A Casa Dos Sonhos escrita por Ane Bradley


Capítulo 2
Capítulo 2 - O corredor




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/350408/chapter/2

Um arrepio percorreu sua espinha enquanto observava a penumbra do corredor.

O barulho dos pássaros parecia cada vez mais distante. Nada parecia ter som, além de um pequeno ruído que vinha do corredor, que quase não dava pra ouvir, apenas se alguém prestasse muita atenção. Era como se fosse um sussurro de algo que não era humano, um sopro gelado, um chamado sofrido e ao mesmo tempo sádico. Com uma coragem tirada da curiosidade, ela decidiu seguir em frente, passo por passo.

A escuridão se fechou em volta dela como se fosse uma entidade viva. Olhando para trás, ela desejou não ter entrado naquele corredor. Ou naquela casa. Ou passado por aquela rua. Aliás, ela devia ter ficado na cama.

A cozinha bonita e ensolarada parecia estar há quilômetros de distância, e coberta de névoa como se ela estivesse vendo através de um espelho embaçado de vapor. Ellen tentou voltar os três passos que ela deu dentro do corredor, mas a cozinha estava muito mais longe que isso. O único caminho agora era seguir em frente.

O corredor não estava totalmente escuro, pois tinha alguns lustres na parede, que jogavam uma luz difusa pelas paredes pintadas de vermelho bem escuro e o chão de madeira escura. Estranho, ela pensou, esse corredor não tinha janelas.

Havia várias portas nesse corredor, e a primeira delas estava entreaberta. Ela empurrou devagar enquanto a porta de madeira pesada rangia, e atrás dela estava uma pequena biblioteca particular, com o mesmo estilo do corredor, além de móveis de estilo antigo, algumas poltronas de veludo verde musgo e uma escrivaninha encostada em uma janela, onde só se via um céu noturno, com uma lua cheia encoberta por nuvens. Ela ficou chocada com a estranha passagem de tempo, e começou a se sentir tonta. Não agüentando, sentou em uma das poltronas e perdeu os sentidos.

Sem a menor idéia de quanto tempo ficou desmaiada, Ellen olhou pela janela novamente. As nuvens estavam deixando a lua aparecer apenas mais um pouco, portanto ela não deve ter ficado desacordada mais que alguns minutos.  Lá fora, uma densa névoa cobria alguns pinheiros. Ela ouviu um uivo bem perto dali.

– Pinheiros? Não existem pinheiros no meu bairro, ela gritou assustada. – Mas que droga está acontecendo aqui?

Com aquela coragem de poucos, Ellen resolveu que sairia dessa situação a qualquer custo. Vasculhou as gavetas da escrivaninha e encontrou uma lanterna sem pilhas. Junto com ela, uma nota de um caderno rasgado com um símbolo desconhecido:

BRUXARIA.

Ellen guardou a nota da pequena bolsa onde carregava seu iPod, e foi a caça de pilhas para a lanterna. Olhando os livros de uma estante da biblioteca, olhou vários livros de gosto duvidoso, alguns romances de várias décadas, e alguns livros que ela nunca tinha ouvido falar, que pareciam ter vindo de algum lugar do futuro, estranhamente envelhecidos. O curioso era que aquela estante não parecia comportar tudo aquilo de livros, mas ela decidiu não pensar sobre o assunto, correndo o risco de enlouquecer.

Em um pedestal no meio do cômodo, estava um livro estranho, encapado em couro, muito grande para caber em qualquer outro lugar. Ela abriu o livro e viu que suas páginas eram de papiro, e em letras garrafais estava escrito o que parecia ser o nome do livro: Necronomicon. Ellen já ouvira falar do Necronomicon, mas pensava que era apenas uma lenda antiga, o tal “livro dos nomes mortos”, escrito por um louco há vários séculos. Se era apenas forjado, pelo menos assustava como se fosse real. Ela não conhecia aquela escrita, por isso resolveu esquecer o livro por enquanto.

Ela continuou a vasculhar a biblioteca, até encontrar uma pequena gaveta em uma mesinha de canto aquilo que ela mais queria no momento: pilhas.

– Por favor, estejam carregadas, Deus!

Encaixando as pilhas na lanterna, finalmente ela funcionou. Ellen resolve olhar mais uma vez pelo cômodo, agora com a lanterna, e percebe na parede esquerda um crucifixo com um terço pendurado nele, e escrito na parede direita uma mensagem:

NÃO ACREDITE EM TUDO QUE VÊ. ILUSÃO. VIDA E MORTE É ILUSÃO.

Ellen resolve levar o terço com ela, afinal nenhuma ajuda é demais. Ela finalmente juntou coragem e saiu da biblioteca para o corredor.

A segunda porta parecia igual a primeira, mas dessa vez não estava entreaberta. Ellen se aproximou devagar, quando viu num pedaço escuro ao lado da porta um vulto. A luz da lanterna bate em uma menina adolescente muito magra de camisola branca até os joelhos. Sem tirar os olhos da menina, ela tentou girar a maçaneta, mas a porta parecia trancada. Nesse momento, a menina parece notar a intrusa e se vira lentamente. Ela parecia uma menina normal, tirando os olhos totalmente brancos e dentes podres e afiados. Com certeza uma mordida doeria muito. No pescoço da menina, estava pendurada uma chave antiga.

– Qual é seu nome? – Ellen pergunta com a voz baixa.

A menina então rosna e corre em direção a ela. A menina tenta mordê-la, mas Ellen era bem mais forte que ela no auge de seus 28 anos, 11 deles passados na academia esculpindo músculos torneados.  Ellen a segurou pelos pulsos, então voltou alguns passos e a jogou dentro da biblioteca. A menina deu um grito de pavor, parou de se mexer e sua aparência ficou normal antes dela se decompor em poucos segundos, restando uma pilha de poeira e a chave.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem! Esta história está pronta, se gostarem coloco o restante dela.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Casa Dos Sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.