Ichigo: Não vai mesmo me contar... Olha, eu entendo que eu não sou o W, mas ainda pode me contar as coisas.

Havia um certo tom de magoa na voz dele, e isso cortou mais ainda meu coração. Me movi rapidamente e o abracei, pra que o conforto da situação nos acalmasse.

Orihime: Por favor, não diga mais isso. Você é importante pra mim...

Ichigo: Desculpe, eu não devia falar esse tipo de coisa te vendo desse jeito, mas tem uma coisa que eu preciso perguntar ou minha cabeça vai explodir: Você está apaixonada pelo W?

Orihime: O que? Porque você acha isso?

Ichigo: Sei lá, vocês sempre estão juntos e ele parece te entender como a palma da mão.

Orihime: E... Isso te incomoda?

Ichigo: Não sei ao certo, mas acho que sim.

Orihime: Me desculpe, mas é que eu não posso estar perto de vocês.

Ichigo: Por quê?

Orihime: Não posso te contar, é horrível demais.

Ichigo: Você contou pro W?

Orihime: Ichigo...

Ichigo: Contou ou não?

Orihime: A questão não é essa.

Ichigo: E qual é?

Orihime: Você não pode colocar a culpa de tudo no W Kurosaki-kun!

Pensei que ele ia realmente ficar chateado com tudo isso, mas ao invés disso, Ichigo me afastou um pouco para que nossos olhos se encontrassem, com um sorriso irônico no rosto.

Ichigo: Fazia tempo que você não me chamava assim. Até senti falta.

Orihime: Bobo!

Ichigo: Viu, já te fiz sorrir um pouquinho. Agora me escuta bem... Eu não sei qual é o seu problema, e nem vou te obrigar a falar, mas saiba que nada é maior que sua força de vontade. E se precisar de alguém pra ajudar eu sempre estarei do seu lado.

Orihime: Sério?

Ichigo: Tem alguma duvida? Eu posso provar se você quiser.

Ele se aproximou um pouco de mim, nossos rostos tão perto que eu sentia seu hálito adocicado. Quebrei a distancia que faltava, encostando nossos lábios e destruindo qualquer tristeza que ainda restava no meu peito. Nossas línguas se enroscavam, tentando saborear cada milímetro da boca do outro, enquanto os braços fortes de Ichigo me levavam cada vez mais pra perto. Alisei seus cabelos enquanto suas mãos tocavam minhas costas, causando involuntários arrepios.

Quando nossos lábios finalmente se separaram, eu me dei conta do que tinha acabado de fazer e fiquei completamente vermelha.

Orihime: ME DESCULPA! Me desculpa, eu não devia ter sido tão atrevida, eu só... Me desculpa!

Meu desespero foi silenciado por outro beijo, só que dessa vez mais rápido, já que Ichigo dirigiu seus lábios para a minha orelha, sussurrando de um jeito que me fazia perder o controle.

Ichigo: Por que está se desculpando, por me fazer o cara mais feliz do mundo?

Orihime: Ichigo, você....

Ichigo: Eu te amo. Não importa se você é a Inoue ou a Ori, eu te amo mais que tudo.

Orihime (muito corada): Sé-sério? Não brinque comigo!

Ichigo: É sério. Você é a única que eu amei em toda a minha vida.

Orihime (com lagrimas nos olhos): Você não imagina quanto tempo eu esperei por essas palavras.

Ichigo: Então você me ama também?

Orihime (pula em cima de Ichigo): CLARO QUE SIM!

Ichigo: Então o que estivemos esperando esse tempo todo?

Orihime: Coragem... Ou alguém pra te deixar morrendo de ciúmes.

Ichigo: Eu não estava com ciúmes... Mas só pra ter certeza, não rolou absolutamente nada entre você e o W?

Orihime: Mesmo se eu ele quiséssemos seria impossível, porque ele ama a T-suki e eu amo um idiota de cabelo laranja.

Ichigo: Esse deve ser o cara mais sortudo do planeta.

Orihime: Talvez...

Nos deitamos debaixo da sombra da arvore, que agora parecia o lugar mais aconchegante do planeta.

Ichigo: Há quanto tempo?

Orihime: O que?

Ichigo: Há quanto tempo você gosta de mim?

Orihime: Anos.

Ichigo: Nossa... E porque nunca me contou?

Orihime: Sempre pensei que você... Gostasse da Rukia.

Ichigo: Qual é...

Orihime: É sério. Você pensou que eu gostasse do W não foi?

Ichigo: Mas é diferente, eu e a Rukia nunca fizemos nada.

Orihime: Nem eu e o W.

Ichigo: É melhor pararmos senão vamos discutir, e eu não quero brigar com você agora.

Orihime: É... E o que você quer fazer?

Ichigo: Tantas coisas... Mas seriamos presos por atentado ao pudor.

Orihime: Nossa, nunca soube que você era um pervertido.

Ichigo: Não é pervertido, é só uma pobre e simples pessoa que teve que guardar seus sentimentos por muito tempo.

Orihime: Tadinho, vou chorar de pena!

Ichigo: Não precisa chorar, só me ajudar a ser feliz...

Orihime: E como eu deveria fazer isso?

Ichigo: Só vem mais pra perto.

Nos beijamos mais um pouco, e foi ai que eu percebi que de santos, nós dois na tínhamos nada. Ichigo passou discretamente a mão por dentro da minha blusa, e apesar de ambos estarmos com muito medo de sermos pegos fazendo aquele tipo de coisa num lugar publico, ninguém se mexia daquela posição. O que aconteceria se estivéssemos em um lugar mais discreto? E tínhamos acabado de confessar nossos sentimentos, imagina o que ia acontecer durante o tempo? Só as possibilidades me faziam ficar arrepiada. De repente, um toquezinho de celular finalmente fez um de nós se mexer.

Ichigo (pega o celular): Droga, é meu pai, ele quer que eu vá pra casa agora.

Orihime: AHHHHH não quero!

Ichigo: Eu também não, mais parece algo importante. Quer vir comigo?

Orihime: Quero, mas é melhor deixar você ir resolver suas coisas.

Ichigo: Então tchau. (beija Orihime)

Orihime: Tchau.

Ichigo: Eu te amo.

Orihime: Também te amo.

Ichigo: Nos falamos amanhã então?

Orihime: Claro.

Ichigo: Eu posso te pegar em casa, se você quiser.

Orihime: Obvio que eu quero.

Ichigo: Certo, mas agora eu tenho mesmo que ir embora.

Orihime: Você fala isso, mas ainda não mexeu um músculo sequer.

Ichigo: Me pegou. (se levanta e vai embora)

E eu olhei ele ir, e uma pergunta veio à tona na minha cabeça: Porque eu estava triste mesmo? Já tinha até esquecido. Me levantei daquele lugar cheio de doces memórias dessa tarde perfeita, e segui meu caminho, sem medo do amanhã.