Havia deixado a porta aberta. Merda!

–PARA! – ele gritava. Não parei. – PARAAAAAAA! – ele gritou com raiva. E quando percebeu que eu não iria parar, ele me agarrou por trás e me sacudiu, depois arrancou a tesoura das minhas mãos e jogou-a no chão. Ambos ficamos paralisados, em um silencio tenebroso. Escutei ele fungar e pude ver que ele estava chorando também. Taylor me levou até o chuveiro e ligou a água, ele tirou seu casaco, e minha blusa. Ele me levou para baixo do chuveiro e sem se importar de molhar o resto de suas roupas. Lavou o meu braço com cuidado. Não falamos uma palavra, mas daquela vez nosso silencio não era cômodo como todas as outras vezes, dessa vez era totalmente Horrível. Quando Taylor acabou de lavar meu braço com muito cuidado, nós nos olhamos exatamente no mesmo instante e me puxou para um abraço. Abracei-o forte, querendo dizer com os meu braços o que eu não poderia dizer com a boca, que realmente eu precisava de ajuda. Sentamos no chão com a água escorrendo entre nós, lavando nossa alma.

–Por que você fez isso? – ele falou olhando pra mim. Não podia responder, não queria mentir a ele.

–Não me faz essa pergunta, por favor. – implorei. Taylor não falou nada e depois de 1 hora debaixo do chuveiro, saímos. Ele me levou para o quarto, não conseguia mover um músculo de meu corpo, estava paralisada com tudo o que havia acontecido. Ele foi desabotoando minha blusa o que me deixou mais rígida ainda, ele colocou minha blusa do pijama. Quando consegui voltar para si, tirei minha calça e coloquei um short. Deitei na cama e fechei os olhos para refletir, por que dormir naquele momento era praticamente impossível. Taylor deitou á minha frente, ficamos nos fitando por minutos intermináveis até que ele me puxou para mais perto dele e me abraçou.

–Prometa-me que não vai mais fazer isso.

–isso é o mínimo que eu merecia...

–Não fala isso. – ele colocou meu rosto entre suas mãos e falou:

–Prometa-me

–Por que se importa tanto comigo? – ele enrijeceu sua mandíbula. – Por que não seria mais fácil você sair por aquela porta, arrumar outra médica para sua mãe e me esquecer? Por que não desiste? Por que? – ele me encarou, pensou no que realmente dizer e falou:

–Tem razão! Talvez seria bem mais fácil pra mim sair por aquela porta e fingir que nada houvesse acontecido. Seria bem mais fácil mesmo, se não fosse pelo fato de que eu AMO você! Eu posso te consolar infinitas vezes, posso assistir Bob Esponja infinitas vezes com você, Você pode me chamar de Daniel infinitas vezes, pode me chamar de chato também, pode se cortar infinitas vezes... mais apenas saiba de uma coisa! Meu amor por você vai aumentar infinitas vezes também! Eu N-U-N-C-A vou desistir de você! Porque eu te amo! – uma pequena lágrima de felicidade escorreu pelo meu rosto e realmente não sabia como reagir. Taylor me encarava esperando que eu lhe respondesse, pensei por algum segundos e não soube como lhe responder, mas ele insistiu com olhar.

–Isso não deveria estar acontecendo... é errado!- sussurrei.

–Por que? – recusei-me a responder, e baixei a cabeça. Ele ficou em silencio e depois falou:

–Tem medo de se apaixonar, Clary? – ele levantou minha cabeça com suas mãos, e só conseguir sentir mais lágrimas escorrerem pelos meu olhos. Taylor me abraçou e acabamos não falando mais nada naquela noite.

Medo? Talvez. Eu poderia ter medo de qualquer coisa como as outras pessoas, mas eu havia medo, sim, de me apaixonar. Medo de perder e sofrer novamente o que eu não aconselho a ninguém. Por que a palavra dor é muito fácil dize-la, mas duvido você saber realmente o que é senti-la por anos.

Aquela semana havia se passado muito rápido, num piscar de olhos já era sexta. Não havia mais falado com Taylor depois daquele dia, ele e eu andávamos muito ocupado com o trabalho e enfim. Eu havia acabado de chegar em casa, estava fechando a porta quando viro-me levo um susto, Taylor estava lá.

–Desculpe... só vim te perguntar se vai na festa comigo... você vai? – A festa! Meu deus como me esqueço das coisas. Na verdade nem havia pensado se iria ou não, e eu estava morrendo de cólica...

–Acho que não – ele abaixou a cabeça, já triste – não estou me sentindo muito bem. – ele ficou quieto por alguns minutos e não mexeu um musculo. Pude perceber que ele realmente queria que eu fosse á essa bendita festa, e pensando por um lado era melhor eu ir pelo menos para lhe fazer esquecer a doença de sua mãe, já que essa semana eu havia a convencido (não me perguntem como) de marcar a data da cirurgia. Taylor estava abalado com aquilo e eu precisava faze-lo esquecer isso pelo menos um pouco.

–Mas no seu caso eu abro uma exceção... – ele levantou a cabeça já sorrindo, me deu um beijo no rosto e saiu deixando-me tempo para me arrumar.

Não fazia a mínima ideia de que roupa vestir. Ta tudo bem, eu tenho bastante roupa e tals, mas eu não havia pensado em uma roupa exatamente pra aquela ocasião. Sentei no chão e suspirei, tentando pensar em alguma coisa, alguma ideia. Resolvi ligar para Kelly, nós não estávamos se falando muito depois daquele dia que ela havia gritado comigo, e isso estava realmente me deixando mal, sentia falta dela. Após o segundo toque ela me atendeu:

–Oi... Fala.

–Oi, eu queria te pedir desculpa. – passaram-se alguns minutos de silencio, que para mim parecia uma eternidade.

–Tudo bem, eu lhe peço desculpas, fui uma idiota com você! Você realmente só estava preocupada comigo.

–Então... Você aceita ir a uma festa comigo?- ela hesitou. Isso era estranho, justamente a Kelly? A guria mais festeira que eu já conheci na minha vida. Ela me arrastava para tudo quanto é tipo de festa, e “ai” de mim se recusasse. Implorei:

–Ah vamos! A gente precisa se divertir um pouco! “vamos curtir a vida! Afinal, a vida é uma festa!” você não dizia isso quando eu não queria ir, lembra? – ela riu.

–Você só não quer ir por causa do Dean né? – brinquei.

–Quem disse que eu não vou? Dean foi a uma viagem de negócios, só volta amanhã, então... se prepara menina! To aí em 5 minutos! – rimos e desligamos o telefone.

Fui direto para o banho. Coloquei um vestido preto, que eu não usava faz um bom tempo, um sapato e fui me maquiar. Nada muito forte, uma sombra bem fraca e um batom. Peguei minha bolsa, escuto o barulho da campainha e vou atender. Abro a porta, Kelly estava vestida com um vestido que davam a ideia de ser uma blusa e uma saia. Ela estava bem arrumada, e com um salto vermelho. Kelly sorriu e disse me olhando de cima a baixo:

–Uau!! Isso tudo é pro Taylor, é? –puxei-a rapidamente para dentro e falhei:

–Shhhhhh! Cala a boca! Já pensou se ele ouve? – ela riu. Fomos para meu quarto e ela fez meu cabelo. Kelly fez um coque em meu cabelo e prendeu com algumas presilhas pretas.

Ás nove horas em ponto, Taylor nos pegou e fomos para a festa. Chegando ao local, era uma grande festa, a decoração era perfeita, havia muita gente. Logo veio um cara alto, magro, cabelos pretos, olhos verdes, em nossa direção, cumprimentou Taylor e nós duas, aquele era o amigo dele.

Curtimos a festa numa boa. Bebemos tanto que realmente eu não me lembro nem o que eu bebi. Era praticamente um copo atrás do outro, bebidas de diversos tipos e sabores. Me lembro vagamente de eu e Taylor dançando, e Kelly falando com um cara. Mas depois disso, Tudo ficou escuro, tudo ficou preto...