabe que eu não tomo café, mãe! - relembrou-a à mãe. - Eerrr... mãe? - chamou.

De imediato a Sra. Breeman não tinha ouvido o chamado da filha. Foi quando Rachel a chamou novamente, e um pouco mais alto, que ela deu atenção à menina.

- O que foi, querida? - perguntou.

- Não sei se a senhora tem reparado, mas é que muita coisa vêm acontecendo e...

- Eu sei, querida! Tudo isso tem me assustado também! - revelou a mulher mais velha na cozinha.

- É, mãe, mas... - Rachel sabia que com tudo que vinha acontecido, vários pais estavam preocupados. E isso incluíam os seus também. E, tendo a criação que ela e o irmão gêmeo, Ryan, tiveram, Rachel era obrigada a falar para a mãe que o irmão não tinha dormido em casa essa noite.

- Mãe, o Ry--

Rachel foi impedida de continuar, pois seu telefone tocou, vibrando em seu bolso. A garota acenou para a mãe esperar um minuto e então atendeu. Do outro lado da linha, uma Ashley animada soltava gritinhos de alegria.

- Que bom! Que bom que você atendeu! Você não tem ideia do que aconteceu essa noite! - disse ela apressadamente.

- Ash! Ash! - tentou Rachel chamar entre os gritinhos. - O que aconteceu? Você tá legal?

- Eu tô mais do que legal! - afirmou Ashley. - Eu estou maravilhada! Me sentindo uma mulher...

Mas Rachel não tivera prestado atenção nas últimas palavras da amiga ao telefone. Sua atenção foi desviada quando ela viu seu irmão surgir pela porta da frente, calmamente, como se tivesse ido comprar pão.

Ryan acenou um 'Oi!' para ela e, ao ouvir o barulho da mãe na cozinha, sussurrou: - Você contou?

Foi o bastante para Rachel perceber sobre o que eles estavam falando. Ela hesitou, primeiramente, mas depois balançou a cabeça negativamente. Ryan fez um 'joinha' para a irmã e subiu as escadas, de dois em dois degraus. Rachel não acreditava no que tinha acabado de ver.

- Hum... Ash? A... a gente pode conversar... na... escola? - ela tentou formular uma frase enquanto várias incógnitas iam surgindo na sua cabeça.

 

- Pegou as chaves? - perguntou Aaron, já na porta.

Sophie, no andar de cima, corria de um lado para o outro buscando pelos livros que ela não tinha separado na noite anterior. A pergunta de Aaron só forçou-a a fazer uma nova busca: as chaves. O que não foi difícil de fazer já que estavam em cima do travesseiro em que o namorado dormira. Mas os livros ainda estavam sumidos. “Por que, Deus?”, se perguntava a menina.

Quando percebeu que já tinha ultrapassado o limite de tempo que tinha para ficar em casa, Sophie se deu por vencida e desceu as escadas apressadamente. “Que se danem os livros!”, pensou ao descer os degraus de dois em dois. Ao vê-la, Aaron fez uma cara de “Já não era sem tempo!” e gesticulou chamando-a para se aproximar. Ela sorriu ao ver o namorado e, quando se aproximou dele, ele pôs a mão na sua cintura e os dois saíram para o carro. O rapaz deu um beijo no pescoço dela, o que a fez se encolher sorrindo de nervoso, e em seguida abriu a porta do carro para a namorada. Ao dar a volta pelo carro, Aaron olhou para a casa vizinha e viu uma sombra na janela esquerda.

 

- Toque! Toque! - chamou Rachel na porta do quarto de Ryan.

- Entra! - deixou o irmão.

A imã, mais velha 1 minuto e 17 segundos, adentrou o quarto e viu o irmão parado de prontidão na janela. Ela se aproximou e sentou na cama.

- E aí? - foi a única coisa que disse, encarando as costas do garoto.

Ele murmurou um “Hum?” debochado. Daquele que se fosse traduzido para uma conversa decente seria um “E aí o que, garota?”.

- Hum? - Rachel se levantara da cama. - É só isso que você tem a dizer?

Ryan, ainda de costas, virou apenas o rosto, olhando de rabo-de-olho para a irmã furiosa.

- Você some à noite, não aparece, nem liga, a madrugada inteira, e volta com uma cara de cínico, me dizendo que eu fiz um bom trabalho por não contar à mãe que você sumiu?

- Obrigado! Se é isso que você quer ouvir – disse Ryan, voltando a olhar pela janela.

Rachel não acreditou no atrevimento. Para ela, aquilo já era o suficiente. Ela deu uma olhada no quarto e procurou algo. Ela queria algo urgentemente naquele momento. Algo pesado, para causar dor. Ela então viu um livro azul-escuro em cima da mesinha de cabeceira. Ele era espesso e Rachel diria que ele tinha pouco mais que 700 páginas. De imediato ela o pegou e num único golpe o tacou no irmão, acertando em cheio suas costas.

O livro caiu com pesar no chão, assim como Ryan, que tinha caído sobre os joelhos coçando as costas de dor.

- VOCÊ É LOUCA? - gritou.

Mas a atenção de Rachel tinha desviado para outra coisa. Ao sair da janela, Rachel pôde perceber o que o irmão tanta vigiava. E, de fato, ela já esperava por essa revelação. Ela vi Aaron entrar no carro vermelho e dirigir, sumindo pela rua.

- Você precisa superá-la, Ryan! - aconselhou ao irmão.

- Você não sabe de nada! - rugiu o irmão ainda com as mãos nas costas.

- E daí que ela não te quer, cara? E daí que ela e o Aaron – Rachel falar esse nome despertava uma fúria horrenda em Ryan. -... vão se formar, se casar e ter cocotinhas e playsonzinhos de cabelos lisos e reluzentes? Cresce, Ryan! Segue em frente!

E, dito essas últimas palavras, Rachel deu as costas e saiu do quarto.

Ryan ainda estava sobre os joelhos e agora a dor nas costas tivera sido substituída. E essa dor não era uma daquelas onde sua mão alcança e você a esfrega tentando amenizá-la.

- E a gente tem de ir para a escola! - lembrou Rachel, voltando e deixando apenas sua cabeça aparecer na porta do quarto.

 

Aaron estacionou o carro de Sophie como de costume na frente da escola. O tempo não estava nem tão, nem tão quente e a escola estava cheia hoje. Ao sair do carro, Sophie avistou umas amigas, próximas ao portão principal da escola, e acenou avisando que já ía se juntar com as garotas. Ela deu um beijo no namorado, que ficou encostado no capô do carro, e se distanciou.

Aaron estava quieto enquanto observava os outros estudantes. Com os fones no ouvido ouvindo a um rock qualquer, ele notou os outros rapazes e nos rapazes que estavam a lados daqueles, aparentando serem amigos. Eles zoavam uns aos outros e riam, incontrolavelmente de idiotices que os mesmos praticavam. Aaron desviou o olhar, mas era inevitável. Para onde olhasse, sempre veria o que ele até então não tinha reparado que tinha: amigos. Ou um melhor amigo. E, mesmo quando notou que os irmãos Breeman estavam descendo do ônibus escolar, o sentimento não mudou. Pelo contrário, aumentou ao reparar em Ryan Breeman.

Ao sair do ônibus, Ryan de cara avistou Ella sozinha numa das mesas exteriores do colégio. E, como se estivessem conectados, Ella também reparou que o rapaz havia chegado e um sorriso se abriu no rosto dela. Ela deu um pulo da mesa para o chão e foi caminhando na direção do rapaz, que também vinha em sua direção. Pareceu uma daquelas cenas de filme onde o casal se encontra no meio do caminho.

- Bom dia! - disse ela à ele.

- E aí? - um sorriso se abriu no rosto de cada um.

Ryan pegou em uma das mechas loiras escorridas da garota e a enrolou entre os dedos. Ela, sorrindo, baixou a cabeça. Com a outra mão livre, Ryan pegou no seu queixo e elevou o rosto de Ella, beijando-o no fim do movimento.

- As pessoas estão olhando! - sussurrou Ella, ao finalmente conseguir tirar seus lábios dos do garoto.

- Então tá funcionando! - riu Ryan.

Eles se beijaram mais uma vez e viraram para a multidão, que de fato estava de olho neles, e saíram atravessando o pátio externo da escola de mãos dadas.

Ryan notou o olhar que Sophie lançou à ele, e principalmente à Ella, quando passou perto dela.

- Gente? Ryan Breeman e Ella Callahan? - pigarreou uma das amigas de Sophie.

Ryan apenas soltou um risinho confortante.

Ainda parada na porta do ônibus escolar, não entendendo o que tivera acontecido desde a saída do irmão, Rachel mau percebeu quando Ashley se aproximou.

- O que houve com seu irmão? - perguntou uma Ash escandalizada. - Ele está tão... - ela tentou achar uma palavra menos... menos do que a que estava prestes a falar, mas não conseguiu. - ... sexy!

Rachel apenas piscou os olhos.

- Mas então... - começou Ash. - Gata? Sabe aquele detetive com, como você disse mesmo – ela estalou os dedos tentando se lembrar. - mistura de Ben Affleck com Tom Cruise?

Rachel assentiu, ainda perplexa com o que vira.

- Então... - Ash começou a soltar os gritinhos histéricos que usou ao telefone. - Dormi com ele!

- O QUÊ? - gritou Rachel, chamando a atenção de parte dos alunos ali presente.

Ela não acreditava em como estava sendo o seu dia.

- Uhum. - afirmou Ashley. - E, cara, que homem!

- Vocês... vocês... transaram? - perguntou Rachel incrédula.

- Não, Rachel! Eu apenas cheguei no apartamento dele, toquei a campainha, ele veio molhado de toalha me atender e eu entrei, deitei na cama dele, me cobri e virei para um lado e dormi! - Ash fez uma cara de desdém.

- Oh My God! - sussurrou Rachel, levando uma das mãos a boca. - E hoje de manhã? Como foi?

- Eu levantei cedo, sem fazer barulho e saí, deixando-o dormindo lá! - contou Ashley. - Quando ele acordar, não vai me ver e eu vou parecer uma mulher sexy e misteriosa que abandona os homens depois do sexo! - convenceu-se.

Rachel riu.

- Urrum... você e a Cláudia! - zombou.

- Quem é Cláudia? - perguntou Ash, ainda com um sorriso no rosto.

Agora foi a vez de Rachel fazer a cara de desdém. Segundos depois ela deu as costas a amiga e saiu, entrando no colégio. Ashley ficou lá parada por alguns segundos, ainda se perguntando quem era Cláudia até que decidiu entrar no colégio também. Notou que, sentados num dos bancos perto do portão principal, Ted e Camille estavam ficando.

- Ted! Camille! - cumprimentou Ash.

Os dois a olharam e a cumprimentaram também, voltando aos beijos depois.

- Sabe? - Ted finalmente disse ao desgrudar seus lábios dos da loira. - Eu achava que era só uma queda e tal – ele baixou a cabeça, disfarçando o olhar. -... mas eu acho que realmente te amo.

Foi evidente a expressão de preocupação que Camille fez. Ela ajeitou uma das mechas que caía sobre seu rosto, pondo-a atrás da orelha, e agora foi a vez dela de disfarçar o olhar.

- Poxa, Ted... - sussurrou.

- NÃO! - o rapaz sentiu a mudança de clima e tentou ajeitar as coisas. - Não é algo para se preocupar, sabe? É só o que eu sinto! Se você não tiver preparada... tá tudo bem! - confortou-a.

Camille sorriu. Ela fez aquela sorriso que todo cara adora quando uma garota faz. Nem tão tímido, nem tão ousado.

- E... e essa câmera aí? - ela perguntou, notando o aparelho na mão do... ficante.

- Aaaah! - admirou-se Ted. - É um trabalho que eu tô fazendo para o Sr. Rogers. Algo sobre o comportamento humano.

- E o que você vai filmar? - perguntou Camille, mostrando interesse e curiosidade.

- Se eu pudesse... - Ted olhou para a câmera, como se ela fosse um pequeno cristal. - eu passaria o dia todo filmando você. - e voltou o olhar para Camille, como se esta fosse uma pedra de diamante.

Camille sorriu e o beijou nos lábios. E eles continuaram a se beijar até que o sinal tocou enfim, anunciando a obrigatoriedade da entrada dos estudantes.

- A gente se vê mais tarde! - disse Ted levantando-se. - Hmm... te amo! - declarou novamente.

Camille sorriu, aquele exato sorriso que fez a minutos atrás, e viu Ted ir se destanciando. Ela ficou olhando para os lados observando os outros estudantes, até que localizou Sophie Rose. Num salto, Camille saiu do banco e pôs-se a caminhar na direção de Sophie.

- A gente se vê lá dentro! Beijo! - disse uma das amigas de Sophie enquanto se distanciava da amiga.

- Tchau! - acenara Sophie.

- Vai entrar agora? - perguntou Camille ao se aproximar de Sophie, abrindo um ligeiro sorriso.

- Vou sim! E aí? Você e o Ted, hein? - brincou Sophie, reparando como o rosto de Camille tinha corado após falar o nome do rapaz.

- Sabe como é, né? - nem confirmou, nem desmentiu Camille. - Então? Como você tá após todo... cê sabe... aquele lance? - a garota preferiu evitar falar sobre tudo o que, aparentemente, tinha ouvido sobre a assassina das líderes de torcida e Sophie.

- Eu... hmmm... tô legal! - declarou Sophie. - Valeu!

Ela começou a caminhar para entrar no colégio e Camille a seguiu.

- Mas então... fez o trabalho do Sr. Smith? - Peguei Guerra Fria e você? - perguntou Sophie.

- Fiquei com Segunda Guerra Mundial! Todo aquele lance de Alemanha, Nazifascismo e tal. - disse Camille enquanto mexia na mochila.

- Nossa! Foi tensa a Segunda Guerra! - riu Sophie, ao entrar no corredor principal.

- É, cara! E o pior foi o fim de tudo, né? - exaltou-se Camille. - O cara fez tudo que fez e no final se suicidou? Se fosse eu, tinha ido até o fim.

- Nossa, dois! É muito tenso isso! - disse Sophie.

- Mas é sério! Se você começa algo – Camille começou a ficar para trás enquanto ainda mexia na mochila. -... você tem que terminar.

Camille, parada a uma certa distância de Sophie, olhou para a garota que se distanciava. E, dentro da mochila, ela finalmente achou a faca, que tinha guardado na noite anterior.


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Notas finais do capítulo

Desculpem pela demora. Mas a "season finale" já tá chegando. =D