O silencio foi quebrado por Milly, que pela primeira vez falava com seu tom de voz normal, que me dava arrepios. Só com isso dava para entender o porquê dela conseguir manipular tanta gente.

Milly: E então?

Orihime: O que foi?

Milly: Nossa, então essa é a verdadeira você? Assustador.

Orihime: Essa deveria ser minha fala. Como ainda consegue se portar desse jeito, mesmo estando sangrando tanto?

Milly: Não é como se fosse o primeiro tiro que eu levo na minha vida. Obviamente quando saia para fazer minhas caçadas, sempre levava alguns subordinados que serviam muito bem de escudo, mas as vezes não funciona muito bem.

Eu ficaria menos assustada se não soubesse o que queria dizer ‘‘caçadas’’ nessa conversa.

Orihime: Eu estou genuinamente curiosa Milly. Porque esse ódio todo por mim, mesmo antes de saber que estávamos nos metendo nos seus negócios.

Milly: Ódio? Por favor, não se sinta tão importante. Eu apenas desprezo você e o W. Duas pessoas que nasceram com o dom do instinto assassino, e desperdiçam isso tentando controlar.

Orihime: Desde quando você sabe?

Milly: Se vocês conseguiram descobrir porque eu não conseguiria? Dá para ver apenas no olhar. No começo eu só estava me divertindo um pouquinho, mas quem diria que os dois passariam a ser um incomodo nos meus planos. Mas sinceramente, teriam chegado muito mais longe se não fossem tão certinhos.

Orihime: Quer dizer se deixar levar pela insanidade?

Milly: Essa é apenas uma maneira de ver as coisas. E não seja mal agradecida, seu instinto já deve ter te salvado muitas vezes. Mas só uma duvida Ori: Eu te separei do seu namorado, aprontei com sua vida, matei um monte de gente. O que você está esperando para atirar em mim?

Orihime: O que?

Milly: Foi pra isso que você veio não foi? Então faça. Seu instinto não está gritando para fazer? ‘‘Vamos mate-a, acabe logo com tudo isso’’. E então Ori, o que vai fazer, obedecer ao instinto ou me deixar viver.

Minha cabeça começou a dar mil voltas. Eu estava completamente desesperada. O que fazer? Eu queria que ela sumisse, mas não conseguiria viver com a culpa de ter sido fraca e cedido aos meus instintos. Porque eu estava tão confusa, isso já estava decidido, o que exatamente nas palavras dessa garota tinham me feito recuar? Meus pensamentos foram interrompidos por uma dor insuportável no meu abdômen. Será que? Olhei para Milly, que estava com uma arma nas mãos sorrindo sinicamente.

Milly: Você não devia se desligar tanto assim mocinha. Adeus.

E assim minha vida chegava ao fim? Com minhas ultimas forças, consegui pronunciar as ultimas palavras antes de apagar completamente.

Orihime: Adeus pessoal... Desculpa por isso.

Quando acordei novamente, a brancura de um quarto hospitalar me deixou momentaneamente cega. Com os olhos ainda ardidos, avistei uma figura conhecida ao lado da minha cama, com o braço numa tipóia.

Ichigo: Ah que bom que você acordou!

Orihime: Ichigo... O que aconteceu? O que eu estou fazendo aqui?

Ichigo: Eu vou te explicar tudo. A policia estava investigando os assassinatos dos empresários, e já fazia algum tempo que eles suspeitavam do envolvimento da Milly, mas como não tinham provas concretas não fizeram nada. Quando invadimos a mansão, alguém acabou ligando para a delegacia dizendo que tinham ouvido tiros, e um grupo de policiais foi para lá.

Orihime: E nós... Não fomos presos?

Ichigo: Quando eles chegaram W estava sangrando no chão com Evans pisando na cabeça dele, eu tinha sido dominado por alguns caras que chegaram depois que você saiu, e você estava inconsciente com um tiro na barriga. O irônico é que todas essas derrotas salvaram nossa pele. Não só elas, mas enfim...

Orihime: Como assim?

Ichigo: Foi graças ao testemunho de uma pessoa que muitas coisas contra a Milly foram descobertas e nós fomos totalmente inocentados. No inicio não acreditaram muito nela já que estava meio instável, mas tudo acabou dando certo.

Orihime: Rukia...

Ichigo: Ela disse que quer falara com você depois. Como ela foi uma espécie de cúmplice da Milly ainda vai ter alguns problemas, mas como ajudou a policia e não parece psicologicamente bem, ela pode se salvar.

Orihime: E o resto das pessoas?

Ichigo: Milly e Evans estão presos, além de vários outros bandidos procurados que estavam na casa e nas redondezas. Quanto ao W, não precisa se preocupar, ele está no quarto ao lado e já acordou faz um tempo. Na verdade, eu acabei de ver T-suki e Rangiku chegando lá.

Orihime: Eu quero ir falar com eles.

Ichigo: Nem ouse se levantar dessa cama, pode abrir seus pontos.

Orihime: Entendo...

Ichigo: Mas não precisa fazer essa carinha, eu empurro sua cama até lá.

Orihime: Isso é permitido?

Ichigo: Sei lá, mas eu não posso te deixar tão deprimida.

Ichigo saiu empurrando minha cama, e todos no hospital ficaram olhando desconcertados, mas eu não dava a mínima. Quando cheguei no quarto , vi T-suki sacudindo um totalmente enfaixado W.

T-suki: Idiota! Idiota! Porque foi fazer tudo isso sem avisar? Olha como está agora! Eu devia te quebrar ao meio!

W: Mas você já está quase fazendo isso!

Orihime: Nossa, é bom ver que todos estão bem.

Rangiku: Ori você acordou!

W: Nossa ruivinha que cara acabada.

Orihime: E você tá parecendo uma múmia.

Rangiku: Como você foi deixar aquela patricinha te dar um tiro?

Orihime: Sei lá apenas aconteceu.

Ichigo: Vamos, deixa ela em paz.

T-suki: É tão bonitinho como você protege ela Ichigo. (dá um soco em W) porque você também não é assim?

W: Alô, eu que preciso ser protegido aqui!

Orihime: Bem feito descabelado!

E eu aproveitei cada segundo daquele momento alegre. Sinceramente, eu não fazia ideia para onde o destino ia me levar, se eu ficaria com essas pessoas para sempre, ou se iria sucumbir ao meus instintos. Mas enquanto eu lutasse com todas as minhas forças, as coisas ficariam bem.

Agora eu finalmente tinha um motivo... Para sorrir.