Nico
Eu havia sido levado para um quarto no Olimpo, o encontro que tive com Afrodite simplesmente havia feito com que eu perdesse o sono. Fechei meus olhos enquanto lembrava do que havíamos conversado.
–Ora, ora, ora! Quem aqui se encontra.- disse Afrodite.
Afrodite apareceu logo depois de eu ter ouvido a voz de Rachel, acabei descobrindo que a risada que me preocupava era a de Afrodite, e não de Gaia.
–Oi, Afrodite!
–É muita covardia a sua fazer uma promessa que não poderá cumprir.
–O que?- perguntei confuso.
–Não pode cumprir a promessa de seu pai e proteger Melany!- disse ela.
–Eu posso protege-la!- disse- eu só... irei levar a arma ao meu pai, depois eu, Melany e o pessoal arrumaremos um jeito de destruir Gaia.- Afrodite ergueu uma sobrancelha e mexeu em seus cabelos loiros e ondulados, prendendo meu olhar.
–Acha mesmo que será capaz de fazer isso?
–Sim!- disse com convicção.
–Eu acho que não rapazinho!-disse Afrodite caminhando em minha direção.
–Por que não?- perguntei com raiva. Ela se inclinou para sussurrar em meu ouvido quando em sua caminhada majestosa chegou até mim.
–Porque Melany é o centro de tudo!- disse Afrodite, que se levantou e seguiu seu caminho, me deixando paralisado.
Pisquei duas vezes para despertar do transe.
–O que você quer dizer com isso?- me virei para encarar Afrodite, mas ela não estava mais lá.
E agora encarava o teto do quarto que as ninfas me mostraram.
Por que Melany é o centro de tudo?
O que ela quis dizer com isso?
–Nico!- Melany abriu a porta com ferocidade, fazendo eu dar um pulo na cama de susto com o barulho estrondoso da porta. Ela entrou no quarto com raiva.
–Ficou maluca como é que você...- parei de falar quando vi seus olhos brilhando e seu rosto molhado.- Melany!- dei um salto da cama, joguei o cobertor para o lado e corri até ela.- O que aconteceu?- Melany caiu de joelhos, a segurei pelos ombros.
–Não encosta em mim!- ela sussurrou, a raiva tão explicita que cheguei a sentir um calafrio me subir pela espinha.
–Melany...
–Você é um traidor.- disse ela. Meu coração se apertou. Ela olhou para mim os olhos vermelhos de tanto chorar.
–Melany escuta...
–Não!- ela gritou.
–Calma, Melany, eu posso explicar.
–Não, não pode!- gritava ela.
–Eu sei eu prometi, mas eu vou levar a arma ao meu pai e- ela se levantou em um segundo, levantei junto com ela, com as mãos erguidas querendo tocar nela mas sabendo que não podia.- e depois arrumaremos um jeito de destruir Gaia.
–Como?- perguntou ela sarcástica.
–É claro que seria mais fácil se tivéssemos a arma, mas ainda assim Melany arrumaremos um jeito.- disse rápido, e ela paralisou me encarando surpresa, coloquei minha mão em seus ombros, e ela não fez nenhum movimento para tirá-las, me inclinei para que meus olhos ficassem na mesma direção daqueles incríveis olhos azuis.- arrumaremos um jeito.- repeti, ela me olhava paralisada, quando me dei conta do que estava fazendo paralisei, eu estava a milímetros dos lábios de Melany, olhei para ela quase que esperando um sinal.
–Você não sabe!- disse ela. Pisquei confuso, Melany me empurrou e eu dei dois passos para trás.
–Não... não sei o que?... Melany eu prometi proteger você... e eu vou, mas eu também preciso cumprir minha promessa com meu pai... eu jurei pelo Estige.- disse.
–Então por que eu deveria acreditar em você se a promessa que você fez pra mim foi uma promessa vã... não foi pelo Estige... você não tem a obrigação de cumpri-la.- disse ela soluçando enquanto chorava.
– Porque eu sinto que a promessa que eu fiz a você parece ser tão importante pra mim, quanto a promessa que eu fiz ao Estige.- ela paralisou novamente.- Eu vou te proteger Melany, mas também terei que cumprir aquilo que prometi a meu pai.
–Você não pode!- disse ela.
–Por que todos dizem isso?- falei irritado-Eu posso Melany, e eu vou, eu prome...
–Pare de fazer promessas que não pode cumprir.- disse ela irritada. Encarei aqueles olhos azuis, confuso. Ela negava com a cabeça distraída.
–Nico... amanhã... vá embora!- disse ela com dificuldade.
–Por que?
–Porque se você quer mesmo me proteger, fique longe de mim. Quando ela fechou a porta e foi embora me dei conta de algo, algo que era tão claro que chegava a machucar, eu não vou embora.
–Não, Melany... eu não consigo!- Por que? Por que eu não consigo? Foi aí que eu entendi porque Afrodite veio falar comigo, ela sabia que ia acontecer, ela sentia que eu estava começando, sabia que ia acontecer. Não... não pode ser... isso nunca aconteceu antes... NUNCA.
Claro eu já havia ficado com outras garotas mas nunca foi... significativo. NÃO... isso NÃO pode estar acontecendo.
Então por que eu não conseguia? Soquei a porta pela qual Melany saiu, me arrastei até o chão e coloquei a mão nos cabelos.
–Eu não consigo, Melany!
Eu não consigo ficar longe de você.